segunda-feira, outubro 02, 2006

Para grandes males... grandes Mestres!


O extraordinário poder do oculto "assentou arraiais" por estes dias em Alvalade. Um total de 15 videntes, todos muito credíveis segundo o Grande Mestre da feira esotérica, estiveram ao dispor dos portugueses para cura das suas maleitas.

O Grande Mestre, o mesmo que já esteve ao serviço da Selecção Nacional, anunciou diante das televisões que o CF do Porto será campeão novamente!

Curiosamente, ou não, este facto (?) foi ontem notícia nas televisões nacionais. Espantosamente, ou não também, os males dos portugueses que acorreram àquela feira relacionavam-se muito com a sua vida amorosa, com a procura da sua alma gémea.

De facto, tudo aquilo que aqui diariamente trazemos a discussão, desde a política, economia, questões sociais, etc., parece passar ao lado do rol dos problemas dos portugueses.

Há quem defenda que a política tem como objectivo final a felicidade da pessoa humana. Não desprezando de forma alguma a importância dos nossos afectos e do contributo deles para a existência de um "eu" completo e feliz, será assim tão estranho ao português comum assumir que os problemas do País são também os seus problemas?

8 comentários:

Anónimo disse...

"Há quem defenda que a política tem como objectivo final a felicidade da pessoa humana.", realmente numa democracia, a política devia funcionar nesses moldes, mas infelizmente não é isso que assistimos no nosso país!!! O Principio da igualdade só existiria, se não houvessem lobbies e interesses pessoais à mistura nas decisões políticas. É precisamente este o facto da política estar desacreditada em Portugal e de cada vez menos jovens participarem politicamente!!! Fica a minha pergunta: Qual será o futuro deste país???

Paulo Colaço disse...

«será assim tão estranho ao português comum assumir que os problemas do País são também os seus problemas?»

Perguntas bem, Lisete, mas tenho cada vez mais a certeza que o português comum só pensa no país quando o país lhe vai ao bolso!

Não lhe interessa a guerra entre a Associação Nacional de Municípios com o Governo, não lhe interessa que, em tempo de acalmia de fogos florestais não haja nada relacionado com a limpeza de matas, como não lhe interessou que comece agora o tempo das chuvas sem ter havido limpeza de valetas para evitar cheias (exemplos simples de que me lembrei agora).

Por outro lado, interessa-se pelo preço da gasolina, mas não quer saber das boas práticas ambientais.

Esperemos que isto mude, a bem de todos nós.

Quanto à pergunta final do nosso visitante anónimo, o futuro deste país está, por exemplo, em espaços destes, abertos ao debate e à participação de todos. Ou em universidade de verão, em que todos os jovens possam participar, independentemente de estarem nas juventudes partidárias.

E está numa disciplina de participação cívica, que deveria incutir em todos o gosto por estes temas!

Paulo Colaço disse...

Malta, estive agora a navegar no site do DN e li um texto interessante do Provedor do Leitor acerca da concordância entre o sujeito e o predicado.

Vejam como uma matéria que à partida parece ser tão clara tem dois entendimentos tão antagónicos...

link: http://dn.sapo.pt/2006/10/02/opiniao/singular_plural.html

(meti isto como comentário porque nao me pareceu suficientemente interessante para post)

José Pedro Salgado disse...

Tenho uma extremada curiosidade em ver a cara do "Merlin" lá do sítio se alguém dele se abeirasse questionando-o sobre a solução para um crescimento económico mais eficiente.

RICARDO PITA disse...

foi, é e sempre será desta forma. o ser humano é por natureza egocêntico, só se preocupando com a sua"vidinha" e os problemas do país são considerados problemas dos outros.no entanto as pessoas q pensam dessa forma n se podem esquecer que indirectamente os problemas do todo nacional também se reflectem em cada um de nós.

Margarida Balseiro Lopes disse...

Mas é preciso ser-se vidente para saber que o FCporto vai ser campeão?

Anónimo disse...

Pois, penso que o 'merlin' lá do sítio não saberia o que responder. As questões amorosas devem ser mesmo o seu forte.
Depois, acho que as problemas do País são, de facto, encarados como sendo dos outros, não nossos. Como disse o Ricardo Pita, somos o verdadeiro exemplo do 'cluster' latino, muito individualistas, virados para nós próprios...
E é a nossa geração que tem de fazer renascer a participação política e cívica no quotidiano português.

Anónimo disse...

Eu também sou da opinião de que os portugueses só se interessam pelos problemas do País quando o se bolso é directamente afectado. De contrário, serão sempre as coisas do seu dia-a-dia que mais importarão às pessoas.