terça-feira, julho 24, 2007

A Lapa


Segundo a Constituição Russa, Putin abandona a presidência em 2008. Sem hipótese de recandidatura.
O seu futuro é incerto, mas presume-se que tudo fará para continuar a mandar.
De tal forma que em Moscovo já circula esta anedota sobre uma muito plausível notícia da televisão oficial, em Janeiro de 2009: “O Senhor da água, do ar, do petróleo, das terras, do ouro, dos diamantes, do urânio, dos lagos, da energia, Vladimir Putin, reúne esta tarde com o Presidente da Rússia.”

É razão para citar Cícero: - Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?

19 comentários:

Anónimo disse...

Sim, deverá continuar a mandar, até porque bastará estar no topo da Gazprom e passará a ser "o senhor" que aqui é descrito.Depois de sair, veremos...

Anónimo disse...

Atenção: não se pense que é facil gerir um país daquela dimensão, com mafias, triades, imensidão de territorios, probelmas multiplos e cuja raiz se perde na noite dos tempos.

Paulo Colaço, a democracia é simples para paises como o nosso: para a Russia, China, ìndia, que sempre viveram da guerra, dos conflitos, dos ditadores, não é tão facil assim!

José Pedro Salgado disse...

Voltaire adoraria ser Russo.

Nas palavras deste filósofo:

"O melhor sistema de governo é uma tirania benevolente temperada com o assassinato ocasional."

Paulo Colaço disse...

Então a Rússia está lá quase, Zé Pedro!
Basta apenas que a tirania seja
menos dura e a frequência dos assassinatos diminua!
;)

Anónimo disse...

Asseguro-vos que quando vi o título pensava que era mais um post sobre o PSD; afinal a sede sempre é na Rua de S. Caetano à Lapa.

A questão russa é preocupante, mas indivíduo perigoso é o Sr. Chávez: farol dos não alinhados, querido pelos media, adorado pelos miseráveis venezuelanos que confunde uma escada de salvação com as amarras que os mantêm no fundo.

Bruno disse...

Confesso que esta é uma das minhas pechas: política internacional. Por isso, aguardo os vossos comentários para ir aprendendo qualquer coisinha ;)

De qualquer forma, deixem-me concordar com o que diz a Big Mamma, acrescentando que a ditadura é sempre mais fácil de gerir do que a democracio...

Tânia Martins disse...

Sim, considerando que uma ditadura é controlada pela força e opressão, em que não existem direitos, os deveres que existem são impostos a favor do Estado e há um culto a um chefe parece-me óbvio que é bem mais facil de gerir...

Mas pelo que ja estudei não me parece que as ditaduras tenham oferecido muitos "louros" a quem optou por esse regime!

Paulo Colaço disse...

Pois é, as ditaduras são mais fáceis de gerir, até porque são poucas as leis a que se sentem obrigadas...

Cara Big Mamma, concordo que por vezes os "brandos costumes" podem ser um passo para o caos e por isso há que ter rédea curta. No entanto, nada justifica o que se passa na Rússia, Índia, China, com assassinatos por ordem do Estado, assumindo serem verdadeiras as notícias que nos chegam.

Nada justifica que se tinja de sangue a bandeira de um Estado apenas porque é enorme e sobrepovoado.

José Pedro Salgado disse...

A ditadura é fácil de gerir.

E, porque não dizê-lo, pode permitir que os cidadãos cresçam mais felizes, com menos queixas do seu país e com um crescimento económico invejável.

O problema é que isto ocorre porque o povo é ignorante, porque sabe que as primeiras queixas são ignoradas e que as últimas atraem atenção indesejada, e porque não há dinheiro para investir em necessidades básicas como a capacidade produtiva que permita cozer pão.

Anónimo disse...

Bem, ele poderá sempre recorrer à solução Chavez:
Constituição pret-a-porter
:)

Anónimo disse...

A ditadura é um regime pra lá do esquesito, a meu ver !


culto de um homem. . . quase que levado ao fanatismo e ao fervor religioso . . . cravam no subconsciente da nação um marco histórico-cultural ainda que difuso, profundo!

Acho que o olhar fenomológico da questão é aqui muito invocado e precioso de analisar! O que leva um povo a deixar-se governar um tirano?
Não me parece que sociologicamente isso aconteça sem um porquê! Acho e entendo, que por trás de cada ditadura há uma medo ( tome-se o caso de portugal no antes Estado-Novo! e o espectro do comunismo em Portugal).

E se é verdade que a ditadura tem todos esses podres que actualmente vemos como que lucidamente repugnáveis, não lhe podemos negar algumas virtualidade ( ainda que por meio da força e da opressão, que desde logo sonegão todo e qualquer benefício).

Contudo, esquesito como hoje, se vê, num número crescente de pessoas o apelo à ressurreição de Salazar - como que um neo-Caveleiro redentor do apocalipse que nos irá salvar de todas as maleitas que quotiadianamente vivênciamos.

É este fénomeno que mais me preocupa!
Se é verdade que me aflijo com as "lapas" desse mundo fora, mais me "doí" o receio de que a passos largos Portugal caminhe para as mãos de algum lunático ou pseudo-ditador da era moderna. . .

O grande mal, na minha humilde opinião - e até prova em contrário, reside na patologia da Libertinagem - aquele ou aquela que recebe de mão beijada um bem tão precioso como vinculador de responsabilidade, como o é a liberdade!
E é neste constante sangrar da população que a bandeira portuguesa não me parece mais 2/3 de vermelho mais 1/3 de verde, mas sim e com o sangue que lhe escorre aproximando-se a passos largos do vermelho total!

Olhemos para lá fora, mas não nos esqueçamos daquilo que nos surge mesmo ao nosso lado, de nada nos vale mirar ao longe se é da nossa porta que nos surge a investida!


Abc

Anónimo disse...

Belíssimo texto o deste nosso anónimo.

Não se esqueçam que o fenómeno político ditadura e a apreensão coeva deste fenómeno é distinto; não se pode confundir ditadura com estado meramente opressivo e imposto pela força.

As ditaduras representam a major parte das vezes um retorno social, um desejo e um clamor. E lembrem-se que em Roma era o poder democrático que delegava no Ditador um mandato temporalmente limitado para o ser.

Tânia Martins disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tânia Martins disse...

Quando estava a ler o texto pensei o mesmo Né, parabéns anónimo o texto está muito bom!

Tens razão Né mas na actualidade as ditaduras são levadas pela força superior, e isso faz-nos associar uma ditadura a um estado opressor. Muito dificilmente voltariamos às ditaduras romanas.

Paulo Colaço disse...

A vossa atenção para a diferença (na Roma Antiga) entre ditadura e tirania.
A ditadura era "usada" em tempos políticos conturbados e consistia num mandato dado pelos senadores e consules para que o ditador escolhido repusesse a ordem. Finda a desordem, finda a ditadura.

A tirania é uma situação de ocupação de funções (para obstar ao caos ou promover poder pessoal ou de grupo) e que tem propensão para a continuidade no tempo.

Creio que se confunde muita vez ditadura com tirania (chamamos ditadores a tiranos), porque os ditadores na acepção romana não passam de estadistas que sabem usar até ao limite o mandato que o zé-povinho lhes confere.

Podemos então dizer (era aqui que eu queria chegar) que Sócrates é um ditador: foi escolhido pelos seus pares para obstar ao caos que se vivia: um PM que abandona, um sucessor incapaz.

Anónimo disse...

É o problema do comunismo. Confunde-se com as ditaduras, ás vezes, mas tenta demarcar-se. Cometem crimes horríveis em nome de uma ideologia...

Paulo Colaço disse...

Eu não considero o comunismo apenas uma ideologia: é sobretudo uma forma de organizar a sociedade estabelecendo uma diferença entre quem manda e quem obedece.

Bruno disse...

Oh Colaço, isso também Salazar fazia nos cânticos da Mocidade ;)

Paulo Colaço disse...

Pois, mas até esse admitia a classe média... ehehe