quarta-feira, novembro 28, 2007

Persona non grata


O PCP expulsou ontem Luísa Mesquita.
Todos conhecemos o PCP: lida mal com a individualidade, não aceita “opiniões próprias” dos seus militantes, gosta de controlar a vida dos seus funcionários, considera-se dono dos mandatos dos seus titulares de cargos públicos.
Mesquita sabia em que estava metida, mas diz que se manterá como Deputada e Vereadora. O acto tem legitimidade inatacável mas moralidade dúbia.
Quando todos atacam a vilania do PCP eu julgar seus os mandatos que os eleitores deram aos candidatos das suas listas, eu lanço a pergunta: aceitariam ser deputados nessas condições?

11 comentários:

Anónimo disse...

Caro PC (nunca ficaram melhor estas iniciais ;), a tua frase da legitimidade e moralidade diz tudo.

Quem é do PCP sabe ao que vai.
Não há muito mais a dizer.
Não tenho em grande conta movimentos reformadores do PCP que vêm de fora sem grande coragem e real impacto no que realmente é o PCP. Gostaria obviamente de ver tal movimento e de verificar os seus resultados (principalmente se fossem (re)ocupar o espaço roubado pelo BE), mas nem da Juventude Comunista sinto esses ventos de mudança.
Estão bem como estão, com as suas convições. É de se louvar!
:) (parados no tempo), mas é de se louvar :))

Anónimo disse...

Não será que no PSD aconteceu o mesmo há bem pouco tempo em Lisboa com o caso da CML?

Concordo com as considerações que foram aqui efectuadas, acho que é perfeitamente legítimo criticar o regime dúbio a que os militantes do PCP se submete.

No entanto, considero que por vezes também é bom que nos viremos para dentro: é bom reflectir e decidir, será que não devíamos ter reagido quando a CPN do PSD retirou a confiança política ao executivo camarário de Lisboa?

Fica a questão...

Tiago R Cardoso disse...

Para alguns que ficaram encalhados no mesmo sitio de a 30 anos, renovação é atirar os "discordantes" borda-fora.

Anónimo disse...

Caro anónimo no PSD não aconteceu nem nunca aconteceria o mesmo.
Sabe porque?
Porque há critica interna. Há processo democrático (para o bem e para o mal).
Há consequências que se sofrem e que são decididas, sofridas, interiorizadas.
É a grande diferença!

Anónimo disse...

Amigos,
Antes de mais um ponto prévio: não tenho qualquer procuração para defender a deputada Luísa Mesquita. Falo, apenas, como profissional que acompanhou o seu trabalho ao longo dos últimos 2 anos.

Luísa Mesquita é, sem margem para dúvidas, da esquerda à direita, a melhor deputada da Comissão de Educação. É a pessoa que, entre aquele grupo, melhor conhece a realidade educativa em Portugal - do básico ao superior.

Sou testemunha da sua dedicação e trabalho, quando abandonava o Parlamento já noite dentro. É por isso que isto é profudamente revoltante. Dir-me-ão, como já disseram, que "ela sabia o que a casa gasta". Com toda a certeza que sabia. Mas isso não belisca EM NADA a legitimidade e a moralidade para continuar no Parlamento e na Câmara Municipal de Santarém.

O mandato é SEU, não é do partido. Se assim não fosse, o regimento da AR não salvaguardaria estes casos. Para bem do país, para bem da Educação, para bem da imagem dos deputados, é uma excelente notícia a da permanência de Luísa Mesquita no Parlamento!

Abraço a todos!

Margarida Balseiro Lopes disse...

A situação de Luísa Mesquita é muito peculiar. Semelhanças ao caso de Zita Seabra: apenas a pena aplicada, a expulsão. E passo a explicar:

O “centralismo democrático” preconizado pelo Partido Comunista Português é amplamente conhecido pelos seus militantes. Subjaz aqui o princípio da “rotatividade” parlamentar, modelo este também praticado (com algumas diferenças) pelo Bloco de Esquerda, por exemplo.

E é-me bastante familiar esta questão da rotatividade: na minha Câmara Municipal, Marinha Grande, o PCP convidou o presidente a “sair mais cedo”, porque entende que este precisa de descanso. Chocante? Claro. Mas surpreendente? Não.

De facto, custa-me entender a atitude de Luísa Mesquita de rejeitar uma das regras de ouro dos “vermelhos”. Aliás, quando outros militantes eram sujeitos a esta rotatividade, não me recordo de Luísa Mesquita se ter insurgido contra esta medida. E fala a deputada comunista em saneamento político: onde estava Luísa Mesquita quando outros militantes comunistas eram ostracizados, expulsos por divergências de opinião?

O desrespeito pela liberdade de expressão e a falta de pluralismo democrático são condições “sine qua non” para o PCP. Foi assim com Zita Seabra, foi assim com João Amaral, foi assim com Carlos Brito. Mas não me parece que seja bem assim com Luísa Mesquita.

Margarida Balseiro Lopes disse...

Esqueci-me de responder ao caro anónimo:

Comparar esta situação ao que aconteceu na CML parece-me perfeitamente descabido. Por muito que discorde do princípio de que os autarcas arguidos tenham que renunciar ao mandato, esta foi sempre uma questão defendida pela CPN da altura de forma intansigente. Por se seguir esse princípio, optou-se pela credibilidade em detrimento da popularidade e assim se perdeu a Câmara de Lisboa, Oeiras e Gondomar.

Anónimo disse...

Nunca havemos de saber quem se portou mal: a camarada Mesquita garante que esta seria a sua última legislatura e que tinha acordada, com o Secretário-Geral, que a iria cumprir até ao fim; O Comité Central garante que Luísa Mesquita nunca seria excepção, mesmo sendo o seu último mandato enquanto deputada, e que teria de se subjugar ao princípio da rotatividade.

Não há qualquer tipo de mártir: há um desentendimento em torno de lugares.

Lisboa foi bem diferente: Carmona era o novo ideal de autarca, acima de esquemas e tropelias políticas. Nem dois anos se perfizeram até os casos dúbios se acumularem. A CML tinha de cair.

Paulo Colaço disse...

Uma achega quanto ao caso de PSD/CML:

O PSD não se considera dono e senhor dos mandatos dos seus eleitos. Quando lhes retira a confiança, deixa de os considerar seus representantes e nada mais.

Cada qual segue a sua vida.

Anónimo disse...

Eu discordo. A deputada Luisa Mesquita foi eleita e tem toda a legitimidade para exercer o seu mandato até ao fim. A conduta do PCP para além de prepotente está já tão ultrapassada que não é aceitável.

José Filipe Baptista disse...

Luisa Mesquita é deputada eleita pelo circulo eleitoral de Santarém, ao qual pertenço.
Foi legalmente eleita para o cargo pelos votantes na sua ex força política.

A situação de o PCP querer por e dispôr dos lugares que o eleitorado lhe confia é extremamente suja e nada dignificante para todos os que estão envolvidos no trabalho do partido.

Sem dúvida alguma o mandato é dela. Foi Luisa Mesquita que deu a cara pelo partido, que aceitou combater numa batalha tão desgastada como a do PCP. E mesmo que fosse eleita por uma qualquer outra força política, o povo votou naquela pessoa para exercer um cargo, não votou um primeiro-ministro nem um ministro. Voto um deputado porque é da sua área, candidata-se para fazer algo pela Nação e por aqueles que se calhar se sentem esquecidos

Para isto não temos códigos, usados o pulsar dos cidadãos!