terça-feira, agosto 19, 2008

"Muita parra e pouca uva"


Acho que o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, tem toda a razão! Ao contrário dos atletas portugueses nos JO, ele próprio é pródigo em proferir declarações pomposas, animadoras e cheias de energia, mas mostrando ao invés, pouco trabalho, empenho e rigor, no que faz diariamente como membro do Governo da República, em prole do desporto em Portugal. Dois exemplos deste marasmo são a falta de exigência, para com as entidades responsáveis do futebol profissional em Portugal e a falta de condições e de organização do desporto escolar. Quando é que prometemos menos e começamos a trabalhar mais?

8 comentários:

Anónimo disse...

Não posso deixar de subscrever na integra o conteúdo do teu post reforçando apenas o facto de o desporto escolar em Portugal nunca ter tido correspondência política da preponderância que esta merece na educação da juventude portuguesa.

Existem valências importantíssimas que apenas o desporto poderá incutir numa estrutura mental em desenvolvimento como aquela dos jovens dos 10 aos 15-16. Espírito de equipa, ambição, sacrifício, liderança, humildade são algumas das qualidades que virtualmente nenhum dos atletas olímpicos demonstraram mas isso não expia uma quota parte da responsabilidade por parte de quem pensa e executa a vertente desportiva do nosso país.

Grandes lições podemos (continuar) a retirar da Grécia Antiga em que a vertente física era componente indivisível da vertente mental.

Anónimo disse...

Correctíssimo!

Mas o senhor Secretário de Estado nem se está a portar mal em Pequim. Podia era ser mais Secretário de Estado da Juventude de vez em quando... mas ao menos durante os Jogos Olímpicos já parece mais SE do Desporto e não do Futebol.

O dado mais marcante destes Jogos Olímpicos é a queda de um mito: eu sempre ouvi dizer que o comandante é o último a abandonar o barco.

No caso do Presidente do COP só não foi o primeiro porque alguns atletas já foram de "férias" lolololololololol

Margarida Balseiro Lopes disse...

Parece que Laurentino Dias não é só SE do futebol. Veremos se até ao final da legislatura diz alguma coisa sobre juventude.

Sobre a prestação dos atletas portugueses, os resultados falam por si. E não me refiro apenas às medalhas. Faço minhas as palavras de Vanessa Fernandes. Ficar em 10º ou em 40º lugar, para alguns atletas, é indiferente. As declarações de Jéssica Augusto são paradigmáticas. Afirma que vai de férias mais cedo porque não vale a pena competir com a forte concorrência africana (depois acabou por participar, ficando num honroso último lugar). Fomos chacota da imprensa internacional por pérolas como esta.

As declarações dos treinadores, atletas, presidente do COP, e (se calhar até as de Vanessa Fernandes) foram perniciosas para a nossa participação. Na vela, estávamos tão bem classificados parece que já “fomos de vela”. Com a melhor marca mundial deste ano, Naide Gomes falhou a final do salto em comprimento. Veremos o que fará Nelson Évora amanhã no Triplo Salto.

A China, os EUA e Michael Phelps continuam a liderar a tabela de medalhas de ouro. Pode ser que amanhã, às 13h20, seja a nossa vez.

Luis Melo disse...

Projecto Pequim 2008:

Acho muito bem que se apoie os nossos atletas. Para este projecto foram 15 Milhões €. Muito ou pouco, não interessa, desde que seja bem gasto.

O problema é a irresponsabilidade e a pouca exigência com que ele é gasto. Estou mesmo a ver. Distibuem esses milhões pelas federações e elas desbaratam...

Os resultados não são os melhores, nem poderiam ser, com atletas que têm a mentalidade de: "não valia a pena", "eles são fortes demais", "tive azar", "fui roubado pelo juiz", "fiquei bloqueado com a estádio cheio".

Isto não é mentalidade de campeão. Deviam todos olhar para Fernando Mamede, Carlos Lopes, Rosa Mota, Carlos Lopes (parolimpico), Fernanda Ribeiro.

Nenhum deles era favorito e ganhou. Com sacrificio, com crer, com vontade, com extrema força mental. Duvidam que os seus adversários americanos, russos, africanos, etc não eram melhores? claro que eram, mas eles venceram.

Vasco Galhofo disse...

Será que não deviam ensinar algo mais que a vertente física no tão famoso Centro de Alto Rendimento. Gastar milhões em infra-estruturas e treino para situações destas não é muito correcto.
Podíamos nem ter ganho uma única medalha, mas se tivessem saído de cabeça erguida já me sentiria orgulhoso com os atletas olímpicos portugueses.

Hoje, Póvoa foi eliminado no Taekwondo. Ou seja, dos 10 atletas considerados "medalháveis" pelo comité, que tinha um objectivo de 4 medalhas e 60 pontos, até agora temos uma de prata... e apenas mais uma oportunidade (Nélson Évora).
Por mais inovações que o presidente do COP tenha feito nestes últimos anos e por melhores resultasdos que tenham aparecido em competições continentais, não me parece que depois destes JO houvesse outro caminho que a não recandidatura.

Vasco Galhofo

Paulo Colaço disse...

Eu também acho que eles são melhores a fazer desporto que a prestar declarações.

E devem ser o exemplo seguido pelo próprio Sec. de Estado.

Quando há problemas com o futebol, ele fala de futebol. Quando há problemas com os clubes, ele fala de clubes. Agora temos problemas na delegação olímpica e ele fala dos atletas.

Que pena não ser tão expedito nos problemas da Juventude, o parente pobre da sua pasta.

Se ele fosse tão capaz em todas as áreas da juventude, talvez algumas das lacunas sentidas no desporto (apontadas pelo Luís) já estivesse colmatadas.

Inês Rocheta Cassiano disse...

Na qualidade de ex-atleta, revoltam-me as acusações que são feitas aos nossos atletas.
Se as suas declarações são mais ou menos eloquentes pouco me interessam. Não duvido do seu esforço, da sua coragem e da sua garra. Poucos têm noção do trabalho que é desenvolvido em termos de preparação.

Mais, estes atletas até podiam nem estar em Pequim senão tivessem cumprido os mínimos para se qualificarem. Algum mérito terão que ter.

Não são resultados brilhantes, é verdade. Também eu preferia que tivéssemos obtido melhores resultados nas várias modalidades. Contudo não consigo sentir-me defraudada.

Depois da tempestada virá a bonança. O caminho faz-se caminhando e este foi somente um obstáculo. Em Londres esperamos que corra melhor.

Paulo Colaço disse...

Inês, estou inteiramente com esta tua frase:
"Contudo não consigo sentir-me defraudada."

(mudaria apenas o género ehehe)