quinta-feira, abril 10, 2008

Sol e Chuva na Eira e no Nabal


O estado do tempo das últimas duas semanas é exemplificativo do viver e estar portugueses: a seguir à semana de grande calor e tempo estival abateu-se, sem aviso sério, sem transição fluida, a grande chuva, a grande tempestade, um país em alerta.

Em Portugal, da euforia ao disparate é um instante... até no Tempo!

17 comentários:

Paulo Colaço disse...

Não sei em que pensavas quando postaste mas acho que nos estamos a rir baixinho da mesma coisa...

Paulo Colaço disse...

Claro que eu me rio mais baixo que tu, é óbvio!

Anónimo disse...

Outrora um amigo disse: um homem não se mede do pescoço para baixo mas do pescoço para cima.

Gosto de pensar que nos rimos ao mesmo nível... mas só porque sou convencido :) E penso que nos rimos da mesma coisa, mas isso é o nosso tabu ;)

Anónimo disse...

Meus caros

De certeza que não me estava a ir da mesma coisa, mas estava a pensar numas palavras que o Manuel Laranjeira ao Miguel Unamuno em 1911, numa das muitas cartas que trocaram. Como isto é actual.

Cito : “ O mal da minha terra, amigo, não é a demagogia: é a inépcia. Em Portugal não há demagogia: falta-nos fanatismo cívico para isso. Em Portugal o que há é uma inverosímil colecção de idiotas.(…) A imbecilidade, essa é que é um inimigo invencível. (…)
A revolução politica para ser fecunda teria de ser acompanhada por uma revolução intelectual, que não se fez nem há indícios de se fazer. O povo portuguez apresenta-se ao mundo, civilizado por fora, e o que é preciso fazer, o que é urgente fazer, e civiliza-lo por dentro. Mas nisso ninguém pensa, tão convictos estão todos de que para civilizar-se um povo basta fazer-lhe mudar de gravata.
Eis Precisamente o nosso mal: é ninguém sentir a necessidade de fazer cultura, é ninguém compreender que a inteligência é o grande capital dos povos modernos e a cultura a mais fecunda das revoluções.(…)
E é assim que a inépcia desta gente confunde a cultura com diploma e julga que para civilizar o povo basta infectar o país de diplomados.

P.S. Tenho medo de ter ofendido em demasia o novo acordo ortográfico.
Quanto ao texto apenas uma crítica: demagogia acho que já a temos e em demasia.
Quantos ao idiotas creio que a colecção já aumentou.

Anónimo disse...

errata

onde se lê: "Manuel Laranjeira ao Miguel Unamuno"

deve ler-se : Manuel Laranjeira escreveu ao Miguel Unamuno

e não "ir" mas "rir" - 1ª linha

Anónimo disse...

Muito bom... grandes cartas se trocavam naquele tempo.

Diogo Agostinho disse...

Ditado popular:

Abril águas mil!

Margarida Balseiro Lopes disse...

Mas parece que este "temporal" surtiu efeito:
"Conta de emergência para catástrofes sem tecto financeiro e aplicável a casos desde Janeiro"

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1325457&idCanal=12

Isto é que é pensar a longo prazo...

jfd disse...

Ó Né esta tua frase

Muito bom... grandes cartas se trocavam naquele tempo.

trouxe-me ao de cima um pensamento; como será o futuro? Guardar-se-ão emails? Comentários? Posts? Como? Que será da nossa memória futura neste mundo digital?

Bruno disse...

Oh Jorge, convém ir guardando as coisas ;) E não te esqueças: imprime só nos casos em que seja indispensável. Protege o Ambiente!

Sobre o posto, não podia estar mais de acordo Né! É outra das atitudes típicas dos portugueses que tem a ver com alguns defeitos que já citei algures na caixa de comentários (gostaste da expressão?) de outro post: incoerência e carneirismo (não confundir com Sá-Carneirismo que era algo substancialmente diferente :P).

jfd disse...

Duh ;)
Eu tava numa do romanticismo da coisa... Um email não fica velho, não fica com aquele cheiro, não fica amarelado, não se lhe esbate a escrita...
:P

Anónimo disse...

Gostei Bruno, gostei ;)

Já partilhei esta preocupação algumas vezes: um dos maiores problemas dos posts e dos comentários (principalmente) é estes não se perderem... há muita gente desta geração que se arrependerá da irreverência da juventude lol

Não são tão românticos, mas como são mais difíceis de serem perdidos irão permitir uma definição mais rigorosa da personalidade dos que os escrevem.

Bruno disse...

Jorginho, então se queres mesmo continuar a ter o prazer de ver o papel amarelecer (se é que esta expressão existe...) e ganhar cheiro a mofo, imprime-os, encaderna-os e fazes uma espécie de encoiclopédia, hehe! Mas como vais gastar papel, podes sempre compensar plantando uma ou outra árvorezita. Se precisares de ajuda conta comigo!!!

Quanto aquilo que o Né diz, é bem verdade! E é, realmente, uma conversa que já tivemos. Não deixa de ser importante salientar que por vezes é injusto descontextualizar as afirmações que fazemos. Mas a escrita (tal como a gravação) tem esse grande valor: funciona sempre como auxiliar de memória para que as próprias pessoas reflictam sobre o que disseram e defenderam.

Não sou "dogmático" em relação a mudanças de opinião. Acho, inclusivé, que faz parte da evolução humana. Agora, convém é que esse processo evolutivo seja coerente e, principalmente que as pessoas não reneguem ou se envergonhem do passado. E, para isso, convém que, quando defendem algo, saibam porque o fazem. O que nem sempre acontece e acho que aí é que está o problema de que falas né, Né?

jfd disse...

Perde-se o romanticismo da coisa...
Tipo, antes as coisas estariam guardadas num baú que passou de mão em mão na família...
E agora? Numa pen que passa de pessoa em pessoa?
LOL

Falam duma cena mais profunda, mudança de opinião e etc e tal.
Sou eu quem escrevo o que escrevo, mas embora o seja, posso não ser no futuro, aquilo que escrevi no passado. E quando a isso, não tenho stress nenhum. Logo eu, que escrevo com o coração nos dedos. Para o bem e para o mal.
:)))

Bruno disse...

Jorge, até a mudar de opinião podemos ser coerentes. Desde que mudemos por uma razão válida. Desde que saibamos porque é que antes estávamos ali e depois fomos para além. Desde que o saibamos para nós e o saibamos explicar aos outros, essa mudança até poderá ser coerente.

O problema é quando andamos ao sabor de correntes, marés ou carneiradas... Aí, não sabemos por onde vamos, não sabemos para onde vamos e não sabemos se vamos por aí... ou por ali... E, pior que tudo, não sabemos porquê!

Paulo Colaço disse...

Sobre cartas trocadas, dois amigos da antiga Roma apostaram, um com o outro, que eram capazes de escrever a mais curta das cartas.

O primeiro, chegou a casa e rabiscou num papel: "eo rus", que quer dizer "vou ao campo". Enviou a carta ao amigo.

Este, recebe o papel, ri-se e responde: "ii", que quer dizer "vai".

jfd disse...

Paulo, muito bom ;))

Bruno, concordo. Mas! Olha que até invocar isso, não será, ou melhor, terá, um pouco de carneirada? :)
Não pode a mente ser livre para navegar erroneamente?
Até um gráfico de dispersão tem um uma curva condutora...

ROTFL!