segunda-feira, agosto 18, 2008

Regresso ao Futuro!


As tropas russas continuam a controlar o principal acesso à cidade de Gori, no centro da Geórgia, e um responsável do Pentágono afirmou, no anonimato, que a Rússia instalou vários mísseis na Ossétia do Sul com capacidade para atingir Tbilissi.

A Federação Russa decidiu dar um sinal aos antigos países do Pacto de Varsóvia: o Ocidente é a vossa perdição. Se as potências ocidentais pensavam que a rejeição do acesso da Geórgia e da Ucrânia à NATO chegaria para manter o urso russo feliz, eis a prova do quão enganados estavam.

Na Rússia quem manda é Putin... e as tácticas soviéticas estão de volta. Que a UE se saiba impôr neste momento como um gigante político: sejamos duros, sem sermos necessáriamente beligerantes.

26 comentários:

Paulo Colaço disse...

Sim, a Alemanha está a mostrar como se faz.
A Chanceler prova ser mais capaz que o senhor do Eliseu.

Onde estava eu quando achava Sarkosi um tipo com fibra?

Vasco Galhofo disse...

O que me choca perante tudo isto, é que Sarkozy aproveita para se passear, encolhido, propondo planos de cessar-fogo que não incluem, ao que parece, datas limite(!), não fazendo jus à presidência daquela que deveria ser a instituição com o dever e responsabilidade de intervir e mediar este conflito.
De resto os US vão se limitando a assistir ao desenrolar dos acontecimentos, entre ameaças despidas de qualquer conteúdo que possa concretamente fazer recuar a Rússia, mostrando assim a países como o Irão, que afinal, não há tanta dureza e dedicação pela defesa dos valores democráticos como Bush e cª fizeram crer em tempos...

Vasco Galhofo disse...

E já agora, todos aqueles que se mostraram cépticos em relação aos valores extra-economia da UE e dos EUA, tem aqui uma oportunidade de verem a sua teoria concretizada.
Quem sabe o que aconteceria à especulação bolsista se EUA ou UE resolvessem fazer algo mais do que esta postura irresponsável...
Fora Merkl (que pode ainda fazer algo mais), Brown não parece existir, Sarkozy é uma desilusão, Barroso pouco faz e os outros 25 chefes de estado pouco dizem.

Vasco Galhofo

Paulo Colaço disse...

Concordo, caro Vasco.
Está a ser um espectáculo lamentável.

E vejamos que tempo mediará entre hoje e a abertura das portas da NATO para a Geórgia...

Anónimo disse...

Eu concordo, exceptuando o que dizes Vasco em relação aos EUA (só podia lol).

Bush tem tido um discurso duro desde o iníco, bem como Rice. Deveriam os EUA fazer mais? Os EUA já têm a guerra do Iraque e do Afeganistão. Naturalmente não se querem meter em mais nenhuma mas, principalmente, não se querem meter numa guerra a sério e serem apontados como os provocadores.

Com os EUA tem sido assim: quando intervêm são uns beligerantes; quando estão quietos são uns tótós :)

Anónimo disse...

Quanto a Sarkozy: está-me a desiludir desde que se tornou Presidente.

A direita europeia está bem representada em David Cameron... ou será que é em Merkel? Se calhar recusamo-nos a olhar para onde está definitivamente a liderança.

Lembram-se do imbróglio para aprovar o orçamento europeu em 2005? Merkel estava em funções há umas semanas e forjou o acordo entre os "grandes" da Europa.

Anónimo disse...

Para quem não se lembra do momento:

BERLIN: One of Poland's leading newspapers, Gazeta Wyborcza, said a lot about the changed view of Germany after just one month of Angela Merkel's chancellorship began when it splashed the headline on Monday: "Merkel - Miss Europe."

The paper was picking up similar language used by German newspapers to describe Merkel's role last weekend at the European Union summit meeting, where, by all accounts, she used her command of detail and a charm not always evident in public to help forge a deal over the 2007-2013 budget.


http://www.iht.com/articles/2005/12/19/news/germany.php

Vasco Galhofo disse...

Eu só acho que a estratégia externa dos EUA está agora a ter os seus principais problemas. Dureza à parte, EUA só atacaram realmente quando os seus opositores eram regimes com muitos problemas internos. Foi só entrar e pouco mais, pois a verdadeira resistência no Afeganistão e no Iraque está nos muitos grupos rebeldes.
Enquanto isso, a Rússia fez o que quis e o Irão sentir-se-á tentado a fazer a mesma coisa (especulo eu claro).
De resto, não me agradaria muito uma intervenção Americana emplena Europa, pois a responsabilidade,como já disse, pertence à UE.
Quanto à NATO, esta crise serviu apenas para mostrar como é um orgão frágil em tempos de crise, pois limitam-se a reunir sem sequer tomarem posição.
E não nos podemos esquecer que foi a Europa, ao reconhecer a independência do Kosovo, que abriu um precedente perigoso. E é bem provável que esta incursão militar da Rússia se destine mais a tentar controlar toda a Ossétia, de modo a evitar que surgam no norte graqndes movimentos independentistas. Tem sido assim que a Rússia tem controlado a Chechénia.
Vejamos como acaba esta situação (se acabar tão depressa).

Vasco Galhofo

Anónimo disse...

Correcto Vasco.

Mas a razão pela qual os EUA só intervêm em países com problemas internos é porque ainda há limites: a intervenção num páis democrático e soberano é complexa de justificar.

Só para nos entendermos: tu defendes uma intervenção militar norte-americana na Geórgia, ou até na Rússia?

Vasco Galhofo disse...

Não não, uma intervenção militar Americana em território Europeu não me parece adequada. No entanto, parece-me que entre esta dureza de palavras dos EUA e uma intervenção bélica ainda haverá algo a fazer. Se uma intervenção bélica fosse um 80, então estas palvras duras de Bush e Rice são 8. Mas como se costuma dizer, nem 8 nem 80. Os EUA têm muito por onde agir, dado a sua posição na ONU e na NATO, para não falar da sua ligação a muitos dos países que rodeiam a Geórgia. Não será fácil decidir o próximo passo a dar para demover a Rússia, sde fosse já tinha sido feito, mas a verdade é que tem de ser feito.
Quanto a mim a responsabilidade dos EUA neste conflito prende-secom duas coisas: 1º pela "defesa" dos valores democráticos e da liberdade que têm propagandeado na última decada e 2º pelo investimento político e não só que EUA fizeram nesta região, inclusive na Geórgia...

Filipe de Arede Nunes disse...

Só não consigo compreender a legitimidade dos EUA ou da UE para dizer o que quer que seja!

Quem apoio a criação do Kosovo?

Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Davide Ferreira disse...

Sem dúvida que a independencia unilateral do Kosovo foi o precedente para esta confusão...
Depois de aberta a caixa de Pandora quem sabe o que vêm a seguir?

Iremos nós apoiar todos os movimentos que querem a "liberdade"? Um dia ainda vêm a Madeira dizer que não quer ter nada a ver com o continente...

Vasco Galhofo disse...

Concordo com os últimos dois comentários. Mas o que me parece que está aqui em causa é a intervenção militar directa da Rússia em território Georgiano. O que a Rússia fez e continua a fazer é uma violação da soberania da Geórgia, país democrático e livre...
Quanto à independência ou não da Ossétia, é algo que a Gerogia deve tentar resolver, sem interferências quer da UE quer da Rússia.

Vasco Galhofo

Filipe de Arede Nunes disse...

Vasco,

Quero aqui deixar bem claro que condeno a atitude da Russia que invadiu claramente outro estado soberano.

O que é preciso deixar também bem claro, é que condeno igualmente os EUA e a UE pelo que fizeram no Kosovo, sendo certo que este também era um territorio de um estado soberano. Agora parece que é um novo país, sendo que muitos dos estados da UE e os EUA já o reconheceram como tal.

Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Paulo Colaço disse...

Temos todos muita razão.
Invocamos precedentes, falamos (e justamente) de Kosovo, de mandados internacionais, etc.
Falamos em legitimidade e em não-ingerência.
Falamos de tudo isso e, de tal forma nos enredamos, que esquecemos que mais importantes que os precedentes são os casos concretos.

Neste caso concreto a Rússia penetrou, à força, portas de casa alheia. É esse o assunto.

E não esqueçamos o que disse um Chefe de Estado sul-americano numa cimeira Ibero-Americana quando dois homólogos vizinhos se acusavam mutuamente de responsabilidade em conflitos antigos:
"Acalmem-se, meus amigos, se começarmos agora a atirar à cara uns dos outros as causas das causas, teríamos de expulsar a Espanha desta sala e declarar-lhe guerra!"

José Pedro Salgado disse...

Cada vez mais estou convencido de estarmos a assistir ao segundo fime da saga "A Rússia de Putin".

Já num post anterior sugeri que as condições em que a Rússia se encontra hoje em dia, muito devido às políticas de Putin enquanto presidente, permitiam que esta enveredasse por um novo caminho. De facto, depois da demorada reconstrução que se seguiu à queda do império soviético, a Rússia ocupa hoje um lugar de pleno direito em qualquer mesa.

Não nos enganemos, a Rússia mudou nos últimos dez anos, e agora vai trilhar o seu próprio rumo. E que rumo é esse?

"Russia is a riddle wrapped in a mystery inside an enigma."
- Winston Churchill

"Be afraid. Be very afraid."
- The Fly

Anónimo disse...

Havia uma justificação para a intervenção internacional no Kosovo: havia um genocídio a ter lugar. O assunto foi levado até à NATO e a NATO, uma organização internacional, decidiu intervir.

Na Ossétia houve tensões indepedentistas e a Geórgia interviu dentro do seu território contra os rebeldes. A Rússia alegou que como as "vítimas" eram russas, tinha o direito de defender os seus cidadãos.

De facto, boa parte dos rebeldes ossetas têm passaporte russo: a Rússia providenciou-lhes isso há mais de uma década atrás.

Anónimo disse...

P.S. Sou contra o reconhecimento do Kosovo enquanto nação soberana ad hoc e sem dúvida que o problema nasce aí. Mas não se esqueçam que tal como os EUA, a Alemanha e França (penso que a UE não se manifestou) foram a favor, a Rússia foi contra.

É "venire in contra factu propriu" de parte a parte lol

Anónimo disse...

E se nós temos dúvidas em relação a quem é a pessoa mais relevante neste tabuleiro, os países de Leste não!

Ever since Russian forces started rolling into Georgia, top government officials from Poland, the Czech Republic and the Baltic States have been telephoning the German chancellor, Angela Merkel. They all have the same request. Because they have bad relations with the Kremlin, and bad memories of Soviet domination, they ask Merkel to use her influence with President Dmitri Medvedev and Prime Minister Vladimir Putin to pull its troops out of Georgia.

http://www.iht.com/articles/2008/08/20/europe/letter.php?page=1

Anónimo disse...

E mesmo quando se faz as coisas certinhas, quais são os únicos a pressionarem para que haja acção consequente: os EUA.

But the NATO ministers, at a rare, emergency meeting, failed to agree on any specific punitive measures, despite pressure from the United States to at least threaten Russia with unspecified "consequences" and pleas from the Czech Republic, Poland and NATO's Baltic members to take a tough stand.

http://www.iht.com/articles/2008/08/20/europe/20diplo.php?WT.mc_id=newsalert

Anónimo disse...

Eu sei que hoje não me calo, mas estou a aproveitar a manhã para ler mais umas coisas sobre o assunto.

E tropecei num pormenor de todo inocente: já repararam que o Presidente da Geórgia surge constantemente com a bandeira da UE por trás?

Jogada inteligente ;)

Paulo Colaço disse...

Acho que igualaste o meu record de maior número de comentários seguidos no mesmo post.
eheheh

Davide Ferreira disse...

Sempre se pode arranjar um blog só para o Nelson...

Anónimo disse...

Já há, mas aqui tem mais piada lol

Além disso os comentários é mais informação que opinião: não conta eheheh

Anónimo disse...

Volta a Guerra Fria...

If the conflict in Georgia ushers in a sustained period of renewed animosity between Russia and the West, Washington fears that a newly emboldened but estranged Moscow could use its influence, money, energy resources, United Nations Security Council veto and, yes, its arms industry to undermine American interests around the world.

(...)

The list of ways a more hostile Russia could cause problems for the United States extends far beyond Syria and the mountains of Georgia. In addition to increased arms sales to other anti-American states like Iran and Venezuela, policymakers and specialists here envision a freeze in cooperation on counterterrorism and nuclear nonproliferation, manipulation of oil and natural gas supplies, pressure against U.S. military bases in Central Asia and the collapse of efforts to extend Cold War-era arms-control treaties

(..)

In forecasting Russia's potential for causing headaches, most specialists look first to Ukraine, which wants to join NATO. The nightmare scenario circulating in recent days is an attempt by Moscow to claim the strategic Crimean peninsula to secure access to the Black Sea. Ukrainian lawmakers are investigating reports that Russia has been granting passports en masse to ethnic Russians living in Crimea, a tactic Moscow used in the Georgian breakaway republics of South Ossetia and Abkhazia to justify intervention to protect its citizens.

jfd disse...


Geórgia: Rússia reconhece independência da Ossétia do Sul e Abkházia - Medvedev
26 de Agosto de 2008, 12:10

Moscovo, 26 Ago (Lusa) - O presidente russo, Dmitri Medvedev, anunciou hoje o reconhecimento da independência das repúblicas separatistas georgianas da Ossétia do Sul e Abkházia.

RP.

Lusa/Fim