terça-feira, março 04, 2008

Power-Point prá'qui, Power-Point prá'li!


O Partido Socialista convocou para dia 15 de Março (Porto) um grande comício de apoio ao Governo. Há muito que passámos do país surreal para o país irreal de Sócrates; assistimos agora à criação de uma bolsa asséptica e acrítica, em que todos amam o PM e o reconhecem como o Grande Arquitecto.

O Partido Socialista sentiu a necessidade de convocar esta manifestação pró-governo por estar a sentir-se incomodado com a contestação social. Mas não merecem as pessoas maior respeito pela sua indignação? Deve o Governo combater a contestação com a guerra dos números? Iremos assistir ao mesmo espectáculo que vimos em Lisboa na vitória de António Costa, em que idosos de visita a Mafra foram desviados para a frente do Altis e nem sabiam o que se passava?

A verdadeira força de um Governo, a legitimidade de um Governo, advém das urnas e ganha novo fôlego nas urnas. A manifestação popular vem das pessoas, não do aparelho partidário. O Governo não ganha nova legitimidade, não ganha nova força, ganha mais umas fotos para lançar um power-point. Mas durante quanto tempo poderemos viver no país do power-point?

35 comentários:

Anónimo disse...

Essa do "Grande Arquitecto" além doa alcance imediato merece referência sobretudo depois dos projectos assinados pelo sr. Pinto de Sousa na Guarda...

Ganda malha!

No Porto vai aparecer gente do país inteiro pronta para aplaudir o chefe da nação sequioso por um banho de multidão que o faça pensar que há quem apoie a sua política.

E não é que há mesmo!! Sim, é verdade! Há muita gente a comer à conta e outra tanta iludida pela magia das apresentações e pela forma ardilosa como os números são apresentados.

Viva o Marketing, Viva a Mentira, Vivam os Banhos de Multidão, Viva a Cos mética Política, Viva o PS e Viva Portugal!

Songoku

Filipe de Arede Nunes disse...

Subscrevo o post e o comentário anterior.
Acredito que uma manifestação em prol deste governo terá sempre uma amplitude significativa.
Começo é a lembrar-me de outros exemplos que populam por outros países onde a democracia é um conceito estranho...
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Bruno disse...

Confesso que, quando vi o título deste post, pensei que fosse sobre o debate de ontem ;)

Sobre o tema lançado pelo Né, acho que é legítimo o Governo usar as mesmas armas. Se se convocam manifestações contra o Governo e se enchem dezenas de autocarros, pagos com dinheiros partidários (isto é o que eu acho, mas confesso que não tenho provas), o PS poderá fazer a mesma coisa.

Depois, cada um faz as coisas de acordo com a dignidade que pretende ou não manter. O triste espectáculo da noite lisboeta à porta do Altis foi sinónimo de uma coisa mal organizada e que ostrou bem a política de fachada deste Partido Socialista.

Como é óbvio, mas eu não posso deixar de o dizer, o que Sócrates e seus pares deviam fazer era preocupar-se em trabalhar mais e melhor, em explicarem às pessoas, de uma vez por todas, afinal o que querem para o país e em conseguirem resultados porque já vai sendo tempo disso.

Se ele precisar de ajuda poder perguntar ao senhor do Palácio de Belém como é que se faz. Mas mesmo esse também chegou a uma altura em que caiu...

jfd disse...

No meu humilde ponto de vista, e do ponto de vista do puro marketing politico, temos é uma grande dor de cotovelo. Como já disse e repito, estamos perante uma excelente habilidade politica e nova forma de chegar às pessoas. Seja com o conteúdo certo ou não, a forma é 100% eficaz. Como podemos, infelizmente, constatar.
Como oposição, deveríamos combater a raiz da situação e não continuadamente, perder o nosso precioso tempo atacando a forma do Governo de fazer política.

Respondendo, o país vai viver dos PowerPoints enquanto a oposição dominante deixar que tal aconteça...

Penso eu de que...

Paulo Colaço disse...

O Governo tem toda a legitimidade de organizar uma manifestação de apoio mas, convenhamos, é de gargalhada.

A continuar assim, ainda veremos Sócrates a organizar a sua própria festa de anos surpresa...

Diogo Agostinho disse...

O governo tem toda a legitimidade certíssimo!

Mas isto é um sinal que estão fracos. Que estão a perder o controlo e não percebo a "dor de cotovelo" que deveríamos ter deles!

Quem ganha ou perde eleições são os Governos! Ponto! Sempre foi assim e será!

Este começou o seu processo! Convocar comícios em plena legislatura é denotar que se sentem sós, que não encontram o carinho do povo português!

É o ínicio do fim! Se não dermos tiros nos pés, ou sobretudo não existirem iluminados a trocar de moeda e a fazerem apostas!!!!!!

Margarida Balseiro Lopes disse...

Concordo com o Jorge e com o Bruno. É perfeitamente legítimo que o PS faça uma “contra-corrente”. Pode ser anedótico, mas o que serão as já banais manifestações que todos os meses juntam milhares de trabalhadores numa “frente comum”?

Não me parece que o governo esteja fragilizado, aliás continua claramente à frente nas sondagens. A ministra da educação é uma espécie de “bobo” da corte, o que até dá jeito a Sócrates e aos seus “boys”.

Mas, admitindo que esta seja um acto de manifesta debilidade do PS, que se sente na necessidade de recorrer a esta forma tão corriqueira de fazer política, impõe-se uma questão: o PSD teria esta capacidade de mobilização? Responderiam os militantes ao repto “anda vem daí”?

Diogo Agostinho disse...

"anda vem daí
tras mais 10,
junta a tua voz a nossa voz,
e vamos cantando"

Dina

Hino do CDS

jfd disse...

Talvez tenha exagerado: EU É QUE TENHO dor de cotovelo pronto.

Realmente não entendo como é o inicio do fim, gostaria de ver este ponto de vista elaborado...

Mesmo quando o PSD estiver desmotivado e cinzentão, eu lá estarei para segurar uma bandeira, para estragar mais algumas cordas vocais. Mas! Isto não pode ser cego. Tenho de acreditar que existirá ainda um rumo, uma meta, um futuro. E é isso que vejo. Mas tenho os pés no chão! É preciso trabalho.

Margarida Balseiro Lopes disse...

"Nós somos um rio
Que não vai parar
É um desafio, crescer trabalhar
Anda vem daí junta-te a mim
Fazer um país, eu vou dizer sim"

Talvez a 2ª música mais ouvida em congressos do PSD! ;)

jfd disse...

Onde canta um portugês, cantam logo dois ou três ;)
Claro que a mais ouvida só poderá ser o Hino Nacional :)

Diogo Agostinho disse...

Acho que é o início do fim!

O Governo Sócrates em 3 anos já fez muitas asneiras! Muitas!

E sobretudo mudanças d políticas! Mudanças de Ministros! Acho que a Ministra da Educação não dura muito, e agora o Sec Estado Valter Lemos a criticar a política de Educação do então Ministro Augusto Santos Silva, hoje Ministro dos Assuntos Parlamentares!

Isto não são trapalhadas?

Quantas mais vamos assistir?

Eu acho e volto a referir os Governos caem nunca assisti uma oposição chegar lá! O PSD tem que se unir!

O rumo é ser governo dentro em breve! E tem que lá chegar e saber o que quer! Aí concordo: trabalho! Até lá cerrar fileiras!

jfd disse...

Percebo-te Diogo!
Mas também não podemos ser irrealistas!!! O que interessam esses assuntos que enuncias para quem vota? ZERO.

Enquanto estivermos todos fechados num filme de autor que nunca terá fim, o PS continuará no seu blockbuster e o povo que vota continuará a comprar pipocas, c#$%”do-se de alto para a Cinemateca. LOL

Temos de ter mensagem. Objectivo. E então trabalhá-los tendo em vista as metas que referes.

Diogo Agostinho disse...

Então estamos de acordo que Sócrates pode cair!

A mensagem tem de ser directa e resolver os problemas do dia a dia!

Aí sim com os tais gabinetes de estudo abertos à Sociedade Civil, organizados por temas e areas! Ouvir as pessoas! Os técnicos, o PSD tem que parar e ouvir! Depois concluir! 2008 devería ser assim! No fim uma especie de Estados Gerais com conclusões! Mas com o PSD a apoiar! Sem ninguem excluido! Sem ninguem a ponderar o seu futuro!

Nós temos os melhores quadros do País! É preciso utilizá-los e mostrá-los ao povo!

Paulo Colaço disse...

Sente-se, nestes comentários, o aroma da motivação!
:)

jfd disse...

É assim do género agridoce...
:)

Bruno disse...

jfd disse...

Enquanto estivermos todos fechados num filme de autor que nunca terá fim, o PS continuará no seu blockbuster e o povo que vota continuará a comprar pipocas


Grande trocadilho, Jorge!

Bruno disse...

De acordo com o rumo que a discussão está a tomar, gostava de dizer que nem o PS/Sócrates são imbatíveis nem o PSD tem mostrado chama suficiente para se atirar ao Governo em 2009.

Falámos aqui de união mas eu acho que Menezes não tem o partido unido. É óbvio que ainda teremos que lhe dar tempo pois terá que construir o seu percurso. O PSD sempre teve líderes muito contestados e muita gente a "mandar o seu bitaite". Isso não significa forçosamente falta de união mas poderá significar.

O caminho faz-se caminhando e até às Legislativas veremos como vai ser. Eu... estou cá! Como sempre.

Filipe de Arede Nunes disse...

Alguém aqui dizia que não se pode ser cego.
Não sou do PSD porque sim. Embora me reveja na sua cultura política não posso deixar de ter obrigação de discordar quando isso acontecer. Nenhuma obrigação existe no sentido de apoiar independentemente das políticas e das pessoas.
Não me revejo neste PSD de Menezes, nem me sinto motivo a trabalhar com e para essa pessoa.
Seja como for, aqueles que acreditam, não deixem de levantar bem alto as vossas vozes...
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

jfd disse...

O Filipe toca num ponto muito importante... Este PSD de Menezes... Então, não foi há pouco tempo em Aveiro, ou lá onde foi, que, grosso modo, se passou a mensagem; ou estão comigo ou contra mim?
Ah pois é!
Mas pronto Filipe, temos de por as nossas diferenças de lado! e da união ... cliché!
Olha eu e tu... Temos uma ideia de Europa completamente diferente, mas aposto que no que toca ao PSD podemos estar muito mais próximos...
Este nosso PSD vive muito disto; troca acalorada de ideias...
Também não convém dramatizar, e contra mim falo, mas também convém dar importância, e contra mim falo de novo...
Pronto... dor de cabeça...
Que fazer?!!?!??!

Anónimo disse...

Um Governo que convoca uma manif de apoio está mal: lembram-se de Spínola?

Podemos não ter a melhor estratégia para lá chegar, é verdade, mas não podemos dizer que neste ponto eles estejam a ser inovadores ou que este seja um sinal de força.

Um Governo forte é o que governa, contra ventos e marés, e é escrutinado nas urnas. Onde é relevante!

Não pede aos amigos para virem a público fazer-lhe festinhas na cabeça: isso é o Calimero.

Eu próprio disse que funciona, e funcionará bem! Mas é um sinal.

Tal como é um sinal que, até Fevereiro, tínhamos vindo a subir nas sondagens sem fazer muito. As pessoas procuram-nos. O caminho que o PSD segue é outra questão ;)

P.S. Compreendo o Filipe. Já me senti mais motivado e já me identifiquei mais com o actual líder. Mas quando sou chamado a servir vou à luta. Posso não me identificar, mas nunca um dirigente me pode acusar que não cooperei desde que me identifique com a causa. O resguardo é o trabalho de casa que vou fazendo, em que acredito que vou construindo um PSD com que me identifico a 100%.

Anónimo disse...

"Deve o Governo combater a contestação com a guerra dos números?" Não. Deve é guardar o "Power Point" na mala e começar a trabalhar com seriedade, para criar a melhores políticas para Portugal, coisa, que o Partido Socialista e este Governo tarde ou nunca irão fazer.
.
"Iremos assistir ao mesmo espectáculo que vimos em Lisboa na vitória de António Costa, em que idosos de visita a Mafra foram desviados para a frente do Altis e nem sabiam o que se passava?" É o mais provavel. Pois com a crise social que o país atravessa, nem os militantes do PS se sentirião motivados a aplaudir José Sócrates, quanto mais a irem ao Porto. Espero que os media tratem de perguntar, se os apoiantes do comicio do PS são militantes, simpatizantes ou se por outro lado, foram literalmente desviados ou "raptados" de uma passeio de autocarro com outros velhinhos, a uma das demais belas regiões lusas.
.
"Já me senti mais motivado e já me identifiquei mais com o actual líder. Mas quando sou chamado a servir vou à luta." Faço tuas, as minhas palavras Nélson.

Anónimo disse...

Olá!
Independentemente da "calimerização", nem o PS está tão fraco nem o PSD está tão pró-activo.
Os valores publicados nas sondagens (apesar de se saber da "margem de erro" que lhes pode estar associada) mostram que apesar de todas as manifestações (pagas com dinheiro da oposição ou não), da situação calamitosa que atarvessa alguns sectores vitais da sociedade portuguesa e outros factos quase hilariantes, o partido do governo segue +/- confortável na liderança!
Neste cenário não seria expectável um valor mais baixo na popularidade do líder e do partido que o apoia?
Em Espanha, Zapatero tem alguma vantagem sobre a oposição, o país esteve "imparável" em vários domínios e indicadores durante o seu tempo de mandato e ainda assim a vitória nas eleições de Domingo não é um dado adquirido.
Bem sei que Espanha não é Portugal mas é estranho! Causa-me alguma surpresa!
Cumprimentos,
A. Costa

Anónimo disse...

Perdão,
"atravessa" e não "atarvessa"!
Falharam os dedos na "teclagem"!
A. Costa

Diogo Agostinho disse...

«É importante agora não pensar no que poderia ter sido ou no que gostávamos que tivesse acontecido mas sim no que temos: um partido unido», disse Huckabee num comício em Irving, Texas.

A união que deve existir em momentos de confrontos eleitorais! Um exemplo para o PPD/PSD!

Filipe de Arede Nunes disse...

Acho que os partidos não podem ser um fim em si mesmos, mas um meio.
O seguidismo cego é prejudicial ao avançar do país.
Estou e trabalho para o PSD todos os dias, em particular na minha secção, mas se discordo tão amplamente das ideias lançadas por esta liderença, como posso estar ao lado de Menezes?
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Bruno disse...

Filipe, podes estar ao lado de Menezes porque é o líder do teu partido e foi eleito democraticamente. E tu, como democrata que és, aceitas esse facto.

Mas não és obrigado a estar ao lado dele (repara que eu disse "podes"). Outros militantes do PSD já o fizeram. Alguns desfiliaram-se, outros afastaram-se, uns nunca voltaram, outros regressaram... Temos sempre o direito de escolher a melhor forma de manifestar a nossa opinião e seremos sempre escurtinados por isso.

Bruno disse...

errata: "escrutinados" e não "escurtinados"

Diogo Agostinho disse...

Não era a debandada das elites?

Não vi nenhuma das Pseudo elites saírem...

Anónimo disse...

Ui, well said Diogo!

Filipe, compreendemos e estou a par do acompanhamento que fazes do trabalho do Seixal.

Naturalmente que quando não se concorda a vontade é não aparecer... o que não quer dizer que não se coopere.

Os "nossos" têm de aprender a ser oposição interna sem ser oposição ao partido.

Filipe de Arede Nunes disse...

Aceito a solução de compromisso de estar com o partido - que indubitavelmente estou - mas não ao lado de Menezes.
Será por isso que ele - Menezes - tem andado tão sozinho?
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Dri disse...

Viveremos na era do power point, das omissões, das faltas de respeito enquanto os portugueses não mostrarem a sua indignação. Talvez sabado com a manifestação dos professores seja o inicio de uma nova era....

Anónimo disse...

No Público Online descobrimos que o local da masturbação pública do Governo vai passar da Praça D. João I para o Pavilhão Académico.

Porquê? Para melhor controlar o ambiente, o povo, esta bolha asséptica em torno desta cerimónia maçónica.

Na notícia também se fala das ausências de Ana Gomes, João Soares e Vítor Ramalho e da não confirmação de Jorge Coelho. Pensam mobilizar entre 6 a 7 mil militantes... ou é bluff para surpreender com os números finais ou estão mesmo pouco mobilizados.

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1321769&idCanal=23

Paulo Colaço disse...

Sobre esta derivação no tema: não tenho de apoiar homens apenas porque são presidentes. Há um elemento de motivação que não se decreta por imperativo estatutário.

A motivação e o acreditar são muito importantes. Quero que o PSD ganhe 2009, com quem tiver de ser, claro, mas se me parecer que a nossa proposta me envergonha enquanto cidadão, fico em casa!

E sobre isto estou à-vontade: aqui sabe-se o que eu penso sobre Santana Lopes e, ainda assim, fiz parte da coordenação de campanha da sua candidatura às Legislatvas.

Mais: trabalhei com imenso afinco!

Bruno disse...

Mas parecia-te que a proposta era credivel?