domingo, dezembro 16, 2007

Geração Morangos com Açúcar


Há muito que queria escrever sobre este tema e deixava sempre passar. Porém, ao ler a "Única" desta semana, achei que era mais que apropriado: os jovens de hoje.
Actualmente, é normal apanhar as maiores bebedeiras com apenas 12 anos.
Actualmente, é normal fumar-se ganza como quem mastiga uma pastilha.
Actualmente, é normal violar-se a lei de consumo de alcoól nos bares e discotecas, vendedo-se bebidas alcoólicas a menores de 16 anos.
Actualmente, é normal ficar-se em coma alcoólico e ser esse o maior feito da juventude.
Actualmente, é normal não pensar-se nas consequências dos actos.
Actualmente, é normal rotular-se quem não fuma e não bebe como nerds.
Actualmente, é normal a despreocupação de alguns pais.
Para mim, tudo isto não é normal!
Obviamente, para toda a regra, há excepções. Mas a minha geração é assim caracterizada. Desresponsabilizada, inconsciente, impulsiva e egoísta. Preocupam-se apenas com o presente e o imediato.
Temo pelo rumo que irá ser tomado. Temo pelo seu futuro. Sim, porque afinal, eles são o futuro!
Liberdade? Sim. Mas com responsabilidade.
Afinal, qual o destino da Geração Morangos com Açúcar?
PS(D): depois de umas semanas cheias de intenso trabalho, testes e exames, I´m back in the game!

25 comentários:

Francisco Castelo Branco disse...

Bom texto.
Concordo plenamente com estas palavras.
Acho ate que as proximas gerações vao ser piores.
Estas experiencias e outras (vao começar a ser vividas mais cedo...)
O problema daquilo que tu evocaste, é que no futuro estas irresponsabilidades vão ser pagas.
E é nesse momento que as pessoas "vão pensar" naquilo que fizeram.
Todas as experiencias devem ser vividas. Mas com responsabilidade.
Não é por acaso que existem muitas raparigas que são maes por volta dos 16\17 anos.
Só isto reflecte o que vai na cabeça da Geração Morangos......
Muita irresponsabilidade e vontade de ser "livre" e "fazer o que me apetece".
A Geração Morangos com Açucar no futuro vai ser a Geração Sem açucar

José Pedro Salgado disse...

O problema desta geração, tal como já foi da minha, é falta de causas, de significado.

Passamos pela vida sem sentir a força de fazermos parte de algo muito grande, de algo maior do que nós.

E na falta destas emoções que só o tempo certo pode dar, procuram-se outras.

Porque nós não fomos feitos foi para estar quietos.

Dri disse...

Bem-vinda de volta ao game. Concordo com o Ze. O problema dest geração é a falta de uma causa mas acumula-se a futilidade e a facilidade com que atingem certos objectivos. Esperemos que a nossa juventude deu uma volta e n se deixar influenciar mais por este tipo de programas.

Luís Guerreiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luís Guerreiro disse...

Cara Inês,

não acho que o problema seja desta geração! Para mim, o problema é achar-se que o problema é desta geração...

Não sei bem o que é isso dos "jovens de hoje", mas sei que não me agrada o termo nem a generalização.

Se hoje se fuma ganza, ontem fumava-se ópio. Se hoje se transgride a lei de consumo de alcoól, ontem não existia lei. Se hoje não se pensa nas consequências dos actos, não era, certamente, quando os pais levavam os filhos às "meninas", que se pensava...

Não conheço geração que não desvalorize os valores da geração seguinte. No final de contas, "quando somos jovens queremos mudar o mundo, quando crescemos queremos mudar os jovens".

O problema é, isso sim, cultural, não geracional. É por uma questão de mentalidades, fruto da nossa herança civilizacional e cultural, que temos os comportamentos que temos.

Afinal, em última análise, nós somos o fruto das geraçãoes anteriores. E como tal, se somos um problema, somos o problema que eles criaram. Serão eles o verdadeiro problema!

Eu serei o primeiro, ou o segundo, visto que te antecipaste, a erguer a voz contra estes problemas. Acho sem dúvida que a falta de valores é assustadora. Só não concordo que seja um problema desta geração.

Depois há a questão da liberdade, e aí concordo em absoluto contigo, exige muita responsabilidade. Talvez por ser, logo a seguir à vida, um dos bens mais preciosos que possuímos. E, como todos os bens preciosos, tem um custo muito elevado e exige um hábil "gestor" para lidar com ela. Lenine dizia que "a liberdade é um bem precioso. Tão precioso que deve ser racionado". Isto porque ser livre é ter poder, e quanto mais poderosos nos tornamos, mais propendemos a monopolizar esse poder, interferindo na liberdade dos outros...

Geração Morangos? Sem dúvida. Só não sei se isso é melhor ou pior do que ser a geração "outra coisa qualquer".

jfd disse...

Lá estamos nós a fazer o que nos faziam.
Eu tenho fé. Não tenho a prepotência de pensar que a minha geração era melhor só porque não compreendo o que é viver numa sociedade em que estamos permanentemente ligados. Em que vivemos intensamente cada momento. Em que o que o futuro, foi à pouco. Em que o imediato e o global deixam tudo em perspectiva. A pressão fará com que lidem com as coisas como entenderem.
Assim como a minha geração lidou com os seus problemas e ainda os digere e outras tantas ainda os resolvem.

Não temos nem devemos ser pessimistas. Devemos mostrar fé e dar o nosso apoio.
Não é paternalismo. É apoio.
Não vou ser a geração dor de cotovelo. Assim como não gostei do rótulo de geração X, não rotulei a geração Rasca nem rotularei esta suposta geração Morangos.

Os rótulos são para os fracos.
Para os que não se sentindo bem na sua pele, procuram fora o que não resolveram dentro.

Tenho dito!

Paulo Colaço disse...

Não venho ao psico há 3 dias e vejo que já perdi muita coisa. Hoje actualizei umas contas e reparei que ontem (dia 16) contabilizámos 5000 comentários.

É um luxo.

jfd disse...

Eu não vinha desde quarta, já tou em dia ;)

Inês Rocheta Cassiano disse...

Caro Luís Guerreiro,

eu faço parte desta geração, tenho 17 anos e por isso posso afirmar que conheço o "problema" por dentro. Penso que não generalizei, até porque referi que toda a regra tem excepção.
A título de exemplo, vou relatar-lhe o que vivi nas últimas duas sextas-feiras, na zona de Santos. Bares e discotecas apinhados de jovens e crianças, completamente embriagadas, onde o tabaco deu lugar aos charros. Deambulam-se pelas ruas, achando-se uns autênticos heróis. Rapazes e raparigas deitados no chão já completamente inconscientes é hábito. E o mais impressionante, é os jovens rirem-se da situação!
Vejo isto com tristeza, porque não quero que a minha geração seja caracterizada assim. Perderam o norte e não reconhecem princípios e valores. Volto a afirmar, felizmente, nem todos são assim.
Sempre ouvi dizer que os filhos são o reflexo ou antípodas dos pais. Estes hoje em dia, muitas vezes, confiam cegamente nos filhos e descartam-se da responsabilidade de os educar e depois surpresas acontecem.
Concordo com o Luís quando diz que o problema é cultural e não geracional. Todo o jovem é sempre produto do meio onde se insere.

Querido JFD,

eu também não sou adepta de rótulos. Eu própria sinto recorrentemente que sou vítima de "rótulos", sempre que me manifesto e assumo os meus valores e princípios pelos quais norteio a minha vida. Por isso, não posso estar mais de acordo que a origem deste conflito de gerações passará certamente pela perda de referências, pais ausentes, famílias destruturadas, etc.
Mas como tu dizes, enquanto há vida, há esperança.

jfd disse...

Minha Inês
Tão novinha e tão madura;)
Vês como tenho razão nem preciso dizer mais nada...
Mas como sou um fala barato!
lol
Santos é santos.
Coitadinho daquele de entre nós que nunca passou vexame, ou conversou com São Gregório.
O mais importante não é o que fazemos em Santos, mas o que fazemos depois de Santos.

Anónimo disse...

Não preciso de dizer muito, subscrevo o Luís (grande abraço companheiro de Moscavide) e o JFD.

Não há qualquer drama. Esta geração está tão perdida como as anteriores. É o normal é dizer-se que esta juventude é uma vergonha, uns parasitas e que não fazem nada.

Como toda a história, é cíclico. Se é preocupante as taxas de alcoolemia jovem e de gravidez precoce: sim. Os hábitos dos jovens: sim. Mas sempre o foram... o que existe hoje é um mundo mais pequeno.

O meu pai e os meus avós faziam o mesmo, só que nos bailes locais. Hoje juntamo-nos em grandes catedrais do consumo.

Mas eu também sou um boémio, daí não ver em malta embriagada grande problema :)

Anónimo disse...

Concordo com este post. Reatrata a situação que a juventude portuguesa vive. Essa faixa etária parece viver num mundo á parte: não há deveres, não há objectivos, não há valores, não há respeito, etc etc etc.

Se este problema não for corrigido, serão assim os adultos de amanhã. Ou nem isso. Porque não os vejo a conseguirem enfrentar a vida adulta, de trabalho e responsabilidades, com esta mentalidade

Anónimo disse...

Aliás caro anónimo, ou muito me engano, ou o mundo acaba já amanha.
Raio dos miúdos....

Tânia Martins disse...

Gostei muito do comentário de Luís Guerreiro e concordo plenamente com ele. Acho que é já praticamente um costume a geração posterior criticar a geração seguinte.

Inês:
Na minha opinião estás a dramatizar, eu também já vi essas coisas todas, sim porque também pertenço a esta geração com os meus 18 anos (e meio :p), e sinceramente isto não é um problema desta geração, na época dos nossos pais já se fumava charros, já se bebia muito, muita gente aderia ao "fruto proibido", não me digam por amor de Deus (ou do Colaço) que isto é um problema só de agora!

Claro que tem de ser um problema corrigido, mas também é um problema que já tem muitos anos de existência! Geração Morangos com açúcar? Não acho, só mesmo pelo facto de tudo o que acontece agora não ser fruto dos Morangos com açúcar, aliás os Morangos com açúcar é que são fruto do que tem vindo a acontecer ao longo dos tempos!

xana disse...

Pois querida Ines, mas a verdade é que a minha geração também sofria das mesmas maleitas, e a geração anterior tambem foi a geração rasca, lembram-se?

De facto, trata-se de um problema mais cultural que geracional.

No entanto, tenho que concordar com a Ines que esta geração "Morangos" tem algumas diferenças. Primeiro porque os proprios pais têm um "modus" de educar bem diferente! Pela vida que levam, o stress, excesso de trabalho e excesso de zelo (que não faz bem a ninguém, partir a cabeça e esfolar os jolehos faz parte da infancia, nao é um drama...). Depois porque, como consequencia disso, esta geração é muito "infantil". Como exemplo disso, dou a minha faculdade. Os caloiros deste ano têm comportamento de secundario dentro da faculdade, coisa que em muitos anos nunca vi uma "fornada" de caloiros fazer!

Há diferenças, mas...

Paulo Colaço disse...

Três citações, a abrir:

“Ninguém é sério aos 17 anos.” Arthur Rimbaud
“A juventude é a paixão pelo inútil.” Jean Giono
“A juventude é a embriaguez sem vinho.” Goethe

Depois disto, cá vai: nenhuma geração é boa. Somos humanos, lembram-se?

Anónimo disse...

Como não me posso dirigir a Arthur Rimbaud,dirijo-me a si, Caro Colaço:

percebo o alcance das citações, com a irreverência da juventude a justificar que é preferível fazer asneiras na juventude do que na idade adulta, mas para os que têm 17 anos, essa citação não foi a mais feliz... se é que me faço entender...

Paulo Colaço disse...

Caro anónimo, talvez tenha sido eu a não me fazer entender.
Se não percebeu a ideia cá vai ela: desde os gregos que condenamos os excessos, as tropelias e a insubordinação dos jovens.
A ser verdade tudo o que dizemos deles, então o mito do bom selvagem deve ser revisto para: “todos nascemos desmiolados - a sociedade é que nos dá regras”.

Com mais ou menos referências, cada geração tem a mesma dose de desequilíbrio, de inconsciência e de voracidade pelo absoluto.
Todos queremos viver tudo num instante.

É uma fase. Não há métodos infalíveis para que os nossos filhos sejam abstémios e as filhas virgens até ao casamento. Até porque não são um bem em si. Não há fórmulas mágicas para evitar drogas, velocidades perigosas na estrada ou um pifo fatal numa festa. Só não vivendo se está imune.

Não nos enganemos: aos 17 anos a falta de juízo é mais vezes regra que excepção. Dizê-lo tem o mesmo efeito benéfico que uma tabuleta na estrada a dizer: “radar da polícia a 200 metros” - as velocidades abrandam.

Tiago Mendonça disse...

Cara Inês,

Concordo em absoluto com tudo o que disse. Aliás, este é um dos temas a que mais importância dou, tendo já escrito inúmeros textos sobre o mesmo, antes no Cascata Negra, agora no " O Alta Voz ".

A situação a que a nossa juventude chegou é muito preocupante. A degradação de valores que assistimos é alarmante. A passividade dos nossos governantes é condenável.

Hoje, verdadeiras crianças de 12 ou 13 anos, passeiam-se pelas ruas de Lisboa, e não só, perfeitamente embriagadas, drogadas e com comportamentos, sexuais e não só, de risco. Hoje o normal é beber até cair para o lado. É fumar um maço de cigarros numa noite. É fumar um charro. É ter duas ou três relações ocasionais na mesma noite.

A família demitiu-se da sua função. O Estado liberal não quer saber. Os empresários aproveitam. As crianças, privadas de discernimento normal, razão que fundamenta o regime especial da menoridade que lhes é imposto, são encaminhadas para estes espaços onde a dignidade humana é sobreposta pelo marketing, pelo dinheiro.

A geração Morangos, como lhe chama substituiu a geração playstation, que substitui a geração futebol. O meu irmão de 27 anos e todos os seus amigos jogavam à bola. Era o futebol, na rua ou nos clubes da terra que imperava. Depois a geração, onde me incluo. A geração da play station e dos videos jogo. Do MSN. DO MIRC e de outros produtos informáticos. Hoje temos a geração Morangos com Acuçar, onde as personagens " fixes " são as que se deitam com mais de 3 rapazes, usam decotes até ao joelhos ou mini-saias de dois centimetros de altura, bebem álcool e no dia seguinte desculpam as suas atitudes com isso mesmo.

A televisão propicia estes comportamentos. Lembro-me, quando era mais novo, 15 anos, precisamente, estarmos num grupo de 25 pessoas e onde 24 fumavam e apenas uma não fumava. Orgulho-me de não ser uma " maria vai com todos ", e talvez essa característica me tenha valido alguma coisa em política. Mas de facto, com 15 anos, há uma óbvia separação, há, nitidamente, o nerd que não fuma, não bebe e não...se droga.

Convido-a bem como a todos os comentadores e membros deste blogue, que por alguma falta de tempo, visito não as vezes que gostaria, a comentar e participar nas discussões que levamos a cabo no " O Alta Voz ". E claro, as portas da JSD/Moscavide estão sempre abertas a este debate.

Saudações Democratas,
Um feliz natal e um excelente 2008.

Anónimo disse...

Credo
Definitivamente o mundo vai mesmo acabar. Estamos mesmo no mau caminho.
Com a fé que em nós depositamos com os paternalismos de conveniência e as analises de trazer por casa, estamos todos é com demasiado stress!

Li este comentário anterior e fiquei triste de ver tal retrato pintado. Tão negativo, tão moralista, tão fatalista, tão cinzento tão sem esperança...

Degradação de valores?
Isso é chavão ou tem algum sentido? Que valores são esses?
Passividade dos governantes?
O que tem o Estado que ver com este assunto?
Gostaria de perceber melhor o ponto de vista para ver se fico um pouco menos triste e cinzento.

Geração playstation? Geração futebol?
Em que está baseada esta análise sociológica da coisa?

Do resto nem falo.
Espero que haja tempo para responder, pois a valar é que nos fazemos entender!

Tiago Mendonça disse...

Caro JFD,

Tentarei explicar-me então um pouco melhor : Penso que temos hoje jovens muito, muito bons e jovens muito muito maus. Um exemplo : Os bombeiros voluntários. Muitos e muitos jovens inscrevem-se nos bombeiros, de forma desinteressada, pensando apenas em defender os outros. No outro lado da moeda, temos a degradação do valor família, a banalização da intimidade e das relações afectuosas. Quando falo em degradação da valores, refiro-me ao respeito que cada um deve, em primeiro lugar, ter por si próprio. Pessoas que se vão destruindo a si próprias, que em termos físicos que intelectuais.

Mas não vejo a sociedade de forma cinzenta. Acredito que a boa moeda possa, neste caso, transformar a má moeda e melhorarmos globalmente. Acredito que vamos vencer o desafio do aquecimento Global ou que vamos investir mais em capital humano por forma a incrementar a nossa própria produtividade. Acredito e luto.

Um abraço e um óptimo 2008 para si.

Anónimo disse...

LOL
Estranha resposta.

Boas festas também.
Que os bombeiros voluntários salvem o mundo!

Paulo Colaço disse...

Não sei se os bombeiros salvam o mundo, mas sei que todos os dias lutam para salvar o mundo de alguém.

Anónimo disse...

E um grande Bem Hajam por isso!

Anónimo disse...

MEA CULPA (MUITO) PÓSTUMO!

Nesta caixa de comentários aleguei que a Inês postou embuída do catastrofismo de sempre: a geração mais nova é sempre um desastre. O relato púdico ;) dela em ficar chocada com adolescentes perdidos de bêbados em santos não me chocou.

Mas há algo mais e a capa da sábado (e a reportagem no interior) de ontem, dia 17 de Janeiro, são chocantes: organizar festas em que se snifa branca e promove-se a troca de parceiros sexuais entre os 12 e os 14 anos não havia no meu tempo. A droga não me choca tanto (mas tenho um defeito de formação sendo de onde sou) mas a ligeireza na troca de parceiros sexuais perturba-me.

Pode haver também exageros editoriais para promover a revista, não nego, e tipicamente as pessoas que falam para as revistas são aquilo a que se chama "bazófias", é recorrente, mas há de facto algo mais do que a mera vontade de desdenhar aqueles que agora chegam à vida fora do ninho.

Serve a presente para fazer a emenda da ligeireza com que encarei o post da minha colega psicótica.

Saudações psicóticas ;)