quarta-feira, agosto 27, 2008

Uma estranha portugalidade

A Espanha é um país periférico, com graves problemas de coesão interna, com um sul a perder o seu clima mediterrâneo e a virar saariano, um país com 5 idiomas distintos que consegue liderar a nível mundial.

Olhemos para um caso flagrante. O desporto: Bi-Campeã mundial de Hóquei em Patins; Bi-Campeã Mundial Futsal; Campeã Mundial de Basquetebol e Medalha de Prata em Pequim; Campeã Mundial de Andebol, Vice-Campeã europeia e Medalha de Prata em pequim; o nº1 do ranking ATP é Rafael Nadal, que é também Medalha de Ouro em Pequim; desde a reforma de Lance Armstrong que o Tour de France é vencido por espanhóis...

Com tantas semelhanças entre os dois países ibéricos, o que faz a diferença? Diferenças haverá muitas, mas uma é para mim a Diferença: a estranha portugalidade que hoje foi flagrante na forma como o Sporting disputou o troféu Santiago Bernabéu. O Sporting jogava um amigável, o Real Madrid queria ganhar o troféu.

É uma questão de mentalidade: para formarmos campeões, temos de jogar sempre para ganhar.

P.S. Não pretendo com este escrito minorar a instituição Sporting. Foi o seu desempenho hoje que motivou esta reflexão e serve-nos hoje de exemplo para esta estranha portugalidade. O dia do Benfica chegará, não se preocupem ;)

17 comentários:

Anónimo disse...

Falei do Sporting, mas o mesmo se poderia dizer do Vitória SC, vulgo de Guimarães, ontem. Não falo quanto ao golo mal anulado, esse é óbvio, mas só a espaços o Vitória foi melhor que o Basileia. O que é ridículo comparando a capacidade futebolística de uma e outra equipa.

Diogo Agostinho disse...

Não podia deixar este post sem resposta:)

O que se viu ontem foram duas atitudes. O ínicio desleixado. O fim a correr atrás do prejuízo. Não encaro a atitude do jogo do Sporting como típico dos portugueses.

Depois temos que ter em linha de conta que era o Troféu Santiago Barnabéu. Um ídolo para o clube. Um pouco à imagem do Eusébio do Benfica. (A vez do Benfica já chegou também ficou sem a Eusébio Cup).

Os espanhóis têm uma mentalidade mais audaz actualmente.

Não precisamos de ver os resultados do Desporto para notarmos diferenças.

Basta uma discoteca. Comparemos a atitude dos espanhóis num espaço nocturno com a nossa.

Lá dançam, riem, brincam, nós cá observamos, mexemos os pés e comentamos comentamos.

Eles têm "salero" nós não. O fado persegue-nos.

Depois eles são maiores geograficamente, demograficamente, não têm obrigação de vencer mais? Nós é que nos temos que superar enquanto País.

Que saudadades em que dividiamos o mundo em dois! Volta Tratado de Tordesilhas!

Anónimo disse...

O troféu Santiago Bernabéu não é só importante para o RM: é provavelmente o troféu "amistoso" mais importante que conheço. Mas mesmo que não fosse, eis a diferença: jogar para ganhar!

O Sporting jogou com 7 titulares sentados no banco; o RM entrou para ganhar.

Espanha é maior do que nós... mas tem handicaps semelhantes e compete, a nível mundial, com a Itália, Alemanha, França, Inglaterra, EUA... eu não peço para Portugal ser campeão mundial (gostava), mas o que faz a Espanha o colosso que é? É por ter maior fatia de território e mais 30 milhões? Só isso não explica.

Os espanhóis "jogam" para ganhar. Sempre, em qualquer tabuleiro. Nós "jogamos" para para ser felizes.

P.S. O SLB perdeu com o Inter e nos penálties. Com uma boa exibição. Que fosse sempre assim...

Diogo Agostinho disse...

Algumas referências:

- Um Rei. Um orgulho e um exemplo para todos. Não se perde a tradição, nem a História que engrandece sempre o País.

- Estabilidade. A conversa de sempre. Um rumo, e tempo para os Políticos colocarem em prática as suas ideias. Não fugindo, ou sendo demitidos porque sim.

- Nós não "jogamos" para sermos felizes, "jogamos" para não nos chatearem muito. Preguiça meu caro. Inércia.

Anónimo disse...

A primeira não considero tão relevante assim - por razões sobejamente conhecidas ;) - mas acompanho-te nas outras duas.

jfd disse...

O que vale é que há futebol para distrair este Pais em que o Imperador vai Nú e teimam em notar :P

Luis Melo disse...

A grande diferença está na mentalidade. Tal como disse o Diogo isso nota-se numa discoteca, mas também se nota na rua, na universidade, na empresa, em todo o lado.

Costumo trabalhar muito com espanhóis. Eles sentem adrenalina quando encontra erros, porque é sempre um novo desafio achar a solução para os corrigir.

Já os "tugas" ficam aborrecidos quando encontram erros, porque isso quer dizer mais trabalho para solucionar o problema.

Paulo Colaço disse...

Não sei atenção ao jogo.
Se o Né e o Diogo dizem que o Sporting esteve anormalmente mal, acredito.

Mas isso não justifica o sucesso arrasador dos espanhóis em várias várias.

Não explica a "invasão" à Av. da Liberdade, as vitórias económicas e desportivas.

Mas há uma coisa que talvez explique o reboque que temos sido: os sucessivos governos do PS, que interrompem os do PSD (que pecado) e abalam a auto-estima nacional.

xana disse...

Diogo tu não consegues deixar de ser parcial!

Mas talvez seja por isso que falas com tanta paixão das coisas em que acreditas, mas mesmo assim, talvez um dia te mostres mais "sensato".

O Né tem toda a razão naquilo que escreveu! Não gostei. E demonstra claramente uma diferença de atitude entre os campeões e os pobes coitados que andaram em campo ontem.

Pior, o Sporting e aqui, claramente, o Paulo Bento, deveria ter mostrado mais respeito pelo Real, pelo estádio grandioso onde jogou e pelo público fantástico que assistia. Não o fez. Pior ainda: rspeito por Santigo Bernabéu.

jfd disse...

Mas talvez seja por isso que falas com tanta paixão das coisas em que acreditas, mas mesmo assim, talvez um dia te mostres mais "sensato".

Tá pa nascer o lagarto sensato!!

(é assim um bitaite de futebol?!?!?! -> se não os podes vencer...)

Paulo Colaço disse...

O Jorge a comentar futebol?
Caiu um mito.
Espero que não se tenha partido...

Anónimo disse...

"O troféu Santiago Bernabéu não é só importante para o RM: é provavelmente o troféu "amistoso" mais importante que conheço."

Tenho algumas dúvidas quando neste troféu já jogou o real com uma selecção da MLS por exemplo. Não tem rigorosamente importância nenhuma.

Anónimo disse...

Curioso critério Carlos.

Estás preocupado com o facto de uma selecção da MLS ter participado ou com o facto de o FCP nunca ter sido convidado?

lololololololololololol

E qual é então, para ti, o grande troféu "amistoso"?

P.S. Vão ver os senhores que se dignaram a disputar este troféu mais do que uma vez. É uma boa "hall of fame".

Anónimo disse...

De certa maneira concordo com o comentário inicial`. Parece-me óbvio que o exemplo apresentado espelha bem a fraca competitividade dos portugueses de hoje em dia. Hoje claramente não somos o país empreendedeor de outrora. É talvez em certos casos esta falta de espirito ganhador que falta para chegarmos um pouco mais alem. Sim, porque para mim uma ideia que faz todo o sentido, é de que se não confiarmos em nós próprios, ninguém mais o fará.

O que faz falta portanto é um país que acredite em si mesmo, onde os portugueses acreditem no seu esforço e trabalho. Não é ganhar uma medalha de prata nos jogos olimpicos e dizer que sabe a ouro, não: é sim desejar sempre mais. E o exemplo tem de vir de cima, dos governantes, que têm de encetar esforços para modelar uma sociedade nestes moldes. Mas com o conformismo da classe governante que reina nos ultimos anos... dúvido que alguma mudança aconteça.

Anónimo disse...

* esqueci-me de assinar lol

Anónimo disse...

No seguimento do que disseram, concordo com as diferenças notórias que apontaram entre os dois povos, em termos de mentalidade. Na realidade, a estabilidade política ajudou em muito ao crescimento económico e à melhoria das condições sociais do povo espanhol.

Ao invés, o desempenho de Portugal foi pautado pela instabilidade e pelas más decisões, que redundaram no que temos hoje em dia. Um tecido empresarial, que na sua globalidade está mal preparado para enfrentar as exigências do mercado global; uma sociedade sem um designio nacional, sem uma cultura de esforço e de meritocracia; e por fim, um conjunto de governantes que tarda em despertar para a realidade portuguesa no contexto europeu e mundial.

jfd disse...

Um exemplo, noutro tom, do que é o país do outro lado da fronteira...

Madrid, Espanha, 29 Ago (Lusa) - A estação de televisão Telecinco decidiu retirar da sua grelha de programação, na quinta-feira, o primeiro episódio da nova série "Hospital Central" por respeito às vítimas do acidente aéreo no Aeroporto de Barajas, em Madrid.

Segundo fonte da cadeia de televisão, o episódio foi gravado em Junho e reproduzia um acidente aéreo semelhante ao que aconteceu a 20 de Agosto, em que 154 pessoas perderam a vida.

A cadeia de televisão espanhola optou pela não emissão deste episódio porque aquela estação considerou que o "Hospital Central" poderia ferir as susceptibilidades dos espectadores e dos familiares das vítimas mortais do avião da Spainair.

MPC.

Lusa/fim