quinta-feira, junho 05, 2008

Todas as virtudes de que eu não gosto e nenhum dos defeitos que eu admiro




Influenciar negativamente as crianças e adolescentes?


Entre as atribuições "gestápicas" de autoridades públicas, e o fascismo puritano em que a nossa sociedade está a entrar (não muito diferente, diga-se, do "politicamente correcto" americano), só estou à espera do dia em que se torne crime ser português.

22 comentários:

José Pedro Salgado disse...

Do exílio forçado a que voluntariamente me cometi, há coisas que são fortes demais para se deixar passar.

Esta então deixou-me a subir paredes.

E agora vou estudar que tenho oral amanhã.

Paulo Colaço disse...

Zé, não fiques triste: se a moda pega, acabam os programas tipo Morangos com Açúcar.

Guilherme Diaz-Bérrio disse...

Ora ai está um programa traumatizante ;)

E aqui coloca-se uma questão curiosa:
Porque é que se pode dizer que a tourada influencia negativamente os jovens mas não posso dizer o mesmo dos morangos com açucar [que tenho em conta como perfeitamente ESTUPIDIFICANTE].

Como sempre o problema de começar a proibir coisas em nome dos "bons costumes": onde está o limite?

Paulo Colaço disse...

Nesse dia, Guilherme, deixará de ser possível votar no PCP, no MRPP, no Louçã, em nome dos bons costumes...
:)

Filipe de Arede Nunes disse...

Sem entrar na contenda profundamente, mas acho que - embora discorde da argumentação utilizada - a tourada é efectivamente um espectáculo violento!
Cumpre assim, talvez, impor algumas regras.
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

jfd disse...

Há que ser claro e objectivo.
A tourada nada serve no serviço público de televisão.
Sou 1000% a favor do fascismo puritano, do politicamente correcto (neste caso encaixa como uma luva naquilo que acredito). Pegando no lado económico da coisa, a grelha da RTP custa mais dinheiro que a grelha de todos os canais da SIC juntos num ano.

Isto sim é que me choca.
Meu rico dinheirinho.
Chupistas!!!

Guilherme Diaz-Bérrio disse...

Sim senhor,
E quem decido os altos "valores" politicamente merecedores do carimbo "serviço publico"?

Também posso argumentar: Tourada é uma antiga tradição portuguesa. Não cabe 'tradição' no "serviço publico"?

Então e o Preço Certo em Euros? Já cabe na teu "fascismo puritano" para o que deve ser o serviço publico?

Margarida Balseiro Lopes disse...

Concordo com o Filipe: as touradas são violentas. É perfeitamente compreensível esta decisão. Não percebo razão de tamanha celeuma.
Ainda se não transmitissem?!

Guilherme Diaz-Bérrio disse...

Sou patológicamente alergico a este tipo de fascismo puritano defensor dos "bons costumes" e do "politicamente correcto" ;)

Helena Coelho disse...

É a evolução da sociedade e o culminar extremista da globalização.
Passamos de uma época em que as famílias se reuniam frente à televisão em "dia de tourada" para a sua quase proíbição.
Os EUA consideram beber um grave vício, logo renunciamos à nossa tradição; Os EUA consideram fumar um grave vício, logo marginalizamos os fumadores; os EUA consideram as touradas um espectáculo machista de 3.º mundo, logo vamos pouco a pouco acabando com elas (e com o nosso orgulho de sermos portugueses livres e de tradição também)

jfd disse...

Guilherme o Preço Certo em Euros faz um grande serviço público. Só que o pedantismo que encerra o facto de o mencionares, não to deixa perceber!

Embrulha ;)

1 - junta Portugal
2 - ajuda ainda muito boa gente a fazer sentido do que são os Euros
3 - entretenimento saudável para toda a família.

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Guilherme Diaz-Bérrio disse...

Não é uma questão de pedantismo, JFD:

O que eu considero serviço publico tu podes não o considerar e vice versa...

quem toma essa decisão? Um conjunto de "tecnocratas defensores dos bons costumes" com a cartilha "fascismo puritano dos bons costumes"? E quem a escreve? Tu?

Anónimo disse...

Só tenho pena de este país se estar a tornar um adolescente. Ou seja ou é 8 ou é 80. Ou se pode tudo, ou não se pode nada.

Estamos sem bom senso, sem razoabilidade, sem equilíbrio.

Anónimo disse...

A tourada é uma nobre tradição portuguesa.

E é um espectáculo tão violento como um qualquer sábado domingueiro com filmezitos de guerra.

Eu sou contra a noção televisão do estado, mas dentro do serviço público honrar as nossas tradições deverá ser enquadrado.

O tribunal vir dizer o que se pode e não se pode ver por ser violento ou não é um mau sinal.

Anónimo disse...

É muito difícil os pais terem controlo sobre tudo aquilo que os filhos assistem na tv. Se não é em casa, é na de um amigo ou na Internet. Mas parece-me a mim que a educação não está no privar, mas sim no explicar, no ensinar. Se uns pais não gostam que um seu filho veja touradas, explica-lhe o motivo. Se não forem convincentes, é porque talvez não tenham razão!

Eu não gosto de touradas. Incomoda-me muito e não é pura hipocrisia. Incomoda, ponto final. Mas se há quem goste e é tradição… Venha ela, que eu mudo de canal. Não há problema.

Mexe muito mais comigo ter que estar sempre a “gramar” futebol! O “Preço certo” ainda vai dando dinheirinho, apesar de achar que está longe do ideal de programa de serviço público. Agora, futebol, futebol, futebol! Não há mais nada? No telejornal então é uma praga!

Curiosidade: Em 2007, segundo o Relatório do Provedor do Telespectador, o maior número de críticas feitas à RTP foi a falta de “objectividade, exactidão, equidade e imparcialidade” essencialmente da informação. Também lhe chegaram, de entre os 16237 mails e as 462 cartas, críticas à transmissão de touradas. Mas cá está.. A RTP só tem é de assegurar a pluralidade…!

Paulo Colaço disse...

Boa sorte para a oral, Zé Pedro.

Uma nota: Crianças e adolescentes estão proibidos de assistir a touradas in loco ?

Se não estão, esta decisão é estranha...

Anónimo disse...

É tão ridicula esta decisão, que se pôde ver ontem nas bancadas do campo pequeno, crianças com menos de 16 anos. Até na arena, se viu o filho de 11 anos do cavaleiro homenagedo.

Tété disse...

Na minha opinião esta decisão é completamente ridícula.

As nossas crianças não podem estar numa redoma de cristal. Tem de estar expostas e ter conhecimento do bem e do mal, tirando daí as suas conclusões. Não é por lhes taparmos os olhos/proteger excessivamente que as estamos a preparar para o seu crescimento. Devemos educa-las e explicar-lhes aquilo que os olhos lhes mostram.

Assim que moralidade existe para na mesma base mostrarem nos serviços noticiosos cadáveres, corpos mutilados, efeitos da maldade/imaginação humana, etc, etc...

Para mim funciona como o sexo. Há tempos atrás não era tabu? Ninguém podia falar do assunto, inclusivamente entre adultos...isso trouxe vantagens? Não! Para quê esconder se são coisas/assuntos que existem?

jfd disse...

Guilherme decidem os legisladores e o regulador, ora essa!

José Pedro Salgado disse...

Já aqui extensamente se referiram as contradições e paradoxos que acompanham esta decisão.

Assim, só três reparos:

Séries como "Morangos com açúcar" são o resultado desta "evolução" (no sentido muito lato do termo, naturalmente) cultural e só se vão agravar com ela.

A experiência diz-me que, sendo impossível manter as crianças/adolescentes/jovens numa redoma de vidro eternamente, é precisamente este tipo de medidas que cria os sociopatas.

A partir de que momento é que passou a competir aos que nos governam decidir qual é o enquadramento moral em que devemos viver?

Anónimo disse...

A escravatura e a inquisição também foram "nobres tradições" e tivemos o bom senso de acabar com elas. Não acredito que alguem sinta nobreza em se degladiar com animais postos em condição de inferioridade de meios relativamente ao homem. Tradição sim é ir passear a melhor roupinha e encontrar as "tias"... enfim. Concordo com a pobreza dos morangos e afins, mas esses passam num canal privado. Quanto à tourada na televisão ou no Coliseu de Roma, perdão, na Praça de Touros, tanto me dá, tenho TV Cabo, mudo de Canal e vejo Rocky Balboa, porque esses se forem para o ringue drogados são homens adultos, é problema deles!

José Pedro Salgado disse...

Ptavares:

Acredite que, à semelhança do que já a Ana Rita aqui disse, a única coisa que me choca é que se leve ao ponto de se tomarem estas medidas só porque as pessoas acham que não podem ser incomodadas ao ponto de mudarem de canal.