terça-feira, abril 29, 2008

11 Milhões de Soluções!

O Presidente da República decidiu dar honras de Discurso de Abril ao alheamento jovem da política, ancorando-se num estudo que encomendou ao CEOP. O PR decidiu apresentar-nos factos empíricos que pouco estudo precisavam : estamos desiludidos e alheados do processo político. E Portugal nem sequer é um fenómeno extraordinário na UE, já que se assiste a réplicas por essa comunidade fora.

Mas o que vinha no estudo que não nos foi dito? Nem jornalistas nem opinadores de ocasião se deram ao trabalho de ver o que lá estava para além do óbvio. E não é pouco o que nos foi sonegado!

Que são os jovens os que estão menos entusiasmados com cortes abruptos e preferem mudanças graduais e sustentadas. Que os jovens não têm conhecimento porque não usam os meios convencionais de informação. Que é nos jovens que se regista a maior percentagem de envolvimento no associativismo (das AAEE's até ao grupo desportivo). Que os jovens tendem a estar "mais à direita" que o resto da população.

Se está diagnosticado e escalpelado, o que esperamos por agir com estes dados? Porque não avançamos e seguimos defendendo as nossas causas? Porque continuamos quedos e mudos lamentando-nos constantemente sobre gerações perdidas e desperdiçadas se afinal elas estão somente desencontradas? Porque perdemos tanto tempo a queixar-nos do que ficou por fazer? Porque continuam a criticar o que outros fazem bem e tentam vangloriar-se de feitos pífios? O que falta?

O que falta é mais pessoas com vontade de se fazer ao caminho em vez de olhar para o lado; o que falta é mais pessoas com vontade de meter mão à obra em vez de criticar aqueles que fazem bem; o que falta é pessoas maiores que não critiquem pela mesquinhez simples de não conseguirem estar à altura de quem faz. O que falta é menos inveja e mais trabalho, mais obra e menos aclamação masturbatória.

Se sabemos onde estão, porque estão e o que querem, porque insistimos em estar quietos? Um País com onze milhões de soluções não pode ser um problema!

23 comentários:

Paulo Colaço disse...

Muito bem referido: se os ditos "adultos" se dedicassem ao associativismo como os jovens se dedicam, se se debruçassem sobre as tecnologias e comunicação como os jovens se debruçam, se estivessem mais à direita (e olhassem para o país como uma máquina que deve ser bem oleada), o nosso atraso diminuiria!

Temos 11 milhões de soluções, sim, mas soluções para resolver que tipo de problemas?
Mudar uma lâmpada?
Limpar uma nódoa de vinho?
Para esses problemas temos nós solução, para os outros...

Anónimo disse...

Nós temos a solução para tudo, o problema é esperarmos que outros nos resolvam os problemas.

Paulo Colaço disse...

Ah pois!
Esse é um velho problema nacional.
Até foi elevado a grande desígnio, nos tempos de "Os ricos que paguem a crise".

É a mentalidade do Estado ser pai e a Europa ser um tio rico!

Na nossa História poucas vezes temos sido verdadeiramente autónomos e, quando o somos, não lançamos raízes para uma autonomia mais duradoura.

Ando céptico? Talvez!
É possível que passe.

Anónimo disse...

Para quem tiver interesse no estudo "OS Jovens e a Politica " elaborado pelo CESOP da UCP , aqui fica o link, são 52 paginas que vale a pena ler.

Anónimo disse...

Agora sim

http://www.presidencia.pt/archive/doc/Os_jovens_e_a_politica.pdf

jfd disse...

Nelson, clap clap clap ;)

Paulo Colaço disse...

Obrigado pela info, caro Leandro!

Já agora, que opinião tens sobre o estudo?

Achaste que o enfoque dado pelo PR foi o mais adequado?

Paulo Colaço disse...

E, já agora, gostei da imagem do post!

João Marques disse...

Plenamente de acordo. De treinadores de bancada está o mundo cheio. Estou francamente farto de críticas assépticas e em banda, que nem subúrbios neoburgessos.

É tempo de enfrentar os problemas e criticar os actores políticos pelos resultados ou falta deles e não por aquilo que os media ou os opinion makers nos dizem que devemos criticar.

Sinceramente, já quando Menezes venceu as eleições do partido adverti para o facto (antes da sua eleição) de que a imprensa tomaria um lugar fulcral no desfecho de umas eleições que pela sua natureza seriam muito mediatizadas. E assim foi, para mim Menezes ganhou pela imprensa.

Não digo que devemos racionar o "quantum" de imprensa na campanha para as directas ou outras quaisquer eleições, agora enquanto não houver uma forte aposta na educação e formação cívica continuaremos a ter berbicachos em vez de soluções. Isto porque só um povo informado e esclarecido pode tomar decisões igualmente lúcidas.

Até lá cabe às elites, goste-se ou não da expressão, o papel de sapa, na tentativa de mostrar aquele que será o melhor caminho.
Não digo que lhes caiba escolher o caminho, nada disso, em democracia, para o melhor e para o pior o povo é soberano, agora não podemos afastar as elites sob pena de tornar ainda mais fútil o debate e mais mesquinho o combate político.

Minha gente, na vida só há dois caminhos, liderar ou seguir, a cada um cabe escolher o seu. Se escolherem liderar pensem bem porque é que o fazem, se ao invés preferirem seguir (que nada tem de desprestigiante) não gastem menos tempo na reflexão porque da vossa lealdade e confiança poderá nascer o futuro do país.
Agora nunca fiquem à porta, entrem ou saiam...

Anónimo disse...

Caro Colaço
O estudo foi muito bem elaborado e tem uma base muito credível. Analisa muito bem , num quadro politico – comparativo, tendo por base, também outros países europeus, mas também relacionando-os com outras faixas etárias, o papel dos jovens na politica e a influência que a politica tem dos jovens, sem descorar da sua participação social, no seu quadrante partidário e cívico, o interesse por assuntos políticos, “alinhamentos ideológicos e partidários” e a necessidade de reformas.

As conclusões são interessantes e ao mesmo tempo dão que pensar. Elas demonstram:

1. Insatisfação dos jovens para com a democracia;
2. Baixo envolvimento com a política;
3. Baixo nível de conhecimentos políticos;
4. Cepticismo em relação à eficácia politica partidária/convencional
5. Os jovens têm baixos índices de participação partidária, estando mais ligados ao voluntariado
6. Favoráveis ao incremento de medidas que aumentem o nº de mulheres na politica activa
7. Desalinhamento ideológico e partidário, mas apesar disso estão mais próximos dos ideais de direita, o que os distingue dos mais velhos que estão mais próximos dos ideais de esquerda.

Os resultados são surpreendentes, e do meu ponto de vista, demonstram aquilo que já sabíamos: as pessoas acham que a politica é um jogo de fundo onde se entra para arranjar um emprego melhor através engenharia das cunhas, do amiguismo, do clientlismo politico, e da partidocracia, a malta da “sapatadinha nas costa”, do diz que disse, da hipocrisia….

Mas quem se move por ideais, pela vontade que tem de mudar este situacionismo em que vivemos, está activa, intervém e tentam estabelecer novos padrões de vida, novas ideologias, novos valores e tentam fomentar a participação politica, que nas palavras de Aristóteles, a politica é a “arte de governar um estado”.


O discurso do PR, teve enfoque neste estudo e leu as suas conclusões, e chama a atenção para a falta de conhecimentos sobre o 25 de Abril, e o afastamento dos jovens da política. Quanto a este ponto tenho uma nota a fazer: não podemos confundir o desinteresse pela política com a falta de conhecimentos históricos do nosso país.
A mediocridade intelectual dos jovens, para quem o 25 de Abril é mais um feriado, não tem a ver com o desinteresse para com a política. Uma coisa é eu não me envolver politicamente, mas ter uma participação cívica assente em valores de liberdade e igualdade, uma coisa é eu não me interessar por votar quando sou chamado as urnas, e depois criticar por criticar, é este vazio de valores e de ideais que esmorece esta juventude onde a anarquia intelectual / cultural tomou conta desta gente.

O que será de um filho deste jovens de hoje, que quando chegar a casa perguntar ao pai o que foi o 25 de Abril, o silêncio e a mentira vão ser a resposta de uma pergunta que em “latu sensu” se responderia Liberdade.

Eu interesso-me pela política como exercício de um direito cívico, como manifestação dos meios ideais, e não como mero oportunismo.

Outra coisa interessante é, apesar do “desalinhamento ideológico”, os jovens se encontrarem, mais identificados com os ideais de direita. Isto surpreendeu-me face ao aumento de militantes no BE. Mas ainda bem que assim é.

Paulo Colaço disse...

Subscrevo-te e repito-te, caro João:
«Minha gente, na vida só há dois caminhos, liderar ou seguir, a cada um cabe escolher o seu. Se escolherem liderar pensem bem porque é que o fazem, se ao invés preferirem seguir (que nada tem de desprestigiante) não gastem menos tempo na reflexão porque da vossa lealdade e confiança poderá nascer o futuro do país.
Agora nunca fiquem à porta, entrem ou saiam...»

Paulo Colaço disse...

Bom texto, Leandro.
Obrigado por teres aceite corresponder ao repto!

Anónimo disse...

Eu não concordo contigo João quando falas da imprensa: Menezes ganhou apesar da imprensa. A imprensa era muito hostil à sua candidatura, não sendo pró-mendes era anti-menezes.

Gosto muito do teu último parágrafo e acrescento apenas: Para liderar há que servir.

Well done Leandro e obrigado JFD ;)

João Marques disse...

"Mea culpa" pela má formulação do raciocínio.
Quando digo que Menezes ganhou pela imprensa não foi pelo apoio que esta lhe deu Nélson, até porque tanto um como outro pouco apoio receberam dos media. O que pretendia dizer é que Menezes (e esse é um mérito seu) sabia aproveitar as câmaras e o spotlight muito melhor que Mendes.

Tens razão, nem um nem outro foram acalentados pela imprensa, mas o que digo é que hoje, infelizmente, quem sabe passar o soundbyte (e não a mensagem, que supõe conteúdo) mais eficazmente ganha as eleições (vide Sócrates). Ora num país ideal seria de todo em todo improvável que o sofisma prevalecesse sobre a coerência, ou que a estética prevalecesse sobre a ética (sem querer entrar em discussões filosóficas), mas nem o nosso Portugal nem nehum outro se aproximam do ponto óptimo. No entanto não devemos é baixar os braços, como tu dizes e bem é preciso lutar, tentar e depois, vencidos ou vencedores, reclamar do resultado.

Acho até que é nesse sentido que vai a candidatura de MFL, quando avisa que não devemos esperar um espectáculo, mas uma campanha política (que, convenhamos, são coisas bem diferentes).

Aceito de bom grado o teu acrescento.

Rodrigo disse...

Né,

De forma totalmente insuspeita ;)muito boa essa imagem.

:)

Anónimo disse...

Absoluta, verdadeira e totalmente insuspeita senhor Secretário-Geral ;)

É uma das minhas imagens favoritas!

Anónimo disse...

Compreendi-te João.

Tânia Martins disse...

Bem agora que o tempo me deixa respirar por uns minutos:

Né bom post, bonita imagem e como sempre um tema à tua medida ;)

É necessário incentivar os jovens para a política. Quando se fala em política, pelo menos para mim, não se trata de estarem todos inseridos numa juventude partidária, a apresentar moções em congresso. Política vai muito mais além, vai no interesse de discussão das mais pequenas questões dum país, na vontade de solucionar essas questões, no amor à pátria que leva a que as pessoas se movam por um país melhor. No entanto, o que se verifica é que a maior parte dos jovens (e não só) estão desiludidos, não têm confiança no seu país e pior, vivem na inércia do “não vale a pena fazer nada”. Ouvir a juventude dizer que o seu objectivo quando acabar o curso será sair do país porque em Portugal não dá, é triste!

Falta sem dúvida um incentivo para todos nós, no entanto um melhor país constrói-se com todos, nomeadamente, nós jovens e parece que é essa mensagem que muitos deles ainda não conseguiu entender!

Pois é Né, falta muita coisa mesmo…mas tristezas não pagam dívidas e não baixaremos os braços ao nosso futuro ;)

Diogo Agostinho disse...

Excelente imagem e excelente texto!

Para ti Né que gostas de números:

5% da População Europeia (se é que poderemos chamar pop. europeia) afirma ter um partido político!

3% da População Europeia afirma pertencer a um Partido Político!

São dados claros de uma mentalidade. As pessoas estão longe da Política e não se revêm nos Partidos! Porque? Porque os Partidos matam-se entre si! Demonstram que não existe combate de ideias, mas de lugares! E essa imagem passa! E os jovens cada vez mais sabem menos! Mas se lhes perguntarmos jogadores de futebol, bandas de música, sites interessantes temos uma lista! Se perguntarmos quem é o teu Primeiro-Ministro, já nem chego a Ministros ou Presidentes de Câmara, aí as respostas vão ser interessantes.

E cabe-nos a nós, chamá-los para nosso lado! E não ter a lógica de quantos menos melhor, mais lugares sobram! E as juventudes vivem nestas lógicas, em que um jovem vai a uma sede de um partido sozinho e ninguém lhe abre a porta logo! Pode pertencer a uma facção a um inimigo do Partido!

Temos de facto 11 milhões de soluções, como temos 11 milhões de seleccionadores nacionais! mas os nossos 11 milhões afastam-se! E a política e os políticos poderão ficar a falar sozinhos...

Anónimo disse...

Afastam-se não só pela luta na escalada hierárquica como pela falta de discussão politíca.

Foi algo que fui descobrindo ao longo do tempo: dêem às pessoas um espaço para discutir política e elas vão, alegremente.

Nem precisamos de vender que vão mudar o mundo se ao menos os deixarmos falar sobre ele.

jfd disse...

Tira Teimas

Instituto Nacional de Estatística
População residente N.º, 2006
10 599 095

CIA - The World FactBook
Population 10,676,910 (July 2008 est.)



;))))))

Anónimo disse...

O arredondamento está bem feito, não está?

Cagão ;)

jfd disse...

LOL
Claro que está!
Mas sabes o que me assusta?
É que mesmo com quem para cá vem e com os poucos que nascem, temos crescido tão pouco... Quase nada... :(