sábado, novembro 10, 2007

Às armas!


Forster (autor de, entre outros, Passagem para a Índia) disse uma vez "Se um dia tiver de escolher entre trair o meu amigo ou trair o meu país, espero ter tomates para trair o meu país." (a tradução é minha e vale o que vale).

O nosso hino canta "Pela pátria lutar!", mas até que ponto é este um valor hodierno?

Esta geração (na qual estou incluido) nunca teve um grande conflito (ainda, e ainda bem) que pusesse um preço na sua liberdade, mas será que ele, a surgir, faria que corrêssemos para as armas, para defender a pátria?

Hoje em dia, que tanto se fala de Europa, de globalização, de "escala global", qual é o espaço que reservamos para o amor ao nosso país?

Ainda existe patriotismo em Portugal?

12 comentários:

Bruno disse...

Tenho a certeza que existe "provincianismo". A mala defende a sua terra por ser a sua e por pouco mais do que isso. E de resto, são os primeiros a criticá-la sempre que estão entre conterrâneos. Agora, "os sacanas dos estrangeiros" é que não podem falar mal de nós...

Respondendo directamente à questão do Zé Pedro, eu acho que os jovens de hoje (a maioria, não todos) não correriam para as armas nem para salvar a sua própria casa, desde que a sua Playstation estivesse a salvo...

Creio que temos uma grande falta de valores e de causas. Há um desinteresse grande com tudo o que não diga respeito ao próprio umbigo. Há também um descrédito das instituições que, postas em causa pela massificação da informação, não souberam adaptar-se.

Por tudo isto, acho que o patriotismo é um dos valores em decadência. Tu, caro Zé Pedro, já aqui colocaste alguns posts que deveriam contrariar essa tendência. E eu acho que temos muito boas razões para nos orgulharmos da nossa pátria. Principalmente porque somos nós próprios que a fazemos e, por isso, devemos sempre lutar por ela.

Paulo Colaço disse...

Primeira nota: 12 posts em 10 dias e eu ainda não respondi à totalidade das questões no ar publicadas nos outros 11 artigos...

Segunda nota: Zé Pedro, há demasiada gente a desconhecer o hino e a julgar que se trata do hino da Federação Portuguesa de Futebol (porque passa antes dos jogos da selecção) para que a discussão sobre a letra d'A Portuguesa esteja ao alcance de todos.

O António Alçada Baptista achava o nosso hino muito sanguinário e que já merecia um restyling. Não me parece: não é o mesmo que mudar de moeda ou avançar/recuar umas léguas na fronteira.

Talvez seja eu retrógrado ou agarrado a velhos símbolos.

Quanto aos valores da pátria, não sou tão extremista quanto o Bruno: acho que bem motivados, com razões para temer pelo seu futuro, pela vida dos seus familiares e amigo, conscientes do perigo para a sua terra, os portugueses saberão empenhar-se pela nossa bandeira.

Terá de ser em casos claros, talvez mesmo extremos, mas sei que responderemos à chamada.

Inês Rocheta Cassiano disse...

Óptimo tema Zé!
Ultimamente, tenho questionado seriamente o patriotismo dos portugueses: uma coisa é criticar o funcionamento dos serviços nacionais, fundamentando essa opinião, tentando, ao mesmo tempo, arranjar soluções para essas questões, e algo completamente diferente é ser-se adepto da crítica fácil e ficar sentado à sombra da bananeira, à espera de um milagre, afirmando convictamente que se quer mudar de país e "que isto é uma vergonha pa!". A essas pessoas só deixo um comentário: mudem de país, não fazem falta, há trabalho lá fora, aproveitem. Então agora neste mundo globalizado, até é mais fácil!
Hoje em dia, as fronteiras entre os países europeus vão diminuindo, a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capital é já uma realidade, facilitando um intercâmbio de tradições e costumes. No entanto, há algo de específico em cada pátria, algo que nos diferencia dos outros e isso, para mim, jamais se pode perder!
O facto de eu ter nascido em Portugal é algo exterior a mim, não pedi que tal acontecesse, mas também não é por aí que vou deixar de ter orgulho em ser portuguesa. Se gostava mais de viver na França, Alemanha, Inglaterra? Se calhar... Mas sou de Portugal, com todos os defeitos que acarreta, mas também com todos os benefícios que me concede! Tenho orgulho na minha pátria, na minha bandeira, no meu Portugal.
Porque afinal de contas, se eu não gostar de mim, quem gostará?

Filipe de Arede Nunes disse...

Matam o patriotismo aos bocadinhos todos aqueles que fazem a negação diária do nosso país!
Matam o patriotismo lusitano aos pedaços, todos aqueles que negam o passado e os heroicos feitos dos nossos antepassados.
Matam o povo português aos molhos, todos aqueles que se reveem noutras culturas, que preferem o estrangeiro aos nacional, que preferia, ser europeus a portugueses.
Os responsáveis: o esquerdismo do pós 25 de Abril, alicerçado no comunismo internacionalista do PCP inciou uma nova fase anti-nacionalista; o intelectualismo pró-europeu, federalista, anti-tradicionalista são também responsáveis pelos estes factos.
Pela pátria lutar... Sempre!
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Margarida Balseiro Lopes disse...

Entoar enérgica e emotivamente o hino, que muitos julgam ser da “selecção”, é uma manifestação de patriotismo. Noutros moldes, é certo. Mas as mutações que se operaram na sociedade, com o fenómeno na Globalização pelo meio, poderão ser uma das justificações para o facto.

Sem dúvida que o Quinto Império, profetizado por Pessoa, está já tão longínquo quanto os valores de combate, valentia e destemor dos portugueses do antigamente.

Dificilmente haverá quem esteja disposto a dar a sua vida pela pátria como tantos outros fizeram.

Mas, não é menos verdade que a minha geração nasceu já com o mundo descoberto, sem mares para desbravar, sem ter que morrer pela liberdade, sem combates para travar.

Talvez, quando alguma destas realidades fraquejar, quando um destes valores escassear, voltemos ao nosso ancestral patriotismo.

Paulo Colaço disse...

Guida, o teu comentário faz-me lembrar um excerto de um poema de Manuel Couto Viana:
"a minha geração fugiu à guerra / por isso a paz que traz não tem sentido"

Da mesma forma como é preciso uma ponte cair para se tomar providências quanto à segurança nas restantes, também é preciso uma ameaça para muitos mostrarem a sua valentia.

O pior é que quem assim funciona, muitas vezes não percebe que apenas reage. Reage ao mal que lhe fazem, ao medo que sente.

Quem age, quem é pro-activo, quem mostra as garras, quem prevê, mais dificilmente se vê enredado nos problemas da vida.

Como eu costumo dizer: o importante não é estudar, é ter estudado.

Francisco Castelo Branco disse...

Espero que o "amor" pela pátria nunca seja abandonada pelos portugueses! É um valor pelo qual temos que preservar

Ver artigo semelhante em www.olhardireito.blogspot.com

Unknown disse...

É certo que existe uma certa crise de valores nos jovens de hoje, especialmente nos que atingem agora a maioridade. Esta crise revela-se na falta patriotismo (conceito desconhecido para a maioria) assim como noutros valores como honra, respeito pelo próximo, etc.

Esta crise tem várias origens mas de certa forma fico com a sensação de que estes jovens são os "Filhos do 25 de Abril", ou seja, é-lhes concedida indiscriminadamente a liberdade que os pais muitas vezes não tiveram, o que origina o fenómeno de viver em torno do próprio umbigo.

A globalização e a importação de muitos valores estrangeiros também contribuem significativamente para a perda de identidade. Não que eu seja contra o aproveitamento de ideias estrangeiras, mas sou contra a adopção cega e incondicional do que vem de fora só por ser de fora.

Por vezes, ao olhar para esta geração apenas me ocorre um pensamento: "Se a queda de um regime dependesse destes tipos estávamos bem tramados".

No entanto, é nessa altura que lembro o facto de felizmente não estarmos numa regime e acredito que se tal acontecesse os jovens responderiam ao apelo.

Dri disse...

O patriotismo tem-se perdido e cada vez mais os portugueses vao esquecendo o patriotismo. Isso e pena mas o importante é lutarmos para que o patriotismo não se desvaneça.

Inês Palma Ramalho disse...

Concordo inteiramente com o Bruno. Faltam-nos valores. Faltam-nos causas. Falta-nos um motivo para cantar o hino e promover Portugal que não passe pelo Figo, o Obikwelu ou, mais recentemente, os Lobos.
De certa forma, e isto é bastante egoísta, invejo um pouco os meus pais que viveram de perto o 25 de Abril e o surgimento dos partidos e da nova era de democracia participativa. Falta-nos, a todos, termos estado lá.

Anónimo disse...

A culpa da falta de patriotismo é duma certa esquerda que não deixa os alunos serem repreendidos na escola, não deixa as polícias usar do seu poder de persuasão sem terem de preencher documentos e estarem sob suspeita de abuso, que nao deixa o Estado exercer toda a sua autoridade.

Sócrates é diferente de tudo isso. Mas activo, mais ciente da responsabilidade do Estado e menos medroso de usar o poder a que a lei lhe dá. O pior é que é vaidoso, presunçoso e um pouco salazarengo. É o seu azar e é por isso que cairá.

De resto, à esquerda, são todos revolucionários "anarquistas". Acabariam com o Estado mal pudessem.

Com este contra-vapor, os portugueses não só não têm amor pela pátria como nem a respeitam.

Tânia Martins disse...

Sem ler os outros comentários por falta de tempo deixo aqui uma breve opinião!

Existe sim patriotismo em Portugal, ainda! Não temos só situações de jogos de futebol ou representantes da selecção nacional a encher-nos o orgulho. Portugal emociona-se sempre que o país é reconhecido e sinceramente acredito que o povo ainda viesse a lutar pelo seu país se fosse necessário.

O problema que se coloca é que esse conceito de pátria está cada vez mais em risco de quebra devido à concepção de uma Europa Unida, embora me custe a aceitar acredito que um dia gritaremos pelo nosso “Estados Unidos da Europa” e não por Portugal, uma coisa triste sim mas efeito das nossa tendências de engrandecimento económico e factores globalizadores no mundo!

Que o patriotismo está mais fraco que antes, isso ninguém pode negar, mas que já não existe, isso ninguém pode dizer porque todos proclamamos o nosso país!