sábado, novembro 10, 2007

E para nós como é?

Esta Cimeira Ibero-Americana, realmente, está a dar que falar. Mas, e mais do que isso, está a dar que pensar. Tal como o Paulo Colaço, eu também esperava algo mais das declarações dos nosso governantes.

No entanto, o que realmente me levou a «ficar a pensar» e a vir aqui «postar» foi o facto do nosso Presidente da República, Cavaco Silva, ter dito que: "é, na América do Sul, diferente a ideia de democracia e liberdade". Bem, tendo em conta a actuação do nosso Governo em algumas questões e lembro-me, por exemplo, o caso do Professor Charrua, fico realmente intrigado sobre se será mesmo assim.

Apesar disso, decidi procurar no famoso Wikipédia e eis os resultados que obtive para 'democracia' e para 'liberdade':

"Democracia é um regime de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), directa ou indirectamente, por meio de eleitos representantes — forma mais usual.
Numa frase famosa, democracia é o "governo do povo, pelo povo e para o povo".
Democracia opõe-se à
ditadura e ao totalitarismo, onde o poder reside numa elite auto-eleita."

"A liberdade é uma noção que designa, de uma maneira negativa, a ausência de submissão, de servidão e de determinação, isto é, ela qualifica a independência do ser humano.
De maneira positiva, ela designa a
autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional. Isto é, ela qualifica e constitui a condição dos comportamentos humanos voluntários."

Segundo Cavaco, estes dois conceitos são diferentes na América do Sul. Mas, e entre nós? Não teremos nós um significado pessoal para cada um? Não pensamos nós de forma diversa em relação a cada um deles? Até porque estamos já numa geração que não viveu uma luta por liberdade, mas vive, sim, num caminho pela globalização...


10 comentários:

Paulo Colaço disse...

Outro belo tema, para muitas mangas, em diversos panos.

Sim, todos temos os nossos conceitos cujo conflito causa guerras, extremismos, repúdios, intolerância.

No nosso País, o mais importante dos conceitos é o da vida, o que não nos impede de defender (muitos de nós) a liberdade de abortar.
Vemos também como sacrossanto o conceito da liberdade, mas muitos acharam normal que a polícia fosse farejar à sede de um sindicato.
Outro dos conceitos é o do Estado de Direito (o Estado ter leis às quais se submete e respeita escrupulosamente), mas isso não impede que escutas “duvidosas” sejam defendidas por alguns.

Sim, todos temos os nossos conceitos. As pessoas têm-nos, os países têm-nos. Um dos muitos males é querermos que os outros vivam segundo os nossos conceitos. Dou um exemplo, de muitos que me vêm à cabeça mas que fariam este comentário ter o dobro da dimensão dos Lusíadas:
«no processo de construção do Estado de Timor, o Ocidente quis criar um Estado “perfeito”. Conseguiu “erguer” o país mais avançado da região: fez Timor ratificar todos os tratados que há sobre igualdade, eliminação da discriminação de género, etc. Mas será que os timorenses vivem segundo a letra das suas leis? O maior crime registado por lá neste momento é a violência doméstica.» (Dra. Mónica Ferro dixit, UV 2005)

Todos temos os nossos conceitos. O problema surge quando os queremos exportar para os outros… E contra nós falo, porque o Ocidente é nisso campeão!

Francisco Castelo Branco disse...

A pergunta que coloco é a seguinte:
Será que a ditadura que temos no Médio Oriente( irao,siria, arabia saudita) é pior daquela que existe na América do Sul?
E porque será que os EUA não tomam a mesma posição em relação aos latino americanos?
Dá que pensar......

Paulo Colaço disse...

Caro Francisco,
bem-vindo a este teu espaço.
Estás a introduzir neste post, e bem, o tema da hipocrisia dos Estados: a forma como acham naturais os actos dos amigos, aliados ou indiferentes e, em actos semelhantes dos adversários, vêem coisas intoleráveis.

Os EUA são especialistas nisso, mas Portugal tem também as suas culpas: veja-se o medo que a China "nos" inspirou no caso da visita do Dalai Lama?

Bismark dizia: "só reconheço o direito internacional para além do alcance da bala do meu canhão". Os Estados fazem o mesmo: só vêem as maldades para lá da fronteira dos seus interesses.

Infelizmente, isto nunca mudará. É que os Estados têm razões que a razãos dos homens e dos povos desconhece. Em 99% dos casos, o chamado "interesse nacional" sobrepõe-se à conduta do bonnus pater familias...

Anónimo disse...

Caro Francisco, com todo o respeito, discordo.
As ditaduras do médio oriente (árabes) são piores.
Não se baseiam apenas em assuntos de poder: baseiam-se em concepções sobre a Vida, as liberdades, os direitos.
Baseiam-se em sangue que se derrama por se considerar que é assim que deve ser.

Não é mera violência para mandar: é violência que está no sangue.

Isso revolta-me: como é que seres humanos podem achar que os seus semelhantes são igual a pó?

Anónimo disse...

"As ditaduras do médio oriente (árabes) são piores.
Não se baseiam apenas em assuntos de poder: baseiam-se em concepções sobre a Vida, as liberdades, os direitos.
Baseiam-se em sangue que se derrama por se considerar que é assim que deve ser."

Subscrevo

Francisco Castelo Branco disse...

Concordo com todos!
Mas quanto a razao do Paulo Colaço em achar que os EUA são especialistas neste tipo de matéria, não concordo.
Veja-se o caso de Cuba. E pertence às Américas.
Quanto aos outros comentários, como sabemos nós que nestas ditaduras Sul americanas não se incita ao mesmo "ódio" em relação aos outros paises e nomeadamente aos EUA? Acho que na Venezuela, Chavez tem feito tudo para instalar um ódio "antiamericano"
Mas quanto ao facto de nas ditaduras de médio Oriente serem mais radicais, concordo plenamente. Ou será que nestas são mais visiveis? Ou que dão mais importância por adoptarem a mesma religião?
Será que não são "encobertos" certas práticas?
São apenas questões.....

Um abraço

Paulo Colaço disse...

Caro Francisco, o que eu quis dizer foi: os EUA têm grande experiência no célebre "dois pesos e duas medidas".
Um bom agente desculpa um mau acto; um bom acto é diabolizado quando praticado por mau agente.

E subscrevo o que disse a big mamma:
"As ditaduras do médio oriente (árabes) são piores. Não se baseiam apenas em assuntos de poder: baseiam-se em concepções sobre a Vida, as liberdades, os direitos.
Baseiam-se em sangue que se derrama por se considerar que é assim que deve ser."

Na América do Sul, também pelo catolicismo militante, tirar a vida a alguém ainda é pecado.

José Pedro Salgado disse...

A nossa liberdade é total.

Mas existe um preço. Para toda a acção existe uma reacção, e para toda a causa uma consequência.

Por exemplo:

Já viram a quantidade de vezes que dizemos "não pude ir", não consegui fazer" e tal?

Não é verdade. Supondo que sou convidado para uma festa de anos a que não vou porque à última da hora apareceu uma batelada de trabalho inadiável.
Vou ligar ao aniversariante a dizer:"desculpa, não posso/consigo/dá para ir."
Mentira, claro que dá. Simplesmente a opção de ir aos anos e mandar o trabalho para as urtigas era uma que tinha consequências que menos me agradavam (chatear o patraão, ser despedido, etc.) do que deixar um amigo pendurado. Afinal, amigo sempre perdoa, não é?

Desculpem o discurso, mas para mim liberdade é isto: livre arbítrio e responsabilidade.

Anónimo disse...

Também em Portugal querem acabar com a liberdade

Anónimo disse...

Também em Portugal querem acabar com a liberdade