domingo, maio 11, 2008

Os "ghettos" do Estado vão acabar!

Há em Portugal mais de 40 mil famílias com necessidade imediata de habitação.

Quem deve suprir esta falha? Tem de ser o Estado a intervir, mas será a forma como intervém que fará a diferença. Deverá simplesmente dar casas a quem precisa?

O Plano Estratégico da Habitação defende um Estado mais regulador e fiscalizador, defendendo que se deve criar uma bolsa de fogos para resolver as carências, mas com enfoque na dinamização do mercado de arrendamento. Isto é: não se dá, aluga-se.

É um bom sinal: rendas a custo controlado, fora da lógica "bairro social", com a Câmara e as parcerias público-privadas como principais agentes.

Deixemos de acumular os mais desfavorecidos em caixotes: ajudemos quem precisa, sem vergonhas nem pudores, sem ghettos. A vida já é difícil o suficiente sem a discriminação do Estado.

10 comentários:

jfd disse...

Muito bom tema.
Vamos ver como as coisas irão acontecer.
Há muitos anos que os custos controlados, quer nas rendas ou na construção, são armas de inserção social!

Paulo Colaço disse...

Esta é uma boa ideia para o fim dos bairros problemáticos sob a tutela do Estado ou das Câmaras.
Estimular o mercado de arrendamento.

Não sei até que ponto será assim tão simples mas aguardo para ver.

Polvo disse...

A política social assistencialista e potenciadora de guetos algum dia tinha que acabar. O caminho deve passar pela responsabilização de todos os que beneficiem de uma determinada prestação social.

O país precisa de rupturas neste domínio. Um mercado de arrendamento para pessoas carenciadas não me parece má ideia. Parece-me sobretudo curto e uma gota no oceano de dinheiro do Estado que continua a ser pessimamente gasto na área social.

Particularmente há duas áreas que gostava de ver reforçadas nesse domínio: assistência a inadaptados e idosos, sobretudo estes últimos.

A forma como se trata os idosos no nosso país caminha para ser um dos grandes flagelos do século XXI.

Anónimo disse...

Não concordo que seja a a nossa política social que potencia ghettos.
Acho que é a falta de segurança e vigilância.
Em alguns casos, também a falta de integração, mas sobretudo o facto de se construirem espaços que depois não sou devidamente acompanhados.

Vai lá a polícia quando ha zaragata e, mesmo assim, só vai até certo ponto.

Bruno disse...

Como penso que já falámos aqui, por ocasião de um post sobre uma actividade do PSD Almada, uma das coisas que me faz confusão na política de Habitação Social é a dinâmica de criação de ghettos que sempre se seguiu.

Esperemos que se inverta essa tendência que tem sido causa de tantos problemas sociais, criminalidade e focos de toxicodependência.

Anónimo disse...

Caro António Pessoa,

Eu penso que, neste momento, é a política do Estado que cria os ghettos.

É na relocalização dos habitantes de bairros degradados que "encaixotamos" essas pessoas em prédios habitados exclusivamente por pessoas oriundas desses bairros.

Transferimos problemas, não os resolvemos.

Bruno disse...

Pelo contrário, Né. Agravamo-los...

Anónimo disse...

Nem mais Bruno. Muitas vezes com conflitos entre pessoas provenientes de bairros diferentes.

Enfim, é o resultado da putativa omnisciência do Estado.

EP disse...

A ideia em si não me parece má, pelo contrário, mas como alguém dizia será curta "desgarrada" de um plano de acção mais amplo.

Ajudar não é dar esmola! E, portanto, ao invés do que tem feito, o Estado deve apostar na criação e implementação de mecanismos que permitam ás familias em situação precária inverterem a espiral de pobreza em que se encontram.

Não é dando casa, rendimento minimo de inserção ou outros apoios do genero, per si, que se restitui a auto-estima a estas pessoas ou que se as ajuda a sair da situação em que se encontram.

EP disse...

Caro António Pessoa,

discordo de si quando diz que a nossa politica social não potencia ghettos.

Infelizmente, concordo com o Né e o Bruno quando afirmam que não só potencia como agrava problemas.


"Acho que é a falta de segurança e vigilância.
Em alguns casos, também a falta de integração, mas sobretudo o facto de se construirem espaços que depois não sou devidamente acompanhados."

Acredito que a melhor forma de integração de qualquer pessoa é a inclusão na sociedade de acolhimento, e o respeito mutuo pelas diferenças entre quem acolhe e é acolhido.

A logica de se construirem espaços que depois terão de ser devidamente acompanhados, parece-me a lógica do ghetto.

Mas não sejamos inguénuos, percebo que fale em segurança e vigilância, afinal em teoria a ideia de acabar com os ghettos é a correcta, mas na pratica... ah pois na minha rua, no meu prédio... isso é que é mais dificil

Para além do problema social já de si dificil de resolver, há ainda, penso eu, a questão da mudança de mentalidades

"A vida já é difícil o suficiente sem a discriminação do Estado." (Né, grande frase!) Eu estou em crer que a vida dos que tentam seguir em frente com o estigma de nascerem, ou viverem em bairros sociais "catalogados" é ainda bem mais!