José Pacheco Pereira. Militante base do PSD. Amado e Odiado. Dificilmente ignorado. É crítico do PSD da JSD, pondo o dedo na ferida com uma eloquência por vezes, apenas ultrapassável pela persistência da sobreposição da sua voz e ideias. Nasceu há 58 anos no Porto, mora em Rio Maior rodeado por livros. Teve uma história no PSD. E fora do PSD, em outras latitudes exóticas ;) Há quem não lhe reconheça nenhuma legitimidade para ser o grilo falante do partido que se julga ser. Outros veneram a sua forma de estar e pensar. Com algumas excepções, a minha tendência é para o segundo grupo.
No contexto presente, foi um dos restritos impulsionadores do (finalmente!) aguardado avanço de Manuela Ferreira Leite para a corrida à presidência do PSD.
Em Grande Entrevista ao DE, que aconselho a leitura* (as minhas quotes são obviamente tendenciosas!), ficam pérolas de sabedoria do género:
Quando se analisa a crise do PSD, tem que se reconhecer que se iniciou no período de liderança de Cavaco. Uma coisa era a lógica do Governo, outra a do partido.(...)
[sobre PPC] "É um homem com 20 anos de história dentro do PSD. Geriu o seu tempo e o seu espaço. E beneficia de uma conjuntura favorável nestas eleições, que é receber apoios do aparelho político que estava com Menezes. Não tenho dúvida de que vai ter um bom resultado. Tem uma linguagem política que foi buscar aos blogues."
[sobre MFL] "(...)Opto por Ferreira Leite, porque acho que o partido está numa crise profunda, que põe em causa os seus fundamentos. O PSD é um partido popular, não é um partido populista. A deriva populista não tem nada a ver com o programa do PSD e a sua relação com o país deteriorou-se. É um partido que tem hoje pouca credibilidade, que os portugueses não ouvem. Ainda é forte a nível autárquico, mas a sua dimensão nacional está enfraquecida."
[sobre PSL] "(...)É um catálogo de promessas que só vale o papel em que está escrito."
[Sobre a Esquerda/Direita]"Não penso que a divisão esquerda/direita seja hoje instrumental, que ganhemos muito utilizando esse instrumento para perceber a política. O que não quer dizer que, particularmente do ponto de vista da tradição histórica das ideias, não haja essa divisão. Mas em muitas matérias tenho ideias típicas da esquerda e noutras posições típicas da direita. Por exemplo sobre a cultura tenho uma noção que pode ser tida como elitista, mas sobre a liberdade individual, questões de sexo, casamento, homossexualidade, as minhas posições são de esquerda."
E os caros leitores, que opinam sobre o grande(?!) José Pacheco Pereira?
*diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/destaque/pt/desarrollo/1121293.html
sábado, maio 10, 2008
O Mal Amado?
Uma psicose de jfd às 4:47 da tarde
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20 comentários:
Ui!!! Jorge, a isto chama-se dar o peito às balas ;)
Pacheco Pereira é um homem que admiro há anos.
Considero-o um homem de grande intecto e intelectualmente muito honesto. Revejo-me quase sempre nas suas posições sobre o PSD e na forma como encara a política.
Compreendo a sua aversão à JSD. Normalmente este estrutura coloca-se em posição de crítica, devido à forma como os seus elementos se comportam.
Naturalmente que ideologicamente me encontro num polo oposto dentro do PSD, mas isso não invalida que o considere como dos mais nobres entre os militantes do PSD.
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes
Pacheco Pereira não é dos militantes por que tenho mais consideração. E não é por não o respeitar. Aliás, eu até o respeito bem mais do que ele a mim. Ele é suficientemente convencido e egocêntrico para se achar o melhor dos melhores e por isso considerar fraquinhos todos os restantes.
Mas por que raio, afinal, hei-de eu admirar o homem? É um teórico do meu partido, ok! Defende alguma mudança de fundo? Defende algo concreto para uma revisão de Programa? Para uma mudança no posicionamento ideológico do Partido?
Bem, se não lhe vejo grande utilidade nos pontos que acabei de escrever, então ele deve estar farto de ganhar eleições, de apresentar trabalho no terreno, de contribuir para o engrandecimento da estrutura não é?
Não, parece que também não... Então digam-me, por favor, o que me há-de fazer gostar dele...
Ah! Já sei! É alguém que defende o partido até à morte, que tem ajudado à estabilidade e contibuido para a nossa afirmação junto da sociedade civil. É isso não é?
Não? Também não? Ora bolas...
Muitas vezes concordo, outras vezes nem por isso.
Não gosto da fraca consideração que ele tem pelo partido e pelas pessoas que trabalham todos os dias pelo partido. Ao tomar a parte pelo todo comete muitas injustiças e ele sabe-o. Porque o fará?
O que não quer dizer que algumas das suas críticas não sejam certeiras. O que não quer dizer que a sua análise seja certeira.
P.S. Numa velha discussão, gosto da nuance no discurso de JPP nesta entrevista: afinal a diferença entre esquerda e direita existe e é importante... está é mais esbatida que noutros tempos. Assim já concordo com ele, isso é verdade.
Tinha prometido afastamento, mas este post faz-me escrever umas linhas : Primeiro é um post que versa sobre uma das personalidades mais " faladas " do PSD. Concordo com o JFD : Ou se ama ou se odeia, pelo menos o estilo e a actividade política.
De todo o modo, seria inútil alongar-me sobre a questão, pois a minha opinião está na íntegra no comentário do Bruno. Subscrevo a 100%, não me conseguiria exprimir melhor. Mas respeito quem goste da pessoa e do estilo. E respeito a pessoa.
Há um aspecto que esta mania do gosto e não gosto deixa de parte: o homem tem ou não tem razão no que diz? E tem, toda e antes do tempo. Preveniu o partido para o desastre do Santana Lopes quase sozinho e teve razão, votou contra as listas conjuntas PSD-PP para o Parlamento Europeu e abandonou um dos melhores lugares da política portuguesa porque quis, porque não concordava e teve razão. Publicou o Ornitorrinco o melhor livro sobre o PSD por dentro. O que irrita em muita gente é que ele tem razão e não se move por interesses e isso torna-o incontrolável.
Pacheco Pereira é amor e ódio.
Tal como Vasco Pulido Valente.
Amor porque diz coisas que nos deliciamos a ouvir.
Ódio porque diz coisas que nos enraivecemos a ouvir.
Entrevalamos vénias com cólera.
Umas vezes achamos que não tem moral para certas chamadas de atenção, outras achamos que nem Tell teria tanta pontaria.
Como toda a gente, gosto e desgosto de Pacheco Pereira.
Já me deu grandes momentos de regozijo e grandes fúrias.
O normal. Acho que ele gosta assim. Eu também!
Mal amado porque os jornais dizem isto e Lopes e Menezes ficaram furiosos com as críticas? Pois eu ouvi-o a falar no PSD de Tavira e na sala completamente cheia não se ouvia nem uma mosca e ele disse aquilo que sempre diz e saiu com uma enorme salva de palmas. Para milhares de militantes ele tem dito a verdade com muita coragem, quem não gosta dele são os que se servem do partido, porque ele incomoda-os.
E mais nada! :)
Defende alguma mudança de fundo? Defende algo concreto para uma revisão de Programa? Para uma mudança no posicionamento ideológico do Partido?
Não, e eu também não. Gosto do PSD como é desde há 34 anos. Quem quiser um partido diferente, que o funde.
Um militante social democrata do PSD.
Não gosto da fraca consideração que ele tem pelo partido e pelas pessoas que trabalham todos os dias pelo partido. Ao tomar a parte pelo todo comete muitas injustiças e ele sabe-o. Porque o fará?
Não, ele nunca tomou a parte pelo todo. Dizer que ele toma a parte pelo todo é que é todo um programa... de quem preferia que ele não tomasse uma certa parte pela parte que é.
Entrevalamos vénias com cólera.
Isto é, vénia - entrevalo com cólera - vénia - entrevalo com cólera, etc...
O Alfredo Benvindo disse-o e bem.
Eu gosto do Pacheco. É um historiador completo, "barómetro e psicanalista de serviço ao PSD", escreveu o "Ornitorrinco" numa fase nada positiva do PSD mas necessária.
Ele não precisa da política para sobreviver, a sua opinião, honesta, é muito valorizada pela sociedade civil - porque é HONESTA, mais do que internamente pelos dirigentes do PSD. Ele diz o que pensa. Se a sociedade portuguesa não gosta do que se passa no PSD, ele reflecte precisamente isso.
Uma pessoa dessas é sempre útil ao partido. Mesmo que tenhamos que o aturar!
Continuo a achar que JPP é uma das referências no pensamento contemporâneo do PSD e uma das suas verdadeiras reservas morais. Se não fosse por ele teríamos certamente muito mais dificuldade em resistir às derivas populistas que o PSD tem sofrido.
A sua militância não pode ser medida por votos (não por nunca se ter submetido a votos, porque fê-lo e em alturas difíceis) e mau era se reduzíssemos a militância ou o espírito crítico seja de quem for à necessidade de disputar eleições quando algo está mal.
Não me parece ter lógica que alguém por criticar outrem tenha necessariamente de se candidatar ao seu lugar. Se assim fosse, acredito que actualmente houvesse dezenas de candidaturas.
A militância é um conjunto de deveres cujo corolário é a defesa do partido pelo qual se milita, mesmo que, ou melhor, sobretudo se tal defesa supuser a coragem de contrariar o "status quo" e dizer bem alto que "o rei vai nu".
Com certeza que há aspectos em que JPP exagera, não concordo nada com o preconceito sobre as jotas, embora me custe muitas vezes contrariá-lo dada a quantidade de maus exemplos com que vou contactando. Contudo, o que não se lhe pode negar é o facto de ser uma voz independente, no sentido profissional, ou seja, não depende do partido para nada e por isso tem total liberdade para dizer o que pensa. É óbvio que isto irrita muita gente, mas a mim dá-me um gozo tremendo ver que ninguém o pode calar pois JPP não tem telhados de vidro.
Pode ser arrogante, pode ser narcisista, pode ter todos os defeitos do mundo, mas há qualidades que ninguém pode contrariar: inteligência lúcida, serenidade e honestidade; Convenhamos, para quem anda na política portuguesa não está nada mal.
não podia deixar passar esta oportunidade para relembrar que Pacheco Pereira é conterrâneo do Colaço!
EHEHEHEHEHEHEHEH
abraços
eheheheh Já tardava!
É verdade, embora não totalmente.
Uma das bonitas freguesias de Rio Maior chama-se Marmaleira, onde José Pacheco Pereira tem a sua moradia.
Foi lá que instalou umas das maiores bibliotecas privadas do País.
É de longe uma referência no nosso Partido!
É intelectualmente superior a muitos militantes, é um génio! Gosto de o ouvir falar, gosto da maneira como expõe as debilidades dos Governos Socialistas, como coloca no ponto essencial o ataque ao PS.
Mas, este homem genial, devia e podia ajudar mais o Partido. Ajudar e vir a terreiro mais vezes, gostei da sua campanha para as Europeias, gostava que Pacheco Pereira, fosse mais PSD! É militante, pode e deve discordar, mas constantemente e humilhando líderes por vezes é excessivo. Continuo a achar que não tem mal criticar, não tem mal mesmo. Mas ver a nossa seta ao contrário porque não se gosta de um líder é excessivo! Preferia que fosse a congressos, a conselhos nacioanais, a distritais, que desse entrevistas e criticasse e apontasse soluções! Porém, é importante referir que gostei da atitude dele agora! Assume uma linha e defende! Até as eleições acho muito correcto, depois, desculpem-me mas não! Depois independentemente do vencedor, considero que já chega de ataques internos!
Mas ele é assim, e o Jorge disse e bem ou se ama ou se odeia!
O problema, Diogo, é que Congressos não são suficientemente grandes para ele. Pacheco Pereira é um vaidosão e precisa de palcos mais glamourosos
Bem, o nosso Ribas pelo menos não leva para casa o que sente quando ao senhor :) Assim é que é !!!
JPP disse no Abrupto, sobre umas sondagens no CM:
(...)existem dois mundos, um o dos eleitores do PSD e dos portugueses, outro o de alguns responsáveis de estruturas do PSD. Quando Marco António diz que os militantes da sua Distrital preferem "esmagadoramente" Passos Coelho, Carreiras aponta Jardim como o "melhor candidato", Bota afirma que o PSD só vence com Santana Lopes, que mundo interior é este tão distanciado do mundo exterior? Este ecrã, esta intermediação entre os militantes e a realidade nacional é um dos factores de crise do PSD. Obedecem a lógicas muito diferentes: uma, uma lógica pessoal de preservação dos pequenos poderes e influências internas (falar em nome do PSD, escolher pessoas para os lugares, defender "espaços" políticos próprios, influenciar as escolhas, impulsionar a sua própria carreira política de profissionais partidários); outra, uma lógica exterior de políticas e métodos reconhecidos como meritórios pelos portugueses.
Escrevi um livro sobre isto, não preciso de me repetir. O divórcio entre estes dois mundos começou no tempo de Cavaco Silva, mas acelerou-se nos últimos cinco anos, e conheceu o seu momento mais grave em 2005, numa corrida ao abismo anunciado, previsto, inevitável, que todos menos os unanimistas que num Congresso deram uma votação albanesa a Santana Lopes, quiseram ver. Repetiu-se em 2007, e, se não for travado, repetir-se-á em 2008. É só isto que está em causa nestas eleições cruciais e só isto que explica tanta acrimónia, tanto afã, tanto desespero, porque para muitos é uma espécie de despedimento colectivo.
É exactamente por isso que, como se diz no Expresso de hoje, todas as quatro candidaturas são hoje "menezistas" nos seus apoios e todas são contra Manuela Ferreira Leite. A questão está em saber até que ponto existe ou não voto livre no PSD, até que ponto o militante trazido às urnas pela diligência ímpar de um cacique e que lhe diz pelo caminho, "sem dúvida que vou votar no Passos Coelho, ou no Santana Lopes" chega lá e vota Manuela Ferreira Leite, em consonância com o país e com os eleitores do PSD.
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