quinta-feira, outubro 11, 2007

Justa Imoralidade

No seguimento do post da Inês, no qual já me revi, encontrei este texto no blog de uma amiga. Este artigo remonta a 1999 e é da autoria de João César das Neves, o qual, apesar de ter sido escrito há alguns anos atrás, conserva a actualidade. O que se tem passado no PSD, é um espelho do que se passa na sociedade em geral, e que, do meu ponto de vista, está magnificamente retratado neste artigo. Faço minhas as suas palavras.

"Na actual confusão moral da civilização ocidental existe uma surpreendente ordem subjacente. Se usarmos a estrutura ética clássica vê-se que o nosso tempo despreza todas as virtudes que ordenam a pessoa a si própria e exalta as que regulam a relação com os outros.

Quer isto dizer que se vive actualmente num vazio moral? Não. Existem, pelo contrário, aspectos em que a ética atingiu hoje níveis de elevação nunca antes imaginados. Nós vivemos no tempo que definiu os direitos humanos, que mais lutou contra o racismo e a discriminação e mais reduziu a pobreza e a tirania. Nunca, em qualquer época ou civilização, houve tanto esforço e empenhamento público e privado para criar justiça social, igualdade de direitos, harmonia e cooperação internacional. Com leis e organizações, esforços comunitários e pessoais, o nosso tempo conseguiu avançar muito na criação de uma sociedade justa e igualitária.

É verdade que continuam a existir corrupção, abusos, ditaduras, pobreza, roubos e morticínios. Mas esses factos, que sempre se verificaram, são hoje geralmente repudiados com um vigor e uma unanimidade nunca igualadas. Apesar de a opinião pública parecer tolerar crimes graves, como o aborto, temos de dizer que, em geral, avançou-se muito no campo da justiça. Aliás, do alto dessas realizações, o nosso tempo erigiu-se mesmo em juiz da História, e repudiou o seu passado porque nele existiu escravatura, colonialismo, discriminação das mulheres, miséria e desigualdade.

O nosso tempo confunde liberdade com falta de critério.

A nossa sociedade, muito exigente na ética relacional, desconhece simplesmente os critérios do comportamento pessoal. As teorias ecológicas e naturistas dos nossos dias até exaltam os instintos corporais. As consequências deste desequilíbrio são os múltiplos comportamentos insólitos, aberrantes ou simplesmente ridículos que vemos. E a profunda miséria moral que eles manifestam. O prazer substituiu a felicidade.

A extravagância, o exagero, o exibicionismo são hoje admirados e incentivados. Não há limites na ambição, no orgulho, na curiosidade. O suicídio e a eutanásia são aceites. A droga domina e o pudor é um conceito desconhecido. Perante o normal fascínio dos jovens pelo sexo, dizem-lhes que tudo é permitido, se evitarem a sida e a gravidez. Embebedar-se é brincadeira e comer com excesso é um feito. A família tem por finalidade apenas o prazer egoísta e, por isso, é instável e multiforme. Em certos casos, voltou-se mesmo ao paganismo mais boçal dos cultos báquicos.

O resultado está à vista. Vivemos na primeira civilização que busca ansiosamente a justiça mas se esqueceu da honra. E que, apesar de nadar em prazeres, não consegue ser feliz."

NDR: (peço licença ao autor do artigo, João César das Neves, pelo facto de me ter "apropriado" do título do seu artigo para epigrafar este post)

45 comentários:

Filipe de Arede Nunes disse...

Em primeiro lugar o moralismo reacionário do autor - que me perdoem os correligionários das suas opiniões - dificilmente pode ser enquadrado naquilo que sem vivido no PSD nos últimos tempos, ressalvando desde já que sou um dos maiores críticos da realidade subjante aos factos que se têm desenrolado.
No entanto, este artigo é demasiado conservador e faz uma análise do relativismo da sociedade moderna face a valores intrinsecamente antiquados e de maneira alguma - em grande parte pelo menos - valorizados nos dia de hoje.
O autor, aliás como todos nós, avalia a sociedade de acordo com o seu padrão moral, sendo que, este não pode servir de medida para a avaliação da situação interna do PSD, nem sequer para o que se passa pelo mundo.
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Inês Rocheta Cassiano disse...

Caro Filipe,

Agradeço o seu comentário que li com toda a atenção. Independentemente de estarmos manifestamente em lados opostos, julgo que fez uma interpretação errada do meu comentário.
Em primeiro lugar, ao apoiar-me neste artigo, fi-lo por me identificar completamente com a visão que nele é feita da actual sociedade.
Em segundo lugar, o meu comentário reflecte única e exclusivamente o que é a minha opinião e a minha leitura do que se passa no PSD e, que continuo a dizer, tem relação directa com a substância do artigo.
Estou habituada a ser rotulada de conservadora, mas como os psicóticos bem sabem, sou conservadora, sim e convictamente conservadora, enquanto isso significar ser apologista da cultura humanista e dos valores éticos que devem reger a vida em socieadade.
Conservadora? Com muito orgulho.

Anónimo disse...

É preciso não sonhar o que é a social-democracia para postar este senhor aqui. Sim, muito bem Filipe Nunes, "moralismo reacionário" é o mínimo que se pode dizer deste acumulado de nadas. Valores éticos? Cultura humanista? Vamos a isso cara Inês.

"A nossa sociedade, muito exigente na ética relacional, desconhece simplesmente os critérios do comportamento pessoal". Quais critérios? Os desse senhor? Quem é ele para definir critérios éticos? É esta visão maniqueísta do mundo que eu não aceito: os bons vs os maus; os puros vs os impuros; os santos vs os pecadores.

Mais há mais Inês.
"O resultado está à vista. Vivemos na primeira civilização que busca ansiosamente a justiça mas se esqueceu da honra. E que, apesar de nadar em prazeres, não consegue ser feliz." O que é isto? Cada um fala por si. Como é que alguém se pode rever nisto...?

Inês Rocheta Cassiano disse...

Caro Mendonça,

mais uma vez, estamos em desacordo. Das duas uma, ou eu não consigo exprimir-me claramente e tenho algum problema de comunicação que desconheço, ou descortino algum radicalismo no seu comentário.
Sempre fui educada na pluralidade e no respeito pelas opiniões diferentes das minhas. Também sempre fui ensinada a não adjectivar as correntes de opinião opostas às minhas. Isto para dizer o quê? Que apesar de conservadora assumida, sou uma jovem do século XXI, informada, preocupada com o que se passa à minha volta em termos de desigualdades e injustiças sociais e é por acreditar na social democracia como regime político e social assente logicamente num Estado de Direito que acredito que a sociedade pode ascender a melhores e mais justas condições de vida no respeito pelas liberdades e garantias de todos.
Com a citação deste artigo, pretendi, acima de tudo, chamar a atenção para a falta de valores da actual sociedade. Esta é a minha opinião. Não pretendi impôr critérios a ninguém e da leitura que faço do artigo também não é essa a intenção do autor. É a sua reflexão sobre a sociedade.
Com todo o respeito caro Mendonça, pergunto eu, como é que alguém pode meter a cabeça na areia e continuar a atirar foguetes e a apanhar as canas?

E disse...

Não me parece que seja eticamente condenável uma pessoa querer ser feliz. Penso que a ética define a fronteira de uma relação sustentável com os seus pares, e não uma relação consigo própria.

Não considero a honra uma virtude que diga respeito ao próprio indivíduo. Um indivíduo honrado é admirado, respeitado e enaltecido pela sua comunidade, pelo que fez não para si próprio mas em relação a outrem, num alcance que ultrapassa leis, regras e códigos de justiça.

Penso que o autor desconhece que a liberdade em si não admite de qualquer maneira, a imposição de "critérios". É um aspecto extremamente individual e optar por regular este ou aquele comportamento é castrador do princípio de humanismo liberal que os sociais-democratas defendem.

Sem prazer não há felicidade e isto é o que caracteriza um pensamento humanista. Optar pela via do sacrifício como vista a trazer o bem à sociedade, faz-me lembrar muito a Idade Média. Não gostava de viver nesse tempo. E logo à partida, parece-me esse senhor ser conservador, mas de esquerda. Mas posso estar enganado.

Paulo Colaço disse...

João Cesar das Neves é um OPNI - Objecto Pensante Não Indentificado.

Não o ouço (nem leio) vezes suficiente para saber se é coerente com as suas próprias ideias.

Acho-o vagamente tonto, o que é substancialmente melhor que o absolutamente tonto que alguns acham de mim.

Mas isso não quer dizer que não lance ideias lógicas e, por vezes, ditas de forma interessante. (Coisa que nada tem de admirável: até um relógio parado diz as horas certas duas vezes ao dia).

Não entrando na discussão da ética e do comportamento humano (que fazem as delícias da Inês e do Mendonça: aquilo já é amor!!!) eu agarro-me a uma afirmação do JCdN que me agrada particularmente:
"O nosso tempo confunde liberdade com falta de critério".

De facto confunde. O critério distingue as pessoas tal como a admissão condicionada destingue os restaurantes. Mas ninguém disse que uma má clientela é sinónimo de maus bifes...

Anónimo disse...

Concordo plenamente com o autor do texto e com a autora do Post, sociedade desencontrada a nossa.

Inês Rocheta Cassiano disse...

Obrigado Colaço e parabéns por conseguires opinar sem ofender (utilizando um título de um post antigo!)
Já agora, registo com agrado que o Daniel partilha das mesmas ideias que eu. É que estava quase a sentir-me "anormal"!

Anónimo disse...

Ao contrário do que diz o Paulo, acho que o João César das Neves não é um "OPNI", até porque já tive o privilégio de conversar com ele e leio sempre que posso, os seus artigos. No que se refere ao conteúdo deste post, sou levado a concordar com a maioria do que aqui se encontra descrito, pois sendo católico e conservador, não faria sentido de outra maneira. No entanto, sou obrigado a concordar com a opinião do Filipe, quando refere que o "moralismo (...)do autor(...)dificilmente pode ser enquadrado naquilo que se tem vivido no PSD nos últimos tempos". Isto porque, o combate e a acção política no seu verdadeiro termo, isto é, do ponto de vista da "realpolique", nada têm a haver com "a Moral" no seu sentido mais lato e para compreender isso, basta ler "o Princepe". Assim há que distinguir a "amoralidade" da política, face à "profunda miséria moral" em que vive parte da sociedade, descrita pelo autor.

Bruno disse...

Mendonça, eu nunca sonhei com a Social-Democracia ;) Mas para ser mais próximo das tuas palavras, eu não sei bem o que isso é... e também não sei bem o que é o socialismo, o comunismo, a democracia-cristã...

Acho que é por isso que sou do PSD. E gosto muito quando o Dr. Alberto João Jardim define o nosso partido como sendo "o das pessoas que fazem o que lhes dá na cabeça".

Se sou conservador? Sou! com muito gosto. E sou liberal também. E com imenso gosto. Serei por isso incoerente? Talvez. O Mendonça estará nesta altura a chamar-me esquizofrénico (ele parece gostar da palavra, hehe! eu prefiro estupefacto! não tem nada a ver mas gosto da forma como soa...).

A verdade é que costumo opinar sobre as coisas sem grandes dogmas. Sem preconceitos. E talvez por isso consiga sempre encontrar uma posição que me deixa seguro, convicto e tranquilo porque está de acordo com os meus princípios.

Isto foi uma introdução (longa, eu sei) para vos dizer que opinar sobre um texto, catalogando-o não me parece a forma mais justa e correcta de o fazer...

Sobre o post em si. É verdade quando a Inês diz que o que se passa no PSD é um espelho do que se passa na sociedade en geral. É verdade que a abertura das mentes que é extremamente positiva, foi aproveitada pelos sem-escrúpulos para, despudoradamente, adoptarem comportamentos que não são tão facilmente questionados.

Isso não quer dizer que a evolução seja má e que estejamos no mau caminho. Se se deixarem de dogmas e de guerrinhas de alecrim e manjerona entre pseudo-conservadores e psudo-liberais são capazes de ter um momento para o perceber. O que quero dizer é que sendo mais liberais, devemos ser mais atentos a quem merece ou não a nossa confiança.

É cada vez mais importante que aprendamos a filtrar e tratar a montanha de informação que nos chega e não nos limitemos a tomar como certo tudo o que ouvimos. É cada vez mais importante - e acho que isto é mais do que pensamento liberal - que analisemos a pessoa pela pessoa em detrimento de analisarmos as pessoas pelo grupo a que as colamos.

Filipe de Arede Nunes disse...

Cara Inês.
Espero que as minhas palavras não tenham sido tidas como ofensivas! Não foi esse o meu intuito e propósito. Fiz uma análise do texto no contexto em que o colocaste, que creio, e volto a afirmar me parece descentrado! O que se vive no PSD nada tem de relacionado com o objectivo deste texto, nem me parece que se possa estabelecer um paralelismo. O que vive no PSD é a violação de regras estabelecidas - não na moral, mas sim em estatutos e regulamentos - é o recurso ao populismo desenfreado, é a falta de ideias, de projectos e de qualidade naqueles que têm sido os principais intervenientes dos últimos tempos.
Cesar da Neves reflecte neste texto as suas orientações conceptuais da sociedade. Não me revejo nelas, porque como disse as considero reacionárias.
"sim e convictamente conservadora, enquanto isso significar ser apologista da cultura humanista e dos valores éticos que devem reger a vida em socieadade." Não acredido que o conservadorismo signifique a apologia da cultura humanista e dos valores éticos. Esta defesa da cultura humanista e dos valores éticos não é património de nenhuma corrente de pensamento político, porque tu, e eu, a grande maioria de nós se revê nesses ideais.
Seja como for, dou-te já os parabéns por teres colocado a discussão num patamar muito alto, superior ao que tenho visto ultimamente nos blogs - porque em outros locais já pouco se discute.
Entende as minhas palavras como parte de uma discussão de conceitos e de formas de ver a sociedade que a todos pode aproveitar.
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Anónimo disse...

"Mas para ser mais próximo das tuas palavras, eu não sei bem o que isso é... e também não sei bem o que é o socialismo, o comunismo, a democracia-cristã..." - claro que sabes Bruno :)

Inês Rocheta Cassiano disse...

Caro Filipe,

foi com muita satisfação que li o teu último comentário. Devo dizer-te que não entendi o primeiro como ofensivo. Não tenho por hábito "passar-me" cada vez que sou confrontada com uma opinião adversa.
Em relação à substância do artigo, na minha leitura, continuo a entender que há um correlato entre a reflexão feita pelo autor e o que se passa no PSD. Porquê? Veio a público ,à exaustão, para quem quis ler e ouvir, que foram pagas quotas em massa (e isto é so a ponta do iceberg), que houve procedimentos de cacicagem por esse país fora, etc, e isto ,para mim, traduz-se numa falta de ética.
Ainda bem que há confronto de ideias, sempre num patamar de elevação e de respeito.

E disse...

É raro ver uma discussão de alto-nível, em terreno ideológico que diz tanto ou devia dizer tanto ao PSD.

Podiam abordar a dignidade que não existe no interior do partido e que afasta jovens quadros universitários do serviço público (a UV foi uma lufada de ar fresco).

Da falta de preparação e ignorância técnica dos militantes na área ambiental, engenharia, gestão, saúde, dentro dos órgãos de aconselhamento do PSD, em qualquer nível (mas que há muitos versados em Direito, lá isso há).

Da desmotivação que se gera quando os órgãos juridicos expulsam os militantes que concorreram contra o PSD nas autárquicas, e 2 anos depois, voltam a poder entrar só porque o líder mudou.

E especialmente, se a escola da "realpolitik" também se aplica à conquista do poder no PSD, onde os fins justificam os meios.

Anónimo disse...

Caro Direct Current. Como jovem militante da JSD e do PSD, não posso ficar indiferente ao que escreveu aqui. Trato-o por "você", porque é quase 10 anos mais velho que eu (isto a fazer fé no profile). Concordo quando refere que "é raro ver uma discussão de alto-nível, em terreno ideológico que diz tanto ou devia dizer tanto ao PSD" e nesse sentido, não foram de estranhar as palavras de Angelo Correia, que apelava a uma "refundação ideológica" do partido, afim de se construir uma nova matriz, sobre o que é a Social Democracia neste inicio do século XXI. Por outro lado, quando aborda a temática da "dignidade que não existe no interior do partido e que afasta jovens quadros universitários do serviço público", posso tentar refutar esse quadro ou talvez não. Por certo, existiram casos pontuais onde essa dignidade, já foi infelizmente beliscada por alguns; mas sou da mesma opinião de que a UV, é hoje uma certeza no que diz respeito à formação e ao empenho de jovens quadros, na construção e no futuro credível da JSD e do PSD. Quanto à chamada de atenção que faz perante a "falta de preparação e ignorância técnica dos militantes na área ambiental, engenharia, gestão, saúde, dentro dos órgãos de aconselhamento do PSD, em qualquer nível", é possivel que pontualmente tal seja verdade, mas não acredito que no seu todo, o partido não tenha uma massa critica e especializada que lhe permita ir por vários caminhos e debater especializadamente nas mais diversas áreas, afím de apresentar as propostas certas para o país. Já agora, quanto aos militantes formados em direito, serem em maior número, penso que o fenómeno é transversal aos grandes partidos em Portugal. Não é que me agrade muito, mas não se pode fazer nada quanto a isso e até acho que há bons juristas na JSD e no PSD, que têm feito ao longo dos anos, um trabalho impar para o partido e para o país. Relativamente à "realpolitique" - em francês, ou "realpolitik" em alemão - que "se aplica à conquista do poder no PSD, onde os fins justificam os meios", deixe-me que lhe diga, que neste capitulo tenho uma visão bem "realista", ou seja, em todos os partidos políticos do Mundo, o mecanismo é o mesmo - a luta pela conquista e manutenção do Poder. Quem não percebe isto, não sabe o que é o fenómeno político. Por fim, "a desmotivação que se gera quando os órgãos juridicos expulsam os militantes que concorreram contra o PSD nas autárquicas, e 2 anos depois, voltam a poder entrar só porque o líder mudou", acho que isso é uma questão ainda por resolver, pois quanto sei, ainda não foram tomadas quaisquer decisões, mas tomando como exemplo um post anterior, estamos na "hora do camaleão"...Deixemos então as decisões nas mãos de quem tem as devidas responsabilidades nesta matéria.

Anónimo disse...

Cara Inês,
Penso ser muito infundada essa acusação de "radicalismo". Aliás, não me vai obrigar a recordar posições suas sobre determinados temas sociais para lhe explicar quem, afinal, é aqui o radical.

Percebo que a forma como comento e exponho as minhas ideias possa incomodá-la. Não se preocupe demasiado com isso. Se me conhecesse percebia que é, apenas, uma questão de estilo. Eu sei que para um conservador é difícil não ligar à "forma", ao "embrulho", enfim... à "imagem". Mas faça um esforço.

Depois da sua resposta fiquei ainda mais confuso.
«...por acreditar na social democracia como regime político e social assente logicamente num Estado de Direito que acredito que a sociedade pode ascender a melhores e mais justas condições de vida no respeito pelas liberdades e garantias de todos».

Ó Inês, dizer isto numa discussão que ser quer ideológica é não dizer absolutamente nada. Sabe porquê? Faça lá o exercício de dizer exactamente o contrário do que disse e veja lá se alguém concorda?

Do que gostava de a ouvir falar - escrever - era sobre quais devem ser os pilares funcionais desse tal "Estado". Perceber o que pensa sobre o nosso modelo social. Por exemplo, como olha para a arquitectura do Serviço Nacional de Saúde, o sistema da Segurança Social, o nosso enquadramento fiscal. Digo isto porque no que diz respeito às questões dos "valores", estamos conversados. Por mais que diga que foi educada no pluralismo, não me convence. Quem é educado no pluralismo sabe respeitar a diferença. Não só a diferença de opinião - essa é muito fácil - mas a diferença no estilo de vida, no modo de olhar para a partilha desses "valores" que tanto gosta de publicitar.

Respeito a sua visão conservadora de um mundo a preto e branco. Mas tenho muita dificuldade em ficar calado quando vejo conservadores falarem de valores e serem os primeiros a julgar comportamentos alheios.

É notório o fosso ideológico que nos separa. Mas, por favor, não se esconda atrás de discursos redondos. Aceite o desafio e venha debater o seu modelo social, que ainda ninguém percebeu e temo que seja tudo menos social-democrata!

Cumprimentos

Anónimo disse...

Inês como tens uma visão identica á minha desta sociedade, peço-te que leias este texto do Eça de Queiroz,

Eça de Queirós. Ano de 1871
Estamos perdidos há muito tempo...O país perdeu a inteligência e a consciência moral...Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada...Os caracteres corrompidos....A prática da vida tem por única direcção a conveniência...Não há princípio que não seja desmentido...Não há instituição que não seja escarnecida...Ninguém se respeita...Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos...Ninguém crê na honestidade dos homens públicos...Alguns agiotas felizes exploram...A classe média abate-se progressivamente na imbecilidadee na inércia...O povo está na miséria...Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente...O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo...A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências...Diz-se por toda a parte, o país está perdido...!!!Algum opositor do actual governo...???
NÃO...!!!
Eça de Queirós - 1871

um bem haja,
Daniel Geraldes

Cacao disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
E disse...

If,

A refundação ideológica neste século não será feita a partir dos actuais quadros dirigentes do PSD. Provavelmente dentro de 1 década, o PSD que conheces será radicalmente diferente.

Penso que a deriva liberal vai impor-se nos próximos tempos e a Social-Democracia do Séc. XX de certeza que deixará de ser conservadora no modelo social neste Séc. Talvez se torne numa Democracia-Mais-ou-Menos-Liberal.

Se acho isso o mais indicado para Portugal e o PSD, não, não acho porque sempre favoreci a ideia de um Estado Social e Protector como a Suécia, mas não me parece que haja outra opção devido à pouca eficácia que os serviços públicos têm em geral, o corte dos subsídios da UE e a Globalização.

Quanto ao que se passou, penso que houve limites que foram "selvaticamente" ultrapassados, levando a que colegas meus tivessem entregado o cartão de militância.

Anónimo disse...

Ponto n.º 1 da ordem de trabalhos do dia (lol)


O tema deste post tem inúmeras leituras, e eu vou arriscar a minha, que tanto se pode enquadrar num meio-termo entre este e o post da Inês, como em rigorosamente nada!
Nos dois me revejo em algumas posições.
O carácter dito antiquado mas romancista com que encaro a vida deixou-me ver algumas “verdades” nas linhas supra-citadas… e a minha postura perante a sociedade e principalmente perante a política desvelou-se integralmente em muitas das letras da AntZ.

Quanto ao tema propriamente dito, arrisco a dizer que apesar de ser uma opinião de alguém cujo mérito ou não, desconheço, traça um perfil, ainda que discutível da sociedade actual! Não acho de todo, como aqui já foi dito, que seja um ressuscitar de valores antiquados e que, o fenómeno modernismo possa calcar sobre toda a folha!
A nossa sociedade de tão livre que é, anda podre... agora que temos praticamente tudo (materialmente falando), faltou-nos o essencial (ética, moral, fé, valores), não pretendo com isto regurgitar um passado tipo, “Idade das Trevas” ou algo que o valha. Fico feliz pelo homem que acredita em si, que procura e procura-se, contudo, talvez não o faça do melhor modo!!!
E para não me alongar, onde é que este pensamento, ainda que superficial e genérico se enquadra na sociedade, politica e mais concretamente no PSD? É que os valores que regiam o “trabalho”, a “honra” – tais como a dignidade, o respeito, o mérito, entre outros, proporcionavam aos melhores, os lugares de destaque ao rumo deste país, era um “reconhecimento”… Hoje, ao invés, a nata da sociedade, a elite – não por estereotipo mas faculdades/capacidades jamais “põe a cabeça no cepo“!
Servir Portugal tornou-se uma tarefa ingrata, repleta de interesses e vícios, jogos e artimanhas – onde interessa afastar todo e qualquer hipotético candidato – o que se fará depois? (Muitas vezes preparar a próxima eleição, sonegando-se o respeito e confiança daqueles que votaram em nós… porque a responsabilidade já não é o que era, hoje, é um mero “dano colateral do suplício eleitoral”)
Contudo, e infelizmente, este fenómeno não se passa só no PSD ou na política, mas sim, na sociedade em geral, o individualismo dos nossos tempos levou-nos a este tipo de situações, e sim, neste contexto, detesto a modernidade…
Louvo os corajosos, os pátrios, que contra todas as “odds” arriscam, “colocando--se em cheque”, sem necessidade nenhuma, mas não posso deixar de não compreender os que se acomodam ou dão outro rumo às suas vidas (grandes multinacionais, estrangeiro, U.E., etc…)



Ponto n.º 2
A título pessoal, não posso deixar de fazer um apelo à AntZ/Inês – estamos na idade de acreditar, das utopias, dos sonhos, somos o futuro, e ele será o que quisermos dele! Acho que se achas que algo vai mal, não é esperando que alguém ou algo o mude que tomas a atitude certa… a vida traz-nos muitas dificuldades, e quando chegares ao mundo novo da Universidade, verás, como eu vi, que tempo é algo que constantemente escasseia, e que apelos são muitos, estabelecer prioridades torna-se complicado senão mesmo impossível!
Contudo, eu tive o prazer de te conhecer na U.V., éramos dos mais novos, mas nem por isso deixas-te de conseguir provar uma opinião coerente, formada, interessada e capaz, arrisco, sem medo a dizer, que é de pessoas como tu, que a JSD e num futuro não muito distante o PSD precisam, e se desvelas o Sonho de um PSD forte e capaz, não lhe podes negar a tua marca e contributo nas fileiras dos jovens atentos, críticos, irreverentes, mas também, trabalhadores, humildes e interessados dos seus quadros.
Pensa nisto…

Susana Pereira disse...

Inês,

Como não poderia deixar de acontecer, ao pores este artigo que inicialmente foi publicado no blog da nossa amiga CACAO, puseste muita gente a pensar e a querer mostrar o seu ponto de vista. Dou-te os Parabéns pelo nivel do debate que criaste porque nem sempre se consegue encontrar pessoas que não se "passem" (como disseste) nos blogs.
Em relação ao artigo e ao seu autor, já sabes qual é a minha opinião: concordo com aquilo que o Prof. César das Neves diz e acho prefeitamente enquadrado no que se passa na nossa sociedade, apesar do artigo ter alguns aninhos. A falta de valores é assustadora. E ainda mais assustador é ao ler Eça de Queiros e ver que já se passaram bastantes anos e continuamos naquela crise que ele fala... É por isso que digo: mete-te na politica e faz alguma coisa para que isto mude! :P Acredito em ti :D

Bjnho
Susana

Bruno disse...

Ora viram? Apoiantes como a Susana nem toda a gente tem. Parabéns Inês!

Anónimo disse...

Inês

Ao tomar conhecimento da saudável controvérsia gerada pelo teu post, só posso felicitar-te, pela tua coragem e pela tua coerencia.

Acredito que pessoas como tu fazem falta na política e ao serviço do país.Acredito profundamente em ti e em jovens como tu e é neles que deposito esperança e a quem dou o meu voto de confiança para ajudarem a construir um país mais justo.

Fazes falta na política porque a renovação é necessária e indispensável para que o futuro faça sentido, com liberdade, com reais condições de acesso à saúde, ao ensino, à justiça, à segurança social e à qualidade de vida. Fazes falta para que ajudes a constituir uma economia onde, no sector privado, as dívidas de favor de familiares dos maiores accionistas deixem de ser consideradas incobráveis (= perdoadas).
Fazes falta porque há que credibilizar e dignificar a política e para isso eu, pelo menos, não conheço outra via que não seja a dos próprios políticos darem esse exemplo.
Se calhar isto é só um sonho, ou melhor, um delírio. Mas... "cada vez que um homem sonha o mundo pula e avança...".
O que acabou de suceder com este teu post é uma micro imagem da grandeza da democracia.
Todas as ideias merecem ser debatidas e só dessa discussão pode resultar a renovação do rumo do teu partido.
Muito modestamente, acho mesmo que se deveria começar por aí. Pela matriz ideológica. Por definir objectivos a curto, médio e longo prazo e reiniciar um novo caminho, com passos que poderão ser mais lentos, mas necessáriamente mais seguros.
FORÇA INÊS. Estamos contigo.

MF

Anónimo disse...

Que cheiro a mofo que para aqui vai. Um bando de conservadorecos mascarados de laranjinhas à espera que caiam uns tachos. Inezinha tem vergonha nessa cara e vai para o CDS isso é que era coerencia

Anónimo disse...

Inês:
Parabéns pela coragem e que tenhas força para continuar a lutar pelos teusa ideais.

Bruno disse...

Anónimo disse...
"tem vergonha nessa cara"

Curioso como alguém que tem vergonha do nome diz aos outros para terem vergonha na cara ;)

Inês Rocheta Cassiano disse...

Caro Mendonça,
aceito o seu desafio e por isso cá estou eu a responder à sua artilharia pesada.
Ponto 1 - sou radical? Talvez, pela determinação e convicção com que defendo o que eu entendo estar certo. No entanto, não me passou nem passa pela cabeça julgar e, muito menos, condenar quem pensa de maneira oposta à minha. Caso o fizesse, haveria muitos condenados à prisão perpétua.
Ponto 2 - Isso de um conservador não conseguir desligar-se da forma e ,até da imagem, é algo que me faz lembrar o discurso light de Margarida Rebelo Pinto e Companhia. Com o devido respeito por estes autores, não me identifico nem um pouco nessa categoria. Simplesmente, limito-me a exercer o meu direito de resposta a comentários com os quais não concordo.
Ponto 3 - O meu pluralismo não o convence. Lamentável. Como é que eu lhe posso dizer que na minha própria casa há frequentemente opiniões divergentes e que continuamos a coexistir no respeito por essa diferença e nos consensos que conseguimos construir? Receio que isto seja difícil de entender para si.
Ponto 4 - Se eu vejo o mundo a preto e branco? Disparate. Por acaso a minha mãe até diz que abuso do preto na maneira de me vestir! Mas posso garantir que em tudo o resto, mas principalmente na minha maneira de estar na vida, a paleta de cores é completa e viva.
Ponto 5 - Discurso redondo? Simplesmente estou a dar a minha opinião sobre, por um lado, a falta de valores que impera na sociedade em geral e por outro, a estabelecer o paralelismo que essa falta de valores reflecte na dinâmica do PSD, na minha opinião. Discurso redondo? Só por ser diferente do seu? Continuo a dizer, não sou eu que estou a usar adjectivos.
Ponto 6 - Confuso por não entender quais devem ser, na minha opinião, os pilares de funcionamento do Estado de Direito a que me referi? Vou tentar explicar calmamente. Relativamente ao SNS, remeto-o para um post publicado em Setembro, intitulado "Saúde às escuras", onde escrevi o que pensava sobre essa matéria. Quanto aos ditos pilares, entendo que o Estado de Direito deve assegurar os direitos, as liberdades e as garantias dos cidadãos e criar as condições para a constante melhoria da qualidade de vida das populações, bem como promover a igualdade entre os cidadãos, independentemente das suas origens, crenças, etnias, culturas. Imagino um Estado que aposta na formação e na valorização pessoal e profissional. Quanto ao modelo de Segurança Social, como é do conhecimento de todos, está, pelo menos, em pré-falência devido, não só a uma gestão danosa, mas também ao facto de haver cada vez menos pessoas no activo a descontar, e com um Portugal extremamente envelhecido, cada vez mais pessoas a beneficiar de pensões e reformas para a sobrevivência. Solução? Investir numa política de natalidade a sério!
Ponto 7 - com que então teme que eu seja tudo menos social democrata? Pois bem, olhe que eu tenho o mesmo receio, mas em relação a si.

Caro anónimo que me manda para o CDS,
se eu quisesse lá estar, sei o caminho. Só que conforme sei o que quero, também sei aquilo que não quero e não quero de certeza estar em ambientes que cheiram a mofo nem falar com pessoas que não têm a coragem de mostrar a cara. Estou no PSD, ou melhor, vou estar (a minha idade ainda não o permite) por opção e por convicção. Doa a quem doer.

Anónimo disse...

É interessante assistir a uma discussão de tão alto nível entre alguém com 17 anos e outros bastante mais velhos... é de reconhecer que a Inês tem estado mais que à altura do debate.
Devo confessar que as rotulagens de conservador e não conservador me provocam uma certa irritação, até pelo facto de que quem é "conservador" ser apresentado como o retrógada que não acompanha a evolução e se fixa a ideias sobre as quais provavelmente não pensou mas que lhe foram impostas por terceiros. Talvez devessem tentar ver alguém "conservador" como uma pessoa coerente, que não tem receio de remar contra a maré afirmando os valores que analisou e adoptou como correctos, nem que sejam do tempo de Platão.
A humanidade evolui, felizmente para quem era marginalizado ou rebaixado no passado, mas a "essência" humana não continuará a mesma? Não existirão valores intemporais, até reconhecidos pelos direitos humanos mas quantas vezes mal aplicados na prática? Se calhar já nem sabemos bem o que são valores...
É claro que é errado menosprezar quem não defende valores iguais aos nossos, mas não será de louvar quem tem coragem de afirmar que o padrão moral está em declínio desde há muito tempo, apesar de a maioria, se calhar, achar o contrário? E este padrão moral não pode servir de "medida para a avaliação (...)do que se passa no mundo" porquê? A moral não está reflectida em tudo o que se passa no mundo?
Se "o que se vive no PSD nada tem de relacionado com o objectivo deste texto", isso é, de facto subjectivo, mas a opinião da autora não deixa de ser válida, além de não é assim tão descabido que algumas das situações internas do PSD sejam um espelho do que se passa na sociedade em geral. Subscrevo o que o Agostinho Oliveira disse.
Ainda bem que alguns ainda dão a cara pela diferença, num mundo político onde falar de valores sem ser os económicos se torna desconfortável. Boa, Inês.

Beijinhos
Ana Margarida

Anónimo disse...

PS. Esteja descansado, sr. anónimo, que, se eu sou conservadoreca, não estou nem pretendo estar mascarada de laranjinha porque não tenho nada que me una ao PSD. Só não sabia que ter uma posição sobre os valores que regem a sociedade era exclusivo dos filiados no CDS.

Filipe de Arede Nunes disse...

Grandes confusões que vão em algumas destas cabeças.
Ao contrário do que aqui se diz, o conservadorismo é precisamento a imobilidade, a incapacidade de avançar, a necessidade de manter o statuos quo, a incompatibilidade conm ideias progressistas!
Inês, o teu discurso é redondo porque dizes "Quanto aos ditos pilares, entendo que o Estado de Direito deve assegurar os direitos, as liberdades e as garantias dos cidadãos e criar as condições para a constante melhoria da qualidade de vida das populações, bem como promover a igualdade entre os cidadãos, independentemente das suas origens, crenças, etnias, culturas. Imagino um Estado que aposta na formação e na valorização pessoal e profissional." Ninguém discorda destes principios, acima de tudo porque são palavras redondas que se adaptam a quase tudo! Não é redondo porque é possivel discordar do que dizes!
Aprecio, no entanto, mais do que tudo o resto, a tua frontalidade na exposição do teu pensamento. 17 anos! Ainda bem. Também já os tive e quando isso aconteceu também pensava, e gostava que respeitassem as minhas ideias. Has-de apreeender, tal como eu ainda o estou a fazer, a dares maturidade e desenvolvimento a essas ideias e isso deixar-te-á mais apta a progredires enquanto ser pensante.
Deves continuar assim. Continua a pensar pela tua cabeça e embora discorde frontalmente da tua prespectiva de ver o mundo - o exemplo típico da prisão pertetua afasta-nos indelevelmente - estou disponivel sempre para as discutir contigo quando as colocares neste blog!
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Paulo Colaço disse...

Caro anónimo, enquanto continuar anónimo, mais respeito temos por aqueles que dão a cara por aquilo que pensam.

Cata A. disse...

A discórdia é sermos obrigados a estar em harmonia com os outros. A nossa própria vida é o que há de mais importante. Agora, se quisermos ser pedantes ou puritanos, podemos tecer as nossas considerações morais sobre a vida dos outros, mas estas não nos dizem respeito. Para além disso, o individualismo é realmente o mais elevado dos ideais. A moralidade moderna consiste na aceitação dos modelos da nossa época. Julgo que aceitar o modelo da nossa época será, para qualquer homem culto, a mais crassa das imoralidades. Todos temos valores, ideais diferentes (e ainda bem), agora ridiculo é toda esta discussão acerca de moralidade e imoralidade, do que está bem e do que está mal, e acima de tudo CRITICAR outros partidos. Inês estás lá, continua com esses discursos! Quanto aos outros...sem comentários...vocês são a nossa sociedade, antes de mim estarão vocês no governo e tenho pena!

che

Anónimo disse...

"O conservadorismo é precisamento a imobilidade, a incapacidade de avançar, a necessidade de manter o statuos quo, a incompatibilidade conm ideias progressistas"

Não, não é. Isso é ser reaccionário. Conservador é aquele que não aprecia a mudança pela mudança e acredita em transições suaves. Dificilmente é um inimigo do progresso, eu gosto de os ver como sensatos.

Eu sou de direita liberal, tendencialmente conservador. Porquê acrescentar conservador? Porque é para mim indissociável da minha forma de estar e de ver o mundo a minha visão do que é a Sociedade, os seus valores, a Moral e os bons costumes. E é a linha conservadora que melhor consagra e defende estas ideias.

Filipe de Arede Nunes disse...

Caro Nelson.
Diz o Norberto Bobbio refere que o conservadorismo "designa ideias e atitudes que visam a manutenção do sistema político existente e dos seus modos de funcionamento, apresentando-se como contraparte das forças inovadoras."
Eu posso ter pouca auctoritas, mas parece-me que o Bobbio não suscita dúvidas a ninguém. É que o facto de não conhecermos o significado dos conceitos, isso não faz com que eles signifiquem coisa diferente.
Portanto, parece-me que a tua definição está bem mais longe do que a minha dentro da tradição da ciência política.
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Anónimo disse...

A minha definição está longíssima da tua: não está ideológicamente comprometida. O amigo Bobbio é uma referência constante, mas apenas para a "maltinha da esquerda".

Para saber o que é conservadorismo convém ler Edmund Burke - só para começar - e depois continuar pelos grandes exemplos que governaram a Europa e os EUA (Disraeli, Adenauer, Churchill, Reagan, Thatcher, De Gaulle).

Uma simples visita à Wikipedia chega.

Filipe de Arede Nunes disse...

Não sei se achas que me considero ideológicamente à esquerda! Seria estranho e a primeira vez que leio alguém dizer isso!
Nelson, os conceitos não se definem à medida das nossas necessidades. Vai a qualquer diccionário e vê qual o significado da palavra conservador!
Fiz o que me disseste e fui ler o artigo da Wikipédia sobre o conservadorismo. Talvez devesses ter lido o artigo até ao fim - isto se partires do pressuposto que tudo aquilo é informação cientifica credivel!
Não sei se alguma ouviste falar do movimento da Acção Francesa de Maurras - que aliás vem referido do dito artigo - mas foram percursores nas ideologias do Integralismo Lusitano - também referido no artigo - que foram uma das principais correntes ideológicas - juntamente com a acção social católica - do pensamento político nos alvores da ditadura militar e do Estado Novo!
Honestamente, não sei como queres contrariar o que digo, quando citas fontes e movimentos que são a ilustração perfeita do que disse quando citei o Bobbio "designa ideias e atitudes que visam a manutenção do sistema político existente e dos seus modos de funcionamento, apresentando-se como contraparte das forças inovadoras." Mais, os movimentos conservadores além de pretenderem a manutenção do statuos quo, pretendiam mesmo um retrocesso civilizacional - tal como o movimento da Cruzada Nacional D. Nuno Alvares Pereira.
Sejamos intelectualmente sérios, não chega ler o Kissinger e por isso achar que se sabe umas coisas sobre a história da diplomacia e da governação dos Estados. Acima de tudo é preciso estudar os conceitos e saber qual a sua origem. para se conseguir compreender o significado dos mesmos.
A forma eufumistica como definiste o conceito está bem longe da definição da generalidade dos autores de ciência política!
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Paulo Colaço disse...

A discussão Né/Filipe deu-me uma ideia para um post.
Mal tenha tempo, cá o posto...

Filipe de Arede Nunes disse...

Caro Colaço.
Se a discussão entre mim e o Nelson te inspirou para um post, estou ansioso para o ler.
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

José Pedro Salgado disse...

Concordo que existe um grande vazio de valores na sociedade actual.

Hoje em dia, pela primeira vez nesta dimensão, não temos um Estado opressor ou uma religião-polvo que nos obriga a queimar pessoas na fogueira.

Pela primeira vez na história da humanidade, estamos a viver um "ismo" (o capitalismo) que se alimenta de todos os outros.

Pela primeira vez existe uma sociedade que pede às pessoas (cada vez mais) que pensem pelas suas cabeças.

Não está a resultar? Ainda. É falta de hábito, mas a malta aprende.

Anónimo disse...

Ainda recentemente comentava com um amigo: quando se lê um texto à procura de algo é muito provável que se encontre lá.

Decidiste citar aqueles que mais se adequavam à tua ideia de conservadorismo... eu preferi indicar exemplos de conservadores, onde se vê, na prática, que são pouco avessos à inovação. Não gostam é da mudança pela mudança nem acreditam na revolução permanente.

Não, não te considero de esquerda e a referência a Kissinger não a consigo enquadrar... esse sim um reaccionário, mas uma grande referência, e que eu estimo muito.

Bruno disse...

Colaço, a discusão Filipe/Né deu-me vontade de continuar a não acreditar em "ismos". Mas muito interessante a troca de argumentos. Parabéns rapazes!

Kokas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Zé Pedro,
Estamos hoje tão perto, porque um dia estivemos muito distantes.
E conto contigo para reforçar o movimento por uma sociedade verdadeiramente liberal social. Onde o avlor do indíviduo vença o comodismo do Estado.

Aceita o desafio :P

eheheh
Abraço

José Pedro Salgado disse...

Caro Mendonça:

Continuo a acreditar que o PSD é um partido onde se podem plenamente realizar os ideais do liberalismo (social, político e económico) como os vejo.

Continuo a achar que o pendor liberal que subjaz à formação do PSD não só não se apagou como é (ainda) das suas maiores forças.

Finalmente, continuo a achar que é esse o caminho que o PSD deve seguir, senão corre o risco de se fechar sobre si próprio e de não aprender nada nem com o passado nem com o presente.

Tendo dito isto, já Churchill (que mudou 2 vezes de partido) dizia que: "Há quem mude de partido para agradar aos seus princípios, e há quem mude de princípios para agradar ao seu partido."

Eu sei qual dos dois sou.

Anónimo disse...

AMigo, JPS

Eu sei que tu também sabes que eu sei de que lado estou! Primeiro os meus princípios meu caro, sempre!