sábado, janeiro 20, 2007

Dentadinhas...


Há dias, Bush manifestou desagrado pela forma como decorreu o enforcamento de Saddam Hussein, descrevendo-o como um “aparente” acto de vingança.

Depois de ter incentivado aquele desfecho e de se ter regozijado com a morte do ex-ditador, as palavras de Bush são, no mínimo, hipócritas.

A juntar aos defeitos que lhe conhecemos, passámos a saber que o presidente norte-americano é também um pequeno Judas.

8 comentários:

Paulo Colaço disse...

Não se pense que eu estou numa cruzada contra o Bush, mas acho-o mau demais.
Quem me conhece sabe da minha aversão aos traidores.
O título do post é um trocadilho com a minha segunda intervenção no anterior Congresso da JSD. Quem lá esteve deve lembrar-se.
Aliás, aproxima-se o próximo Congresso. O meu 9º e último.
Tou velho.
Espero que corra bem para a Jota.

Anónimo disse...

"Pequeno Judas"... Sobretudo pequeno! Quanto a "judas" já não sei, é que o próprio já merece o benefício da dúvida. E mais facilmente, ainda que morto, Judas consegue provar que não foi o traidor que a História julgou, do que o Bush consegue convencer alguém que a morte de Saddam não lhe soube a vitória.

É que o pequeno Bush também disse o seguinte:

"Hoje Saddam Hussein foi executado depois de receber um julgamento justo - o tipo de Justiça que ele negou às vítimas de seu regime brutal".

"A execução de Saddam Hussein ocorre no fim de um ano difícil para o povo iraquiano e para as nossas tropas. Levar (Saddam) à Justiça não vai pôr fim à violência no Iraque, mas é um marco importante na trajetória do país para se tornar uma democracia que pode se governar, sustentar e defender e ser uma aliada na guerra contra o terror."

Bush disse ainda que ainda há "muitas escolhas difíceis e sacrifícios" pela frente. "Mas a segurança do povo americano exige que nós não afrouxemos no objetivo de assegurar que a jovem democracia do Iraque continue a progredir".

Não foi vingança, foi democracia...

Big Mamma disse...

Bush é o reflexo dos americanos.
um povo burro, estúpido, egocentrico, que desenvolveu imenso as máquinas para que estas façam o seu trabalho manual e intelectual.

Bush é a cegueira acabada!

Por isso fala sem pensar, pensa sem saber mas crê que tudo lhe sai melhor que a um qualquer einstein...

tenho vergonha de um primeiro ministro de portugal ter aberto as portas a esse senhor para vir apertar as maos a dois outros palhaços: o caozinho Blair e o mentiroso Aznar!


e desculpem a linguagem

José Pedro Salgado disse...

Parece-me coerente.

Falta saber: Vingança da parte de quem?

Anónimo disse...

Os americanos são estúpidos... principalmente quando vieram salvar a Europa do totalitarismo, quando financiaram a reconstrução do continente europeu, quando entenderam como obrigação defender todo o mundo livre sem exigir da parte da Europa uma contribuição mínima.

Eles não o fizeram desinteressadamente, mas quando "os donos do mundo" são "burros, estúpidos e egocêntricos", que dizer daqueles que os deixaram chegar lá?

É este tipo de argumento que desconhece a história recente que desqualifica muitos no que toca a discutir política internacional.

Bruno disse...

Como não vou repetir o que o Né disse vim aqui só para perguntar ao Colaço se a seguir vai oferecer um pacote de lenços ao Bush ;)

José Pedro Salgado disse...

Agora mais a sério

O resultado do “salvamento da Europa”, que aliás também foi feito na defesa de interesses directamente americanos, foi precisamente a hegemonia actual dos EUA. Isto mostra sem dúvida inteligência da parte deles.

Já agora, acho errado meter todos os americanos no mesmo saco enquanto burros ou inteligentes. Creio no entanto que o americano médio se aproximará muito mais de um Homer Simpson do que de um Stephen Hawking. Diria mesmo mais que por uma questão de cultura, que dificilmente será passível de ser julgada com maior legitimidade que eles terão ao nos denominar o comum europeu como Eurotrash.

É preciso ver ainda que os EUA sempre foram um país de contrastes. Desde a sua fundação. Se por um lado muitos dos que emigraram do Velho Continente para o Novo Mundo eram indesejáveis, convém não esquecer que com eles foram muitas mentes brilhantes para quem a hipótese de participar na construção de toda uma sociedade era simplesmente demasiado aliciante para não ser aproveitada.

De facto, essa construção não correu nada mal. E o facto dos EUA se terem aproveitado, a nível político, do favor que fizeram à Europa e do facto desta ainda se encontrar a lamber as feridas para ascenderam áquela hegemonia depois da guerra também tem o seu laivo de brilhantismo estratégico.

No entanto, parece-me que os EUA, como tantas vezes acontece, estão acomodados ao poder. Como aconteceu já várias vezes na história – ao Reino Unido, à Holanda, à França e até mesmo a Portugal – os EUA estão-se a começar a esquecer que não foi Deus que os pôs no topo. Se eles são os maiores da sua aldeia global foi porque trabalharam por isso, porque foram os melhores.

Mas isso também se perde.

Paulo Colaço disse...

E está a perder-se, Zé.

Como tu e o Né dizem, o apoio norte-americano à Europa não foi fruto de altruísmo. Teve um objectivo claro.

Imaginem que eu fabrico sapatos e, na minha aldeia, surge uma doença que provoca a ruptura dos ossos do joelho e toda a gente fica "biperneta".

Ora, será do meu interesse ajudar a criar uma fábrica de próteses... senão eu nao vendo sapatos a mais ninguém!

Não nego que haja americanos bons e preocupados com os nossos problemas globais, mas não costumam ser esses os plenipotenciários dos EUA...

Nunca me ouviram dizer mal da política externa norte-americana dos tempos de Clinton. Eu critico pessoas e as suas opções. Não povos. Apesar de acreditar mais na bondade de uns que de outros.

Tenho para mim que os EUA serão um dos estados democráticos em que o povo menos ordena. Mesmo com a forte opinião pública que tem.

E fecho citando o ex-líder da JSD, Jorge Moreira da Silva, que disse na UV 2005:

"Quando eu estive em conferências internacionais do Protocolo de Quioto e outras relativas às alterações climáticas, os senadores e congressistas americanos perguntavam-nos: como é que vocês conseguem ser reeleitos defendendo o que defendem?

Em reuniões à porta fechada reconheciam que a ciência tinha razão, mas que não podiam subscrever pois não seriam reeleitos se dissessem ao seu país que era necessário parar o petróleo e fazer avançar as energias renováveis porque (vinha a justificação) “no meu Estado estão as grandes empresas petrolíferas”…

Esta é a nossa grande diferença! Nos EUA, eles pararão quando os resultados forem muito mais visíveis; na Europa a perspectiva é outra: há o respeito pelo planeta, assumimos a solidariedade inter-gerações e temos o princípio da precaução ao mínimo indício."