quarta-feira, março 28, 2007

Slow Down


A Slow Food é uma organização que nasceu em 1986 na Itália com a fundação da Arcigola, um grupo de protesto anti-globalização que visava impedir a construção de um restaurante McDonald's na Piazza di Spagna em Roma.

Advoga a preservação da cultura gastronómica dos países na sua forma mais tradicional e natural possível, opondo-se assim, como o próprio nome indica, à proliferação da fast-food.

A filosofia que preside a este movimento é relativamente simples: todo o ser humano tem o direito fundamental e inalienável de saborear a sua comida e portanto o dever de proteger a herança, cultura e tradição gastronómica que permite esse prazer.

Mas não termina por aqui.
Como elucida o manifesto do movimento, a vida rápida que se vive hoje em dia está a contribuir para a destruição do Homem, pelo que este prazer da refeição deve, para o bem da Humanidade, ser apreciado com delonga.

E para quem pensar que esta cambada de malucos não vai longe, espante-se: já foram!

Actualmente existem diversos movimentos "irmãos" que aplicam a mesma filosofia de Direito Inalienável de parar-para-cheirar-as-rosas a outros campos, constituindo o chamado Slow Movement.

De facto, actualmente já existem também: o Slow Travel, o Slow Cities, o Slow Schools, o Slow Books, o Slow Living e até o Slow Money. Todos defendendo que, nas mais diversas circunstâncias da vida, devemos desfrutar de tudo o que fazemos, sem pressa.

Finalmente, há que dizer que os adeptos do Slow não advogam a inacção.
Advogam sim uma ponderação das prioridades que hoje nos guiam de forma a pesar bem até que ponto é que maior actividade se traduz em melhor vida, permitindo esta poderação uma mais eficiente distribuição de tarefas. Mas uma de cada vez.

Sinceramente, passamos a vida a correr. Mas a correr contra quem? Será que a vida não é uma meta em si mesma?

6 comentários:

Tété disse...

Noutros tempos vinha do Porto e assim que saia no Saldanha desatava a correr no metro até carnide. Porquê? Perguntava-me eu, e 8 anos depois ainda hoje não sei. Era 5ª feira meio de tarde estava de fim-de-semana, que necessidade tinha de correr? O fds não iria passar mais rápido se em vez de ir pelo espaço normal fosse pela passadeira rolante a correr!

Acho que estamos a tentar apanhar o amanhã como que se não o fazermos represente não existir da forma ideal, da forma que queremos.

Somos insatisfeitos por natureza e queremos sempre mais, sempre com uma satisfação mais rápida. Temos medo de não sentir e queremos sentir a dobrar, a triplicar, queremos irremediavelmente sentir rápido.

Paulo Colaço disse...

Por vezes estava em Rio Maior, na maior das calmas... num repente, dava por mim com falta do metro, dos horários, do stress de Lisboa!

E voltava para a capital

(Agora, mercê de outras circunstâncias, quando vou a Rio Maior tenho menos razões para querer sair de lá...)

Mas pergunto: velocidade para quê?

Não sei, mas acho uma parvoice alguém querer condicionar a velocidade de outro só porque se deu conta que andamos rápido demais!

Que vivam o Mcdonalds e a Pizza Hut.
Detesto o primeiro mas gosto do segundo: o ponto nao é este. O ponto é: mas agora somos donos da velocidade dos outros?

Cada um vai à velocidade que quer! (menos na estrada)

Marta Rocha disse...

Velocidade, porque tem de ser. Acreditem que por mim não tinha pressa de chegar a lugar nenhum. Ainda hoje estavam a dar as 2 e meia, hora de entrada no escritório, e já estava o meu patrono a ligar-me! Em boa verdade ia chegar atrasada, mas ainda não estava atrasada um minuto e o homem já estava a ligar. Isto é stressante!
Às vezes andamos a correr para usufruir de certas coisas e/ou para não ter de aturar outras. Se eu não me despacho a apanhar o metro na trindade, corro o risco de ficar 15m à espera do próximo e isto faz a diferença quando demoro 35 a 40m a chegar a casa. Sim, o metro do porto só é realmente metro em determinadas zonas da cidade... Mas gosto de fast food, não pelo conceito "fast", mas pelo conceito "plastic"! Adoro saborear o macCroyal deluxe e o molho de salsa para batatas com tempo. Até porque essa ideia de que os macCdonalds são rápidos é um engano. Quando não tenho tempo para almoçar, fico-me pela sopa no cafezinho da esquina.

Dri disse...

Tributo ao tempo

Dizem que a vida é curta, mas não é verdade. A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades. E essa felicidade anda por ai, disfarçada como uma criança brincando ao esconde esconde.
Infelizmente às vezes não percebemos isso e passamos a nossa existência coleccionando nãos: a viagem que não fizemos, o presente que não demos, a festa que não fomos, o amor que não vivemos, o perfume que não sentimos...
A vida é mais emocionante quando se é actor e não espectador, quando se é piloto e não passageiro, passaro e não paisagem, cavaleiro e não montaria.
E como ela é feita de instantes não pode e nem deve ser medida em anos e meses, mas em minutos e segundos. Esta mensagem é um tributo ao tempo. Tanto aquele tempo que soubemos aproveitar no passado como aquele tempo que não vamos desperdiçar no futuro. Porque a vida é agora. Só há dois dias no ano em que nada pode ser feito: um chama-se ontem e o outro chama-se amanha. Portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Este tributo não é meu, é do Dalai Lama mas concordo na integra com ele mesmo sentido que por vezes é dificil cumpri-lo.

Paulo Colaço disse...

Marta,
o electrico do Porto é electrico em todas as partes da cidade hihihi.

Ainda sobre a lentidão, não recomendo o livro homónimo do Kundera...

Mas, agora a sério, acho que ha momentos para tudo: ha momentos para correr (se não o aviãonão espera por nós) e há momentos para andar com calma, porque é mais importante dar um último beijo na pessoa amada do que deixa-la meter-se no raio do expresso... (é que logo a seguir vem outro!!!)

Marta Rocha disse...

Às vezes o avião espera por nós! ;)