Uma hora antes do debate de ontem, a Ana Rita Cavaco dava-me a notícia: morreu o Torcato!
Torcato Sepúlveda, nome histórico do jornalismo português, foi um inovador crítico literário e mudou a forma de fazer jornalismo cultural em Portugal, como o Público de hoje bem refere.
Fez traduções, limpezas, foi funcionário das fronteiras e co-assinou o argumento da longa-metragem "Porto Santo", de Vicente Jorge Silva. Pelo meio, exilou-se em Bruxelas, durante o Estado Novo.
No jornalismo esteve em todas: Expresso, Público (de que foi fundador), Semanário (de que foi refundador), Capital, Grande Reportagem, O Independente e estava agora no DN.
Habituei-me a vê-lo em casa do Carlos Enes, outro grande jornalista e moderador do Psico-debate das Directas 2007.
Hei-de recordá-lo não pelo jornalista que foi (e hoje os serviços noticiosos on-line só falam dele) mas por duas notas:
- A voz. Inconfundível voz rouca que se elevava acima das outras conversas.
- A urgência. A urgência de dizer coisas, de dar conselhos, de alertar e de deixar claro que há sempre uma verdade oculta pronta para ser destapada.
Torcato Sepúlveda, nome histórico do jornalismo português, foi um inovador crítico literário e mudou a forma de fazer jornalismo cultural em Portugal, como o Público de hoje bem refere.
Fez traduções, limpezas, foi funcionário das fronteiras e co-assinou o argumento da longa-metragem "Porto Santo", de Vicente Jorge Silva. Pelo meio, exilou-se em Bruxelas, durante o Estado Novo.
No jornalismo esteve em todas: Expresso, Público (de que foi fundador), Semanário (de que foi refundador), Capital, Grande Reportagem, O Independente e estava agora no DN.
Habituei-me a vê-lo em casa do Carlos Enes, outro grande jornalista e moderador do Psico-debate das Directas 2007.
Hei-de recordá-lo não pelo jornalista que foi (e hoje os serviços noticiosos on-line só falam dele) mas por duas notas:
- A voz. Inconfundível voz rouca que se elevava acima das outras conversas.
- A urgência. A urgência de dizer coisas, de dar conselhos, de alertar e de deixar claro que há sempre uma verdade oculta pronta para ser destapada.
Eu e o Carlos Filipe Mendonça, jornalista de excepção da nova geração, sorriamos muitas vezes um para o outro, deliciados com as conversas do Torcato.
Pessoas como o Torcato seguram a credibilidade do jornalismo.
8 comentários:
Desculpem o post intimista, repleto de nomes e referências mas é incontornável.
Ontem, em conversa com a Inês Serra Lopes, por mero acaso, referi a morte do Torcato.
A nossa moderadora não sabia ainda. Até porque a notícia era recentíssima.
Com um espantoso brilho os nos olhos falou um pouco do seu colega: "era muito fácil trabalhar com ele", disse-nos.
Ainda agora se foi e já faz tanta falta...
Todos os que o conheciam falam assim dele... cá em casa também se recebeu a notícia com espanto.
Não o conheci a não ser de nome e ainda assim não era daqueles jornalistas que estivesse no meu top of mind.
Infelizmente não tive a sorte de me cruzar com ele num desses serões em casa do Enes e da Ana mas tenho pena porque alguém de quem o Colaço fala assim é sempre alguém que vale a pena conhecer.
E, para além disso, Torcato foi uma referência no nosso jornalismo como atesta o seu percurso.
Quando perdemos alguém assim só nos resta curvarmo-nos perante a sua memória.
É verdade amigo Colaço. Sorríamos muitas vezes a ouvi-lo contar aquelas história do jornalismo que ele abominava: o que se ajoelha!
Era uma prazer estar à mesa com o Torcato. Tão distantes ideologicamente, mas sempre convergentes no essencial. Vou recodar a voz - é verdade – e a urgência, claro. Mas vou recordar também a indignação permanente, a vontade de alertar para o que não era evidente. o "Cuidado"!!! Grandes serões em cada do Carlos e da Ana. O jornalismo vai perdendo a memória e eu, ainda em ínicio de carreira, vou vendo partir as referências!
Obrigado amigo Colaço por me fazeres recordar tão bons momentos.
Chegará a altura em que o Mendonça também será uma referência ;)
Sem dúvida uma referência para o jornalismo português.
Que post, Paulo! Permitiste que os que tiveram o privilégio de tertuliar com ele, recordassem aqueles serões, e aos outros deste uma bonita imagem do jornalista, mas acima de tudo, do Homem.
Outros momentos igualmente bons virão, Carlos Filipe Mendonça (acho que só uma vez disse o teu nome assim em voz alta - foi na apresentação do teu livro eheh).
Continuaremos a recordar o grande Torcato!
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