sábado, novembro 10, 2007

Esperava mais!


Na Cimeira Ibero-Americana, Hugo Chavez chamou fascista a Aznar e magnata petroleiro a Lula, entre outros vitupérios.
Comentando, Sócrates disse: “Esta organização de cimeira entre chefes de Estado e de Governo é assumidamente plural e diversa. (…) Nós não queremos uniformidade política, temos interesses comuns, temos uma história comum, isso não significa que pensemos todos da mesma forma. Ouvimos os outros com respeito, tal como os outros nos ouvem com respeito”. Enquanto falava, tinha Cavaco Silva ao seu lado.

Que Sócrates tenha medo de criticar Chavez, percebe-se. Afinal, trata-se de José Sócrates.
Que Cavaco não tenha dito, pelo menos: “não gostei de ouvir Chavez falar daquela forma do Chefe de Estado de um país irmão e de ter chamado fascista a Aznar”, desilude-me. Esperava mais.

21 comentários:

Carlos Carvalho disse...

Somos dois (pelo menos)! Também esperava muito mais! Há alturas em que se devem ter fortes convicções e, acima de tudo, deve-se provar e seguir essas mesmas fortes convicções!

Faltou garra! Faltou clareza!

Faltou aquilo que é necessário quando, realmente, se tem fortes convicções. A posição Portuguesa deveria ter sido muito mais forte e clara. Não gostei da falta de coragem (para não usar aqui o termo referente a uns vegetais vermelhos).

Paulo Colaço disse...

Precisamente!
E acrescento, Carlos, que se o Zé Pedro disse "tomates" num post, também o podemos fazer num comentário :)

Margarida Balseiro Lopes disse...

Eu confesso que isto não me surpreende. Afinal, Paulo, como tu dizes, trata-se de Sócrates. Estou estupefacta é de o nosso PM preconizar o pluralismo de ideias e a diversidade de opiniões lá fora.

Quanto a Cavaco, e uma vez que foi Sócrates quem fez as declarações, admito que possa ter sido para não causar mal-estar institucional, já que não foi a ele que coube responder sobre o sucedido. O que é compreensível, para quem defende tão afincadamente a "cooperação estratégica"...

As declarações de Chavez são inaceitáveis, mas não surpreendentes. Já nos habituou ao seu estilo contundente e grosseiro.

André S. Machado disse...

E que dizer de Sua Alteza Real, o rei Juan Carlos? Isso sim!

Do Sócrates eu já espero qualquer coisa... Nem me digno a comentar. Faço só notar o paradoxo entre o silêncio face às palavras de Chávez e as prioridades da política externa portuguesa: Espanha, Espanha, Espanha (José Sócrates, versão 2005)

Sobre Cavaco, concordo por inteiro, Paulo. Penso, igualmente, que deveria ter tido uma postura mais activa e deveria tomar uma atitude solidária com Espanha. Ainda mais quando uma personalidade como Aznar, ícone da política espanhola e europeia, é enxovalhada publicamente, quando não está presente. Cobardia do senhor Chávez que advoga valores democráticos quando persegue opositores e faz discursos inflamados contra nações com que muito tem a aprender em matéria de sufrágio universal, directo e, acima de tudo, VERDADEIRO.

Dri disse...

Tambem me desiludiu a atitude do nosso PM. Achei mt mais corajopsa e com principio a atitude do rei espanhol.

Anónimo disse...

Votei no Prof. Cavaco.
Não foi a primeira vez, mas se continuar com esta postura, foi a última!
Valerá a pena reelegê-lo quando se cala perante o Governo? Valerá a pena reelegê-lo quando se cala perante ditadores a quem nada deve?

Tiago Sousa Dias disse...

Eu compreendo que não se tenha referido especificamente ao incidente pois trata-se efectivamente de um "incidente diplomático" nos termos exactos da expressão. Criticar Chavez no caso seria uma extensão do problema, seria agrava-lo.
O que acho que Sócrates, como qualquer outro responsável estadista, deveria ter feito seria ao menos relembrar que se trata de uma convenção por via da qual se pretende atingir acordos, mútuos interesses e caminhos para os atingir e que por isso mesmo todos os Estados ali presentes devem cordialidade e respeito recíproco.
Mas aí Zapatero esteve muito bem. Vejam bem (as imagens estam no Youtube de certeza). Zapatero está a apelar ao bom senso e calma de Chávez quando este o interrompe e insulta Aznar. Zapatero mantém o nível de dignidade e tranquilidade que lhe é exigido e apela ao respeito defendendo "um espanhol". Uma bofetada de luva branca a Chávez. Muito bem. Já o Rei...

Tiago Sousa Dias disse...

Só para completar: talvez maior subserviência tenha demonstrado Sócrates quando não recebeu o Dalai Lama a "pedido" da China.

Tiago Sousa Dias disse...

estam; salpicam e chouriçam dentro do pam lol são os defeitos de escrever rápido nos intervalos do trabalho hehehehe

Anónimo disse...

Eu também considero cobarde a atitude de Sócrates. Cavaco poderia ter marcado a diferença, uma vez que se trata de dois destacados politicos de dois países irmãos: Espanha e Brasil.

Tânia Martins disse...

A atitude de Sócrates nunca irá mudar: cinismo para a frente!

Quanto a Cavaco poderia ter estado de facto melhor e tomar a postura de Presidente da Republica.

P.S(D)- Essa história do país irmão custa-me a engolir quando portugueses e espanhóis não são os melhores amigos do mundo, enfim estes tradicionalismos!

Anónimo disse...

Sua Alteza Real, o rei Juan Carlos foi eleita por quem?
:P

Anónimo disse...

Não foi eleito, porém, tem toda uma história, tradição e fomenta o orgulho dos espanhóis.

Juan Carlos, é um exemplo de classe. Mandar calar aquele homem, que diz asneiras atrás de asneiras foi um favor, e foi finalmente pô-lo no lugar devido.

Já quanto a Sócrates, não é de estranhar, visto que é conivente com Chavez, agora o Prof. Cavaco mais uma vez demonstrou a sua pequenez, foi um muito bom primeiro-ministro, mas quando entra apenas no calculismo de ser reeleito e querer agradar à direita e aos socialistas então está tudo dito...e é o que tem feito...quando não prefere só agaradar aos socialistas.

Deveria ibertar-se e lembrar-se de que não deve favores a ninguém e está naquele cargo para chamar a atenção e garantir o bom funcionamento das instituições!

A laranja tem duas metades e não dá para esconder no bolso uma e só agradar a outra, no bolso a laranja com o tempo vira sumo e desaparece...

Paulo Colaço disse...

Jorge, o rei de Espanha é o Chefe de Estado de um país soberano, democrático e de direito.

A forma como é designado este Chefe de Estado é aceite (até prova em contrário) pelos espanhóis.

Logo, não ter sido eleito não lhe fere ou tolhe a legitimidade. O Primeiro-Ministro de Portugal não é eleito, os governadores civis também não, etc.

É o mais alto representante dos espanhois: chega-me.

Nota: não sou monárquico. Defendo a democracia parlamentar, preferencialmente em República.

Anónimo disse...

Hummmmm
Seja então
Esta é uma daquelas questões que não gera consenso...

Não vejo pequenez no nosso PR ao não alimentar uma polémica desnecessária. Grande é aquele que sabe quando dar um passo atrás ou até mesmo dar a outra face.
Quantos de nós já não perdemos a razão por termos dado aquele passo extra, desnecessário e que nada ajudou? "Ups... porque não me calei?"
Chavez será Chavez.
A Venezuela será a Venezuela.
E meus caros, eu não moro na Venezuela nem sou revolucionário nem blá blá blá. Mas não vou perder tempo com o problema dos outros. Sua Alteza Real ficou irritada? Paciência.
Who cares?
Aznar é Fascista
Bush cheira a enxofre
Deixem este tipo de afirmações com que as faz. Mas lembremo-nos que embora não gostemos, terão a sua legitimidade, o seu espaço, o seu lugar.

PC, o nosso PR tem-se prestado ao seu papel. Quero eu acreditar que muito bem gerido no timing e na acção. Terá mão de ferro quando necessário. Não se preocupem com questões (a meu ver) menores.

Paulo Colaço disse...

Eu sei, Jorge: Cavaco Silva está a velar pelos timings.
Era precisamente isso que eu nao esperava dele.
O mesmo fizeram Sampaio e Soares, exemplos que eu não queria que CS seguisse...

Anónimo disse...

PC sinto e percebo o teu "desespero" e desalento... Mas, a que outro papel se pode prestar um PR ? Pensando bem? Imagina que eras tu o seu chefe de gabinete, o seu conselheiro mais douto importante, que lhe sugerias?

Anónimo disse...

Já viram que giro que pode ficar um comment com os nomes todos em iniciais?
O PC disse ao JFD que concordava com ele, como tinha dito ao CC, mas não percebia a posição de CS que fez o mesmo que o nosso PM, ao contrário de JC que se irritou com HC. Quem valeu foi JLZ que impôs respeito na CLA quando aquele relacionou a UE com os EUA e JMA. LOL

Paulo Colaço disse...

MBT

José Pedro Salgado disse...

Hugo Chavez disse que a Venezuela estava a rever as suas relações com Espanha.

A jornalista que reportou isto disse que havia que cuidar com o impacto, visto que Espanha era o principal investidor estrangeiro daquele país.

Sei...

E as bananas são a principal exportação da Colômbia...

Margarida Balseiro Lopes disse...

E já temos a resposta de Chavez:
"O Presidente Hugo Chávez quer proceder a uma "profunda revisão" das "relações políticas, económicas e diplomáticas" entre o seu país e a Espanha. "As empresas espanholas vão ter de prestar mais contas", disse Chávez, numa clara ameaça aos investimentos espanhóis".