sexta-feira, outubro 20, 2006

Com ou sem véu?


A comunidade muçulmana dispersa pelo Mundo, apesar de estar fora do seu habitat natural, mantém as suas tradições sendo que uma delas é o uso de certos símbolos. Todavia, por vezes, o uso destes símbolos é sinónimo de violência, perseguição e discriminação.

Após a polémica que surgiu em França, agora é a vez desta surgir em Inglaterra onde governo britânico considera o uso destes símbolos uma marca de separação da comunidade muçulmana. A atitude inglesa tem por base o caso de uma professora muçulmana que se recusava a tirar o véu para dar as aulas e que processou a instituição onde trabalhava por discriminação, assédio e perseguição. O tribunal decidiu condenar a escola ao pagamento de 1400 euros por perseguição, mas negou as acusações de assédio e discriminação.

Em suma: onde esta a liberdade religiosa? Porque que os paises não se insurgem contra os simbolos catolicos que muitas pessoas usam? Onde esta a igualdade entre todas as religiões?Será que esta tendência se vai espalhar para outros paises?

22 comentários:

RICARDO PITA disse...

até a constituição eurpeia ressalva a igualdade na diferença e a preservação da cultura dos povos e dos estados membros da UE.não se compreende que ainda existam episódios como aquele que aqui é relatado

xana disse...

Sim isso é tudo muito bonito, liberdade religiosa e afins, mas até que ponto é correcto um muçulamno que vem para outro país, adquire direito a trabalhar e quer impor as suas tradições numa sociedade completamente diferente? Penso que dentro da casa de cada um essa liberdade deve ser garantida, e fora de casa deve ser respeitada. É muito diferente, porque neste caso trata-se de imposição, e aliás, é o que acontece por esse Mundo fora. A religião está ligada ao fundamentalismo, e até exacerbado, com especial relevo no islamismo. Eu continuo a achar que se construirmos uma igreja católica num país àrabe ela não se aguenta em pé muitos dias, mas não me lembro de ter havido algum fogo posto ali para os lados de S. Sebastião...

Lisete Rodrigues disse...

Nem mais Xana. Basta pensarmos na proliferação de mesquitas, igrejas presbeterianas e outro tipo de casas religiosas que não as católicas apostólicas na Europa. Já alguém viu uma igreja católica construída num país árabe, por exemplo? Não, com certeza!
Afinal, nesta história das religiões, quem é que é mesmo tolerante?!

Penso que avaliarmos cada situação por si só não chega, há que contextualizá-lo...

Marta Rocha disse...
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Marta Rocha disse...

No momento em que as religiões passarem de uma relação de tolerância entre si, (daqui a muitos atentados!) para se voltarem umas para as outras e cooperarem na busca da verdade, poderão muito bem descobrir que, cada uma delas, não passou afinal de um pedaço do mesmo puzzle.

Nardole disse...

"A religião está ligada ao fundamentalismo, e até exacerbado, com especial relevo no islamismo."

Pois é XANA, que o digam os palestinianos perseguidos desde 1948 pelas 3 leis de ocupação.

"mas até que ponto é correcto um muçulamno que vem para outro país, adquire direito a trabalhar e quer impor as suas tradições numa sociedade completamente diferente?"

Mas não é a França, assim como Inglaterra e Portugal, um país LAICO!? Um país que respeita a liberdade religiosa de cada individuo?

Não te esqueças que nem todos os àrabes são muçulmanos. Se calhar na escola ensinaram-te (como a muitos de nós) que dizer àrabe ou muçulmano, é a mesma coisa. Mas isso não é bem assim, cada palavra tem o seu significado, e esses são distintos! Tu não podes (poder até podes, mas pronto...) dizer que todos os àrabes são muçulmanos, assim como não dizes que todos os Portugueses são cristãos, todos os Brasileiros são IURD's, ou todos os Americanos cientologistas.
Por isso, quando dizes "
um muçulamno que vem para outro país, adquire direito a trabalhar e quer impor as suas tradições numa sociedade completamente diferente?", se calhar estás a ser um pouco preconceituosa...

Nardole disse...

"Basta pensarmos na proliferação de mesquitas, igrejas presbeterianas e outro tipo de casas religiosas que não as católicas apostólicas na Europa. Já alguém viu uma igreja católica construída num país árabe, por exemplo?"

deves estar a brincar, não!?

Bruno disse...

Em relação ao que aqui foi dito, gostava de assinalar que segundo julgo saber há templos cristãos e alguns católicos em países árabes. São esses mesmos que eles queimam e destroem de cada vez que ficam ofendidos...

Por outro lado, saúdo a participação activa do bruno jsm e já agora gostava de saber a opinião dele em relação às touradas. Será favorável, certamente, por uma questão de respeito às tradições...

Por falar em respeitar a tradição, deixem-me aprofundar um pouco a discussão: será que devemos respeitar algo só porque alguém o faz há muito tempo? ou porque isso tem uma determinada simbologia para esse alguém?

Eu aprofundo mais um bocadinho, voltando ao início: será que se deve aceitar, só por ser tradição, só por ser simbólico, que uma mulher ande com a cara tapada? Vamos ver: qual é a justificação para tal? Não ser observada e, consequentemente cobiçada por homens perversos não é? Pois... isto é um pensamento altamente civilizado

Anónimo disse...

Bem, vou misturar um pouco os assuntos. Porque será que se condena uma mulher, que deseja seguir as tradições da sua religião e andar de cara tapada (eu por mim não me incomodo nada, é menos concorrência)e não se condena outra por desejar terminar a vida de um potencial filho, que traz no ventre? A Inglaterra anda com os valores trocados? Ou simplesmente não é coerente? Ou se respeitam as escolhas (religiosas ou outras), ou então não se respeita. A verdade é que o meu país sempre foi um pouco "sui generis", até mesmo na religião...

xana disse...

Caro bruno jsm, queres alguém mais preconceituoso do que um fundamentalista islâmico? Sim, aquele que segue o Corão que por ascaso até contém um grande nº de preconceitos especialmente relativamente às mulheres, e por aí adiante.
Por outro lado, muit obrigada pelo atestado de estu+idez que me quiseste passar, mas vou mandá-lo de volta, porque não aceito. Custa muito ser sincero e ter uma posição frontal a este nível não é? É mais fácil fazer a apologia do coitadinho e achar muito bem que um grupo de crianças esteja numa sala de aula com uma professora de cara tapada com um véu quando isso não faz parte da cultura inglesa. Não passa de uma hipocrisia tudo isto. Eu tenhoa aminha posição e assumo-a claramente.

Nardole disse...

Malta, é bom ver que se quer debater estes temas. Não existem muitos espaços onde isso se queira fazer. Por isso, aqui vai:

Quanto à questão das tradições levantada pelo Bruno, acho que misturaste aí assuntos que simplesmente não colam. Se por um lado, tens a liberdade religiosa do individuo que deve ser respeitada acima de tudo. E nota que sou ateu, não sou católico ou muçulmano, mas aceito que os outros o sejam.
Por outro, tens as touradas que nada têm a ver com este filme, mas mais adiante volto ao tema.

Agora há aqui uma questão a levantar, num país laico, as escolas (enquanto instituições públicas) devem ou não ostentar simbolos religiosos? para mim Não.
Mas o cidadão, enquanto individuo deve ou não ostentar esses mesmos simbolos? Sim, se assim o entender.

Xana, eu não te quis passar atestado nenhum, tenho pena que assim tenhas pensado. Eu apenas pretendi lançar a debate algumas questões que estavam esquecidas. E é muitas vezes, por não ver todos os lados dos problemas, que se pode cair em julgamentos precipitados, que dão origem a preconceitos. E algo que eu vejo constantemente a fazer é confundir muçulmanos com àrabes, e estes dois com fundamentalistas religiosos. Não. Nem todos os muçulmanos são àrabes, e nem todos os muçulmanos são fundamentalistas religiosos. Na verdade são muito poucos, e são geralmente de uma seita específica, os "sarafitas" (não sei se escrevi este nome correctamente, mas é assim que me soa).

Quanto à questão das touradas, sou completamente contra. Aliás, qualquer tipo de ritual que envolva mutilar e matar animais, da-me asco. Não quero saber se é tourada, luta de galos, caça ou pesca desportiva, é tudo o mesmo, prazer em matar e provocar dor.
Para a alimentação é uma coisa, por divertimento é outra completamente diferente.

Bruno disse...

Meu caro Bruno JSM,

Eu não misturei assuntos. Simplesmente fiz-te uma pergunta para poder obter uma resposta e daí poder analisar a tua coerência em relação a essa coisa das “tradições”. E deixa-me que te diga - com todo o respeito – que penso ter detectado a incoerência que já esperava. Mas posso estar enganado… É que se achamos que todos têm direito a manter as suas tradições então temos que dar esse direito a TODOS. Mas se ficássemos para sempre agarrados às tradições provavelmente ainda havia escravos, as mulheres não votavam, etc…

Aquilo que eu gostava de ver discutido, já que tu discutes as touradas é as tradições que são faladas neste post e que tu dizes que devem ser um dogma. E volto a perguntar: porque é que eu devo respeitar determinados costumes muçulmanos, só porque são tradicionais e simbólicos para eles, se eu os considero atentados à civilização, à inteligência e aos direitos e liberdades individuais??? Tu não consideras?

Nardole disse...
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Nardole disse...

o Post diz: "A atitude inglesa tem por base o caso de uma professora muçulmana que se recusava a tirar o véu para dar as aulas"

Agora explica-me o que é que uma questão de liberdade individual de uma pessoa que se veste como quer, tem a ver com a questão de uma tradição colectiva de se matar Touros por divertimento! A comparação que fizeste só seria válida se eu estivesse a defender que os cristãos devem continuar a ter liberdade de queimar judeus na Cruz e coisas do género. Aí sim, eu estaria a ser incoerente.

E nota que eu frisei bem a diferença entre uma análise em termos idividuais e colectivos.
Sim, individualmente a professora deve poder usar o simbolo que quiser.
E, Não! A escola como como instituição pública não deve ostentar nas suas paredes simbolos religiosos.

E mais, no post diz uma coisa engraçada: "A comunidade muçulmana dispersa pelo Mundo, apesar de estar fora do seu habitat natural".

Que é que isto quer dizer? É que um peixe andar em terra, ou um pinguim andar a passear no deserto, pode considerar-se que estão deslocados do seu habitat natural, mas um ser Humano estar num país ou noutro nunca poderá significar o que diz no post!
São pensamentos desse género que impedem o fim do conflito Israelo-Palestiniano.

Mas mesmo que eu achasse esse pensamento válido, não é a Inglaterra um país Laico? Não é a Inglaterra um país onde não há confissão oficial, ao contrário de países como o Irão, Israel ou Paquistão?

Paulo Colaço disse...

O Reino Unido é laico?
Hummm
Da última vez que vi, a cabeça do Reino era a Rainha, que curiosamente é também “cabeça” da Igreja de Inglaterra (Anglicana). É igualmente verdade que o lema da família real é “Deus e o meu direito”.
O hino comummente aceite é “God Save the Queen”.
O Reino Unido é laico?

Nardole disse...
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Nardole disse...
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Nardole disse...

Sim, a sociedade Inglesa é laica.

Mas até deixo aqui ficar um link para um artigo sobre o tema, que refere isso mesmo.

http://www.ibgf.org.br/index.php?
data%5Bid_secao%5D=2&data%5Bid_materia%5D=1009

Lisete Rodrigues disse...

Brunojsm:
- «E nota que eu frisei bem a diferença entre uma análise em termos idividuais e colectivos.
Sim, individualmente a professora deve poder usar o simbolo que quiser.
E, Não! A escola como como instituição pública não deve ostentar nas suas paredes simbolos religiosos».

E eu pergunto: E quando as opções individuais esbarram com as colectivas?
Logo, entendo as comparações e as questões do Bruno Ribeiro apesar de terem que ver com assuntos diferentes, e, de facto, não são muito coerentes e constitucionais as posições assumidas pelo BrunoJsm.

Bruno disse...

Obrigado Lisete, por explicares ao Mundo que as comparações devem ser exactamente entre coisas diferentes. Porque senão, não se faziam comparações. Comparar serve exactamente para ver se há coerência entre duas situações que são diferentes mas em que o princípio, a essencia podem ter semelhanças.

Em relação à resposta do Bruno JSM, eu detecto indícios de que não me expliquei bem. Eu não tenho direito de impedir que as senhoras andem de véu, ainda que não me pareça que o façam de livre vontade mas isso tu lá saberás o que pensas... O que me faz confusão é o porquê. E é por aí que gostava de levar a conversa. Se achares por bem, caro Bruno JSM.

Como já disse, eu acho que esse costume, como muitos outros praticados pelos muçulmanos, demosntra falta de civilização, inteligência, maturidade...

Nardole disse...

"E eu pergunto: E quando as opções individuais esbarram com as colectivas? "

Lisete, desde sempre me disseram que a minha liberdade acaba quando começa a dos outros.
Mas neste caso, o facto de a professora usar ou não véu não afecta mais ninguém a não ser ela própria.

Quanto ao que o Bruno diz, não me importo de levar a conversa por aí.

1º- Se uma pessoa o faz obrigada ou não é uma coisa. Outra, é pura e simplesmente proibir o uso do véu islamico. Aí estás a interferir directamente com o principio de liberdade religiosa a que cada um tem direito. E no reino Unido não sei, mas em Portugal é inconstitucional (ao contrário das minhas posições Lisete).

2º- "Como já disse, eu acho que esse costume, como muitos outros praticados pelos muçulmanos, demosntra falta de civilização, inteligência, maturidade"

Pelos muçulmanos!? Só por eles? E por todos os muçulmanos? São estas generalizações que eu acho que não têm muito fundamento e prejudicam a nossa coerência na análise dos assuntos.

Porque, estamos a falar de quê? Do uso do véu? Os cristãos também usam cruzes. Ou estarás a falar da ida às mesquitas para sentirem mais fortemente a sua fé, tal como o fazem cristãos e judeus?
Sem, existem seitas muçulmanas muito perigosas e com costumes hediondos. Mas também os há em algumas seitas cristãs e judaiacas.

E que fique bem claro que eu não sou religioso, muito pelo contrário. Eu acho que a religião é uma forma de fugir aos problemas. Uma crença que leva as pessoas a pensar que mesmo que tudo esteja a correr mal na sua vida, há sempre uma esperança: o seu "deus". E embora não pratique nenhuma confissão, entendo quem o faça.

Anónimo disse...

Concordo plenamente com todos os posts do Bruno jsm e aproveito para lhe agradecer a forma tão coerente como expos a sua posição em relação ao assunto.