quinta-feira, novembro 08, 2007

A minha familia é mais ilustre que a tua...



Ao percorrer a página com o corpo docente da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (http://www.fd.uc.pt/docentes.php), deparei-me com laços familiares intermináveis. Tendo em conta que é uma Universidade Pública e a cujos concursos obedecem à estrita legalidade, só posso concluir que a inteligência do Direito Português está concentrada em meia dúzia de familias.
O que vos pergunto é:

Qual delas a mais ilustre?...

Doutor Jorge de Figueiredo Dias
Mestre José Eduardo de Oliveira Figueiredo Dias
Mestre Maria Gabriela de Oliveira Figueiredo Dias

Doutor Guilherme Freire Falcão de Oliveira
Mestre Helena Isabel Gonçalves Moniz Falcão de Oliveira


Mestre Paulo Cardoso Correia da Mota Pinto
Mestre Alexandre Cardoso Correia da Mota Pinto


Doutor Rui Manuel Gens de Moura Ramos
Mestre Vasco Costa Brandão de Moura Ramos

Doutor José Joaquim Marques de Almeida
Mestre Teresa Maria Coelho Marques de Almeida


Mestre Ana Mafalda Castanheira Neves de Miranda Barbosa
Licª. Maria José Leal Castanheira Neves


Doutor Manuel da Costa Andrade
Mestre Margarida Manuel Barroso da Costa Andrade

Doutor João Calvão da Silva
Mestre João Nuno Cruz Matos Calvão da Silva

Doutor José Joaquim Gomes Canotilho
Licª. Mariana Rodrigues Canotilho

Doutor António Joaquim de Matos Pinto Monteiro
Lic. João António Pinto Monteiro

Mestre Anabela Maria Bello da Silveira Baptista de Figueiredo Marcos
Doutor Rui Manuel Figueiredo Marcos

23 comentários:

Filipe de Arede Nunes disse...

Bem, parece-me que existem multiplos factores que propiciam este facto, mas se bem me parece, os concursos para assistentes nas faculdades publicas são publicos!
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Margarida Balseiro Lopes disse...

A melhor mesmo é a phamília psicótica.ehehhe

Os concursos de facto são públicos. Mas é igualmente público que os (alguns) colocados conhecem o resultado mesmo antes do prazo do concurso ter termindo.

Bom trabalho de pesquisa, Tiago!

Anónimo disse...

Já experimentaram ver a lista de deputados? O fenómeno é quase igual...

Tânia Martins disse...

Parabéns Tiago pelo post...

Já tinha visto esse tipo de coincidências em muitas "coisas", é lamentável porque muitas dessas pessoas que ascendem fazem-no sem mérito (se bem que cada caso é um caso)...

Por isso é que às vezes me ponho a pensar, será que vale a pena? Mas repenso e concluo tudo (ou quase tudo) vale a pena!

Paulo Colaço disse...

Tiago, tu que és uma pessoa justa e ponderada, não estarás a ver fantasmas onde não existem?

Motas Pintos, Canotilhos, Falcões de Oliveira, Castanheiras Neves, Calvões da Silva, Costas Andrade, etc, são nomes bem comuns em Portugal...

Fora de brincadeiras, é muito natural que haja "dinastias" em várias profissões.
Na política, na música, no futebol, da construção de guitarras, nas artes, etc.

Há famílias que têm apetência natural para certas carreiras ou que as fomentam. É natural.

No entanto, o que o Tiago nos estará a trazer como tema é, creio, a facilidade com que certos nomes dão acesso a certas posições públicas, com eventual degradação da posição e consequente prejuízo para o público.

Na música, se o cantor Y, filho do cantor X, for mau, ninguém lhe compra discos; no entanto, este tipo de crivo de qualidade não se faz sentir em todas as áreas.

Desconheço a totalidade dos ilustres descendentes de que (CORAJOSAMENTE) fala o Tiago mas se esses imensos nomes leccionam na FDUC pode estar aí a razão de muita gente dizer que esta anda a perder terreno na comparação com a FDL. Mas isto digo eu que sou um reaccionário…

Paulo Colaço disse...

Escrevi o meu comentário antes de ler o Tânia (estávamos a escrever ao mesmo tempo, talvez, e ela terminou primeiro).
Depois de ler noto que me esqueci de uma outra: realçar o mérito que possa haver em muitos dos nomes que o Tiago citou.

No meio de muitas situações que nos fazem levantar o sobrolho, há casos perfeitamente justificáveis.

A fechar, cito a grande frase: à mulher de César não basta ser séria...

Tiago Sousa Dias disse...

Ah, mas não nego o valor de alguns dos nomes que cito. Atenção: o Prof. Doutor Figueiredo Dias é ´dos poucos juristas portugueses referenciados pela doutrina Alemã. Sem dúvida. Mas a função pública deve ser plena de legalidade e coragem precisa de ter quem me disser que estes nomes todos que aqui estão, estão por coincidência. ;)

Inês Palma Ramalho disse...

Corres o risco de ser injusto, Tiago, sem prejuizo de, nalguns casos, até poderes estar inteiramente certo. Mas é para isso que existem concursos públicos de acesso para a carreira de assistentes, monitores, professores. Logo, dificilmente se pode duvidar do sistema sem um critério uniforme... ou pode garantir-se que outros, sem qualquer tipo de parentesco, sobem sempre porque são bons? Não sabemos e acho que o nome não pode ditar automáticas preferências. No fundo, alguns deles até devem ter tido a vida bem dificultada. Não podem ser bons ou até melhores, têm de ser OS MELHORES. E voltamos ao que o Paulo disse... à mulher de César não basta ser séria...

Anónimo disse...

Com tantos Mestres e Doutores neste país como é que a Universidade de Coimbra ainda tem licenciados a leccionar na Universidade?
Acredito que eu com o Mestrado e a caminho do Doutoramento se me candidata-se a esses concursos públicos não entrava! Neste momento de crise não entrava mesmo. Só entraria se houvesse uma falta imensa de docentes universitários! O que não está acontecer!Os lugares estão todos reservados!

Acredito que nem todos tenham chegado lá por mérito , acredito que alguns entraram por concurso público.
Quem está no meio sabe bem como é feita a selecção . Concurso público, depois avaliação curricular. Segue-se entrevista pessoal....etc...etc....etc....

Tãnia,
Vale sempre a pena se alma não é pequena!
Há anos que sonho que um dia os tachos em Portugal vão acabar e q havemos de ter elites de mérito!
Enquanto houver Portugal... eu vou acreditando!

Filipe de Arede Nunes disse...

Tenho assistido a vários comentários de profunda descrença no sistema, que eu acho que funciona.
Meus amigos. É um concurso público e sujeito às regras dos concursos públicos!
Pelo menos a Inês concorda comigo.
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Tiago Sousa Dias disse...

Maria corro sim. Aliás até te digo que estou concerteza a ser injusta com alguns casos. Olha, candidatei-me em tempos a docente na Universidade do Minho. A pessoas que entraram (2) entraram por mérito. Eu fiquei em quinto e achei justo porque a Universidade enviou-me um documento (a mim e aos mais de sessenta candidatos) com valoração das candidaturas sem poderes discricionários. Candidatei-me a uma outra instituição em que fiquei em 3º e entrava um. No dia em que entreguei a documentação fiquei a saber da minha "não colocação" porque o lugar iria ser atribuído a uma pessoa que já estava definida. Mais: os monitores não são necessáriamente contratados por concurso, podendo ser por convite ou candidatura a convite. Se fazem os concursos sejam imparciais, se querem convidar alguém em particular convidem.
Choca-me que METADE do corpo docente daquela que dizem ser a melhor FD do país tenha laços familiares entre si. Pois claro que choca.

Tiago Sousa Dias disse...

Quanto às questões relativas aos concursos públicos em geral, quem é de Direito sabe perfeitamente o que estou a dizer: escolham 50 concursos públicos à sorte e digam-me quantos é que não têm uma alínea de correcção através de poder discricionário nos requisitos de contratação...
Traduzindo: uma entidade pública abre concurso para preenchimento de vaga e como requisitos vinculativos apresenta idade inferior a 30 anos e média de curso superior a 15 valores. Ora se ficassemos por aí era simples e objectivo, o candidato com melhor média de curso e com idade inferior a 30 anos seria o melhor qualificado e entrava. Mas não é o que se passa. É que em todos os concursos há uma ala discricionária: capacidade oral e escrita. Este candidato foi o melhor classificado com média de 20 mas vai entrar o que tem média 19 porque fala melhor em público. Não é que fale, se calhar nunca falou, é discricionário. A outra vertente dos concursos públicos são os requisitos adicionais. Em tempos vi um para jurista na área da saúde em que, além do curso com média superior a 14 e experiência de 3 anos, exigia-se que o candidato fala-se Inglês, Espanhol, Alemão e Grego; que tivesse pós-graduação em legistica, finanças e direito comunitário. Porquê a legistica? Porquê o Grego? e sobretudo, continuava, que estivesse em fase de realização de tese de mestrado em direito económico. EM FASE DE REALIZAÇÃO DE TESE??? Eu não sei quem entrou, mas não só foi "justo" como foi "único". Trocando por miúdos, eu tenho a certeza que a pessoa que entrou é a única no país que fala inglês, espanhol, alemão E grego, tem pós-graduação em legistica, finanças e comunitário e que actualmente está a realizar tese de mestrado em direito económico. A única! Não a melhor.

Anónimo disse...

Inteiramente de acordo, caro Tiago Sousa Dias.
Consegui de forma muito clara explicar o regabofe que são os concursos públicos.

Se alguns querem dar o lugar ao A ou ao B, concurso para quê?

Tiago Sousa Dias disse...

(Ao reler o meu comment vi alguns erros ortográficos, não liguem) ;)

Dri disse...

Tiago não podias ter explicado melhor como funciona o sistema. Pena é que ele funcione assim e as vezes me lembre situações de pais de terceiro mundo. Temos de lutar pela diferença.

Anónimo disse...

É inaceitável que um mestre, a caminho do doutoramento, escreva "candidata-se" em vez de "candidatasse". Assim vai a Universidade em Portugal!

Anónimo disse...

Lamento! O erro do "candidata-se" !!!
Não é que não saiba. Simplesmente aconteceu.

Inês Palma Ramalho disse...

Certamente, Tiago. Terás razão em alguns pontos. Mas, noutros, não podia discordar mais.
Em muitos júris de candidaturas, há linhas e linhas de critérios para evitar precisamente medidas mais discricionárias. Como calculas, se os critérios forem média superior a 15 valores e mais de 30 anos, haverá inúmeros candidatos aptos para o lugar. Como decidir depois? Apertam-se os critérios. Evidentemente, acho mal se os critérios forem tão apertados que se vê, perfeitamente, em que candidato é que se estava a pensar quando se abriu o so called concurso. Mas isso, acho eu, que ainda acredito no sistema, há-de ser a excepção.

Inês Palma Ramalho disse...

Ah, Tiago, por curiosidade fui ver se havia vagas para monitores na minha Faculdade (e sempre estou para ver quem é que contratam), mas os critérios que constam do regulamento são todos objectivos. E, imagine-se, o concurso até é público.
Mas cada caso é um caso, claro.

Tiago Sousa Dias disse...

Eu já sei desde terça feira quem é ou são os candidatos escolhidos, porque pelos vistos eram para ser dois mas afinal acho que só fica um... ;)

xana disse...

Muito pertinente Tiago.
Deixa-me só acrescentar, que muitas vezes o problema começa bem antes. No decorrer da licenciatura, quantos filhos de professores nós vemos a terem notas de melhoria absurdas face aos demais? Tendo em conta que a média é uma forte componente dos requisitos para leccionar, essa ajuda pelo menos terão recebido.
Sem hipocrisias, de facto, não há coincidências. Não querendo dizer que essas pessoas não tenham valor. Com dizia o outro: "Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa!"

Inês Palma Ramalho disse...

Com o devido respeito pela tua opinião, Xana, injustiça há em todo o lado. E não é isso que a torna certa, antes pelo contrário, é isso que faz com que a tenhamos de combater.
Mas categorizar as pessoas, marcá-las só porque são filhas deste ou porque têm bonitos olhos ou lá o que for só serve para aumentar essa injustiça. Se for um tipo qualquer que tenha uma nota muito alta (e não faltam exemplos, te garanto) ninguém repara. Mas se for um filho de professor, horror dos horrores, nunca merecerá nota alguma porque não sabe o suficiente. Isso que tu estás a fazer é, no mínimo, especulação. E, para quem tenta evitar e critica esse tipo de injustiças parece-me, no minimo, contraproducente. Mas, como dizes, cada caso é um caso. E de certo que, nalguns, tu e o Tiago terão razão.

xana disse...

Nunca marquei ninguém por ser filho de professor. Aliás, se não me disserem acredita que nunca iria saber dos caros colegas que tnho que são filhos de professores na faculdade. No entanto, fiz a devida ressalva, e creio que entendeste, e bem, nesse sentido. Injustiça maior será sempre acharmos que por serem filhos, sobrinhos ou netos sabem menos do que os outros.