quinta-feira, julho 10, 2008

Gostam dele, naturalmente.

Compreende-se que José Manuel Durão Barroso esteja na estima dos líderes europeus.
Tem low-profile, não fazendo sombra a nenhum Chefe de Estado ou de Governo; é um especialista em diplomacia e relações internacionais, um traço que todos reconhecem; tem sentido estratégico para a Europa e Mundo, o que é importantíssimo para a UE; sabe gerir a equipa, como o demonstrou como PM.
Para além disso, é poliglota, bem-disposto, um homem do mundo.

É natural que gostem do nosso Zé, certo?

24 comentários:

Pedro disse...

Um homem do mundo que sabe gerir equipas? Ham ham. Outra alternativa seria a epígrafe do Kissinger: indiscutivelmente o pior primeiro-ministro na recente história política.

No entanto, como você diz, eles adoram-no. Eles, leia-se, quem realmente manda.

Paulo Colaço disse...

Sim, foi mau para Portugal a sua saída para Bruxelas.
Claro, houve um sentimento de fuga e de traição.
Reconheço, foi-me muito difícil defender o PSD e Barroso, nessa altura.
Não, não teria feito o mesmo, mesmo que me tivesse oferecido o mundo.

Mas... a verdade é essa: ele é bom.
Pode não ser o melhor, mas é bom.
E "eles" gostam dele. Sobretudo porque não lhes faz sombra, mas tem as qualidades que referi.

Contactei com ele de perto em algumas situações e, retirasse eu uma vírgula ao que escrevi na descrição nao estaria a ser verdadeiro com o que penso.

Daniel Geraldes disse...

No meio disso tudo, teve pouco sentido de estado. Isto basta tambem para lhe perceber o perfil.

Pedro disse...

Paulo, ele em bom em quê? Isso de gerir equipas e falar três línguas em má pronúncia, até o Cristo Ronaldo o faz. O Paulo, mais educado, escreve: "não lhes faz sombra". Para mim é tudo uma questão de falta de espinha. O Durão fez a sua vidinha como qualquer sanguessuga que se preze. Nisso, sem dúvida, ele é muito bom. E não lhe devemos levar a mal ter saltado desta espelunca, que ele tanto ajudou a conspurcar, para os salões e restaurantes finos de Bruxelas.

Bruno disse...

Barroso é competente, não duvido. É especialista em diplomacia e relações internacionais, com certeza. Tem capacidade para o lugar que desempenha e eu sempre o achei. Até mais do que para Primeiro-Ministro em que há aquela chatice de ter que manter a popularidade em alta. E é aí que ele falha...

O Jousé Mániuel não será um grande líder, não tem o carisma como uma das suas principais qualidades e isso fez sempre com que o povo desconfiasse dele. No entanto, quem está por dentro dos bastidores da cena política internacional não lhe regateia elogios e também não acredito que o façam de forma assim tão ligeira.

Fico contente que o seu trabalho seja apreciado. Não por ser português ou por qualquer provincianismo bacoco. Mas porque é alguém em quem eu já votei, em cujas qualidades confiei - e confio! - e um homem cujo nome defendi para liderar os destinos do meu país. Não me arrependi e o tempo parece dar-me razão.

Outra história é o facto de ter deixado o seu trabalho a meio. Acredito que o tenha feito de forma bem-intencionada. Acredito até que tivesse receio de que viesse a ser mais difícil aplicar o Programa de Governo com ele à frente do que com Santana. Parece-me que teve menos sentido de estratégia do que sentido de Estado.

Daniel Geraldes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Daniel Geraldes disse...

Não concordo, acho mesmo que o Durão se pirou, e parafraseando Manuel Alegre, que não é exemplo pelo menos para mim, "um homem nunca desiste!!!Seria alias uma enorme falta de respeito",e o Durão claramente desistiu, e sendo eu um má lingua, até acho que a Cimeira da Base das Lajes já tinha algo mais no Horizonte do que a guerra do Iraque.

Para além disso,os ultimos 15 anos politicos em Portugal foram desastrosos,e quando for Guterres vs Durão para a Presidência da República votarei nulo.

Pedro disse...

Ó Daniel, os últimos 15? Não quererá dizer os últimos 300? Bom, meio ainda houve uma interrupção onde se falou de Portugal, Nação, Espírito, mas é melhor não falar disso, não vá um "anti-faxista" andar pela zona.

Aquela cimeira de criminosos de Guerra foi um dos momentos mais divertidos da história recente da ládria, só faltando mesmo uma bandeira azul e branca com a Estrela de David no centro.

Eu gosto do Durão, um homem que nunca contrariou a sua natureza de vira-casacas. E nisto há todo um esquema ontológico.

Daniel Geraldes disse...

Pedro, o Durão é o nosso Freitas do Amaral só que invertido,e no PSD essa malta é respeitada e idolatrada, vejamos agora o Dias Loureiro.

Bruno disse...

Aceito a tua opinião sobre a "desistência" de Durão mas não é assim que eu vejo a estória. O que não quer dizer que não o ache fraco e sem perfil de lider.

Karocha disse...

Eu não gosto do Zé!
A última vez que estive com o Zé,o Zé era o Ministro dos Negócios Estrangeiros!...

I.D.Pena disse...

Concordo com o Pedro.
E Bruno falas de estória vê-lá esta , a ver se te agrada ;)

http://www.youtube.com/watch?v=vmI9AmCTLHQ&feature=related

xana disse...

Não percebo este "endeusamento" a Barroso.

Para mim e para muitos, é SÓ um dos grandes culpados do que se está a passar em Portugal.

Não sinto orgulho pela posição que ocupa, porque a forma como a conseguiu causa-me repulsa.

Bruno disse...

Hehe, Naturezas! Já conhecia. Não esta exactamente da notícia SIC mas já tinha visto o vídeo no Youtube.

O que posso dizer? Eu acho sempre positivo as pessoas evoluirem. Não me choca que as pessoas mudem de opinião principalmente quando a sua experiência de vida as leva a isso. É mesmo por isso que se deve ter algum cuidado quando pensamos saber tudo e ser donos da verdade absoluta.

Barroso nunca escondeu o seu passado "esquerdóide" nem penso que o devesse ter feito. Importante é que saibamos explicar o porquê da evolução da nossa opinião. O que nos fez mudar de posição e onde foi que percebemos que estivemos enganados.

Eu, por exemplo, em 94/95 achava que Durão era um tipo de fibra, cheio de garra e com um grande futuro mas achava Santana ainda melhor. Depois desiludi-me. Com Barroso. Mas continuei a achá-lo competente e Santana ainda melhor. Depois desiludi-me. Com Santana. E hoje continuo a gostar de Santana mas já reconheço que não tem o perfil pessoal para ser - por exemplo - Primeiro Ministro*.

Ah! E sê bem vinda, Naturezas!

*tem a palavra o Diogo Agostinho ;)

Diogo Agostinho disse...

Bem mais directo era impossível;)

Durão Barroso.

Alguém combativo, sem carisma, mas que não desiste. Uma especie de Aznar de Portugal. Nos primórdios de Jose Maria Aznar, era visto com desconfiança, perdendo eleições atrás de eleições, alguém sem carisma, mas chegou ao poder. E bem...o poder tem outro encanto. Transforma os pessoas, dá-lhes status que como líderes de oposição não adquirem.

Mas, Durão conseguiu não ter Maioria Absoluta contra um Ferro Rodrigues com má imagem e 6 anos de Governo Guterres. Durão desbaratou o capital de esperança adquirido nas Autárquicas de 2001. Com vitórias históricas. Porto, Lisboa, Faro, Coimbra, Sintra, tantas tantas. Foi a melhor noite eleitoral que já assisti.
40% depois do marasmo Guterres é muito pouco.

Depois, Governou, com um Paulo Portas que tinha tramado Marcelo, de quem se dizia que seria um foco de instabilidade. Mas não. Portas assumiu a sua postura de Estado. E foi um Parceiro fiel.

Durão Barroso, porém tem de facto uma facilidade tremenda em línguas, move-se bem nos corredores diplomáticos, fruto da sua experiência como Secretário de Estado e Ministro dos Negócios Estrangeiros.

E enquanto governava um País de tanga, pedia sacrificios aos portugueses, tinha um partido com ele, a apoiá-lo, Durão vai a Eleições Europeias e consegue o Pior resultado de sempre do PSD! O Pior.

Sabe-se na altura, que ia começar o ciclo de folga ao cinto dos portugueses. E Manuela Ferreira Leite ia ser dispensada. Até que, Portugal vê durante um Euro de sucesso, o seu Primeiro-Ministro abandonar.

Bem isto até aqui é História.

Para mim, era naquele tempo que Manuela Ferreira Leite fazia falta. Era naquela passagem, e sim o vice-presidente do Partido de Durão assumiria apenas e só o Partido e continuaria o seu Trabalho em Lisboa.

De facto, a passagem de testemunho para alguém que não foi eleito, não fez parte do Governo e ainda vê no dia em que é empossado restrições às suas políticas daria para fazer melhor?

Depois, pessoas com carisma e força, têm que chegar ao lugar de Primeiro-Ministro pelos seus votos. Pelas suas ideias irreverentes e dinâmicas. Pena, é que a pessoa que tentaram queimar está muito à frente no nosso tempo.

Naquela altura a solução era uma de duas: ou Manuela ou eleições e tenho a certeza que teríamos ganho e sobretudo como uma nova esperança. Teria sido o efeito Obama em Portugal.

Quanto a Durão, creio que será reconduzido no cargo, acho que está no lugar ideal, tal como Guterres, e depois cá estaremos em 2015 à sua espera, e pela minha parte espero que exista um Marcelo, ou porque não um Santana à sua frente para assumir a Presidência da República e ser a verdadeira inspriação para Portugal.

Precisamos de um desígnio.

I.D.Pena disse...

Obrigada Bruno :)

Pois sim precisamos sim Diogo .

Mas já poucos acreditam , poucos votam, e esse líder que concertesa tem as suas virtudes , já perdeu o respeito dos portugueses, para os portugueses é um vira casacas, um parasita que apoiou Bush na mentira.
Um político hoje em dia é bom porque agrada aos que tem poder, com politicos desses que só sujam a história não compactuo . Sejam eles bons a linguas grandes diplomáticos , wathever.
Para mim, um bom político é um bom Homem sobretudo, e que não segue a máxima : Faz o que eu digo não faças o que eu faço.
E parasitas como esse e muitos outros não fazem cá falta, e esse "endeusamento" como a Xana disse, e bem, é despropositado, espero que não sirva para esconder e iludir os portugueses que à muito querem acreditar e que já estão fartos de ilusões.

Anónimo disse...

Eu apoiei a saída de Barroso e continuo a apoiar.

Aliás, ainda o nome dele não era falado e eu já defendia que quem podia resolver o imbróglio era Barroso. Foi quase como com o Paulo Rangel: quando soube que afinal era mesmo ele o nomeado, fiquei estupefacto.

O problema não está tanto em Barroso ir para a CE como não termos resolvido a coisa em casa. Na altura defendi Santana como PM e sem eleições. Continuo a pensar o mesmo quanto à segunda, errei redondamente quanto à primeira.

Devia ter defendido MFL para Primeiro-Ministro. Ainda que nos custasse as eleições em 2006. Pobrezinhos, mas honrados ;)

P.S. Adorava Barroso em '95. Era o meu candidato a PM.

Bruno disse...

Né, qualquer pessoa minimamente honesta consigo própria terá que defender o mesmo que tu quanto "à segunda". Ou então terá que defender uma alteração à Constituição ;)

Eu até defendo... acho que deveríamos ter um Executivo eleito directamente e separadamente do órgão parlamentar.

Bruno disse...

Entretanto, aproveito para tentar publicar o comentário que tentei colocar de manhã mas que deu erro 3 ou 4 vezes. Era só para esclarecer mais ou menos isto:

EU NÃO SOU FÃ DO BARROSO!

Depois tinha uma provocaçãozinha ao Colaço porque ele é que escreveu o post. E a provocação ia no sentido de dizer que ele começa a parecer o JFD a defender os coitadinhos porque simpatiza (acho que eu dizia "nutre carinho") com tipos fraquinhos (apesar de competentes) como Barroso e Mendes, por exemplo ;)

Paulo Colaço disse...

Razões de queixa de Barroso todos temos.
Eu não lhe imitaria a fuga.
Se lhe reconheço os dotes para ser apreciado pelos "grandes líderes europeus"?
Naturalmente, por isso o título que dei ao post.
Por isso ter começado com o "low profile" ao elencar as suas principais características...

Paulo Colaço disse...

Bruno, eu não lhes chamaria de fraquinhos.

Bruno disse...

Claro que não! Por isso é que gostas deles ;)

José Pedro Salgado disse...

Eu adoro Durão Barroso.

Entre as percepções que se pode ter e a realidade do que aconteceu, confesso que não sei muito bem o que se passou com a saída de Barroso e a entrada de Santana. E não me pronuncio por isso.

No entanto, acho que Durão fez muito bem em sair para onde saiu. O que correu mal (seja lá o que tenha sido) veio depois.

Aliás, dois pormenores: Durão Barroso, a ser reconduzido, será o primeiro Presidente da Comissão a ter essa honra desde Jacques Delors; para os euro-críticos, é a melhor maneira de demonstrar que um país pequeno pode continuar a ter peso.

Paulo Colaço disse...

Disseste muito bem, Zé Pedro: o mal veio depois.