segunda-feira, março 03, 2008

Uma questão de transmissão

Apesar das sessões de esclarecimento nos Centros de Saúde, nos Gabinetes da Sexualidade do IPJ, da Abraço, entre outros, milhares de jovens desconhecem as formas de transmissão da doença.

Uma pergunta se impõe: haverá uma deficiência na transmissão da mensagem?

28 comentários:

jfd disse...

É uma questão da mensagem em si.
Primeiro, não existe uma noção nacional da exisitência de um problema.
Segundo, qualquer mensagem para essa faixa etária é totalmente débil mental e certamente que acerta ao lado.
Terceiro, os senhores jovens poder-se-ão também mexer. O hi5.com todos sabem onde é, enviar sms todos sabem como fazer; consultar páginas do IPJ ou da Abraço para se informarem tá quieto.

dalmata disse...

10 anos experiência, desculpem ser chata, fazem-me ter a certeza de que não é um problema da mensagem nem da transmisão, é um problema de responsabilização.

Atenção que não falamos só de jovens. Também os adultos e os mais ou menos jovens, todos acham que têm direitos e nenhuma obrigação.

o Discurso é sempre o mesmo e não muda: "Eu sei Sra. Enfermeira mas sabe como é, pensamos que só acontece aos outros..." ou "Como é possível? Não podia imaginar que aquela pessoa estivesse doente..."

Não, não sei como é, mas sei que cada vez mais, os jovens e não só, tendem a viver rapidamente, muitas coisas e sempre com a maior intensidade possível... A dada altura aparece a factura.

O problema é que quando aparece a factura temos de culpar alguém, neste caso é mais confortável que o bode expiatório seja a mensagem ou a forma de transmissão.

Não é à Tuga, infelizmente é mais humano do que pensamos.

jfd disse...

Dalmata, o meu ponto terceiro vai de encontro à tua questão de responsabilização. Estamos de acordo.

Mas! A mensagem que se passa neste país aos jovens no que toca a muita da comunicação de prevenção, muitas das vezes, roça o ridículo. O inexplicável...
A única experiência que tenho foi ter sido (!) jovem, e ter sentido na pele as tentativas de me tratarem como incapacitado mental.
O paternalismo das mensagens por vezes era mesmo contraproducente!
:P

Anónimo disse...

O problema tem de ser da transmissão. Aqui no blog, o post mais comentado não era até por causa da forma de transmissão do HIV? Até jovens informados como vocês mostraram um grande desconhecimento sobre esse assunto...

Anónimo disse...

O problema tem de ser da transmissão. Aqui no blog, o post mais comentado não era até por causa da forma de transmissão do HIV? Até jovens informados como vocês mostraram um grande desconhecimento sobre esse assunto...

Margarida Balseiro Lopes disse...

É verdade que o problema não é novo. Também é verdade que há mais informação do que em 1982, quando foi diagnosticado o primeiro caso de sida em Portugal. Mas será a suficiente?

Ao longo de 12 anos, apenas as disciplinas de formação cívica e ciências naturais me trouxeram alguma da (pouca) informação que a escola me deu sobre educação sexual (ou para a sexualidade, com alguns lhe preferem chamar), designadamente, no que toca a doenças sexualmente transmissíveis. Bastará? Claro que não. Continuamos a ter a par dos, preocupantemente, crescentes casos de infecção, elevadas taxas de gravidezes na adolescência, sem que se dê a devida atenção ao problema. Claramente, os inúmeros ministros da educação não fizeram o “trabalho de casa”.

Caro António Pessoa, folgo em saber que nos acompanha atentamente. O “post” Filadélfia (2º mais comentado do nosso blog) gerou um número avassalador de comentários, creio que não tanto por desconhecimento mas por uma naturalmente diferente hierarquia de valores.

Concordo absolutamente contigo, Dálmata, quanto à nossa falta de responsabilização. Mas, e considerando a tua experiência, o que se poderá fazer para inverter este paradigma? Será já um problema crónico, demasiadamente enraizado, para o qual não haverá solução?

Anónimo disse...

Este post vem de encontro com a questão presente no "«Meu Deus, meu Deus; porque me abandonaste?»" - a concessão disparatdada de liberdade aos jovens, sem a responsabilidade que a fundamente.

Estamos a tentar remediar com pensos rápidos uma ferida aberta que vai crescendo. Dizemos "usem preservativos", "protege-te", mas será que alguém (a nível nacional e não nos meios conservadores "mais para a direitinha") teve a coragem para apontar o dedo ao grande responsável por todo este problema?
Novamente, a culpa é desta mentalidade distorcida, em que há sempre remédio para a irresponsabilidade.
Temos sempre recurso e segunda fase para todas as trapalhadas que vamos fazendo.
A sexualidade é levada de ânimo leve pela grande maioria de jovens, (e não só), como um acto normal que decorre desta busca louca por emoções fortes. Vamos ficando dormentes ao que nos passa, vamos perdendo o contacto com o que é de sublime e discreto. Mergulhamos mais fundo numa onda intensa de (peço desculpa o cliché) sexo, bebida e drogas, e uma televisão que nos bombardeia de imagens chocantes que nada nos dizem, para conseguir sentir alguma coisa. O volume da música vai aumentando, e quase nem sentimos a diferença.
A velocidade crescente com que tudo se tem passado é que me assusta: se o quebrar as regras de há cinquenta anos para uma menina de 17 passava por andar de carro com o namorado sem que os pais soubessem, há vinte cinco seria passar a noite em casa dele, o que é hoje?
Há uma necessidade imperativa por rebeldia, faz parte de crescer. Mas numa sociedade que idolatra a juventude, o rebelde torna-se num mero normal, e temos sempre de aumentar a fasquia.
Estamos a ser violados com este bombardeio de emoções fortes, e ninguém se insurge. Chamem-me de conservadora neste caso, que eu aceito. Querendo conservar o que é de mais precioso no Homem, que é a sua sensibilidade.

Onde entra o HIV nisto tudo?
É a consequência mais directa e visível, simplesmente. Sem querer soar apocalíptica, o HIV é o comprovativo de toda a sociedade amoral em que nos tornámos.
Precisamos de limites, precisamos de uma prevenção eficaz - não uma que remedeie o mal que já está feito (uma sexualidade louca), mas sim de linhas de conduta que permitam torná-la saudável.
A educação sexual não pode ser simplesmente uma ensaboadela rápida em formação cívica e ciências naturais, como diz a Margarida. E visto que nem sempre podemos confiar no ambiente familiar para que doutrine os jovens nesta matéria, há que guardar mais espaço dentro destas disciplinas (ou noutras) para que se aprofunde a sexualidade.
Só com uma educação responsável é que se exerce uma verdadeira liberdade.

Anónimo disse...

Penso que faltarão alguns dados estatisticos que poderiam tornar este tema ainda mais interessante mas na minha opinião o problema reside mais na ignorância e na irresponsabilidade do que na informação concedida. Gostaria de saber de que forma tem evoluido a situação no nosso país e qual a situação no contexto da união. É curioso que este não é um problema exclusivamente de paises de terceiro mundo, ao contrário do que muitas vezes assumimos. Recentemente ao folher uma revista semanal deparei-me com uma noticia no minimo surpreendente: Uma das cidades industrializadas com maior % de casos de HIV é Washington DC, onde se estima que cerca de 1 a 2% da população seja portadora desta doença!!Dá que pensar e gostava que os psicos formulassem uma ideia sobre estes dados. Cara Francisca, tenho ficado muito bem impressionado com os seus comentários, é uma mais valia para o post. No entanto, não julgo que a sociedade esteja a caminho do abismo, é certo que certos valores e o conceito de respeito tem sentido grandes alterações de geração para geração, contudo a História demonstra que tudo isto são ciclos. Temos como exemplo a revolução cultural que se assistiu nos Estados Unidos na década de 60.

jfd disse...

Heys Bahia, Washington DC é case studie nos EUA de muitos maus resultados em vários sentidos. Lembro-me assim de repente da quantidade de população negra que não tem condições de vida decentes. Da famosa reportagem do 60 minutos da escola sem janelas. Do escândalo do Hospital Salter Rede, onde veteranos desmembrados conviviam com ratos e afins... Isto para dizer que não é exemplo nenhum o facto de ser Washington DC!

O post Filadélfia foi realmente muito comentado, muitos de nós demonstramos que temos muito a aprender. Muitas mentes têm de ser abertas, ainda há muitos preconceitos! E aí claramente o problema não reside na mensagem nem na sua transmissão mas sim nos receptores.

Cara Francisca... Há 25 atrás, caminharíamos para o abismo quando se sabia, calcule-se que fulana já passeava no carro de sicrano (a audácia). Assim como daqui a 50 caminharemos de novo para o abismo. Hoje em dia são as drogas, as saídas, as bebedeiras, e tudo e tudo.
Estaremos sempre a julgar os jovens, pelos nossos limites. É a lei da vida. Todos temos o nosso lugar.
Temos de perspectivar e relativizar as coisas , a meu ver, claro está.
A Francisca dá ao HIV um cunho de castigo divino:
Onde entra o HIV nisto tudo?
É a consequência mais directa e visível, simplesmente. Sem querer soar apocalíptica, o HIV é o comprovativo de toda a sociedade amoral em que nos tornámos.

Ora mais católico que eu seja, tenho dois dedos de testa. E é contra este tipo de pensamento retrógrado e desumano que temos de lutar e temos de nos afastar. Pois só um fundamentalismo cego justifica um Vaticano que faz fé de espalhar por um Continente Africano dizimado por este flagelo (que você justifica pelo amoralismo da sociedade), com a doutrina do não uso de preservativo.
Ora faça-me o favor!!!
O sexo é bom!
A sexualidade pode ser mais que louca.
As pessoas têm é de ser responsáveis.
E isto não tem que ver com morais nem divindades.
Enquanto a mensagem continuar a ser deturpada com ruído deste género, nunca será clara a ponto de ser perceptível pelo que realmente vale e interessa.

Anónimo disse...

Ó JFD, acho que a ideia da Xica não era essa. Ela mesmo introduziu a ideia de exagero.

Grande malha Margot e óptimo desenvolvimento Xica!

Não pensemos só em Portugal: no mundo há um novo infectado a cada oito segundos e temos certa de 40 milhões de infectados (uma Espanha).

Não registei qual era a base, mas há cerca de um ano vi uma estatística que me surpreendeu: a faixa etária onde se assiste a maior taxa de infecção é nos mais de 50 anos, género masculino.

Quanto aos jovens: 64% dos adolescentes portugueses iniciam a vida sexual aos 14 anos e 16% dos jovens sexualmente activos admitem esquecer-se do preservativo.

Eles devem ir à busca, é verdade, mas o Jorge tem razão quando fala nas campanhas para débeis mentais que as nossas instituições promovem.

Paulo Colaço disse...

Nenhuma geração é boa aos olhos da geração anterior.
Somos todos uns “sacaninhas perversos” que rompem tabus, quebram regras, estragam o que de melhor tem a alma humana.

Proponho que a nossa seja a última geração! Que depois de nós venha o dilúvio! Tragam mais uma das monumentais enxurradas com que o Altíssimo costuma punir os homens e mulheres que Ele, num ímpeto tresloucado, fez à Sua imagem.

jfd disse...

Né não conheço a "Xica", e a minha resposta está em linha com o meu pensamento e com as palavras dela.
Mesmo que fosse do meu conhecimento, as palavras continuam a ser as mesmas! Não faço descontos, nem acrescento :)
Temos que ser consequentes com o que escrevemos.

Como por exemplo te vou pedir explicações bem explicadas no que toca a isto:

Não registei qual era a base, mas há cerca de um ano vi uma estatística que me surpreendeu: a faixa etária onde se assiste a maior taxa de infecção é nos mais de 50 anos, género masculino.

:)

Quanto às percentagens, convém citar as fontes.
A Abraço terá números diferentes da Comissão Nacional por força das politiquices e das "agendas" que cada uma quer impôr na ordem do dia.

jfd disse...

Lol Paulo Colaço!

Deus queira que não sejamos nem de longe nem de perto, os últimos!

Inês Rocheta Cassiano disse...

O HIV é uma realidade em crescimento assustador. Também por mais católica que seja, não é esta condição que me impede de distinguir duas situações:
- nas sociedades desenvolvidas, a informação existe (pode muitas vezes ser insuficiente e deficiente, é certo). Quem quer estar informado, tem meios para o conseguir. E faz as opções que a sua consciência dita.
- por exemplo, no continente africano, não é um problema de informação nem de uma sociedade amoral. Pura e simplesmente falta tudo e os recursos são escassos. As pessoas lutam todos os dias para sobreviver. É um problema de saúde pública.

Eu só pergunto, será a Educação Sexual nas escolas meio proliferador suficiente para diminuir as assimetrias de informação? Terá esse efeito?

Margarida Balseiro Lopes disse...

Inês, tendo em conta que a escolaridade mínima obrigatória é agora até ao 12º ano, a "proliferação" de informação ajudaria bastante. Não defendo a criação de uma disciplina para o efeito. Mas que a questão seja seriamente tratada pelas que o deviam fazer, como as Ciências Naturais ou a Formação Cívica.

Ainda há professores com pruridos em leccionar estes conteúdos. Se não há professores habilitados para o efeito, recorram aos Centros de Sáúde (os que ainda se mantiverem abertos), ao gabinete do IPJ, etc.

Margarida Balseiro Lopes disse...

Pelo que percebi, Jorge, também és da opinião que há uma "deficiência" na transmissão da mensagem. Mas de que forma informar os jovens, sem cair em "paternalismos"?

jfd disse...

Oh Margarida! Aí está a resposta dos 10 milhões de euros!!! Sabe lá a minha pessoa a resposta para tal problema...
Gostava muito que essa parte importante da formação cívica e pessoal das crianças e jovens, fosse feita pelos pais, nos seus grupos como a catequese, os escuteiros, grupos de intervenção cívica. Seilá. Estarei a divagar? :)
Pode o Estado, como Estado, ser responsabilizado por tudo?

Anónimo disse...

Não é uma questão de conhecer... lê o que ela escreveu Jorge. Ela fala de perda de valores e da necessidade de prevenção, não de abstinência. E faz a ressalva de não querer ser apocalíptica. Mas é uma questão de estilo e vontade de interpretação. Não me cheira a beatismo nem a cartilha do Vaticano.

Eu não te posso explicar melhor a sondagem: lembro-me do dado estatístico. Se quiseres verificar, faz-te à estrada ;)

jfd disse...

LOL verificar não quero, mas em todo o caso, "soa-me" a estranho ;)
A estrada é longa e hoje tou de gripe :)

Quanto ao comentário da Francisca, e à minha resposta, o primeiro foi veiculo para o segundo, reflectindo o segundo ideias não trazidas a lume pelo primeiro.
Falei no Vaticano, não a Francisca.
Mas não há aqui defensores nem defendidos, nem atacantes nem atacados. Trocas de opinião. Simples, puro e duro. E gostaria de a ver defender a sua posição.
Pois a semântica pode ser um bom alibi! Também eu escrevo muita coisa que quero dizer, começando com um singelo "Não gostaria de pensar que..."
Vide comentários ao cartaz da Madeira ;)

Anónimo disse...

Caro JFD,
Visto que estamos a trocar opiniões, deixe-me que o elucide quanto ao meu ponto de vista, que aparentemente não me expliquei bem.
Em primeiro lugar, o comentário seguiu a ideia do post inicial que fala sobre uma deficiência na transmissão da informação sobre o HIV em Portugal. Em Portugal, não em África. São realidades completamente diferentes. E mais que não fosse, a Igreja não iria abrir uma “excepção”: se é contra a utilização do preservativo, é para todos. Se formos a pensar bem, quem dá ouvidos à Igreja Católica no que se refere aos preservativos também seguiria as outras doutrinas e dogmas – nomeadamente o da monogamia e da castidade – logo, a questão da propagação do HIV não teria um impacto assim tão grande, com a redução drástica dos parceiros sexuais (que, mais que a falta de protecção, é naturalmente o principal responsável pela difusão do HIV em larga escala). É tão fácil como culpar o Governo de tudo e mais alguma coisa, mas nem sempre se pode apontar o dedo a Roma.
Atente noutro facto: não falei de Deus nem de Vaticano, tão pouco de abismos, no meu primeiro comentário.
Seguidamente, diz que «(…)temos de perspectivar e relativizar as coisas(…)». Relativizar as coisas não é o mesmo que cair num subjectivismo acérrimo em que tudo se desculpa por ser fruto do seu tempo. Se assim fosse, como explica todos os desenvolvimentos sociopolíticos da História, concretamente o triunfo das ideias humanistas dos séculos XVIII e XIX? É por nos insurgirmos contra os males da sociedade, cada um em seu contexto espácio-temporal, que o Mundo progride!
Concorda comigo e com o/a Dalmata quanto ao facto de este ser um problema que assenta na falta de responsabilidade. Como pode então a dizer que não tem nada a ver com moralidades? Tem tudo a ver com moralidade! Não tem evidentemente nada a ver com divindades – mesmo sendo católica concordo plenamente – mas a moral não é necessariamente moral cristã, de todo. É um conjunto de princípios básicos pelos quais nos devemos reger para viver em sociedade. Sem eles, não há nada, nem se pode falar de direitos e deveres, de responsabilidades ou sequer de comunicação (que é o ponto central do post da Margarida).
Note também que utilizei termo "sociedade amoral", e não "sociedade imoral". São situações distintas, (ainda que primeira anteceda a segunda). A amoralidade é uma noção exagerada, que contudo retrata esta despreocupação para com orgânica espiritual, para com normas tão inatas ao Homem que ultrapassam credos e fronteiras. Não é a perda da influência do catolicismo que me revolta; é a facilidade com que passámos da ideia de liberdade de consciência e de Estados laicos para sociedades exclusivamente materialistas que abominam tudo o que ultrapasse o visível. O bem-estar das pessoas requer mais do que matéria.

«O sexo é bom!
A sexualidade pode ser mais que louca.
As pessoas têm é de ser responsáveis.»
Não disse nada que o contrariasse. O problema é quando a sexualidade se banaliza, quando algo que é óptimo desce para o patamar do que é “normal”, e (por pior que seja a comparação) ter uma relação sexual se torna “no mesmo que beber uma imperial”.
Deturpar as coisas verdadeiramente é não tratarmos do mal pela raiz, e cairmos neste – agora sim – abismo, de irresponsabilidade, de conformismo, em que tudo se remedeia e soluciona sem qualquer sequela. Ainda que nem sempre o sejam, a grande maioria dos casos de HIV reflecte uma conduta sexual desviada e irresponsável, aonde os parceiros se multiplicam, não há cuidado com a protecção, ser haver uma mínima preocupação com as consequências. É a cultura do “agora”, do “Segue o que Sentes”, das emoções fortes. O perigo dos excessos é que temos a tendência para nos habituarmos a eles - daí a minha crítica ao estado dormente em que nos encontramos.

O HIV é um preço, sim, demasiado alto a pagar por esta nossa fraqueza humana. Mas que fazer? Evitá-lo, certamente. Ter uma estratégia de prevenção baseada na responsabilidade, consistindo a transmissão eficaz de informação (que enfrente diversos obstáculos, nomeadamente o preconceito) a nossa maior arma contra este mal de hoje. Fácil é falar, as mudanças dos hábitos inconscientes de uma sociedade não se verificam de um ano para o outro. Requer toda uma mudança da mentalidade, lenta e aprofundada.
Continuaremos pois, a tentar passar a mensagem, sem cair no paternalismo, nos pudores exagerados, no tão habitual medo da própria informação; sem que ela se perca no ruído medieval e retrógrado de que o JFD fala.


Paulo Colaço; ainda que tenha achado o seu comentário hilariante, espero que não esteja a sério. Continuo a acreditar no Progresso, e que só temos tendência para nos aperfeiçoar. Dilúvios? Eles que venham. Da próxima, estaremos preparados.

jfd disse...

Francisca! Obrigado pela sua resposta!
A sua eloquência e facilidade na argumentação escrita tornam os seus comentários deliciosos, e fazem da troca de pontos de vista consigo um exercício muito estimulante!
Não lhe poderei responder, para já, com o devido tempo e atenção, mas não poderia deixar de lhe dizer isto. Li-a com muita atenção e cuidado, e também com um sorriso:)

A sua nota para o Colaço, muito boa! E Estaremos preparado sim LOL.

Cada vez gosto mais deste blog!!!

Francisca Soromenho disse...

JFD, obrigada eu pelo feedback e fico esperando uma "resposta decente" :).

Faço das suas palavras minhas: Cada vez gosto mais do psicolaranja.

Dri disse...

A deficiencia nao esta na transmissao mas na responsabilidade de cada um. Hoje em dia, os jovens sao mais informados do que eu seria na idade deles porque hoje em dia a informação e a disponibilização desta é muito maior.
Agora, para alem disso, também há uma banalização das relações e talvez isso contribua para a situação de muitos jovens hoje em dia.

Tânia Martins disse...

Acho que o problema não é a transmissão da mensagem, nem o seu conteúdo. As campanhas de sensibilização são sempre bastante realistas e o seu conteúdo é totalmente atingível. O problema é que estamos perante uma sociedade que só acredita no mal dos outros, refutando a hipótese de lhes acontecer a eles próprios, uma sociedade que embora seja inteligente opta por ser ignorante para entrar na via mais fácil, esquecendo-se depois que o caminho a seguir se torna bastante mais complicado. A mensagem é perfeitamente compreensível, porém os receptores da mensagem é que não a querem compreender. São opções!

Anónimo disse...

Parabéns pela escolha do tema.
Parabéns a todos pela clareza e pelo conhecimento que denotam ter sobre o assunto.

Também eu tenho para mim, tal como alguém já referiu no Blog que não se trata de transmissão mas de responsabilização.
E sim, podemos ser todos responsabilizados pela propagação. Atentem na leitura da última revista SABADO. Verifiquem com que leviandade se proporcionam locais para ter relações de risco, no caso, de homoxessuais mas até poderiam não o ser. A sida pode não ser uma doença especifica de grupos de risco mas não tenho dúvidas de que, o comportamento individual determina uma maior ou não exposição ao risco.
Não creio que essa exposição tenha como desculpa falta de informação, é, e, reforço uma questão de atitude.
È certo que a nível de prevenção as acções não passam além de uma distribuição de preservativos, de seringas e panfletos. Muito mais poderia ser feito se não estivessemos no país do faz de conta. Andam (quem manda) a fazer de conta que combatem este flagêlo.
Por exemplo, a nível de educação e das acções nas escolas: é razoável distribuir preservativos em escolas onde a média de idades é de 13 anos? Qual a eficácia desta medida? È suposto que as nossas crianças precisem de preservativos? E as aulas de educação sexual ou de sexualidade como são orientadas? Por acaso ajudarão os nossos jovens a desenvolverem competÊncias a nível de sensibilidade e dos sentimentos e a verbalizarem esses mesmos sentimentos? A criarem laços de afectividade com o outro para a partir daí passarem ao campo das emoções fortes já aqui referidas neste blog?
Penso como a Francisca, chamem-me conservadora nesta matéria, posso bem com isso.
Continuando nas medidas de prevenção no país do faz de conta. Refiro a medida adoptada, penso que, por agora só num estabelecimento presional, o de Paços de Ferreira e que consiste em distribuir seringas pelos reclusos. Qual a eficácia desta medida?
Nem me quero pronunciar sobre a hipocrisia da medida pois se por um lado proibem o consumo de droga como é que tomam medidas para que o consumo se faça em segurança?! Nem me quero pronunciar sobre o facto de, os reclusos, de posse de uma seringa infectada terem uma poderosissima arma que poderão usar para pôr em perigo a segurança. Como disse, não vou perder tempo com estas ambiguidades mas questiono: qual o recluso que vai pedir troca de seringas sabendo que, na primeira oportunidade vai ter a cela virada do avesso na tentativa de encontrarem o tal produto e sujeito a interrogatórios sobre onde e a quem comprou o dito? Para que serve realmente esta medida?

Anónimo disse...

Cidália,

permita-me que lhe realce um dado: 64% dos jovens portugueses começam a sua vida sexual aos 14 anos. Não é de todo despropositado a distribuição de preservativos.

Dados:
Lembrei-me, na releitura dos comentários, que tenho dados sobre a condição portuguesa no que toca aos jovens. Desde 1999 que o número de jovens portugueses infectados desce acentuadamente.

Mais de 60% das infecções deve-se à toxicodependência e não à luxúria. ;)

Enquanto que no género feminino são as jovens as mais infectadas, assim não é no sexo masculino (mais um dado na linha da estatística que não me lembro onde vi).

Tudo isto pode ser lido no relatório A condição juvenil portuguesa na viragem do milénio que colige muitos dados estatísticos relativos à juventude.

jfd disse...

Francisca, perdia a embalagem!
Sorry!

Cidalia welcome back ;)

Anónimo disse...

Mas ó Jorge, não te preocupes que tens amigos para te dar um empurrãozinho.

Não me digas que vais deixar a discussão assim?