terça-feira, fevereiro 27, 2007

Women's International Networking


Nos encontros do Fórum Mudial Económico, em Davos, onde se encontra elite financeira e empresarial mundial os oradores são maioritariamente masculinos.


Descontentes com este cenário, um grupo de mulheres, lideradas por uma norueguesa de seu nome Kristin Engvig, decidiu criar o seu equivalente "feminino".


Assim nasceu o W.I.N., reunindo todos os anos em Lausana no Outono.


Não sendo uma organização exclusivamente reservada ao sexo feminino (permite a entrada de homens), dedica-se a estudar e sobretudo incentivar a cada vez mais activa participação das mulheres na sociedade e, neste caso, nas mais altas esferas do mundo financeiro-empresarial.
É sem dúvida de louvar a criação de uma organização deste tipo.
É um facto incontornável (goste-se ou não) que as mulheres estão a atingir a igualdade com os homens a nível socio-económico-político.Mas as mulheres e os homens não são iguais, nem que seja só pelo modo diferenciado como cada qual dos sexos é ainda visto pela sociedade. Assim, é importante que organizações como estas surjam para inverter os pratos da balança.


A assunção de um papel preponderante na sociedade por parte das mulheres, deve passar não pela imitação, mas sim pelo desbravar o seu próprio caminho, pelo trazer novas formas de estar, novos formas de fazer.Nesta "guerra dos sexos", as mulheres não ganham nada em combater fogo com fogo, devem, isso sim, combater fogo com água.


Uma vergonha Nacional...


Enquanto o inenarrável ministro da saúde, Correia de Campos, se entretêm com estudos erráticos e ziguezagueia dizendo que vai encerrar centros de saúde e urgências hospitalares, para logo de seguida vir dizer que afinal vão continuar abertos, vamos sendo brindados diariamente com cenas absolutamente quixotescas do tipo:
… 16 de Fevereiro de 2007, troca de dois bebés no Hospital de Torres Vedras…
… 23 de Fevereiro de 2007, troca de cadáver no Hospital de Leiria…
Visto que o sr. Ministro já provou ser absolutamente incapaz de pôr ordem na loja, bem podia ter um pingo de pudor e demitir-se para não nos sujeitar à vergonha nacional de ver estas situações caricatas retratadas nas páginas dos jornais.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Quem espera sempre alcança!


A espera foi longa e após muitas nomeações e muitos anos a ver o Óscar passar-lhe ao lado, este foi definitivamente o ano para Martin Scorsese, em que foi considerado o melhor realizador na maior entrega de prémios do cinema.


Aqui ficam os galardoados da classe de 2007:


Melhor Filme:- "The Departed — Entre Inimigos

Melhor Actor: - Forest Whitaker ("O Último Rei da Escócia

Melhor Actriz: - Helen Mirren ("A Rainha")

Melhor Realizador: - Martin Scorsese ("The Departed – Entre Inimigos")

Melhor Actor Secundário: - Alan Arkin ("Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos - Little Miss Sunshine")

Melhor Actriz Secundária: - Jennifer Hudson ("Dreamgirls")

Melhor Filme Estrangeiro: - "A vida dos outros" (Alemanha, Florian Henckel von Donnersmarck)

Melhor Filme de Animação: - "Happy feet" (George Miller)Melhor Argumento Original: - "Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos - Little Miss Sunshine" (Michael Arndt)

Melhor Argumento Adaptado: - "The Departed – Entre Inimigos" (William Monahan)

Melhor Direcção Artística: - "O Labirinto de Fauno"Melhor Documentário: - "Uma Verdade Inconveniente"


Psicóticos, é hora do rescaldo...

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

"Calhaus" na Água


Segundo notícias recentes, as zonas costeiras da Costa da Caparica e Esmoriz estão a ser reforçadas com pedras. O avanço do mar tem provocado receio nas populações e responsáveis políticos locais (pelo menos em alguns) de verem as suas casas e bens levados pela força das águas.

Não conheço em pormenor a situação de Esmoriz mas sei que na Costa da Caparica o problema existe há anos, era na altura Primeiro-Ministro o Engº Guterres e lembro-me de uma polémica provocada - salvo erro – pelo facto de ter sido retirado do PIDDAC uma verba para as obras de defesa costeira daquela zona. A verdade é que nessa altura se deixou agravar o problema por desleixo o que levou a que este se agravasse e com reflexo nos custos. Depois no Governo de Durão Barroso o país estava de tanga mas ainda assim começou a atacar-se a situação de forma estrutural. A verdade é que ainda não está resolvido e o perigo é cada vez maior, tanto que neste momento voltou-se às obras de recurso, deixando de lado as estruturais.

A triste coincidência entre o caso de Esmoriz e da Caparica revela uma capacidade fantástica que o nosso país tem de estragar aquilo que eu considero - mas posso estar enganado – a nossa maior riqueza e o nosso melhor produto de exportação: o potencial turístico. Que inclui os imensos quilómetros de Costa quase todos eles excelentes em termos de beleza e temperatura da água que insistimos em não tratar e tornar mais apetecíveis quer para nós, quer para quem nos visita…

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Muita parra e pouca uva…



Dois anos passados, sobre a data da tomada de posse e Sócrates continua na crista da onda em termos de sondagens e isto, apesar de até agora ter dado aos portugueses uma mão cheia de nada e outra cheia de coisa nenhuma…
Razão para estarmos atentos mas não demasiado preocupados já que como é habitual quanto maior a subida, sobretudo se não for sustentada, maior o trambolhão…

Acredito no povo português e tenho a certeza que esta popularidade não significa que os eleitores estejam satisfeitos, estão apenas e inteligentemente a dar a Sócrates e ao seu governo todo o beneficio da duvida para que depois não existam desculpas.

Dificilmente haverá perdão para quem, como Sócrates, prometeu com pompa e circunstancia e a sobranceria que lhe é tão peculiar a criação de 250 000 empregos durante a legislatura, promessa que continua a afirmar que vai cumprir apesar de já terem passado dois anos e de os dados recentemente vindos a publico desmentirem essa possibilidade já que apontam para um aumento do desemprego de 8,2%, o maior da duas ultimas décadas.
Mas, se duvidas houvesse quanto ao desempenho de Sócrates e do seu governo o numero apenas sofrível de crescimento económico registado falaria por si, apenas 1,2%, menos de metade da média da união europeia
Acresce a isto, o aumento do imposto sobre os combustíveis, o aumento do preço dos medicamentos, o encerramento mal explicado de centros de saúde e escolas, etc, etc…mais a afronta sistemática a pensionistas, médicos, policias, professores…

A justiça tarda mas não falha, veremos o resultado de tanta propaganda e, em suma, de tanta parra e tão pouca uva…

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Haja bom senso...

É com enorme surpresa que vejo o actual Governo a trabalhar com tanto afinco e celeridade numa lei, claro está que tinha que ser na que prevê a liberalização do aborto até às 10 semanas. Parece que há um desespero de causa oculto em fazer aprovar esta lei, como se a partir da sua promulgação os grandes problemas do país ficassem resolvidos.

Do meu ponto de vista, e não escondo que perfilho um entendimento contrário ao do actual Governo sobre esta matéria, a questão da interrupção voluntária da gravidez não sai beneficiada com a simples entrada em vigor da futura lei.
Mas é com grande agrado que registo a intervenção do Presidente da República, Cavaco Silva, que demonstrando alguma sensatez e racionalidade no meio de tanta controvérsia, apelou à maioria parlamentar que sustenta a governabilidade do senhor engenheiro José Sócrates, que a proposta de lei sobre esta matéria deve contar com o contributo de todas as sensibilidades em relação à IVG, e não apenas com a opinião do colectivo do Primeiro Ministro, que claramente é parcial.
Já que os resultados do referendo de dia 11 de Fevereiro demonstraram que mais de metade do país não mostrou qualquer interesse em pronunciar-se afirmativa ou negativamente, não se alcança a insistência do actual executivo em ver esta lei concluída para aprovação até Março deste ano...

Olivença (nunca mais) é nossa!!!


"(...)Espanha, cínica e manhosamente concertada com a França Napoleónica, invadiu Portugal em 20 de Maio de 1801, sem qualquer pretexto ou motivo válido, na torpe e aleivosa «Guerra das Laranjas», ocupando grande parte do Alto-Alentejo. Comandadas pelo «Generalíssimo» Manuel Godoy, favorito da rainha, as tropas espanholas cercam e tomam Olivença.


Portugal, vencido às exigências de Napoleão e de Carlos IV, entregou a Espanha, «em qualidade de conquista», a «Praça de Olivença, seu território e povos desde o Guadiana», assinando em 6 de Junho o «Tratado de Badajoz», iníqua conclusão de um latrocínio. «Cedeu-se» Olivença, terra entranhadamente portuguesa que participara na formação e consolidação do Reino, no florescimento da cultura nacional, nas glórias e misérias dos Descobrimentos, na tragédia de Alcácer-Quibir, na Restauração!...


Findas as Guerras Napoleónicas, reuniu-se, com a participação de Portugal e Espanha, o Congresso de Viena, concluído em 9 de Junho de 1815 com a assinatura da Acta Final pelos plenipotenciários, entre eles Metternich, Talleyrand e D. Pedro de Sousa Holstein, futuro Duque de Palmela.


O Congresso retirou, formalmente, qualquer força jurídica a anteriores tratados que contradissessem a «Nova Carta Europeia». Foi o caso do «Tratado de Badajoz». E consagrou, solenemente, a ilegitimidade da retenção de Olivença por Espanha, reconhecendo os direitos de Portugal. Na Acta Final, apoio jurídico da nova ordem europeia, prescrevia o seu art.º 105.º:


«Les Puissances, reconnaissant la justice des réclamations formées par S. A. R. le prince régent de Portugal e du Brésil, sur la ville d’Olivenza et les autres territoires cédés à Espagne par le traité de Badajoz de 1801, et envisageant la restitution de ces objets, comme une des mesures propres à assurer entre les deux royaumes de la péninsule, cette bonne harmonie complète et stable dont la conservation dans toutes les parties de l’Europe a été le but constant de leurs arrangements, s’engagent formellement à employer dans les voies de conciliation leurs efforts les plus efficaces, afin que la rétrocession desdits territoires en faveur du Portugal soi effectuée ; et les puissances reconnaissent, autant qu’il dépend de chacune d’elles, que cet arrangement doit avoir lieu au plus tôt».


Espanha assinou o tratado, em 7 de Maio de 1807 e assim reconheceu os direitos de Portugal. Volvidos 185 anos, o Estado vizinho não deu, porém, provas do carácter honrado, altivo e nobre que diz ser seu, jamais nos devolvendo Olivença.


Mas em terras oliventinas, sofridos dois séculos de brutal, persistente e insidiosa repressão castelhanizante (hoje, falar-se-ia de genocídio e crimes contra a Humanidade...), tudo o que estrutura e molda uma comunidade, a sua História, cultura, tradições, língua, permaneceu e permanece pleno de portugalidade!


Separados do povo a que pertencem, da sua cultura, da sua língua, alienados da Pátria que é a sua, em austeros e silenciosos duzentos anos, os oliventinos preservam o espírito português e demonstram, pelo sentir da maior parte, não renunciar às suas raízes."

Retirado do site do Grupo dos Amigos de Olivença



Não está já na altura de se dar um tratamento sério à "Questão de Olivença"?

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

E vão voltar a rolar cabeças?







A saber: Os católicos vão ceder em questões como o divórcio, o sacerdócio das mulheres, e o celibato, ou serão os anglicanos que vão andar para trás?

Qual o veredicto?


Alberto João Jardim irá comunicar hoje - ao que tudo indica - a intenção de se demitir e forçar a realização de eleições regionais antecipadas. Uma decisão motivada pela nova lei das finanças regionais que origina cortes nas transferências do Estado para a Região que impossibilitam o cumprimento do programa eleitoral do PSD-M.
Serão estas as eleições em que Alberto João Jardim conseguirá a maioria absoluta mais expressiva?
Ou acharão os eleitores este episódio ridículo?

sábado, fevereiro 17, 2007

I Psico Congresso


Partimos hoje para o 6º mês de existência do nosso PsicoBlog. É obra!
114 artigos volvidos desde o dia de arranque, podemos dizer, sem exagero que temos um blog extraordinário!
Gente a publicar com qualidade, a comentar com seriedade, a divergir com nível.
Queremos continuar no mesmo registo, melhorando sempre. É por isso que teremos em breve, na Marinha Grande, o I Congresso do PsicoLaranja, vulgo, I Psico Congresso.
Como é óbvio, publicaremos aqui as conclusões desse repasto, digo, encontro de trabalho…
Entretanto, deixo-vos aqui o ranking das 5 postas mais comentadas e as estatísticas.

1 - Birra, chantagem e a arrogância habitual… (Inês Aguiar Branco, 29 comentários)
2 - O fim de uma era? (Inês Cassiano, 28 comentários)
3 - O BLOG não tem posição... (Nélson Faria, 25 comentários)
4 - Now what? (Inês Cassiano, 24 comentários)
5 - Com ou sem véu? (Adriana Neves, 23 comentários)

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Sociedade Prozac…


Bendito seja o dia dos namorados e todos os outros dias festivos!…
Viva a sociedade prozac, o que é preciso são razões para comemorar e, consumir!...

Viagens de todo o tipo, desde a eterna escapadela a Veneza até a apetecíveis passeios de balão... Românticos programas de hotéis, incluindo tratamentos de spas a dois…Restaurantes apinhados, com menus de degustação servidos à luz das velas e sobremesas em forma de coração… Presentes para todos os gostos e carteiras, pechisbeques, flores e jóias…

A oferta é muito apelativa, porém, a vida está difícil e o orçamento demasiado curto, é preciso pensar, fazer opções diz a consciência dos Pinoquios…
Não, não pensem, a vida é muito curta, clama o demónio consumista…B’ora lá entrar na onda, deixem-se de hesitações, podem sempre comprar a crédito…
Como diriam certos gatos “ c’o catano, vão comprar”, ainda estão a tempo.
Miau!...

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Justiça... o que é isso?

O pedido de habeas corpus referente ao caso Esmeralda foi indeferido. Até aí tudo bem, não se esperava outra coisa.
Agora parece que os 10,000 desgraçados que se ligaram a esta causa vão ter que pagar 480€ cada um pelas custas judiciais.

Bem... ainda consigo ficar surpreendida com estas coisas.

Continuamos a ser brindados com esta “justiça”. E isto por dois motivos claros.

Primeiro, porque somos confrontados com uma decisão cega que se apoia no princípio da verdade biológica quando existem outros princípios que não foram tidos em conta e é consensual que são bem mais importantes.

Segundo, porque esta decisão afasta as pessoas das causas.
E sejam elas quais forem, as causas são um sinal de vitalidade da sociedade.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

E Responsabilidade Cívica, não?




Não há liberdade sem responsabilidade.

Preocupa-me que pela terceira vez o instituto do referendo tenha sido encarado pelos eleitores com displicência. O referendo trata-se de uma ferramenta muito útil para o sistema democrático e uma das últimas manifestações de democracia directa a nível nacional.

Preocupa-me que apesar dos esforços envolvidos de parte a parte na campanha, não se tenha conseguido pelo menos 50%, um mínimo de participação que receio que só seja de almejar por alusão ao facto de nunca ter ocorrido.

Preocupa-me que nem uma questão que, por motivos diferentes, nos revolve a consciência e joga com sentimentos muito fortes seja capaz de mobilizar um país.

Preocupa-me que se possa apontar a chuva como um motivo para não se ir votar. Certamente será para alguns cidadãos, a quem por falta de transporte, idade, doença ou outros factores muito específicos não pode ser razoavelmente exigido a viagem à urna.

Ainda assim, espero que o que deu na televisão tenha sido interessante, que tenham gostado do que viram nas montras.

Devo no entanto dizer que não me evoca raiva assistir a esta falta de interesse pelos destinos da nação.

A falta de visão (para não dizer algo pior) que acompanha estas omissões da responsabilidade cívica de cada um, e que vão a pouco e pouco ferindo a nossa democracia, só me causa pena. Como um cão que, indo para o veterinário ser abatido, abana a cauda o caminho todo.

domingo, fevereiro 11, 2007

Now what?


É do conhecimento geral, parte do povo português pronunciou-se e manifestou ser a favor da pergunta levada a referendo, ou seja, da despenalização do aborto.

O que importa saber agora, é o que é que vem a seguir? A abstenção superou os 50%, logo o referendo, segundo as palavras do Primeiro Ministro José Sócrates há uns tempos atrás, não seria vinculativo. No entanto, muito recentemente, José Sócrates voltou com a palavra atrás e afirmou que se o 'SIM' ganhasse, o referendo seria vinculativo e a proposta iria ser posta em discussão na Assembleia da República.

Com tanto diz que não disse, e agora vamos mudar o que dissemos e vamos dizer uma coisa completamente diferente, qual é o destino da Interrupção Voluntária da Gravidez em Portugal?

Quero ser Presidente....

Este país não vive só de más iniciativas e a prova disso é um jogo de computador educativo que foi lançado e que se chama: Quero ser presidente.

Este jogo pretende criar nas crianças uma formação cívica para a cidadania. Os conteúdos do jogo estão divididos de acordo com a faixa etária a que se destinam e tem várias actividades lúdicas desde: Ordenar Sequências; Puzzles; Simbolos Nacionais; Desenhar e é, ainda, possível fazer-se uma visita pela Junta de Freguesia, Câmara Municipal, Assembleia da República e Palácio de Belém.

Esperemos que o software do jogo não tenha sido elaborado com inspiração no trabalho do nosso primeiro ministro ou de outros presidentes que tem sido uma nódoa para o nosso pais quer a nivel local quer nacional.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Obscena contemplação?


Que história escondem os diamantes que contemplamos numa vitrina?


Vi "Diamantes de Sangue" e não fiquei indiferente.


O embargo aos diamantes provenientes de países da África do Sul, assinado em 1998, chegou tarde e ainda assim não impede a continuada violação dos direitos humanos...

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Birra, chantagem e a arrogância habitual…



























Então não é que o nosso “animal feroz” teve o topete de vir dizer, numa atitude de arrogância extrema, que se o “não “ ganhar não consentirá que a lei seja alterada no parlamento no sentido de acautelar a questão prisional das mulheres…? Então não é que quando se dá conta de que a vitória do “sim” não são favas contadas, qual criança caprichosa, bate o pé dizendo que ou é como ele quer ou então não brinca mais…? Então não é que numa atitude própria de chantagista de treta não se inibe de com ameaças veladas forçar o resultado que lhe convém…?

Então um Primeiro Ministro, digno desse nome, não sabe que deve ser o primeiro a acautelar a serenidade do povo, a evitar o debate radical e a apoiar soluções socialmente aceitáveis? Então o Primeiro Ministro, José Sócrates, já se esqueceu que foi dos primeiros a vir a público dizer que a consulta sobre o aborto se dirigia à consciência de cada um e não devia portanto ser debatida como uma causa do governo ou um desígnio de qualquer dos partidos?

Então o Primeiro Ministro, José Sócrates, ainda não percebeu que existe um largo consenso quanto à questão da despenalização, quer por parte dos defensores do “sim” quer do “não”, que se for caso disso o obrigará a dar o dito por não dito?

O pior é que José Sócrates, sabe, não esqueceu e percebeu tudo o que ficou dito, razão pela qual a sua atitude é ainda mais censurável porque imprópria de um Primeiro Ministro.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Abandonai toda a esperança vós que aqui entrais!


Por princípio sou contra posts não originais ou que consistam de textos muito extensos. Mas desta vez violarei ambas ideias para postar um texto que me chegou via e-mail.

Numa nota final devo dizer que a autenticidade desta entrevista e a insenção dos moldes em que ela foi feita tem estado a ser questionado. Ainda assim pareceu-me pertinente não por uma inquestionável veracidade, mas antes por uma inquestionável possibilidade de ser verdade.

«O colunista Ronaldo Jabor entrevistou para o Jornal O GLOBO um bandido famoso, "Marcola", líder do PCC (Primeiro Comando da Capital, também conhecido por Partido do Crime), que recentemente pôs S. Paulo a ferro e fogo.

Marcos Camacho, o "Marcola", cumpre actualmente uma pena de 44 anos numa prisão de segurança máxima. É um documento surpreendente, inteligente e lúcido, sobre as relações entre poder, crime e sociedade. Um inferno sem esperança.


- Você é do PCC?

- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível... vocês nunca me olharam durante décadas... E antigamente era mole resolver o problema da miséria... O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralasperiferias. A solução que nunca vinha... Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a "beleza dos morros ao amanhecer", essas coisas... Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo... Nós somos início tardio de vossa consciência social... Viu? Sou culto... Leio Dante na prisão...


- Mas... A solução seria...

- Solução? Não há mais solução, cara... A própria ideia de "solução" já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento económico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma "tirania esclarecida", que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC...) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até Conference Calls entre presídios...) E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.


- Você não têm medo de morrer?

- Você é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar... Mas eu posso mandar matar vocês lá fora... Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba... Estamos no centro do Insolúvel, mesmo...Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração... A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala... Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em "seja marginal, seja herói"? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha... Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante... Mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feitas "com autorização da Justiça"? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, Internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.


- O que mudou nas periferias?

- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório... Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no "microondas"... Ha, ha... Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.


- Mas o que devemos fazer?

- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas... O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Clausewitz, "Sobre a guerra". Não há perspectiva de êxito... Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas... A gente já tem até foguete antitanques... Se bobear, vão rolar uns Stingers aí... Pra acabar com a gente, só jogando bomba atómica nas favelas... Aliás, a gente acaba arranjando também "umazinha", daquelas bombas sujas mesmo... Já pensou? Ipanema radioativa?


- Mas... não haveria solução?

- Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a "normalidade". Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco... na boa... na moral... Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês... não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: "Lasciate ogni speranza voi che entrate!" -Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno. »

sábado, fevereiro 03, 2007

A escola é a retrete cultural do opressor


Há 4 anos morria João César Monteiro, cineasta português. Autor de filmes como “Recordações da Casa Amarela”, “As Bodas de Deus” e “Branca de Neve”, este realizador fica conhecido, entre outras malandragens, por ter realizado um filme tão escuro (!!!) que não se vê nada.

Quando estreou “Branca de Neve”, filme do qual pouco se vê porque, segundo é dito, alguém pendurou o casaco na lente, ficaram no ar as dúvidas: será que o Estado deve apoiar (tão generosamente) cultura para elites? Será que dinheiros públicos devem ser gastos em arte de valor duvidoso?

Gostaria de ouvir a opinião dos Psicóticos (e dos nossos frequentadores assíduos) quanto a estas perguntas. Qual deverá ser o papel do Estado perante a cultura? Apoiar apenas o que vende? Apoiar cultura de massas? Apoiar apenas o que, por falta de verbas, corre o risco de morrer? Apoiar apenas os elementos culturais históricos para não os deixar morrer, abstraindo-se de ser parte do movimento cultural contemporâneo?

Notas:
1 – o título do post é uma frase de João César Monteiro
2 – Conheci JCM. Era muito educado. Também absorto. Foi quando trabalhei numa livraria. Ele pedia-me livros. Eu não lhos dava. Vendia-lhos.