segunda-feira, fevereiro 18, 2008

E tudo a água levou


Hoje acordámos com um Portugal diferente: surpreendido pela intempérie, incapaz de responder à tragédia, impotente perante uma chuvada.

Como respondeu o governo? O Ministro da Agricultura saudou a chuva por ter vindo a tempo de salvar as colheitas dos cereais, o Ministro do Ambiente criticou os autarcas por não garantirem a limpeza regular das sarjetas(?!), o PM dá uma entrevista a celebrar os 3 anos que distam da vitória eleitoral e nem uma palavra.

Enquanto o Governo enjeita responsabilidades ou aponta para outro lado temos o país real: com uma chuvada temos Sines sem abastecimento de água, danos materiais que atingem valores ainda por calcular, duas vítimas mortais confirmadas.

Isto com uma chuvada que provoca cheias nos distritos de Beja, Évora, Portalegre, Setúbal, Lisboa e Santarém.

19 comentários:

Anónimo disse...

Na noite passada (Domingo para Segunda) estreou na RTP1 o programa "Depois do Adeus", onde discutiram o problema das cheias em Portugal e as suas drásticas consequências.
O curioso, mas que não tem piada nenhuma, é que passado três horas do programa terminar, o nosso país acordava todo ensopado, todo molhado, quase todo inundado... meio destruído...
Há coisas do destino! E, precisamente alguns dos Presidentes de Câmara presentes no programa que tiveram hoje os seus concelhos inundados.
Com isto, volta-se à mesma questão. Se quem é a culpa??!
X diz que a culpa é de Y... Y diz que a culpa é Z, mas Z diz que a culpa é de X.
Sinceramente: a culpa é de todos!!! Dos governantes, das autárquias, da população em geral... todos têm culpas no "Cartório".........

No entanto,apesar de todos termos culpa... o SRº 1º Ministro deveria-se mostrar mais sensível com o caso.

jfd disse...

Ouvi há pouco o Ministro na RTP, fiquei parvo com as "gordas" que se anunciavam.
Mas depois até fez sentido o senhor...

Depois ouvi o Fernando Ruas. Troca de argumentos com o secretário de Estado...

Enfim, preferiria ter visto e ouvido enfoque no futuro e não o jogo da culpa do costume.

Deus tenha a Alma de quem morreu nesta demonstração da Natureza.

Anónimo disse...

Olá!
Nada acontece por acaso.
Para além da culpa que, nestes casos, invariavelmente é empurrada de uma "capelinha" para outra penso ser de maior importância discutir a forma de compensar as pessoas que vivem do sustento do seu trabalho, as famílias das pessoas que faleceram, tratar os feridos com o maior humanismo/profissionalismo possível e requalificar as zonas que foram atingidas procedendo às devidas correcções das infraestruturas.
Esta descrição parece simples e óbvia. Dahhh!
Não, meus amigos, o hábito em Portugal é sacudir a água do capote e quem sofre os danos que se arranje como puder!
Cumprimentos,
António Costa

Anónimo disse...

Essa é exactamente a parte que me choca: a falta de apoio às pessoas.

Como é que o Presidente da Câmara de Loures ainda não foi falar com os comerciantes?

Como é que não há um plano de apoio a essas pessoas que perderam tudo?

Paulo Colaço disse...

Diz-me o Bruno Ribeiro que a CM Almada foi a primeira do país a adquirir uma bomba para limpeza de valetas, impedindo assim que a Cova da Piedade deixasse de sofrer tanto com as chuvas.

Proactividade! É isso que se exige aos responsáveis.

Mais que deitar culpas é urgente trabalhar!

Como dizia o Zé Pedro Salgado, as histórias infantis servem para dar impulso às novas gerações, fazê-las estar mais à frente.

Ora, todos nós sabemos a história da formiga e da cigarra mas poucos chegam, com tempo, à conclusão que é no verão que se prepara o inverno. Se no verão limparmos valetas e matas, as cheias e os incêndios serão menos violentos...

Paulo Colaço disse...

(nota: eu ia postas sobre isto, mas no psico quem vai ao ar perde o lugar...)

Anónimo disse...

(e devias ter postado colaço. Que eu queria postar sobre a entrevista do Zélélé. Mas isto ainda na tinha sido falado :(

Vasco Neves disse...

É inaceitável o circo que se montou entre as instituições responsáveis. Tanto espetáculo que a culpa acaba por morrer alheia. Mas a preocupação não deverá ser apontar o dedo a possiveis responsaveis politicos, mas encontrar respostas para os problemas que as chuvadas revelaram. Mais, pensem na tragedia que se abateu sobre três familias, e a outras tantas que viram os seus bens serem devastados pelas chuvas. Ficou provado que o planeamento urbanismo tem algumas grandes lacunas quando se trata de situações de emergência e é exigido uma resposta adequada e ajustada dos meios de prevenção e emergência. A mobilidade em Lisboa ficou reduziada a valores inaceitaveis para o funcionamento minimo de uma cidade que reclama o estatuto de capital europeia. Só tenho pena é que as chuvem não tenham alagado nenhuma pista de Jogging má frequentada.

Tânia Martins disse...

As consequências da força da natureza foram muito desmoralizantes. Há falta de apoios para com as pessoas, espaços comerciais arruinados, sem direito a qualquer tipo de subsidio, ao ponto de haver comerciantes a nem sequer querer reabrir o espaço, pessoas desalojadas com a casa a parecer um campo de batalha. As vítimas mortais levadas pelas correntes por falta de condições de um muro. É inadmissível que ninguém assuma qualquer tipo de responsabilidade na falta de administração dos municípios. Só espero que aprendam, não vale a pena poupar no investimento dos municípios, pois quando algo semelhante acontecer, os custos económicos aumentam nas limpezas e nas remodelações e ainda acontece que muita gente inocente paga por acréscimo.

Anónimo disse...

Só tenho pena é que as chuvem não tenham alagado nenhuma pista de Jogging má frequentada.

Touché Vasco, touché!

Vasco Neves disse...

Novo desenvolvimento - Afinal o MAI e a Asso. De Municipios, nem se quer se entendem sobre quem é o responsável pela avaliação dos prejuizos. Só podem estar a brincar! Mas que sensibilidade!! Estou parvo!! As vitimas das cheias devem estar muito entusiasmadas com a troca de acusações e com a constante delegação de responsabilidades e de acções pelas entidades responsáveis.

Paulo Colaço disse...

Vasco, as vítimas das cheias já nem dão ouvidos, tal não é a habituação.

Em todo o caso, se eu vivesse em leito de cheia ou se a minha casa já tivesse sido assolada, as águas não me apanhavam segunda vez (pelo menos no mesmo sítio)

jfd disse...

Falando de cor e assim de repente...

Não será o MAI quem tem de fazer essa contabilização.
Mas sim down-top a começar nas Freguesias e vindo por aí acima. Para que a informação que chegue ao topo seja a mais retratante da realidade possível.

Depois segue-se para a próxima discussão; quem paga?

Eu respondo friamente: os seguros.
E quem não tem?
dever-se-á abrir excepção? Afinal os seguros são obrigatórios! Até onde vai a responsabilidade do Estado?

O Estado deverá proporcionar auxilio a quem não pôde ter acesso à protecção dos seguros por razões que sejam de equidade social.

Mais não sei... vós que dizeis?!?!?

Anónimo disse...

Absolutamente inqualificável! Mas será possível que não há um fundo de emergência nacional em condições, que ajude as pessoas primeiro e deixe as averiguações para as comissões de inquérito?

Está na cara que há uma culpa partilhada, não haverá culpa exclusiva e muito menos excludente.

MarquÊs de Pombal sabia a resposta: tratar dos vivos e enterrar os mortos. Enquanto estiverem à procura do cadáver político vamos perdendo os vivos.

jfd disse...

Né 1000% de acordo com este teu último parágrafo...
Cadáver político é uma expressão muito feliz (tendo em conta...).

Realmente, ontem estranhei a quantidade de policias parados em frente à ETAR... Hoje a quantidade de maquinas que estão ao serviço desta procura...
Estamos a ser desumanos? Não!
Temos de ser eficazes e eficiêntes!
Os recursos são escassos :(

jfd disse...

21 de Fevereiro de 2008, 12:14

Setúbal, 20 de Fevereiro (Lusa) - Mais de metados dos lojistas atingidos pelas cheias na baixa de Setúbal na passada segunda-feira não têm seguro e muitos necessitam de apoio financeiro para reabrir portas, revelou hoje a Associação de Comerciantes.

Segundo Joaquim Milho, a Associação de Comerciantes já contactou cerca de uma centena de comerciantes afectados pelas inundações, mas cerca de 65 por cento não têm seguro e muitos perderam quase tudo, incluindo mobiliário, equipamento informático e os produtos que comercializam.

"Receamos que este número possa aumentar para 80 por cento porque há muitos comerciantes que não têm seguro devido às dificuldades que o comércio da baixa tem vindo a sentir nos últimos anos", acrescentou Joaquim Milho, que apelou à ajuda do governo.

"Esperamos que o Governo encontre maneira de ajudar os comerciantes mais afectados, eventualmente através da abertura de uma linha de crédito", disse o responsável da Associação de Comerciantes.

Em declarações à lusa, Joaquim Milho mostrou-se igualmente preocupado com a possibilidade de ocorreram mais inundações na baixa de Setúbal durante as próximas horas.

"As previsões meteorológicas apontam para mais chuva e esta noite vamos ter uma maré viva, a mais alta do ano, o que nos faz recear um novo cenário de cheias na baixa de Setúbal", disse.

A Câmara de Setúbal também já emitiu um comunicado a apelar aos munícipes para adoptarem medidas preventivas - limpeza dos algerozes e sumidouros nos quintais - face à perspectiva de chuva intensa para os próximos dias.

A autarquia pediu também à população para não estacionar os veículos em caves ou outros locais onde haja risco de inundação, aconselhando os automobilistas a procurarem locais de estacionamento nas zonas mais altas.

Nas zonas tradicionais de cheias, é aconselhável o estacionamento dos automóveis em áreas mais elevadas, evitando-se toda a área a sul da Variante da Várzea e o centro de Vila Nogueira de Azeitão.

Segundo informação da Protecção Civil Municipal, as marés-cheias estão previstas, na sexta-feira, para as 03:39 e as 15:57, e, no sábado, às 04:14 e às 16:30.

O estado do tempo vai piorar a partir de sexta-feira com chuva, vento e trovoadas, contudo será uma situação comum de Inverno ao contrário do que sucedeu segunda-feira com recordes de pluviosidade, segundo o Instituto de Meteorologia.

Para sexta-feira, o Instituto de Meteorologia (IM) está a prever aguaceiros por vezes fortes no Baixo Alentejo e Algarve, com condições para trovoadas.

Em declarações à agência Lusa, fonte do IM disse hoje que durante o fim-de-semana a situação de mau tempo será generalizada a todo o território.

Para sábado e domingo prevêem-se aguaceiros, por vezes fortes, possibilidade de trovoadas, sobretudo no domingo, e vento forte com rajadas que poderão chegar aos 90 quilómetros por hora.

Segundo o IM, esta situação meteorológica deve-se a uma "depressão que se está a cavar entre a Madeira e o continente".

GR/SB.

Lusa/fim

Paulo Colaço disse...

Precaver no Verão para estar seguro o Inverno!
Isto serve para a sobrevivência da Cigarra mas também para a nossa.

Gostei da posta do Jorge sobre os seguros.
De facto, tem a ver com prevenção. As autoridades têm responsabilidade mas nós também temos mecanismos de defesa.

Quem os usa está mais seguro. E eu alvitro: será que as seguradoras podem processar o Estado pelos danos que sofrem devido à incúria dos serviços municipais e centrais?

Dri disse...

Felizmente pelo porto a chuva n me afectou mas este temporal so mostrou que o pais n esta preparado.

Todos os cidadaos afectados deviam agora processar os responsaveis pela incuria destes. Talvez assim a justiça funcionasse em prol dos cidadaos.

jfd disse...

Cheias levam Câmara de Sintra a tribunal

Carro em que seguiam irmãs foi arrastado pela torrente em estrada que não estava fechada ao trânsito
por Nuno Miguel Ropio

O Executivo municipal de Sintra reúne-se amanhã para analisar quais as responsabilidades da autarquia no acidente que provocou a morte de duas irmãs (uma ainda desaparecida), no rio Jamor, em Belas (Sintra), há uma semana, durante a manhã em que se abateu a grande intempérie sobre a área de Lisboa. Só depois o município promete responder publicamente à notícia avançada pelo JN na última sexta-feira, segundo a qual a família de Sara e Zíbia Martins decidiu apresentar uma queixa contra a alegada negligência da Câmara no acidente.

Os representantes das duas irmãs consideram que a autarquia e a Estradas de Portugal (EP) tiveram responsabilidades directas ao não interditarem um troço da EN117, onde durante a madrugada daquela segunda-feira ruiu parte do muro que protegia a via do curso de água, e por onde Sara e Zíbia foram arrastadas dentro do carro. Até ao fecho desta edição não foi possível obter qualquer resposta da EP.

Segundo António Pragal Colaço, advogado da família, o processo está a ser ultimado . A acção judicial só poderá estar concluída nos próximos dias, tendo em conta que só ao início da noite de ontem Pragal Colaço - que também é advogado da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária - passou a ser oficialmente o representante legal da família das vítimas.

"As testemunhas do acidente dizem que avisaram a Sara e Zíbia mas estavam dentro das suas casas. E a Sara já ali tinha passado pouco antes. Para elas não havia perigo. O problema reside no facto de nenhuma autoridade ter referenciado aquele local como perigoso de atravessar", disse, ao JN, Carlos Nunes, o porta-voz da família Martins. Pelo nono dia consecutivo, as buscas pelo corpo de Zíbia, que se mantém desaparecido, regressam esta manhã ao rio Jamor e à Costa do Estoril com 40 bombeiros.

http://jn.sapo.pt/2008/02/26/pais/cheias_levam_camara_sintra_a_tribuna.html