sexta-feira, junho 27, 2008

Religioso? Juiz? Politico?


Muitas duvidas colocam-se quanto ao papel do Papa na orientação do mundo e como "representante" de Deus na terra.
Desde há muito tempo, e isso aconteceu com João Paulo II, que a figura do Papa deixou de ser apenas aquele representante de Deus na terra.
Sempre se questionou se o Papa tem um papel politico e se deveria ter essa função. Como se fosse um mediador entre as religiões e fosse um participante na construção politica do mundo.
Após João Paulo II ter visitado a Polónia, dias depois o Muro de Berlim caiu. Várias nações pedem ajuda ao Papa nas suas questões internas.
No caso de Bento XVI, é notória a sua intervenção politica. Ao alertar para o que se passa no Zimbabwe, entre outras questões.
O Papa é apenas um religioso. Que apela à harmonia e a paz no mundo. Estabelece as regras da Igreja e faz com que os seus seguidores "oiçam" e 2"sigam" os valores da Igreja. O papel politico que os Papas têm representado faz com que se intrometam em questões que é necessário "apoiar" um lado. Ora o Papa deve ser isento.
A força e a intervenção papal deve ser apenas restrito ao religioso. Nunca fazendo um papel de mediador politico nem de Juiz de conflitos.

54 comentários:

Anónimo disse...

Discordo. O Estado do Vaticano tem por força da sua história, tradição e acção em inumeros dominios humanitários, um peso que lhe confere um papel impar no que diz respeito quer à mediação, como no contributo para a resolução de determinados conflitos. Esta possivel intervenção traduz-se em "soft power". Muito importante nos dias que correm. Que o diga a União Europeia, por exemplo...

Airness disse...

Discordo do post também. Nunca na sua história o vaticano foi isento. Nem está no seu âmbito ter de o ser. Como diz e bem o Luís, o uso do soft power, é útil por via da sensibilização das populações directamente. A igreja nessa particular faz com que a mensagem do vaticano seja impecavelmente transmitida.

FNL disse...

Também eu discordo. Ao Papa, como pontífice (o que faz a ponte, isto é, que liga 2 lados - Deus e os homens) compete também fazer a 'ponte' entre os homens. O Papa não deve ser isento, mas sim optar sempre para o lado da Verdade.

Francisco Castelo Branco disse...

Mas a verdade nem sempre é o lado pelo qual o Papa segue.
Daí que ele não deve interferir, porque assim está a influenciar e a dar uma orientação.
Ora, o papel do Papa não é decidir num conflito que lado é o da Verdade e o da Mentira.

O papa deve sim, ter um intervenção distante e comedida

Paulo Colaço disse...

Chico, post interessante.

Nós somos juizes e mediadores daqueles que nos pedem: há quem peça ao Papa esse papel.
E é com sentido de humanismo que age.

Salvaguardadas as devidas distâncias, digamos que o Papa pode funcionar como um Secretário-Geral da ONU sem os entraves políticos, administrativos e procedimentais que este tem.

Francisco Castelo Branco disse...

O que acho é que o Papa tem-se abstido do seu papel de religioso para se tornar um pouco mais politico.

E com isso toma decisões. Decisões essas que são sempre discutiveis.
O que leva os fieis a "seguirem" a palavra Papal.
E esse não deve ser o papel do Papa.
Deve sim, lutar pela igualdade e principalmente pela Paz.
Se está a tomar partido de alguém penso que não está a ser isento.
O que deve acontecer num papa.

O Papa deve ser visto como aquele que segue à risca aquilo que a Igreja defende....

Isso não o isenta de ter opinião sobre A ou B.
Mas deve-o fazer de uma forma ponderada e pouco submissa

Anónimo disse...

Caro Francisco Castelo Branco

O Papa e quejandas santidades de diferentes credos só têm a importância que nós lhes quisermos dar. Não devem ser isentos por uma razão muito simples, não são capazes. Também não são políticos se não tiverem mandato para isso, embora não devam deixar de perorar sobre os vários temas. Fiquei bastante contente quando em Espanha, a Conferência Episcopal aconselhou o voto no PP. Finalmente a parcialidade sub-reptícia e dolosa deu lugar à honestidade.

Reconhecida a legitimidade da Igreja para assumir todos os papeis (temos padres que exercem cargos de representação política), tenho uma opinião sobre ela. Considero perigosa a influência de todas as religiões...eu não descrimino, odeio-as todas por igual.
As religiões são um atrito ao florescimento da ética, uma fábrica de escravos mentais que vegetam na ilusão de que os ditames bíblicos que papagueiam uns aos outros lhes proporcionam alguma ascensão espiritual sobre os restantes terráqueos (coitados) perdidos na trivialidade das coisas mundanas. O outro perigo é o de continuarem a querer impor a moral transcendente (e não imanente), desprovida de qualquer justificação ética e embebida nos dogmas da escolástica.

Para concluir replicando o primeiro comentador. A justificação histórica só pode ser a pior delas todas para legitimar a influência da ICAR no Mundo.

Francisco Castelo Branco disse...

E onde está a separação Igreja - Estado tão importante nas democracias ?

Paulo Colaço disse...

Mas oh Chico, no Vaticano não há separação entre a Igreja e o Estado.
;)

Francisco Castelo Branco disse...

claro que não há.

mas há no resto do mundo.

e é aí que o Papa exerce a sua influencia e actua politicamente

porque no Vaticano têm as suas próprias regras

mas estou a falar da influencia externa que ele exerce
De poder influenciar por exemplo num conflito armado, até numas eleições....

Francisco Castelo Branco disse...

acho que o Papa (seja ele qual for); usa esse poder como tendo legitimidade para poder intervir politicamente nessas questões.

E isso é o que o torna menos isento e tendo os seus apoiantes menos "confiança" ou não o vendo como uma pessoa em que podem "acreditar" ou como "salvação dos seus problemas"; porque ocupa muito tempo com questões politicas que não são da sua competencia.

Não é essa a sua função

e isso tem-se vindo a acentuar com os novos papas.

Joao Paulo II erá um pouco
Bento XVI acho que está a exagerar

Anónimo disse...

"ocupa muito tempo com questões politicas que não são da sua competência".
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Caro Francisco, secalhar não devia... Deveria o Papa estar calado e não apelar ao fim do genocidio no Darfur, ou não contribuir para a paz no Médio Oriente, ou até quem sabe, ficar de braços cruzados enquanto milhões de crianças morrem sub nutridas um pouco por todo o Mundo?
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Discute-se a Igreja Católica Apostólica Romana na sua vertente política. Mas pergunto. Alguém conhece um programa político por parte do Estado do Vaticano? Que candidato apoiarão nas eleições nos EUA?(irónico) Sabem o que vem descrito na Doutrina Social da Igreja? O que é que a Igreja defende no Mundo? Não serão os Direitos Humanos, a Liberdade e a Democracia?
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Eu pessoalmente não "odeio" pessoas, credos, políticas... Posso é não concordar com elas. Assim discordo frontalmente de anti-clericalismos não tolerantes, que nunca nos levaram a qualquer lado.
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Sei bem que a Igreja tem as suas falhas enquanto instituição. Mas quem não as tem? Será que os Estados laicos, instituições, grupos de pressão e até os próprios cidadãos não têm também defeitos?
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Vivemos num Estado laico. E ainda bem que assim é. Logo gostava de saber, que cargos políticos são hoje em dia ocupados por padres? Numa junta de freguesia com 50 habitantes? :)

Paulo Colaço disse...

Outra nota: a separação entre Igreja e Estado implica, tão só, que o poder do Estado advém de representantes democraticamente eleitos pelo Povo e suas delegações de Poder.
Implica que a Igreja não detém o controlo nem legislativo nem executivo.

No entanto, não implica abstinência de diplomacia e diálogo.

Também existe separação entre Governo e Tribunais e há dias vi uma magistrada a criticar o Ministro da Justiça e propor alterações na sua área.

A seperação de poderes indica quem tem a possibilidade de decidir. Não veda a possibilidade de dialogar.

O papel do Papa é dialogante. Ainda bem que o assume.

Karocha disse...

O Vaticano não tem regras,como qualquer estado tem leis, chama-se Direito Canónico e são bem complicadas!
Não me esqueço pois vi em directo na tv e portanto está em arquivo,quando da confusão entre a Indonésia e Timor por causa da auto-determinação, João Paulo II beijou o chão em Jacarta e esqueceu-se de beijar o chão em Timor! Diplomacia?
Cumprimentos

Paulo Colaço disse...

Olá Karocha,
lembro-me dessa ida de João Paulo II a Timor e da controvérsia gerada pela "omissão de beijo".

Na altura, a explicação avançada foi a seguinte: o Vaticano considerava Timor como fazendo parte do Estado Português e JPII já havia beijado solo luso.

Karocha disse...

Pois Paulo boa desculpa!
Então se era solo Português que raio andava a Indonésia a fazer ali?

Paulo Colaço disse...

Talvez fosse uma desculpa mas foi a desculpa natural de quem não podia ter deixado de lá ir.

(não sou católico mas acho relevantíssima a actividade diplomática do Vaticano)

Francisco Castelo Branco disse...

Caro Luis

O Papa não devia estar calado sobre estas questões.
A minha preocupação é o facto de ele estar a perder a sua religiosidade.
Se é a palavra correcta.
Porque não sei definir bem a palavra.

Desde há uns tempos para cá, a figura do Papa tem sido utilizada para alcançar certas e determinadaas etapas.
Veja-se o caso de Cavaco Silva que foi a Roma pedir a intervençao do Papa na questão irlandesa e o tratado de Lisboa.

Pergunto agora: acham razoavel?

No fundo, está-se a tentar usar a religião para se alcançar um fim politico.
Que poderá o papa dizer?
Influenciar?
Mudar o sentido de voto dos irlandeses?
Não foram já eles demasiado claros?

Embora o Papa deva falar sobre estas questões que se rodeiam á nossa volta, ele não deve "intrometer-se"; "utilizando" a sua figura e o poder que tem sobre MIlhões de pessoas para tomar partido ou lançar um discurso feroz ou não, sobre determinada questão.
Seja ela qual for.

Porque aquilo que os católicos e não só, revêem no Papa é uma pessoa que "representa" Deus.
Ou os valores do catolicismo, como se quiser.

O Papa tem que ser uma figura em que milhoes de pessoas se revejam pelos seus valores e pelas mensagens que profere sobre esses mesmos valores.
Ora, isso é que conquista a harmonia e a paz

Tem-se visto ultimamente, e acentuou-se com Bento XVI que muitos politicos pedem a ajuda do papa para resolverem determinados conflitos.
Por vezes, pergunto por que razão ha-de o Papa conseguir resolver e como é que o resolve.....

Paulo, acho que o papel que o Papa está a fazer cada vez mais é menos dialogante e mais autoritária....

Karocha disse...

Caro Francisco
Foi a mesma pergunta que fiz para mim!
E digo mais se fosse Irlandesa votava não a triplicar.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Francisco, a ser verdade não acho razoavel. Se o PR foi a Roma pedir ajuda ao Papa para a "questão irlandesa", fez mal em meu entender...

Karocha disse...

Caro Luis
Foi precisamente o que ele foi fazer!
Quando tinha assuntos de Estado, muito mais importantes para tratar, mas ele é o todo poderoso PR. e eu uma humilde cidadã votante!

Anónimo disse...

Dizer que Bento XVI é mais interventivo que João Paulo II é arriscar muito. Relembro bem mais João Paulo II pela sua intervenção nos países comunistas do que pela sua "religiosidade".

O Papa tem a obrigação moral de manifestar a sua opinião e de intervir no mundo secular.

Não há uma bolha asséptica que diga "isto é religião" e "isto é o mundo real". Vive-se neste mundo, onde a palavra do Papa é essencial para todos. É um dilema que a esquerda enfrenta muitas vezes em relação aos EUA: detestam a intervenção norte-americana, mas sempre que há uma crise é a eles que se dirigem.

A Igreja Católica Apostólica Romana é muitas vezes o honest broker. Pena é que não o consiga fazer mais vezes ao abster-se de ser um agente de mudança imediato.

jfd disse...

Este post do Francisco é extremament lúcido e pertinente. E penso que está a passar um pouco ao lado de alguns dos comentaristas! Até estranho algumas das opiniões, amordaçadas ao politicamente correcto.

Penso que aqui o Francisco diz muito:
Veja-se o caso de Cavaco Silva que foi a Roma pedir a intervençao do Papa na questão irlandesa e o tratado de Lisboa.

Pergunto agora: acham razoavel?

No fundo, está-se a tentar usar a religião para se alcançar um fim politico.
Que poderá o papa dizer?
Influenciar?
Mudar o sentido de voto dos irlandeses?
Não foram já eles demasiado claros?

Anónimo disse...

O problema Jorge é que o Francisco não é preciso no uso do argumento. Eis o que Cavaco referiu:

«Sabemos a influência da Igreja Católica na Irlanda, que apoiou o referendo, no sentido do voto pelo sim, mas talvez tenha sido um pouco tarde» , disse.

«Tive ocasião de sublinhar que é importante para o mundo e para os valores que a Igreja e a Europa partilham, uma Europa unida, uma Europa forte, esperemos que num futuro referendo, a igreja irlandesa possa esclarecer algumas ansiedades que foram exploradas pelos partidários do não na Irlanda» , acrescentou.


http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=99827

A Igreja sempre foi um agente social e não há esse mundo ideal em que o Sagrado e o Profano são realidades estanques. Grave é quando a Igreja não emite opinião, pois pensamento terá sempre... não o quer é mostrar ;)

Anónimo disse...

Para além do mais, politicamente correcto é defender o jacobinismo françês da separação total entre Igreja e Estado :)

jfd disse...

LOL ;)
Será? Esse é o anti correcto ;) Ora pensa lá bem ;)

Mas obrigado pelas citações! Vou pegar numa que me convém e enviar com um abraço ao João Marques e ao Nélson Faria por ocasião do Computer Says No ;)

(...)a igreja irlandesa possa esclarecer algumas ansiedades que foram exploradas pelos partidários do não na Irlanda(...)

Anónimo disse...

Desde quando é politicamente correcto defender uma superior intervenção da Igreja e maior envolvimento da Igreja na política? O politicamente correcto é a separação entre Estado e Igreja, Sagrado e Profano, secular e ...

Para além do abraço, vais ter de explicar a citação. Não compreendo o alcance. LOL

jfd disse...

Quanto ao alcance foi para o local correcto.

Quanto ao politicamente correcto, não te fiques pelo óbvio. Falo do que fica bem dizer-se.

Anónimo disse...

Ou então podemos ficar-nos pela nossa opinião, que pelos vistos não se fica pelo politicamente correcto ;)

eheheheheheh

Francisco Castelo Branco disse...

Cavaco Silva espera que a Irlanda volte a referendar o Tratado de Lisboa e que a Igreja Católica ajude a reverter o «não» dos irlandeses. O novo Tratado da União Europeia foi um dos temas da audiência do Presidente da República com o Papa Bento XVI, este sábado de manhã no Vaticano. "

--> isto é pedir ajuda da Igreja para resolver uma questão politica

Francisco Castelo Branco disse...

Tive ocasião de sublinhar que é importante para o mundo e para os valores que a Igreja e a Europa partilham, uma Europa unida, uma Europa forte, esperemos que num futuro referendo, a igreja irlandesa possa esclarecer algumas ansiedades que foram exploradas pelos partidários do não na Irlanda» , acrescentou.


--> isto também é pedir ajuda para que a Igreja (neste caso, irlandesa;); resolva uma questão politica


desde quando é que a Igreja tem que tomar partido sobre que questão for?
São donos das opções e opiniões dos fieis?

acho que isto demonstra o quão a Igreja ainda não se separou do Estado

Mais preciso no argumento não poderia eu ser.......

Anónimo disse...

Veja-se o caso de Cavaco Silva que foi a Roma pedir a intervençao do Papa na questão irlandesa e o tratado de Lisboa.

Cavaco não foi lá pedir a intervenção na questão irlandesa: Cavaco foi lá falar com o papa e um dos temas foi o referendo europeu. Falaram de muito mais. E a Igreja já era um agente, como a tua dupla citação o mostra.

Ninguém nega o envolvimento da Igreja na política: tu, entre outros, consideras tal negativo, e alguns de nós consideram essencial ou inevitável ou recomendável ou...

Não gosto de falsas separações ou de divórcios artificiais. A Igreja é um agente social, sempre foi um agente de mudança. Passa-se algo de errado quando a Igreja está calada.

A Igreja não se deve constituir em partido, mas deve tomar posição. Deve manifestar-se e intervir na sociedade. Só assim faz falta. A religião organizada é muito mais que oração.

jfd disse...

Ó conveniência a quanto obrigas!!!

A Igreja não se deve constituir em partido, mas deve tomar posição. Deve manifestar-se e intervir na sociedade. Só assim faz falta. A religião organizada é muito mais que oração.

Principalmente esta última frase desde pedaço que destaco quer dizer exactamente o quê?

Anónimo disse...

Eu preferia que tivesses mais elevação a discutir com as pessoas Jorge.

A tua exclamação em relação à conveniência é, no mínimo, deselegante. E infudamentada.

O Francisco, parece-me, prefere uma Igreja centrada apenas no mundo espiritual, na oração, a Igreja da relação de Deus com o Homem.

Mas a Igreja é muito mais... a Igreja é toda uma mensagem que vai para lá dos muros da Igreja, é uma realidade axiológica que vai para lá da Fé, é trabalho cívico que é feito todos os dias. E isso faz com que seja complicado não ver a Igreja tomar opções políticas.

Como a luta pela democracia, o não ao aborto, o sim à europa, o não ao genocídio, o não à guerra infudamentada etc...

Francisco Castelo Branco disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Francisco Castelo Branco disse...

eu nao acho isso negativo....

Aliás, não foi esse o sentido que dei ao post.
Se calhar, expressei-me mal.


O que digo, é que a Igreja centra-se cada vez mais na politica e menos na religião.
Isso sim, é negativo.

O sentido do post foi criticar esta postura da Igreja.
Porque ao centrar-se mais na politica está:
Em primeiro lugar a influenciar os seus fieis
Em segundo lugar, a desviar-se da sua principal essência.

E isso tem-se vindo a acentuar com maior frequencia.
E isso sim, também é negativo


agora pergunto porque tem a Igreja de participar no referendo á Europa.....?
Que lucra com isso?

agora concordo quando dizes que a igreja deve intervir na sociedade.
Mas ela faz isso todos os dias.
E não tendo participação por ex, no referendo á europa, aborto , etc.....

Não é por aí que ela vai intervir na sociedade, porque ela já o faz diariamente.
Sempre o fez.

Karocha disse...

Faço minhas as palavras do último comentário do Francisco.
Estou de acordo com tudo o que ele disse!

Francisco Castelo Branco disse...

Imagina que a Igreja (seja ela qual for de que país for); tinha a capacidade de influenciar uma lei, ou de ela própria querer que o Estado aplicasse determinada lei...

Ora isso seria um pouco violar a ideia de Estado e Igreja com poderes separados

O que entendo é que o Papa e o Vaticano estão-se a transformar numa força politica a nivel mundial.
Com direito a decidir e em certas circunstâncias arrogando-se o direito de decidir mesmo.

Acham que "devem" intervir e consubstanciam esse direito.
Querem no fundo, ter um papel activo e por vezes, decisivo na construção do nosso mundo.
Politicamente, falando.
Já não há uma barreira naquilo que é o Estado e a Igreja porque cada vez os dois misturam-se
Quando o que devia aoontecer era uma separação cada vez maior.

O Vaticano e o Papa estão a conseguir esse objectivo e no futuro iremos ver cada vez mais situações a serem "resolvidas" e decididas pelo Papa.

O Papa está a tornar-se num mediador politico.
Em vez de um religioso...

Paulo Colaço disse...

Bento XVI perto de JPII é um menino.
JPII foi muito mais politico e politizado. A bem da democracia.

Quanto à intervenção papal, Passámos de uma situação em que o Papa punha e dispunha, para uma situação em que a reage a pedidos.
Seja de populações martirizadas seja de políticos.

Compete, agora, à Igreja dizer sim ou não consoante lhe apetece.

jfd disse...

Tu não te expressaste mal Francisco.
Aliás, como já disse foste perfeitamente lúcido. E claro. Mas isto do meu ponto de vista. Sem elevação e fundamento :P

**

Paulo, não entendi bem estas duas últimas evoluções a que te referes...

Diogo Agostinho disse...

O Papa deve desempenhar um papel religioso e também político, mas sobretudo diplomático.

Não deve ficar apenas refém de missas e mensagens sem pensamento político.

Existe uma Doutrina Social da Igreja que aponta caminhos e rumos. Que aposta na fraternidade como ponto essencial de uma sociedade.

Porque não pode ser alguém que faça a "ponte" em determinados conflitos? Espero do Papa que assuma o lado do bem e da verdade. Da honestidade e do caminho para uma sociedade mais justa e fraterna, em todo o planeta!

Karocha disse...

Já agora uma ajudinha ao debate!
Esqueçamos o Torquemada ,as Cruzadas, os saques,tudo isso... que João Paulo II pediu desculpa ao mundo!
Porque é que ainda ninguém falou de João Paulo I ?

Paulo Colaço disse...

Explicando melhor, Jorge (e com a ressalva de eu não ser religioso) a Igreja era a cabeça política da Europa.
Nada se fazia sem o sim papal.

Com a laicização das estruturas políticas e evolução dos sistemas de governo, a unha do Papa foi arredada da gaveta do Poder.

Actualmente, fora dos muros do Vaticano, o Papa tem apenas o peso que os seus fiéis tenham.

É como o peso dos Diplomatas. Um Embaixador de Portugal num qualquer sítio do Mundo tem o peso que a comunidade portuguesa tiver. O Embaixador de Portugal em França tem mais peso junto do Governo Francês que o Embaixador de Portugal na Rússia.

Assim é o Papa. O seu peso no Mundo é o peso da comunidade dos seus "súbditos".
E tem, sobretudo, o peso da sua mensagem.

Se falarmos com os países de Leste a quem JPII trouxe a mensagem da coragem, eles serão os últimos a criticar o papel político do Papa no Mundo.

Não me hei-de nunca esquecer das sábias palavras "Não tenham medo", preferidas por JPII na Polónia.

jfd disse...

Ora muito bem, compreendido! ;)

Karocha disse...

Ainda bem :-)

Anónimo disse...

Imagina que a Igreja (seja ela qual for de que país for); tinha a capacidade de influenciar uma lei, ou de ela própria querer que o Estado aplicasse determinada lei...

Mas isso não é feito todos os dias? Enquanto for feito de forma transparente e clara não há problema.

A Igreja sempre teve um peso para lá da oração. E ainda bem. E não vejo problema numa Igreja que tente influenciar a legislação, desde que o faça às claras, tal como fazem os sindicatos, movimentos cívicos, AAEE's, associações de municípios, etc...

Há um sentir, uma visão e um viver católico apostólico romano. E tal deve ser apresentado e visível.

Preocupante é quando fica nos corredores ou nos bastidores.

Francisco Castelo Branco disse...

Então aquilo que dizes é contra os principios de um estado de direito democrático

Não defendes a separação do Estado e a Igreja podendo esta imiscuir.se na politica?

Em questões como o aborto?

O Estado e a Igreja devem estar separados e não confundindo os poderes de um e de outro
Isso é regressar ao passado
Do tempo da Inquisiçaõ, e tudo o mais

Tânia Martins disse...

Confesso que vou comentar sem ter lido grande parte dos comentários anteriores, mas ainda continuo com uma época apertada, se repetir alguma coisa peço desculpa.

Eu concordo que as raízes históricas da Igreja sejam viradas para decisões políticas e sociais fundamentais da época. No entanto há muito que se fez a separação entre o poder temporal e o poder espiritual, não sou de acordo de haver uma mistura entre política e religião.

No entanto respeito quem recorra ao vaticano em busca de respostas ou de acções que possam solucionar "algo". É inegável que a Igreja ainda seja um pólo forte e respeitado e é esse respeito que faz com que a sua intervenção tenha um papel importante na solução de diversos casos.

Não acho que o Papa seja um juíz, político talvez!

pataniscaloira disse...

Eu preferia ver a Igreja a rezar e a canalizar os trocos para ajudar os pobres do mundo.. Discurso estafado? Talvez.. Mas também já estou estafada de ver este Papa a meter-se pouco nos assuntos do espirito e mais a desfilar sapatos da Prada entre Reis e Ministros, isto porque os chinelinhos de João Paulo II eram plebeus de mais ao que parece. Ora, se € 28 sustentam uma criança em Moçambique durante um mês... 1 parzinho de sapatos de Sua Santidade sustentaria uma criancinha pelo menos, digamos... 1 ano e meio.... É meu parecer que o Vaticano em questões de politica não tem que ser nem mais nem menos isento... Não tem que se meter tão só.

Anónimo disse...

Na verdade, pelo menos que eu saiba (e estou a ser sincero), o Vaticano não se mete em assuntos de política interna de outros Estados. Tenta muitas vezes funcionar como a UN...
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Não podem considerar uma ingerência o facto do Vaticano defender a familia, a liberdade, o primado da vida, a democracia, a liberdade de culto e de expressão em todas as sociedades.
Afinal não é o que todos defendemos? :)
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Francisco essa da inquisição está boa... Se assim fosse tinhas aí os bloquistas e companhia em autos de fé. O que felizmente não acontece. Aliás nem vejo por parte da Igreja, uma tentativa de silenciar essas pessoas com opiniões contrárias. Também era o que mais faltava...

Francisco Castelo Branco disse...

Não estou a dizer que faz isso

mas que se mete demasiado na politica, e cada vez mais.....

A questão é:

Que peso terá a Igreja no futuro em termos socio-politicos?

Anónimo disse...

A Igreja sempre teve um peso para lá da oração. E ainda bem. E não vejo problema numa Igreja que tente influenciar a legislação, desde que o faça às claras, tal como fazem os sindicatos, movimentos cívicos, AAEE's, associações de municípios, etc...

Eu penso que me exprimi bem. Se a Igreja tem uma opinião sobre o primado da vida humana, porque não manifestar-se?

A separação entre o Estado e a Igreja garante-se quando esta não tem poderes na Nação ou na Constituição. O que não quer dizer que não tenha voz.

A Igreja dizer que é pró-vida é dificilmente um poder. A Igreja católica apostólica cristã é a base axiológica da civilização ocidental. Sempre esteve aqui, com este papel. Deve-se envolver e manifestar-se... não faz, e bem, parte do processo legislativo ou executivo. E aí está a separação entre a Igreja e o Estado: aquela não tem poderes.

Anónimo disse...

Mais uma vez Francisco: João Paulo II meteu-se muito mais na política que Bento XVI.

E então na idade medieval, quando era a Igreja que tinha o poder de reconhecer a legitimidade dos reis e dos estados...

O Papa, hoje em dia, exerce um magistério de influência. É uma voz respeitada, fala sobre problemas que assolam o mundo, mantém-se fiel à visão da Igreja.

Quem discordar está no seu direito. Eu sou agnóstico, mas aprecio bastante o papel da igreja católica apostólica romana e do Papa.

Anónimo disse...

"Que peso terá a Igreja no futuro em termos socio-politicos?"
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Francisco que belo tema para uma tese de doutoramento! :) A malta de teologia ou de sociologia devia achar interessante.