quinta-feira, janeiro 17, 2008

Homo Comunis?

Enquanto estudava Direito Constitucional, deparei-me com três frases de Marcelo Caetano que me deixaram perplexa:


“Os estudos da arqueologia pré-histórica e de etnologia dos povos primitivos têm mostrado que quanto menor é o domínio do homem sobre a Natureza que o rodeia (isto é, quanto mais rudimentar é a civilização) mais ele carece de estar amparado pelos seus semelhantes em grupos fortemente coesos. A solidariedade nas tribos selvagens é tão intensa que o indivíduo não goza nelas de personalidade, não se destaca do grupo em que está confundido. É o grupo que regula estritamente todos os passos dos que o compõem, dispõe das suas vidas e é senhor de todos os bens.”


Estará aqui um fundamento ancestral para o comunismo?

10 comentários:

Paulo Colaço disse...

BRILHANTE!
Estou aqui a rir-me feito doido!

Os escritos de Marcelo Caetano provam que nem tudo nele era fraco.

jfd disse...

LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL
ROTFL
ROTFL
LOLOLOLOLOLOLOLOLOL

Inês Palma Ramalho disse...

Isso explicaria tanta coisa, Margarida :)

Anónimo disse...

Claro que há um fundamento do Comunismo e pode muito bem ser o referido. Aliás, qualquer pessoa com o minimo de sensibilidade nao pode deixar de ficar comovida ao ler o Manifesto do Partido Comunista. E lindíssimo o que se pretende... O único problema e que quando direitos como a propriedade e a liberdade fazem parte de sociedades com larga história, nenhum dos componentes dessa sociedade está, legitimamente, disposto a abdicar deles. É neste momento que se procuram soluçoes politicas de compromisso (como e o caso da social democracia, por exemplo). Agora, se andassemos todos de tanga a apanhar bananas o comunismo parecer-me-ia uma óptima soluçao;)

Anónimo disse...

O comunismo está muito próximo da sociedade tribal, em que não só o todo é mais importante que a parte como a parte não pode ter vontade própria.

Os partidos e países comunistas ainda não perceberam que enquanto aniquilarem a iniciativa privada, enquanto condenarem a evolução pessoal, mais não fazem do que condenar a população à pobreza.

Anónimo disse...

Esta discussão é antiga: não vejo nem boa vontade nem virtude no comunismo. E o manifesto tem aquele momento surreal de crítica à burguesia em que os acusa de serem promíscuos e adúlteros. Completamente a despropósito.

Utopia por utopia, acto falhado por acto falhado (não concordo que o seja, mas em nome da teórica argumentativa concedo), venha Adam Smith: cada um de nós, escolhendo por si, sem imposições de uma entidade omnisciente e omnipotente, contribuirá para o bem de todos.

Bruno disse...

Penso que o texto do post não representa um fundamento para o comunismo mas sim a sua regra principal. É curioso que ainda hoje eles se organizem como o Homem nos seus primórdios… Mostra bem a sua modernidade e evolução desde há milhões de anos atrás!

Duarte Serrano disse...

Olá a todos

Pode-se encontrar nas sociedades primitivas essa necessidade de associação devido ao terror que a sociedade envolvente provocava, ou seja, só através de uma não individualização do grupo se podia sobreviver. Acaba por ser diferente do comunismo porque contempla a parte animal e entende que é dominar ou ser dominado por isso se unem em tribos.

Se se pode chamar de um comunismo primitivo? Sim! Porém convêm não esquecer que essas sociedades de que Marcello Caetano fala também têm o culto da personalidade, no qual a mulher proeminente era tida como aquela a que se devia agradar para que existisse a reprodução e a prosperidade na vida quotidiana. Em vida a mulher que hoje podemos ver retratada em alguns museus como o de Odrinhas eram Deias vivas devido ao seu aspecto físico.

Não posso concordar com a beleza de uma ideia. Nenhuma ideia pode ser bela… Como se pode pedir que aquilo que é abstracto que não se vê seja belo? Tal é somente considerar o dialéctico como belo o que consequentemente nos pode levar ao irrealismo fundado no apelo à razão instrumentalizada.

Note-se que com a ideia de um comunismo, a sociedade anula o indivíduo na sua procura por destaque pela necessidade de ascensão social… A crença de um ser humano igual no seu todo é uma mentira que nos vem sendo contada. Nós não somos iguais, e a beleza dessa ideia tem em si a história da humanidade para o comprovar.

Anónimo disse...

será do guaraná? será? será?

José Pedro Salgado disse...

O medo do progresso e a teoria da protecção pela força dos números sempre foi um princípio essencial do comunismo.

Não me admira que hajam paralelismos com formas de vida arcaicas.