segunda-feira, maio 05, 2008

Conversa da Treta?

Deputado A- Quanto é que pagaste pela tua viagem a Paris na semana passada?
Deputado B- 130€. Vê na Ryanair.com.
Deputado A- Já lá vou, ´tou a ver um "mail d´um amigo".
Deputado B- Pois... é daqueles amigos né? Faz-me forward disso. Pá, depois tenta abrir aí o site do DN. Ontem dei-lhes uma entrevista sobre o combate ao tráfico de mulheres e não estou a conseguir abrir o link com a noticia.


A proibição de acesso a conteúdos abusivos é novidade no Parlamento. Não será tão polémico o principio como o método de o concretizar. Na verdade é indiscriminado o barramento automático de conteúdos desde que informáticamente preencham os requisitos cegos. Por outro lado, na esmagadora maioria dos casos poderá ter efeitos úteis.


Que pensam disto?

20 comentários:

Tiago Sousa Dias disse...

Todas as regras de funcionamento interno na Assembleia da República obrigam ao dever de responsabilidade de cada um.

Cada deputado tem um PC portátil colocado à disposição pelo Parlamento.

Os computadores com acesso à rede estão, esses sim, bloqueados nos conteúdos, mas nos portáteis podem aceder ao que quiserem.

Será que é uma medida demagógica para recolocar uma imagem positiva da classe politica?

Paulo Colaço disse...

Uma acha para a fogueira:
o DN online diz hoje, resumidamente, o seguinte

«
A Assembleia da República recuou na proibição total de acesso a sites considerados abusivos - de pornografia, droga, agressão, jogo, violência e pirataria informática - e admite agora que a proibição seja levantada só para os deputados, por tempo limitado e "por necessidade decorrente do respectivo trabalho parlamentar".

O bloqueio foi implementado em 2006 mas, no início de Março, um despacho da secretária-geral do Parlamento, Adelina Sá Carvalho, sustentava que o sistema de bloqueio continuava a "registar acessos e tentativas de consulta voluntária a sites das categorias bloqueadas". Pelo que, prosseguia o documento, o centro de informática passaria a monitorizar os computadores da rede informática da AR nos quais fossem detectadas tentativas de acesso.

Agora, numa deliberação do Conselho de Administração da Assembleia, datada de 24 de Abril, esta questão é deixada cair. O bloqueio informático mantém-se, mas agora com uma excepção. "Em caso de necessidade decorrente do respectivo trabalho parlamentar, os deputados podem requerer o acesso aos referidos sites para efeitos do cumprimento do seu mandato constitucional". O pedido deve ser endereçado à secretária-geral e o acesso "será exclusivamente facultado ao deputado requerente, que informará do termo de período de consulta para efeitos de reactivação do bloqueio".
»

Paulo Colaço disse...

É com muito gosto que dou conhecimento do novo evento do Psico:

Tertúlia "A JSD e o Poder Local"
Oradores: Ana Sofia Bettencourt e Nuno Matias
Moderadora: Tânia Martins
Data: 16/Maio
Hora: 21.30
Local: Sede da JSD/Torres Vedras

Esta é uma parceria Psicolaranja e JSD/Torres Vedras.

Voltarei brevemente com novidades.

Anónimo disse...

Eu compreendo que não seja bonito, ou sequer indicado, que apareça no histórico dos PC's da AR sites menos indicados.

Mas a alternativa é do pior que o Estado tem para dar: barrar o acesso? Quem é o Estado para o fazer e decidir que sites são indicados e quais não são?

Acho bem que o Estado se manifeste sobre a legalidade dos sites mas não compreendo esta proibição. Estão com medo do quê? Que as pessoas pensem que os deputados estão a trabalhar menos porque podem ver porno no seu pc? As pessoas já acham que os deputados não fazem nada. :)

Tânia Martins disse...

Né é verdade que as pessoas acham isso, mas cada coisa a seu tempo! Se querem ver pornografia ou seja lá o que for que vejam em casa quando não estão em (espécie de) horário laboral.

Tem de haver controlo sim, onde já se viu, em vez de discutir os problemas do país (que não são nada poucos) e contribuir para a máquina administrativa do Estado, andar a ver coisas que não interessam para nada!

Anónimo disse...

Bem me parecia que o que faltava aqui era pornografia lol

E se o Deputado precisar de fazer uma investigação sobre S&M? Normalmente essa informação também está em sites XXX e, como tal, vetados?

E prostituição online?

E se o Deputado estiver a investigar a segurança do acesso à net?

Há milhentas funções que o Deputado poderá fazer nos sites que foram banidos.

A medida é show-off, é medida power-point e é simbólico de uma sociedade repressiva.

Tiago Sousa Dias disse...

Né:
E se o Deputado estiver a investigar a segurança do acesso à net?

Há milhentas funções que o Deputado poderá fazer nos sites que foram banidos.


Daí a conversa que eu "inventei" entre dois deputados ficticios.

Anónimo disse...

Exacto Tiago.

Estamos de acordo.

jfd disse...

Pergunta inocente...
Porque não se delega esse tipo de investigação à divisão da PJ dedicada a isso, e ela que produza um relatório? Porque hão-de os Senhores Deputados, perder o seu precioso tempo, a fazer de CSI's? Que competências de investigação têm os mesmos, para me garantirem que estão a utilizar eficientemente os recursos e o tempo?

Acho muito bem que se lhes barre o acesso a todo o género de sites impróprios, como se faz a qualquer estudante que trabalhe num call centre.

Não é uma questão de liberdades, é que uma questão de responsabilidades e de recursos.

Tiago Sousa Dias disse...

Ó Jorge. Então explica-me que sentido faz o que eu disse no primeiro comentário?
Um Deputado entra no gabinete. Senta-se à frente do PC fixo e ao lado abre o portátil que também é cedido pela AR.
No fixo não consegue, mas tem o portátil e faz o que quer.
Mais, segundo o descritivo da noticia, o critério é apertado, bastando que esteja um palavra como "pornografia" e o site já não abre. Se um deputado quiser ver uma noticia sobre criminalidade sexual e aparece lá a palavra "pornografia" ou outra similar.
Não se trata de CSI, trata-se de investigação para fundamentar tomadas de posição, ver noticias, ler documentos cientificos on-line tudo.
Mais, conhecendo a AR por dentro primeiro que te libertem o acesso para acederes a uma noticia... desistes.

jfd disse...

Ora ai está!
Típico do nosso país, 8 ou 80. Não se resolve o problema...
Que se resolva o problema. Os softwares são configuráveis. Como se justificam os orçamentos de TI da Assembleia, e por exemplo problemas desses que referes e as situações de voto? Ineficácia. Que se resolva, mas não retirar o ban.
Se há em todo o lado, em todas as empresas, porque não haveria de haver no parlamento? No que toca aos laptops, olha incongruências da legislação... Mas se estão na AR, ao utilizaram a rede da AR, ter-se-iam de submeter às mesmas regras.
Simplex?

Guilherme Diaz-Bérrio disse...

JFD,
Comparar deputados da AR a estudantes num Call Center é no minimo intelectualmente desonesto não achas? ;)

E se queres ir por uma lógica de eficacia de recursos vs. liberdade de utilização, vais me dizer que banir deputados de ir a certos sites,porque têm lá escrito a palavra "porno" ou afins, poupa no orçamento de TI da AR?!

jfd disse...

;)))
Guilhermer, era caricatura para marcar o meu ponto de vista.

Não falei em poupança! Falei em Ineficácia! Já que se gasta, que se faça com que funcione como deve de ser :)

So isso !

Anónimo disse...

Não vejo onde se ganha em restringir o acesso aos Deputados.

Os exemplos que o Tiago enumera são self-evident da inutilidade.

É uma medida de show-off e falso moralismo.

Anónimo disse...

O que significa "liberdade" para você? É poder fazer o que quer, sem restrições? É ir contra algo ou alguém? Uma boa liberdade tem significados mais ricos. Por exemplo, uma casa é algo que propicia certas liberdades, mas também inibe outras . O mesmo com um automóvel (por exemplo, seu corpo fica preso ao banco). A boa definição de liberdade deve incluir outras noções.

A primeira idéia que deve estar associada á liberdade é a de conseqüência. Tudo que escolhemos fazer provoca efeitos em nós, nos outros e no mundo. Se você diz ou não bom-dia, se dá um sorriso ou não, a forma como faz essas coisas, cada ação faz alguma diferença para você ou para alguém, com efeitos imediatos ou a curto, médio ou longo prazos.

A segunda noção é de responsabilidade. Somos responsáveis pelas conseqüências do que fazemos ou deixamos de fazer. Um exemplo drástico é do filme Homem-Aranha; este deixa um assaltante fugir em represália por não ter recebido um pagamento, e o assaltante em seguida rouba e mata seu tio.

Um outro aspecto que deve fazer parte do significado de liberdade é o outro. Sua liberdade depende de quem está próximo. Se isso for ignorado, vão ocorrer inevitáveis choques. Um entendimento de liberdade que integre e equilibre intenções pessoais com as de outras pessoas funcionará melhor.

Anónimo disse...

A do homem aranha teve graça para o debate sobre conteudos informácticos :)

Eu sou cliente da internet e dos conteudos que acedo, não sou refém, e julgo que isto tem tudo a ver com a nossa visão de liberdade na actividade profissional que desempenhamos.

Portanto a primeiro premissa é o facto do consumidor, ter a sua liberdade de escolha respeitada.

A segunda é o conceito de restrição imposto.
Portanto, a Assembleia da Républica adaptou-se ao modelo chinês e decidiu que conteudos os internautas com portateis podem ou não aceder. Daqui a pouco só podem ver noticias que falem bem do Sócrates. Pura censura!
Claro que não é preciso referir que a restrição não é 100% segura, já para não falar na possibilidade de aceder a uma rede externa e visualizar os conteudos que me apetecerem.
E agregado à ideia ja explorada pelos psicoticos acima, a questão é. Em que é que beneficia?
- Gestão de tempo?
- Tornar os deputados uns santos?
- Ajudar a não propagar conteudos sem interesse?

Bom, a 3º para terminar está relacinado com o modelo.
Só vou comentar o que li acima.
mas... Existem vários programas que bloqueiam sites baseados em palavras chave, mas eu não recomendo. Por exemplo, se um programa desses é configurado para bloquear sites com a palavra "sexo" e amanhã ou depois alguem abrir um site sobre "energia nuclear aplicada à agricultura" que por uma infelicidade contenha a palavra sexo, ele vai bloquear o site todo.
E depois faz algum sentido em ter que estar a pedir ao departamento informactico da Assembleia da Républica para desbloquear para eu ver o que me interessa?

Que palhaçada.

Paulo Colaço disse...

Já aqui fiz um post (ou terá sido noutro blogue meu?) sobre as restrições que a França e Alemanha fazem na visualização de sites de extrema-direita, e as restrições na China (lá não se pode aceder a conteúdos que tenham, por exemplo, a palavra "Liberdade").

Condeno.

Há que diferenciar o acesso livre à criminalidade da exigência de produtividade.

Ter um funcionário que ocupa parte do seu tempo a ver mails com piadas, jogos e pornografia é mau para a produtividade de uma empresa? Claro.
Então barre-se-lhe a internet!
Se a internet lhe for essencial para as funções a desempenhar, então barre-se-lhe o trabalho!
RUA!

Se o cavalheiro é pedófilo e consulta sites de pornografia infantil, então: denúncia à polícia!

Tudo o mais é intromissão na esfera privada.

Um exemplo: na Punchline eu podia impedir os meus funcionários de navegarem no MSN, que eu considero um grave problema de produtividade.
Conheço gente que interrompe cada minuto de trabalho com quatro ou cinco idas às janelas do Messenger.

Mas eu não vedei o MSN na Punchline. Porquê? Porque sei que os designers e o programador trocam por esse meio informações têcnicas com colegas e amigos, facilitando-lhes o trabalho.

O resto é confiança neles: sei que não prejudicarão o trabalho se ficarem a navegar um pouco à margem das suas funções. E abusar de ser um "Punchliner".

Resumindo:

Confiança nos funcionários parlamentares e Deputados. Caso não a haja, despedimento para os funcionários incompetentes e denuncia para quem vai a sites criminosos.

O resto é show-off do Estado!

jfd disse...

Discordo a 1000%
Desculpem mas estão a injectar paixão num assunto que não a merece.

O acesso tem de ser limitado. Nem que seja pela questão da segurança. Dos azelhas que fazem cliques em tudo e mais aguma coisa e acabam por comprometer a segurança da rede informática. Liberdade com responsabilidade. Mas restrição consoante o meio, e o fim para o qual foi disponibilizado.
Não vale a pena romantizar a questão.

Paulo Colaço disse...

Jorge, tu dizes "Liberdade com responsabilidade".
Eu digo "Liberdade com responsabilização em caso de prevaricação".

É assim em tudo. Tu tens o direito a ter nas mãos uma coisa tão perigosa quanto um automóvel. Caso prevariques, és responsabilizado.
Eventualmente, tiram-te o carro.

jfd disse...

Bem,
O título do post é do mais feliz possível.
Este assunto é um não-assunto. Direi porquê ém próxima sexta ;)

Quando ao acesso à Internet com sites não produtivos barrados pelo "patrão", no local de trabalho; Não me choca nada.