terça-feira, setembro 04, 2007

São os pormenores que fazem a diferença


Milhares de delegados e oficiais chegam esta semana a Sidney para a cimeira do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC). Ao que parece, os bordéis da cidade estão a preparar-se para a enchente, e as trabalhadoras do ramo vão estar de serviço até no feriado que coincide com a reunião dos 21 líderes da APEC.

Em Sidney o comércio de sexo é legal.

Será que a oferta de sexo é mesmo um factor determinante para a escolha do local destes grandes eventos mundiais?

Se assim for, podiam começar a pensar o mesmo para a cimeira Europa-África, pode ser que o Reino Unido se entusiasme e não levante mais entraves à presença de Mugabe...

19 comentários:

Dri disse...

Um post que traz uma pergunta pertinente. O facto é que é demasiada coincidencia a legalização do sexo em sidney e a cimeira ser em sidney...
Se a moda pega pelo Mundo talvez mais paises comecem a legalizar a prostituição, a começar pelo nosso cantinho.

nota: xana a imagem tá excelente.

Paulo Colaço disse...

Bom post para começarmos a falar acerca da legalização da prostituição.
Será a prostituição é uma actividade comercial como tantas outras?
A degradação a que está associada será combatível com a legalização das casas “da luz vermelha”?
Opiniões?

Anónimo disse...

ola...

bem... realmente é muita coincidência. por mim, a legalização da prostituição é desprezível e espero que nunca passe pelas "mentes brilhantes" dos nossos governantes legalizarem tal actividade. por mim, não estava à espera da legalização da prostituição na Austrália, mas enfim, conseguem sempre surpreender-nos, mesmo negativamente (frequentemente)!

de resto, concordo com o Paulo, é um bom post!

beijos a todos

Anónimo disse...

Eu não vejo qualquer inconveniente na legalização da prostituição.

Acredito que os problemas mais graves que rodeiam a prostituição nascem exactamente da falta de regulação daquela actividade.

Um(a) prostituto(a) não tem direito a segurança social, não tem direito a organizar-se de forma a fazer valer os seus direitos, não garante que tenha as condições mínimas de saúde no local de trabalho ou que trabalhe somente x horas semanais.

É trabalho ilegal e a esse trabalho ilegal o Estado deve dar cobertura.

P.S. A moção de legalização da prostituição foi das poucas que foi chumbada no último Congresso da JSD.

Dri disse...

Eu concordo com a legalização da prostituição e alias ate já a defendi num artigo que escrevi para um jornal regional. Agora entendo que mts mentes da nossa sociedade não estao sensibilizadas para a questão.

José Pedro Salgado disse...

Primeiro devo relembrar-vos que o ilegal em Portugal não é a prostituição, é o lenocínio.

Assim, pode-se prostituir quem quiser, desde que as contrapartidas dessa actividade vão para o prostituinte e não para terceiros.

Sou completamente a favor da legalização da prostituição, sob qualquer forma.

A razão porque a prostituição é ilegal é para evitar que certas pessoas sejam forçadas a prostituirem-se: isto deve ser combatido.

Agora, casos comprovados de cooperação em que para montar (sem malícia) um negócio há quem entre com a capacidade de gestão e quem dê o corpo ao manifesto não podem continuar a ser punidos.

São, em bom rigor, atentados intoleráveis à liberdade individual e à iniciativa económica, dois direitos constitucionalmente previstos.

Tânia Martins disse...

Eu depois de tanta discussão já nem sei que posição tomar em relação à legalização da prostituição!

Por um lado falam do controlo que haveria se a dita cuja “profissão” fosse legalizada e de facto esse controlo seria uma mais valia para a sociedade! E aí concordo com isso! Mas por outro lado não concordo e não me perguntem porquê, porque dou o argumento mais vazio que pode haver: porque sou contra, não acho bem!

Bem mas também por outro lado só existem vantagens na legalização, de facto ela não deixa de existir só por ser ilegal, aliás continua existe e em condições desprezíveis…

Conclusão: ainda ando a pensar na minha posição em relação e este assunto!

xana disse...

Tânia pensa assim: se as top models também usam o corpo para ganhar dinheiro, porque é que as prostitutas não podem?

No fundo, trata-se da profissão mais antiga do Mundo, e se os actores e cantores ganham a vida a fazerem algo para o qual têm talento, estas senhoras não fazem nada de muito diferente.

Pode ser que com a legalização, mais senhoras talentosas para a coisa se dediquem a uma profissão... diferente.

José Pedro Salgado disse...

Bem lembrado Sandra:

Durante mt tempo as actrizes eram consideradas tão imorais como as prostitutas.

Considerava-se que não sendo uma actividade tão "indecente", era por outro lado igualmente má por os actores venderem também a sua "alma" e não só o seu corpo.

Bruno disse...

Realmente é uma hipocrisia as pessoas poderem vender o seu corpo para tudo menos para o sexo. Se bem que, como diz o Salgado, a prostituição não é bem ilegal. Mas não está efectivamente regulada o que torna a situação ainda pior.

É curioso que o argumento seja: vender o corpo para actividades sexuais é degradante.

Há tanta gente que se vê obrigada a compactuar com situações degradantes para sobreviver...

Tanta gente que fica gravemente doente por causa de situações degradantes na sua profissão...

Tété disse...

A prostituição é especialmente grave quando surge associada ao tráfico de pessoas. Os traficantes transformam os seres humanos em mercadorias, para obterem lucros avultados, através da prostituição, do trabalho ou da recolha de órgãos.

O tráfico de pessoas, a par do tráfico de drogas e armas, constitui uma das mais graves expressões da criminalidade organizada, justificando a aplicação de medidas especiais, como a protecção de testemunhas, acções encobertas e mandado de detenção europeu.

Tété disse...

Em Portugal, como na maioria dos países europeus, a prática da prostituição não constitui crime.

Assim, as relações sexuais consentidas entre adultos, mesmo que remuneradas, escapam ao Direito Penal.

No norte da Europa sustenta-se a punição dos clientes, considerando que as vítimas são as pessoas que se prostituem. A justificação é semelhante à que leva à punição do lenocínio, considerando que entre proxenetas e clientes só haverá uma diferença de grau. Tratar-se-ia sempre de um favorecimento da prostituição.

Anónimo disse...

Um pouco na linha do que expôs a Goreti, a Convenção Europeia Contra o Tráfico de Humanos estabelece a atribuição de autorização de residência às vítimas que forneçam informações sobre os traficantes.

Ainda que esta concessão fosse válida por somente 30 dias, em Janeiro de 2007 foi ao abrigo da Convenção que a denúncia de 45 prostitutas levou à acusação de duas mil pessoas (!) de tráfico de seres humanos (Itália).

Anónimo disse...

Ainda que neste post tenhamos abordado esta questão de forma mais intimamente relacionada com o Tráfico de Seres Humanos no fluxo Leste-União Europeia, é importante não ignorar que o Relatório Anual do Departamento de Estado norte-americano declara que esta actividade movimenta cerca de 9 mil milhões dólares\ano e provoca entre 600 a 800 mil vítimas.

Os mais afectados são menores de idade, provenientes dos seguintes países: Belize, Irão, Arábia Saudita, Uzbequistão, Mianmar, Laos, Sudão, Venezuela, Cuba, Síria, Coreia do Norte e Zimbabué.

Paulo Colaço disse...

Várias notas:
1 - Zé Pedro, belas palavras para nos deixares a tua visão da coisa. É também a minha.
2 - Exactamente: as actrizes eram igualmente equiparadas a prostitutas. Muitas tinham de mudar de nome e usar máscaras para não serem identificadas. É esse (e não só) o ponto de origem dos pseudónimos e teatros de máscaras e maquilhagens. Veja-se o Japão.

O mau dos negócios não é o bem que se negoceia mas sim o título da venda. Ou seja: a senhora X pode vender um livro, madeixas de cabelo ou o sexo, desde que seja proprietária. O problema dá-se quando vendemos "bens" alheios...

Anónimo disse...

Estreio-me por aqui (finalmente!) com pouco a acrescentar - já muito foi dito para explicar a necessidade da legalização da prostituição, com que concordo inteiramente.

Contudo, saliento algo que o Né lembrou e que me parece importante, como me pareceu na altura - a moção relativa à legalização da prostituição foi das poucas chumbadas em Congresso.

Deu origem a reacções de indignação por parte de vários delegados e gerou um burburinho bastante consderável.Porquê?

A não oportunidade de discussão não me permitiu ou permite concluir com clareza:
Será ainda um assunto tabu?
Não discutível por uma "óbvia" amoralidade?

Que vos parece?Deve a Jota meter o assunto (desta forma) na pasta dos arquivados?!

Bruno disse...

Confesso que não li a moção apresentada ao Congresso da JSD. Poderá ter sido chumbada por defender a legalização em termos que o Congresso não acolheu, por estar mal escrita ou simplesmente por vir de alguém que não granjeie simpatias (sim, sabemos que isto também acontece...).

De qualquer forma, penso que o facto de a moção ter sido chumbada é apenas mais uma razão para a JSD discutir o tema. Se existe um problema e o Congresso reprova uma possível solução então terá que se apresentar outra.

xana disse...

Bem vinda Joana!

Devo dizer que li a moção, e que de facto em termos de redacção poderia ter sido mais conseguida, no entanto, não me parece justificado o seu chumbo.

Acho que a jota tem que ser o espelho da juventude, e ela própria apresentar características tão presentes nos jovens. Irreverência não é incorrecção e ser politicamente incorrecto não é ser mal educado. Basta saber diferenciar muito bem estas posturas e temos o caminho livre para deixar tabus de lado e discutir os temas fracturantes da nossa sociedade.

Foi um sinal muito alarmante o chumbo desta moção. Provou que a jota (!) não está preparada para discutir este tema. Como é possível?

Anónimo disse...

Não penso que deva ser arquivada
Mas também não julgo que deva ser discutida só por ser um tema "quente" assim como julgo ter sido rejeitada por cair naquele lote de "coisas" que são rejeitadas à nascença...

Tem de ser discutida com convição e sem aquele véu do moralismo que tempera sempre as nossas latitudes políticas :P