segunda-feira, novembro 12, 2007

Praxe violenta

A praxe é tradicionalmente o meio, por excelência, de integração de novos alunos no meio e espirito académicos. Quando feita seguindo a boa tradição podem viver-se momentos inesqueciveis. Quando quem praxa não tem sentido de responsabilidade nem a consciência de que uma má conduta prejudica não só quem directamente teve lugar nestes actos mas a própria credibilidade da instituição "Praxe", deve ter a devida resposta.
6 jovens são agora acusados judicialmente por praxe violenta. Em que consistiu a praxe? Virar uma caloira de pernas para o ar e enfiar a cabeça num penico com excrementos de vaca (entre outros).
"Idiota" será suficiente para classificar esta conduta? Ainda há boa Praxe ou a Praxe nos dias de hoje só é motivo de noticia porque é má?




16 comentários:

Dri disse...

Amigo Tiago: tiraste-me a ideia do post.O objectivo das praxes é a integração entre colegas e na faculdade Eu não tive razao de queixa da minha praxa pois acho que foi bem planeada e sempre dentro dos limites. Todavia em anos seguintes, vi comissões de praxe muito más e a fazer actividades hediondas.
Mas no entanto entendo que faz parte da faculdade passar pela praxe.

Marta Rocha disse...

Da minha experiência posso apenas dizer que o sucesso dos propósitos da praxe, que cabe a cada um de nós, depende muito do espírito com que a encaramos. Depende muito, mas não totalmente.

Tive uma praxe dura e durante um ano nunca faltei às minhas obrigações académicas de caloira, mas valeu a pena, só tenho boas experiências dessa época.

Claro que não foi uma praxe desumana e em relação ao caso que apresentas, a mim parecia-me razão suficiente para desistir.

A mim, parece-me que quem não tem humildade para servir, também não tem autoridade para mandar.

Francisco Castelo Branco disse...

Acho que as praxes académicas deviam ser controladas e posteriormente punidas em caso de excesso. O codigo das praxes não chega. Tem que ser algo a regular pelas Universidades. Há abusos incriveis!
As reitorias devem estar atentos a esta situação e chamar os responsaveis á uma posterior sançao

André S. Machado disse...

Considero que as praxes são um momento importante para a iniciação de cada um de nós num meio totalmente novo como é o meio académico.
É importante, porque é nestas ocasiões em que conhecemos amigos que ficarão para a vida; que nos divertimos à grande; que cometemos os exageros que fazem parte da vida; que entramos no espírito universitário e que aprendemos muito do que nos vai guiar nos próximos anos do nosso percurso.

Por outro lado, quando a honra e dignidade de um ser humano são atacadas de forma clara e escandalosa, devem ser tomadas medidas. Medidas de protecção dos que foram humilhados e medidas de coacção aqueles que incorreram num acto de maldade, arrogância e pura falta de bom senso.

Nada tenho contra as praxes, mas, tal como diz o francisco, acho que deveria existir uma regulamentação mais concreta e aplicável que o Código da Praxe, que vale o que vale.

Tânia Martins disse...

Atendendo ao meu estatuto de caloira é uma experiência recente para mim, e tenho a dizer que esperava mais, foram praxes muito calmas, muito ligeiras, nada de abusos, enfim não deu para sentir um forte espírito académico mas pelo menos deu para sentir um “ufa entrei mesmo”…

Tenho consciência dos abusos que se verificam nas praxes, em cidades como Coimbra e Leiria, sendo esta última a que melhor conheço visto que lá estuda uma grande amiga minha, porém, embora a desumanidade com que a praxe é feita, desde sacrifícios físicos até consideráveis sacrifícios psicológicos, eles entendem as praxes como um simbolismo muito importante e no final acabam por agradecer e guardar belas recordações na sua vida!

Todavia continuo a achar que é tudo muito bonito sim até ao limite, quando as coisas começam a perder o controlo torna-se ridículo e inaceitável, e aí sim deviria entrar o Código de Praxe que só existe por existir, pois uso tem muito pouco ou mesmo nenhum!

Unknown disse...

Antes demais gostaria apenas de ressalvar que os códigos de praxe valem o que valem consoante a região e até mesmo cidade. Os CP's são válidos para quem está dentro da praxe e, curiosamente, são aplicados mais duramente e seguidos à risca nos locais onde a tradição é mais acentuada e onde ocorrem os mais excessos. Nesse sentido, Lisboa não é exemplo nem para o bem nem para o mal.

A fraqueza dos CP's é que apenas prevêem sanções dentro da praxe ou do espírito académico. É certo que as comissões têm obrigação moral de denunciar os abusos. O problema reside no facto de as autoridades ou entidades a quem são denunciados abusos não têm poder, e nalguns casos jurisdição para punir os infractores/abusadores.

Por isso, defendo a praxe! Fui praxado e sou uma entidade praxante bastante activa na minha faculdade, mas pelo bem da praxe acho essencial criar meios de regulação e protecção contra abusos.

A praxe serve para acolher e integrar os novos colegas... não para humilhá-los para satisfação de pessoas frustradas noutras áreas da vida.

Tiago Sousa Dias disse...

Quanto a mim acho que o valor "praxe" é reconhecido de forma generalizada, não obstante existir quem ache que não tem qualquer utilidade (o que também é legitimo certamente). Também de forma generalizada é reconhecida a necessidade de ter limites. Ninguém discorda disto. A questão é: porque é que as coisas acontecem então?
Marta essa é uma grande frase e que explica muito do que se passa. Na realidade (opinião minha) o que se passa é que nos momentos de praxe há muito boa gente que se vê na pele de praxante a poder mandar em alguém e na leva das demonstrações de "poder" qual de todos o mais rijo, aquele maluco que pôs a rapariga nos excrementos.
É desmedido. No momento da praxe perde-se, muitas vezes, noção dos limites só porque se vai ao sabor do vento.

Carlos Carvalho disse...

Quando fui caloiro aceitei ser praxado. Nunca me faltaram ao respeito, apesar de haver sempre quem tente partir para a humilhação dos caloiros.

Assisti a cenas menos positivas, principalmente a nivel psicológico, mas nunca nada passou os limites. No global, a praxe de que fui alvo foi engraçada e criou espírito de grupo. Infelizemnte há quem aproveite o facto de praxar para simplesmente ser um completo anormal.

Sou a favor da praxe, mas com consciência, respeito e espírito de grupo.

Paulo Colaço disse...

Praxo caloiros desde 1996: foi o ano em que entrei para o Magnum Praxis Concilii, o órgão suprema da praxe na minha Universidade. ( recomendo vivamente que consultem o inacabado site: http://www.mpc.pt.vu/ )
Em 2001 ascendi à categoria de Magnânimo Rex, cabeça do MPC, onde me mantive por três mandatos.

Para além de dirigir a praxe, uma das minhas funções (quase missão), era preservar e transmitir o espírito académico.
Sempre entendi a praxe enquanto “exercício de autoridade em quem finge que manda e quem finge que obedece”. Ao longo dos anos, repeti esta frase vezes sem conta. Foi-me ditada em sonhos pelo próprio Adamastor, que praxou Vasco da Gama à grande.

Vejo três utilidades na praxe:
1- Integração dos novos alunos a um mundo novo, com tudo o que isso tem de benéfico (para a ambientação dos caloiros e para o espírito de companheirismo numa instituição)
2- Incutir os ideais de ordem, disciplina e respeito.
3- Bons momentos de descontracção e convívio.

As cautelas a ter:
1- Devemos perceber que a praxe não deve ser igual para todos: enquanto uns caloiros “têm a escola toda”, outros estão agora a sair debaixo da saia da mãe. Devemos ser sensíveis à personalidade do caloiro.
2- Devemos perceber que um excesso mancha-nos a nós enquanto pessoas, viola a tradição académica, prejudica a instituição e é uma agressão a um colega.
3- A praxe não é a lei do mais forte: é a autoridade do mais velho.

(estive a conter-me para não falar disto porque me estendo sempre. Durante anos a vida académica foi a minha vida. Ainda assim está um texto curto. Contive-me, mesmo)

jfd disse...

Com muito orgulho fui praxado logo na secretaria no dia em que fui pedir informações. A minha madrinha foi uma querida. Ficou amiga. E eu deixei o caminho académico para começar outro. Naquela altura o espirito fazia sentido. Hoje que voltei e sou finalista já não faz, não estou nem aí. Tem de haver espaço para quem faz sentido e para quem não faz sentido. Ninguém tem de impor nada a ninguém, cada um na sua.

Anónimo disse...

concordo: cada um na sua.
quem aceita a praxe é praxado (dentro de limites) quem nao a aceita deve ser deixado em paz.

Anónimo disse...

sim, concordo.
que aceita a praxe será praxado (com limites), quem nao a aceita deve ser deixado em paz.

xana disse...

Não gosto de praxes. Não fui praxado, porque não quis e tinha a minha guarda pretoriana que já andava na FDL ehehe.

Admito que muitos queiram ser praxados, mas quemnão quer não deve ser obrigado. Infelizmente, para além de obrigarem, fazem coisas execráveis. Há sítios piores que outros, mas na generalidade, acontecem situações muito constrangedoras, que não deviam ser motivo de regozijo de ninguém.

A praxe torna-se cruel muitas vezes. E isso é motivo de descrédito.

Margarida Balseiro Lopes disse...

Tal como a Tânia, tenho bem presente o meu dia de praxes. Naturalmente, por ter sido há pouco mais de um mês, mas também pelo facto de ter coincidido com o dia do meu aniversário.

Foi uma experiência fantástica (o Zé, o Zé Pedro e a minha querida madrinha Joana podem comprovar o meu entusiasmo!). Não vislumbrei excessos por parte dos veteranos, houve um permanente espírito de integração e convívio de todos eles.

No entanto, conheço casos verdadeiramente chocantes (alguns terminaram de forma trágica), que uma instituição com pouco espírito académico, como a FDL, não vivencia. Para todos eles, deveria existir um Código de Praxe de forma a prevenir situações mais graves.

José Pedro Salgado disse...

Ah, a minha santa terra...

Tenho-vos a dizer que já oiço falar desta história há anos e que ela já fez correr muita tinta.

A saber: As praxes da Escola Superior Agrária são conhecidas pelas suas características de particular exigência.

A justificação "oficial" é a de que são "ossos do ofício". Afinal, ninguém pode ir para engenharia pecuária e se enojar com o contacto com as excepâncias dos animais.

Devo acrescentar também que, no que toca a praxes da referida escola, se as aqui referidas pecam por serem cruéis, não pecam por serem invulgares.

Tendo dito isto, não estou a defender ninguém, como é óbvio. Acho que um elemento essencial da praxe deve ser uma espécie de "opting out". Cada qual sabe até onde está disposto a ir, e a qualquer altura pode engolir o comprimido azul e acordar na sua cama no País da Maravilhas.

E este princípio parece não ter sido respeitado.

A praxe é a vida. Se uma pessoa não quer ser praxada, vá à sua vida e leve saudades que é coisa que não deixa. Mas se é para fazer a coisa, então é a sério:

"DURA PRAXIS, SED PRAXIS"

E isto vale para todos, não só para os caloiros.

Anónimo disse...

Era o que faltava!!!