MFL foi ontem entrevistada na TVI. Já só vi a parte final e retive estas duas notas:
- Não compete ao Estado definir o que é a família. Essa “tarefa” cumpre à sociedade. Neste momento, a sociedade acha que a procriação é um elemento basilar da família.
MFL considera que o Estado deve defender as uniões homossexuais, com mecanismos fiscais, por exemplo, mas no seu entender não são casamentos.
São outro tipo de contratos pois casamentos são aqueles que a sociedade (actual) define como tais.
- Não compete ao líder de Oposição ensinar o Governo. Sequer dar dicas. À Oposição compete fiscalizar e apresentar, em tempo oportuno, o seu programa de governo. Nisso, MFL foi a mesma: ajudar o Governo? Jamais!
- Não compete ao Estado definir o que é a família. Essa “tarefa” cumpre à sociedade. Neste momento, a sociedade acha que a procriação é um elemento basilar da família.
MFL considera que o Estado deve defender as uniões homossexuais, com mecanismos fiscais, por exemplo, mas no seu entender não são casamentos.
São outro tipo de contratos pois casamentos são aqueles que a sociedade (actual) define como tais.
- Não compete ao líder de Oposição ensinar o Governo. Sequer dar dicas. À Oposição compete fiscalizar e apresentar, em tempo oportuno, o seu programa de governo. Nisso, MFL foi a mesma: ajudar o Governo? Jamais!
55 comentários:
Caro amigo,
foi uma excelente entrevista.
MFL esteve muito bem, diria mesmo, ao seu melhor estilo!
O PSD pode orgulhar-se e começar a trabalhar para 2009!
Escrevi também algo sobre o assunto em www.jusnaturalista.blogspot.com
Abraço,
José Baptista
Ainda não vi a entrevista e por isso não sei exactamente qual foi a ideia transmitida por MFL. Mas como acredito na capacidade de apreensão e transmissão do Colaço por isso posso deixar algumas notas prévias antes de poder comentar com mais propriedade, depois de ver a entrevista.
Considerando que Manuela Ferreira Leite é uma pessoa que muitos chamam de retrógada, conservadora, velha e ultrapassada até acho que tem uma posição nada condizente com esses epítetos, isto no que concerne ao conceito de família.
Não considero fundamental que o meu Presidente de Partido, o meu Primeiro-Ministro ou o meu Presidente da República sejam a favor da legalização dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Não o considero fundamental nesta altura. Acho que não é um dos grandes problemas do país.
Poderão sempre contar comigo para essa causa. Acho ridículo e hipócrita que se continue a descriminar pessoas que, sendo cidadãos como os outros, não deveriam perder direitos só por gostarem de pessoas do mesmo sexo.
Se eu fosse deputado ou dirigente nacional de uma organização política defenderia a sua legalização. Mas não vou definir um político no seu todo só por ter uma opinião diferente da minha nesta questão. E, de resto, Manuela Ferreira Leite até defende uma posição mais à frente do que muita gente, provavelmente, pensaria...
Sobre ensinar ou ajudar o Governo, não sei que outra posição poderia Manuela Ferreira Leite assumir... Afinal, o PSD é a alternativa ao Governo e o partido que tem alternado com o PS no poder. Não se trata de um pequeno partido que possa colaborar pontualmente numa ou noutra questão.
Aliás, o próprio sistema político português lhe dá razão! À oposição compete actuar nos locais proprios, como a Assembleia da República, defender as suas propostas e explicar às pessoas que fariam melhor "por A mais B"...
Eu, como já referi noutro comentário, só vi um oráculo hoje de manha, em que ela pedia maioria absoluta. Fiquei contente!
Paulo, como justificas esta tua afirmação?
Neste momento, a sociedade acha que a procriação é um elemento basilar da família
Já agora de que horas a que horas deu a entrevista? Alguém me sabe dizer?
A entrevista foi por volta das 21h, a seguir ao telejornal, na TVI.
Em nome do rigor, aqui segue o que disse a senhora sobre o tema dos casamentos.
"Eu não sou suficientemente retrógada para ser contra as ligações homossexuais. Aceito. São opções de cada um, é um problema de liberdade individual, sobre a qual não me pronuncio".
“Pronuncio-me, sim, sobre o tentar atribuir o mesmo estatuto àquilo que é uma relação de duas pessoas do mesmo sexo igualmente ao estatuto de pessoas de sexo diferente".
“Admito que esteja a fazer uma discriminação porque é uma situação que não é igual. A sociedade está organizada e tem determinado tipo de privilégios, tem determinado tipo de regalias e de medidas fiscais no sentido de promover a família (...)no sentido de que a família tem por objectivo a procriação".
"Chame-lhe o que quiser, não lhe chame é o mesmo nome. Uma coisa é o casamento, outra é outra coisa qualquer"
E para já fico-me por aqui. As palavras da senhora dizem tudo. Miserável, no mínimo. Pobre PSD... pobre partido reformista que Sá Carneiro idealizou...
Pobre Mendonça...
"Não considero fundamental que o meu Presidente de Partido, o meu Primeiro-Ministro ou o meu Presidente da República sejam a favor da legalização dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Não o considero fundamental nesta altura. Acho que não é um dos grandes problemas do país."
Eu também não. Não é humano descriminar alguém só pela sua orientação sexual, mas o mais importante que foi dito ontem, foi esquecido por muitos "oráculos", sendo mesmo vergonhoso que publicações de referência como o DN tenha um título como este: Ferreira Leite admite discriminar casais 'gay'.
Depois de tudo o que foi dito nesta estrevista, com a MFL aparecendo com ideias e vontade de apertar com o PM nas suas loucuras (de fazer o TGV e Aeroporto "hoje" e só pagar em 2014, quando não estiver no Governo), acho estranho só se falar em algo, que nesta altura não é O problema do País.
Para além disto, para mim uma das melhores respostas de ontem, foi a dos "saldos"! MFL para tentar explicar a Constança Cunha e Sá, como se fosse uma criança de 10 anos, o porquê de estar a rejeitar o financiamento da UE para o TGV, MFL diz-lhe que é como nos saldos, as coisas estão mais baratas, nós compramos, mesmo que isso não nos faça falta!
Gostei de a ouvir, e surpreendeu-me pela positiva.
Amigo Carlos Filipe, era conveniente citares o que omites com as tuas reticências em «(...)».
É que, ou eu percebi mal, faz toda a diferença.
Mas nota nisto: estás a fazer pesar sobre a Dra. MFL um peso que é a sociedade que carrega.
É a sociedade que define o que é casamento, família, etc.
Nesses conceitos, o Direito apenas vai atrás.
Não é matéria em que o Direito ande à frente da sociedade.
Tu fazes o enterro ao reformismo de Sá Carneiro mas não me lembro de ter visto no PSD um líder que defendesse o inverso de MFL. Nisto o PSD não mudou.
E tu nisto sabes que eu gostaria que mudasse. Já aqui disse várias vezes: sou a favor do casamento homossexual. Não seria por aí que "cairia o Império".
Concordo com o Bruno - é daquelas questões que é uma não questão, no contexto actual do país.
Mas mesmo assim, não vejo qual é o problema das afirmações:
Ela não disse que ser homossexual era um "pecado". Isso sim, seria "paroquialidade"!
Ela disse que as pessoas são livres de escolher a sua orientação sexual. Não compete ao estado pronunciar-se sobre esta matéria.
Agora não peçam, e ai concordo com ela, que se reconheça como familia aquilo que não o é: um casal do mesmo sexo.
Não peçam, e ai também concordo com ela, que o Estado imponha na sociedade algo que ela própria não reconhece: o casamento homossexual.
E ai subscrevo as palavras do Colaço:
São outro tipo de contratos pois casamentos são aqueles que a sociedade (actual) define como tais.
E não percebo porque é que o PSD deixa de ser reformista e passa a pobre, por isto ;)
Pro jfd
A entrevista foi pró ar às 20.50,e eu como tudo o que me interessa gravei! ;-)
A MEO é óptima e já agora quanto ao Manel Dias loureiro,nada do que faça me admira !
Caro Rui, não ouvi o exemplo dos saldos porque, como disse, apanhei pouco da entrevista.
Foi uma boa alusão.
E é esse o papel que, creio, MFL vai assumir: o de explicar os erros do Governo.
E em linguagem que os Portugueses percebam.
Uma nota: persquisem as intervenções de MFL durante o Guterrismo, quando foi deputada.
Verão que, já na altura, alertava o Governo e o País para os disparates despesistas.
Karocha a MEO é o máximo mesmo não é! www.meo.pt :)))
Obrigado Zé! (eu acho que te vi no outro dia, mas como não tinha a certeza não disse nada!)
Guilherme e Colaço vocês não estarão demasiado "socializados"? Pergunta sem malícia!!! :)
LOL
Socializados? Desenvolve lá isso ;)
Eu penso que a malta do "casamento entre homossexuais" me está a perder como supporter.
Não gosto deste radicalismo do ou estás connosco ou estás contra nós e não prestas.
Eu sempre disse que não tenho nada contra casamento entre homossexuais, ainda que respeite aqueles que levantam dúvidas sobre o termo "casamento", já que tradicionalmente sempre foi uma celebração entre um homem e uma mulher.
E nem por uma vez vi um outro adepto do casamento entre homossexuais debater séria e friamente esta questão, sem catalogar ou ofender o interlocutor.
Quanto à entrevista: MFL no seu melhor estilo.
É difícil apanhar o novo PSD off-message, um PSD que consegue estar a gerir um ciclo noticioso durante uma semana e meia com a história das obras públicas.
Ainda assim, eu aconselharia MFL a dar entrevistas mais curtas. Penso que funcionariam melhor, já que ela não é uma política muito palavrosa, nem é preciso perguntar duas vezes para lhe arrancar uma resposta: ela responde se quiser, e se não quiser responder não vale a pena colocar a questão de várias formas distintas.
A única entrevista que vale a pena ser mais longa é uma que a humanize, que a coloque a falar da família, da sua vida e afins... mas todos os que já trabalharam com ela sabem que convencê-la disso, préviamente planeado, é o cabo dos trabalhos.
Uma pergunta: se uma doação envolver dinheiro, continua a chamar-se doação?
Mudam-se os termos da equação, muda-se a sua designação.
Ass: António Pessoa
Não tenho quaisquer problemas nem vejo como problema (?) a homossexualidade ou o casamento entre homossexuais, sejam homens ou mulheres. Até podem adoptar filhos se quiserem. Também não sou contra a decisão da mulher abortar ou interromper a gravidez antes das 10 semanas, como a MFL é. Não tenho preconceitos contra outros. Nem faço juízo de opinião pela maneira de falarem ou como se comportam. Não imponho a minha ideologia ou religião a outrem. E é exactamente por esses princípios que nunca votaria em MFL. Votei no Pedro Passos Coelho pela sua posição moderna e liberal (liberal = defesa da liberdade individual). Para mim os princípios contam. Sempre. Mesmo em tempos de crise.
Começo por dizer que não vi a entrevista, vou basear-me nos comentários já feitos e de citações da própria Manuela Ferreira Leite.
Primeiro ponto - temas como o aborto, eutanásia, casamento entre homossexuais não devem ser as nossas maiores preocupações. São matérias de consciência pessoal e íntima. São convicções subjectivas que não devem ser bandeiras de qualquer candidato, muito menos julgar alguém pelas suas opiniões relativamente a cada assunto.
O que me leva ao meu segundo ponto. Manuela Ferreira Leite diz na entrevista que não é retrógada o suficiente para rejeitar liações entre pessoas entre o mesmo sexo. Aqui sempre me perguntei: uma sociedade moderna, evoluída, é aquela em que é legal o casamento e adopção entre homossexuais, aborto e eutanásia? Mas sinceramente porque carga de água?
Somente porque não acredito, tal faz de mim uma pessoa do século passado que não acredita na evolução?
Por fim, acredito que a tradição e os costumes são parte fundamental de uma sociedade. Quando MFL diz casamento é uma coisa, outra coisa é outra coisa qualquer, subscrevo integralmente. Para mim casamento é entre um homem e uma mulher.
Há movimento
A ILGA afirma que MFL assumiu a sua homofobia.
Para a ILGA, que, na mesma lógica, lança a questão a Ferreira Leite sobre os benefícios fiscais a atribuir a casais heterossexuais inférteis, a posição do PSD é, numa última análise, inconstitucional: “Manuela Ferreira Leite ignora sobretudo a Constituição da República Portuguesa que proíbe explicitamente a discriminação com base na orientação sexual desde 2004. Aliás, a revisão do artigo 13º (Princípio da Igualdade) fez-se com os votos favoráveis do PSD. Para proteger cidadãs lésbicas e cidadãos gay, e precisamente porque há quem pense que gays e lésbicas são ‘diferentes’, a Constituição proíbe a discriminação. Não é possível manter por isso um apartheid legal”.
Parece que não concordar com as pretensões da ILGA é homofobia.
Muito bem visto Nélson! Já estou a ver o aproveitamento político que isto vai ter por parte dos partidos mais radicais à esquerda e até por parte de algumas "personagens" socialistas.
.
Uma vergonha! O que nos interessa neste momento é saber a real situação da economia portuguesa e a melhor forma para enfrentarmos os tempos dificeis que se avizinham! Perderem tempo de antena com questões laterais...
Guilherme! Perdi-me! sorry :P
Caro EM, quando diz "Não tenho preconceitos contra outros", eu posso secundá-lo.
Também não os tenho.
Acho que o Estado não se intrometer na felicidade dos cidadãos.
Porém, tenho consciência das regras da sociedade.
Antigamente a homossexualidade masculina era um must. A homossexualidade feminina era olhada de lado. Safo não era bem vista, p.ex.
Temos de ter consciência que os comportamentos de uns podem parecer aberração para outros. Zoolifia, consumo de drogas pesadas, aborto até às 30 semanas, incesto, poligamia etc.
Estas "actividades" podem parecer muito normais para uns, e exclusivas da "liberdade individual" mas deslocadas da nossa sociedade.
Há sociedades em que o canibalismo ritual é normal. Há sociedades em que o sexo anal, ainda que marital, é crime. Há pessoas que acham que têm o poder de vida e morte sobre mulher e filhos. E não compreendem a razão de terem visitas da polícia apenas porque estiveram a praticar "correcção" sobre um filho ou conjuge.
Sobre as liberdades individuais, que tanto eu quanto o caro EM defendemos, há uma coisa que eu sei: a sociedade tem limites. E nem o "seu" Pedro Passos Coelho ousou ultrapassá-los nas suas intervenções públicas.
É muito bonito fazer o discurso das liberdades individuais mas quando achamos que há "liberdade a mais" é ao "bonnus pater familias" que vamos buscar orientação.
Não posso estar mais de acordo com o primeiro post do Bruno. O tema do casamento homosexual não é premente, mas se cabe à sociedade civil decidir o conceito de familia esta só o poderá fazer se a Lei permitir os casamentos lato sensu.. para todas as orientações sexuais. Ao não o permitir está a condicionar a sociedade a um modelo de sociedade que o Estado determina, discriminando uns em detrimento de outros. Penso que MFL, a seu tempo, não será "força de bloqueio" num projecto de Lei no sentido de permitir o casamento homosexual.
Zoolifia, consumo de drogas pesadas, aborto até às 30 semanas, incesto, poligamia, etc... completamente fora do âmbito da minha intervenção anterior.
Claro, concordo contigo. Parece-me excessivo e não é típico de um comportamento que possa ser tolerável num ambiente de sociedade. Mas discriminar orientações sexuais... não acho correcto... nem o vejo como um (sic) problema como a MFL o coloca.
Sinceramente, não vejo em que medida essa liberdade individual possa colidir com os interesses das famílias. E nesse tópico, não acho que haja liberdade a mais.
E também não concordo com a atitude generalizada de que esse tópico seja passível de secundarização face à crise económica. Isto porque encaro as liberdades individuais mais importantes que um projecto de recuperação económica nacional. Mas isto é só a minha opinião.
Caro EM, voltamos a estar de acordo: crise económica e liberdade individuais são prioridades... cada uma na sua área. Perfeitamente conciliáveis.
Não custa dinheiro ao Estado permitir o casamento homossexual. A não ser na alteração legislativa e processo subsequente. Não é um dinheirão, convenhamos.
Onde não estamos de acordo é nisto: continuo a achar que é à sociedade que compete definir o que é uma família.
Lembro-me da grande Murphy Brown, série norte-americana. A personagem resolveu ter um filho, produção independente. Não era casada, não tencionava ser. Lá em casa era só ela e o bebé. Avery Brown.
Um bebé patusco que adorava ouvir Motown. (Como eu ehehe).
Imagine-se: o vice-presidente dos EUA, o tosco Dan Quale, travou uma guerra contra a série dizendo que Murphy e o filho não constituiam uma família.
COMO?
De novo: quem define o que é uma família é a sociedade e não o poder político. Esteve bem MFL quando disse que não compete ao Governo definir as novas formas de família.
Pois é, é o "enterrar a cabeça na areia".
Eu entendo o teu ponto de vista. Mas eu tenho a opinião de que um governante não pode virar as costas a uma "minoria" e não defender as suas liberdades individuais. Defendê-las é defender a constituição. E o que existe é precisamente "novas formas de família" - que não agradam à MFL - e que o Estado deve entendêr isso como uma necessidade de legislar nas áreas fiscais e protecção social. Chama-se a isso evolução.
Muitos não concordam com isso, até podem achar uma regressão. Mas é como eu disse, não tenho preconceitos.
Salvé.
EM,
como liberal, sem preconceitos, entendes que deve ser o Estado a impôr conceitos à sociedade?
[Isto recordando a todos que o Direito da Família é receptor da dinâmica da sociedade, e não contrário. MFL já disse que é favor que sejam tenham o mesmo tratamento, não concorda com a designação casamento por entender que este instituto está definido: união entre homem e mulher. E, digo-te desde já, que ainda não tenho posição fechada sobre a temática da nomenclatura]
O facto de ter dito que não era retrógrada e depois dizer o que disse, não me pareceu consequente.
Respeito a opinião de MFL. Tenho pena que o PSD não se assuma como um partido mais liberal no que respeito aos direitos individuais.
Vamos discutir casamento vs. matrimónio!? Vejam lá! Ainda hoje tive oral de família&sucessões! ehehe
Não concordo. O casamento é um contrato. Podia e devia ser celebrado por quaisquer pessoas.
Em Portugal, até há uma forma de bigamia legal! Vejam Pamplona Corte-Real!
Acho hipócrita, sinceramente. Mas nunca nos agrada ouvir algo com que não concordamos.
Infelizmente, esperamos pelo PS para pensar outside the box...
Rodrigo Moita Deus numa (sempre habitual) análise sublime diz:
"histerismos
A lei portuguesa não prevê casamentos entre homossexuais. Ferreira Leite disse que concordava com a lei. Logo Ferreira Leite é homofóbica. Faz sentido."
e
"outras coisas que também fazem sentido
Se há coisa que aprecio é a simplicidade com que tudo é tratado pela ortodoxia pró-gay: ou somos gay friendly ou somos homofóbicos, retrógados e segregacionistas. Não há cá lugar para meias tintas. Ou concordamos ou somos nazis."
Caro EM, concordo quando diz que o "Estado deve entendêr isso [as novas famílias] como uma necessidade de legislar nas áreas fiscais e protecção social. Chama-se a isso evolução."
Se eu bem percebi as palavras de MFL, é isso mesmo que ela defende. Ela, efectivamente, disse isso.
Não percebo a sua dúvida.
A única divergência que MFL tem consigo (e comigo) é que para ela o conúbio homossexual deve ter uma designação diferente. De resto estamos de acordo. Mas estamos mesmo.
Uma outra nota, mais geral: apercebo-me que, normalmente, os epítetos de "retrógrado" vêm precisamente daqueles que defendem a mente aberta.
É que a mente aberta não pode ser fascizóide! Eu não posso dizer "abri a vossa mente às ideias dos outros" e, ao mesmo tempo, apelidar de retrógrados aqueles que pensam de modo diverso.
Grandes excertos esses do nosso Psico-Companheiro Rodrigo Moita de Deus.
"O casamento é um contrato"
Bem sei que este lobby FDL encara esta situação em termos legais.
A declaração da Dra. Manuela Ferreira Leite é clara. Apenas poderia ter referido, que para além de procriação, deve estar presente amor e carinho. Um ambiente familiar. Cada um junta-se como quiser, mas casamento é um matrimónio entre um homem e uma mulher para nos darem um melhor futuro. A nossa taxa de natalidade é assustadora.
O casamento é um contrato típico, definido na lei.
O Direito da Família é um ramo receptáculo das normas da sociedade, consagrando hábitos e práticas societais.
Como tal, não cabe ao Direito da Família a deformação de Institutos milenares e sedimentados.
P.S. Ressalvo que ainda não tenho posição fechada sobre isto, mas na FDL há mais do que um casamento é um contrato ;)
Não é dúvida, é mais certeza que MFL têm uma personalidade demasiado conservadora para o meu gosto. Penso que a sua capacidade de se afirmar como líder de um PSD liberal e reformista é cada vez mais reduzida.
Constato simplesmente que Pedro Passos Coelho não teria de certeza a mesma atitude que a MFL teve em relação à homossexualidade (e incluo nisto, os casais, o casamento, os direitos, deveres, etc).
É que eu não acho que um casamento se define pela vontade do casal - ou por uma espécie de contrato feito com o Estado :-) - com o objectivo de "procriar". E isto é o que foi mais "infeliz" na sua intervenção. É uma tremenda "regressão" até à Idade Média.
"Fodei e multiplicai-vos, senão vão parar ao Inferno..."
Será que duas pessoas, homem e mulher - que se casam, só porque se amam e gostam de o fazer entre eles, já não podem ser considerados casados? Agora abre lá a tua mente e pensa lá se gostavas de ser discriminado assim desta maneira... eu não!
Nélson, meu "caro amigo", então o que se passou não foi a intenção de o Estado "impôr" qualquer coisa na sociedade. É que os gays já andam por cá pelo menos desde a Grécia Antiga. Até os Espartanos eram gays até mais nada. Vai lá ver o filme 300 e diz lá se aquilo não te cheiro um bocado "abichanado". Não é nada de novo. Não se trata de impôr, mas de não discriminar.
E pelo que estou a ver, não deves ser liberal, mas conservador, ou pior ainda, "vais à boleia".
Ah, e desculpem lá os palavrões... "tough day at the office..."
EM,
eles já andavam por cá... mas mesmo então, o casamento era entre um homem e uma mulher.
E remeto, mais uma vez, para a minha posição: não tenho. :) Acho que há razão dos dois lados.
Acho é que os defensores da legalização, ofendendo os que são contra por serem "asnos" e eles serem brilhantes, perdem pontos.
Simples.
Há-des me explicar como é que tu, Nélson, podes afirmar-te como liberal e seres conservador em relação à sociedade.
Não acho ofensivo o que as organizações gays e lésbicas fazem. Estão a defender-se contra a discriminação. Mais vale isso do que andarem calados. Lutam pelos seus direitos pessoais, pela sua liberdade. E não é isto ser liberal?
Como deves saber, há várias inspriações liberais. Há inclusive uma enorme distinção ab initio entre a escola liberal continental e a escola anglo-saxónica.
Para mim é fácil identificar: sou de direita liberal, tendencialmente conservador.
[E nesta diferença de escolas não estou a incluir as escolas económicas. Essas então...]
E para que não fique só assim no ar, eis a base do liberalismo por Jesús Huerta de Soto, um dos mais brilhantes ideólogos.
El liberalismo es una corriente de pensamiento (filosófico y económico) y de acción política que propugna limitar al máximo el poder coactivo del Estado sobre los seres humanos y la sociedad civil. Así, forman parte del ideario liberal la defensa de la economía de mercado (también denominada "sistema capitalista" o de "libre empresa"); la libertad de comercio (librecambismo) y, en general, la libre circulación de personas, capitales y bienes; el mantenimiento de un sistema monetario rígido que impida su manipulación inflacionaria por parte de los gobernantes; el establecimiento de un Estado de Derecho, en el que todos los seres humanos -incluyendo aquellos que en cada momento formen parte del Gobierno- estén sometidos al mismo marco mínimo de leyes entendidas en su sentido "material" (normas jurídicas, básicamente de derecho civil y penal, abstractas y de general e igual aplicación a todos); la limitación del poder del Gobierno al mínimo necesario para definir y defender adecuadamente el derecho a la vida y a la propiedad privada, a la posesión pacíficamente adquirida, y al cumplimiento de las promesas y contratos; la limitación y control del gasto público, el principio del presupuesto equilibrado y el mantenimiento de un nivel reducido de impuestos; el establecimiento de un sistema estricto de separación de poderes políticos (legislativo, ejecutivo y judicial) que evite cualquier atisbo de tiranía; el principio de autodeterminación, en virtud del cual cualquier grupo social ha de poder elegir libremente qué organización política desea formar o a qué Estado desea o no adscribirse; la utilización de procedimientos democráticos para elegir a los gobernantes, sin que la democracia se utilice, en ningún caso, como coartada para justificar la violación del Estado de Derecho ni la coacción a las minorías; y el establecimiento, en suma, de un orden mundial basado en la paz y en el libre comercio voluntario, entre todas las naciones de la tierra.
Com esta base, é fácil compreender como um liberal o pode ser e não concordar com o aborto (coloca o valor vida como prioridade), ou como se pode ser liberal e não ser a favor do casamento entre homossexuais (coloca o valor da não imposição do Estado sobre os ditames da sociedade).
Ressalvo, mais uma vez, que não tenho posição fechada sobre a matéria do casamento entre homossexuais.
Compreendido! És liberal nos aspectos económicos e conservador no aspecto social. O que não te faz 100% liberal.
Não.
Sou de direita liberal, tendencialmente conservador. O que significa: a minha ideologia é liberal, com um pendor conservador nalgumas temáticas.
Não há grau puro de liberalismo: esses são os libertários ;)
[Entenda-se: estão para lá do liberalismo]
Deixem-me introduzir uma aragem (tipo anti-ciclone dos Açores): caro EM, na sequência da nossa primeira troca de impressões nesta caixa, parece-me que ser 100% liberal se aproxima da libertinagem ;)
Ser 100% liberal significa, liberalizar a bigamia, pedofilia (na esteira do que é defendido por um partido holandês), zoofilia, incesto, aborto até às 30 semanas, etc.
Agora, para algo mais sério, quem tem a faca e o queijo na mão só o partilha com quem quer.
É a sociedade, através dos políticos que elege, quem tem a faca e o queijo na mão. Os que querem mudar mentalidades não podem ser violentos ou arrogantes.
Não é com vinagre que caçamos moscas. É com saber estar, com diplomacia.
É o mesmo que um partido de oposição chamar burros aos eleitores do partido do poder: são votos que nunca alcançará. Deverá dizer: os eleitores foram enganados.
Em convicções e preconceitos devemos ter punhos de renda. É a minha opinião.
Paulo, Nelson,
Discordo da vossa definição de uma pessoa 100% liberal.
Penso que vocês têm "medo" dos liberais, e portanto exageram. Um liberal não é libertário, já que este é um comportamento mais boémio e egoísta que outra coisa qualquer.
Uma pessoa que se afirma como liberal, é-o nos aspectos sociais, económicos, políticos, etc.
Isso de maneira nenhuma quer dizer que promova atitudes criminosas. Isso já é muito diferente e é aí que traço a linha. Um liberal (que não se define por tendências) acredita sobretudo na liberdade, dele e a dos outros, em sociedade. Isso não implica que possa ter rédea solta e abusar de outros, diminuindo/prejudicando a sua liberdade.
Quanto ao "pragmatismo" que assola o PSD, é na minha opinião o que o leva a rondar menos de 30% de opinião dos votos. Com um partido pragmático, pessimista, sem capacidade de inovação política e social, a viver o panorama da crise social, mergulhado em escândalos políticos (obrigadinho ò Arnaut, obrigadinho ò Santana Lopes), não estou a ver tirarem o PS da maioria absoluta.
Se fosse mais liberal, e menos ortodoxo - daqui a nada começam a dizer que a homossexualidade é crime - talvez, talvez...
EM,
"nós" temos medo dos liberais? Quer eu quer o Colaço somos liberais.
Um liberal é aquele que aceita o corpo comum do liberalismo (que o texto de Huerta de Soto exemplifica superiormente, na minha opinião). A partir daí, descobrir o mais puro dos liberais, é tarefa impossível: somos demais e com demasiadas tendências (ainda que em Portugal tenhamos uma tradição fraca).
Deixo algumas sugestões de leitura:
http://en.wikipedia.org/wiki/Liberalism - há demasiadas tendências dentro do liberalismo para apurar o grau de pureza - o 100% para mim, é um libertário. Sem pudores, nem vejo qual é o problema de se ser libertário.
Why I am not a Conservative
http://hem.passagen.se/nicb/cons.htm - por Hayek, um dos pais dos liberais do século XX, dos grandes mentores do liberalismo. um liberal explica o que é ser conservador
The aim of liberalism
http://www.mises.org/liberal/isec4.asp - por Von Mises, para que se compreenda que há vários caminhos dentro do liberalismo para um só objectivo
E um texto que já é um ícone da blogosfera liberal, ainda que duvido que a maior parte de voçês conheça: uma diatribe entre a Coluna Infame e o Valete Fratres, mesmo no início da blogosfera.
http://www.causaliberal.net/documentosAAA/conservadores.htm
Vale a pena ler, para perceber a tensão entre liberais e conservadores, como estes se aproximam e se repelem.
Quanto ao "pragmatismo" que assola o PSD, é na minha opinião o que o leva a rondar menos de 30% de opinião dos votos.
O pragmatismo faz parte do nosso ADN desde Sá Carneiro, e foi mesmo elevado ao programa.
Eu gosto de um partido mais ideológico, mas o pragmatismo é fundamental na nossa história.
E um texto que já é um ícone da blogosfera liberal, ainda que duvido que a maior parte de voçês conheça:(...)
São estas merdas que me deixam verde... O que é dificil.
Enfim!
Jorge,
é um post com 5 anos, mesmo do início da blogosfera portuguesa. A maior parte dos psicóticos não lia blogosfera então.
Aliás, a maior parte dos bloggers quase de certeza que nunca chegaram a ler nem o Valete Fratres nem a Coluna Infame... foi há séculos na vida blogueira, o nosso momento fundador.
Não é arrogância Jorge, é uma suposição. Se leram e já conheciam, fico feliz.
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