sexta-feira, novembro 30, 2007

Greve?


Sexta Feira.
Fim do mês.
Natal à porta.
Feriado no Sábado, ergo, ponte!
E lá temos mais uma greve!
Até que ponto a greve é valida como luta social nos tempos que correm?
Até que ponto nós que não fazemos greve, levamos a sério quem a faz?
Afinal de conta, uma greve, como todas as outras antes de um feriado? Pois não se enganem, dá muito jeito a muito boa gente que trabalha aos Sábados.
Não consigo levar a sério Sindicatos que persistem neste tipo de luta.
Não percebem os Sindicatos que assim cada vez menos a sociedade lhes dará cavaco?
Onde anda a consciência da luta social portuguesa? E que forma deverá tomar neste século?

22 comentários:

Tiago R Cardoso disse...

Interrogações que partilho consigo, apesar de ser uma luta justa, mais uma vez se transmite ao país uma ideia errada.

Paulo Colaço disse...

eheheh!
Jorge, fanaste à Guida o tema do post que ela publicaria, não fosse o estudo para Direito Romano (boa sorte Guida e Tânia!).

Quando soube da greve fiquei passado. E com as mesmas interrogações que aqui postas.

Greve a uma sexta-feira? Para quê? Para que o vislumbre das compras de Natal provoque mais adesões? Para que os Sindicatos cantem a tradicional vitória dos números?

As greves e as manifs (como o Zé Pedro bem apontava no mês passado) são modas que cairam no descrédito.

Não há melhor e mais democrática forma de "luta", dizem uns. Admito que, como direito, sejam inatacados mas eu falo da credibilidade e da eficácia.

E, como acordei reaccionário, eis duas ideias para pensarmos em conjunto:

1 - Ser proibida a marcação de uma greve para dias imediatamente anteriores ou posteriores a sábados, domingos e feriados.

2 - Os sindicados que convocam greves deviam ressarcir as empresas que, comprovadamente, hajam sofrido prejuizos em função da greve.

Filipe de Arede Nunes disse...

Isto não é greve não é nada.
Greve é não trabalhar enquanto as exigências não forem satisfeitas; é montar piquetes em frentes aos locais de trabalho; é apresentar reenvidicações sérias junto das entidades patronais!
Isto é o cumprimento dos serviços minimos a que os dirigentes sindicais estão obrigados: uma greve de 6 em 6 meses que é para o pessoal ir falando deles!
Pessoalmente - uma vez que sou advogado-estagiário e passo recibos verdes, ou seja, sou funcionário a titulo independente - não faço greves! Mas, recordo-me de quando andava na FDL, no meu último ano - o saudoso Março de 2005 - termos fechado a faculdade, sendo que à partida era por tempo indeterminado! Isso sim, foi algo que se apresentasse e foi capaz de demonstrar uma posição de força.
Sejamos honestos, será que o governo se preocupa com 1 dia de greve a uma sexta-feira? Tretas. São menos uns milhões em ordenados que têm de pagar!
Nota final: Colaço. Se os sindicatos tivessem de ressarcir as empresas pelos prejuizos sofridos em função da greve, essa perderia o seu sentido util. O objectivo da greve é precisamente que a empresa tenha prejuizos!
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

Paulo Colaço disse...

Muito breve: caro Filipe, "the point" não é ressarcir as empresas cujos funcionários fizeram greve mas todas aquelas que, alheias à greve, se viram prejudicadas.

Mas, como é óbvio, uma ideia destas mataria a própria greve. Não estou a ver os ociosos profissionais adeptos das greves a cada instante meterem a "cabeça no cepo"...

Anónimo disse...

Li que algumas escolas do Grande Porto foram fechadas a cadeado pelos seus conselhos directivos.
É uma vergonha saber que são os quadros superiores a dar o exemplo de obstrução...

Pergunto aos juristas deste blog se isto não será uma espécie de lock out por parte dos piquetes de greve.

E pergunto se, fazendo greve (tal como os trabalhadores) as chefias podem tomar decisões de fechar os estabelecimentos.

José Filipe Baptista disse...

Caros companheiros,

por mais que tente compreender, os sindicatos ultrapassam a minha capacidade de apaziguamento.

Qualquer sindicalista auto entitula-se de missionário pelos direitos dos trabalhadores, defesa dos fracos que trabalham para outrém! Contra o capitalismo marchar, marchar! Contra o Estado marchar! Contra os patrões marchar! Contra aqueles que lhe dão de comer, marchar! Os sindicalistas estão na sua maioria nos quadros da Administração públicas, com vínculo laboral há anos quase incontáveis, estando a exercer actividades no sindicato, sendo remunerados por este. Os que fazem greve não ganham pelo dia em questão, muitos serão apontados como "dispensáveis" e disso os sindicatos não falam porque supostamente não é verdade!

Quem teve a infeliz possibilidade de me ouvir discutir com o Eng. João Proença (um dos sindicalistas mais moderados, honra lhe seja feita!) na Univ. Verão 2006, sabe qual é a minha posição e que ir contra só por ir, sem razão alguma é motivo de incredibilidade!

No caso de hoje, para não falar da marcação da greve, muito bem "arranjadinha", há que ver as empresas a meio gás (basta andar em Lisboa e ver que isto parece o céu), a sociedade pára por um dia, à espera de dias melhores...tudo porque meia duzia de sindicalistas decidiram que tem que apresentar trabalho até ao fim do ano... até me arrisco a dizer que não era preciso... à conta dos sindicatos este ano já muitos não terão Natal porque as reinvindicações desproporcionadas que criaram em muitas situações levaram ao fecho de muitas portas...

Francisco Castelo Branco disse...

Acho que o direito à greve deve ser respeitado e utilizado.
Agora na minha opinião, em Portugal o Direito à greve é excessivamente utilizado, para não dizer mal utilizado..........

EP disse...

Embora, por vezes, compreenda as razões que levam as pessoas a aderirem a greves, manifestações e afins, nunca consegui compreender a utilidade de tais formas de protesto.

Isto para não falar nas pseudo-greves, ou embustes como a de hoje!

"O objectivo da greve é precisamente que a empresa tenha prejuizos!"

Duas considerações:

1- Ainda que o objectivo seja apenas causa prejuizos á empresa contra a qual se protesta, toda a sociedade é afectada, paga a factura. Incluindo o sector privado e trabalhadores independentes.

2- Os grevistas também fazem parte da sociedade. Quando, como alertava jbaptista as reinvidicações se tornam desproporcionadas ou existem fechos de portas, o custo (prejuizo) social é, substancialmente, maior quem o imputado á empresa em causa. E mais uma vez que o paga é a sociedade, ou seja, todos nós.

Tété disse...

Concordo em pleno com o Francisco.

A meu ver as greves devem ser respeitdas, graças a elas conseguimos direitos fundamentais, que hoje achamos tão normais.

Contudo não suporto greves tão bem planeadas...este planeamento não tem a ver com os valores de greve, mas sim com os números de adesão. As pessoas não dão valor ao que a greve significa e aproveitam para aderir porque é um fim-de-semana prolongado em vesperas de natal...vão todos às compras.

Nunca fiz greve, se bem que em determinda altura da minha vida profissional se houvesse greve iria poderar em aderir.

José Pedro Salgado disse...

Tenho uma perspectiva muito anti-greve.

Hoje em dia não têm o valor que tinham, nem intrínseco nem extrínseco.

Quem é que sabe o porquê da greve?

Eu não sei, já perdi a conta e desisti de acompanhar.

Concordo, claro, com tudo o que o Jorge disse, mas com um pequeno acrescento: não se esqueçam que já pingou o subsídio de Natal para muita gente.

Cheira-me a compras de Natal/fim-de-semana prolongado.

xana disse...

Eu ontem acordei a rogar pragas a tudo o que é sindicalista, grevista e afins!

O instituto da greve é excessivamente utilizado.

E os problemas que são colocados neste post são muito pertinentes. Como se credibiliza os sindicatos quando a única coisa que conseguimos ver nas suas iniciativas é oportunismo barato?

Eu respeito o direito à greve. Mas os sindicatos que se dêem ao respeito também!

Greve geral!? Onde!?

Em França há greves gerais sim! Em Portugal nem por isso.

Se tivessem credibilidade aconteceriam duas coisas:
1- fariam de facto uma greve geral com fortíssima adesão;
2- conseguiriam os seus intentos.

Que tal começarem a credibilizar? Será que ainda vão a tempo?

Margarida Balseiro Lopes disse...

É verdade, queria mesmo ter feito este post, e muito do que penso já aqui foi dito! ;)

Destaco que também eu já não acredito nos sindicatos: os líderes de hoje já o eram há 25 anos atrás, há uma "comunização" da esmagadora maioria dos sindicatos, há um oportunismo gritante na escolha das datas das greves, etc.

Haverá ainda genuínas motivações sociais nos Sindicatos, ou cada vez mais, traduzem um conveniente oportunismo político?

Anónimo disse...

Realmente ainda ontem via uma reportagem sobre os piquetes de greve dos guionistas de Hollywood e pensei na palhaçada que foi a "nossa" greve Geral.
Embora tenhamos de pensar no erro que é generalizar a situação de ridicularizar todos os grevistas. Temos de respeitar os genuínos. Os que têm convições!

Paulo Colaço disse...

Em Portugal brinca-se às greves.
Olhamos para os sindicalistas: alguém os leva a sério?

Um dia um bom amigo meu, dono de uma fábrica em Rio Maior, recebeu a inesperada visita de delegados sindicais na empresa.

Eles disseram que vinham falar aos trabalhadores para os "formar".

O meu amigo mandou chamar um funcionário a quem disse: "traga umas batas e umas luvas a estes senhores que eles vêm ensinar-vos a trabalhar. Devem trazer umas técnicas inovadoras lá de Santarém."

Não voltaram a ser vistos por aqueles sítios. Enquanto os sindicalistas forem "funcionários" dos sindicatos, não há sindicalismo, há revolucionários profissionais.

Bruno disse...

Peço desculpa mas não tive tempo para ler os comentários a este post. Não quero, no entanto, deixar aqui de reforçar uma ideia que já deixei expressa uma vez no Psico: o movimento sindical português é daqueles que merece apenas um "cagagésimo" do meu respeito!

Só não digo mesmo, mesmo o que penso deles porque o meu Presidente de Secção é sindicalista ;)

Tomás AR disse...

Logo no meu dia de estreia escrevo dois posts...entusiasmo de principiante admito mas sobre sindicatos não resisto.

Poupando-me à tarefa, já por outros levada a cabo de resto, de ajudar a revelar as verdadeiras motivações desses senhores, debruçar-me-ia somente sobre a sua posição em relação á legislação laboral portuguesa.
Estes senhores proclamam serem eles quem defende os direitos os trabalhadores! Quem salvaguarda os seus interesses.
Ora, não esqueçamos quem eles representam verdadeiramente: aqueles que já estão empregados, os que trabalham...os que já benefeciam de um assento no mercado de trabalho.

Não é por isso de estranhar que queiram rigidez a despedir, mesmo que isso implique dificuldade a contratar. Quem defende então os que estão desempregados? Os que estão á espera da sua vez? Os mais novos, os mais habilitados em muitos casos?

A relação entre mercado de trabalho e legislagação laboral pode muito bem ser explicada através de um exemplo, porventura muito mais intuitivo. Imaginem o caso de duas piscinas , conexas entre si, cuja quantidade de água tomada no conjunto das duas piscinas é sempre o mesmo. Uma das piscinas tem sempre água boa e na outra concentra-se a água suja, aquela que precisa de ser tratada para voltar a ser introduzida na piscina dita "boa". Pois bem, quanto mais estreita for a ligação entre as piscinas mais difícil é à agua má sair da piscina boa, ou a boa da piscina má. A quantidade de água ( o número de empregos) é sempre a mesma. Percebem a ideia?

As empresas querem ter lucro, querem ter água boa, mas se lhes for difícil expulsar a água má e trazer alguma boa, tende a ficar a má, desperdiçando-se a boa, cujo tratamento não é já necessário.

Comecei o exemplo por dizer que a a quantidade de água é sempre a mesma, o que é verdade no exemplo mas não na realidade que pretendi representar. De facto, se as empresas têm melhores trabalhadores, tendem a gerar mais lucro e por isso a contratar mais pessoas. Acresce ainda que tendem a gerer mais receitas para o Estado uma vez que reforçam a sua capacidade contributiva.

Mas não só! Num país em que é fácil despedir, um empresário que esteja a viver uma fase de grande prosperidade pode explorar as potencialidades desse desse ciclo económico ao máximo, aumentado o número de trabalhadores com vista à maximização do lucro. Em Portugal um empresário inteligente, percebe que hoje a seguir à bonança sucede sempre a tempestade e aí já não pode despedir ninguém..fecha-se a empresa.

E os novos desempregados o que lhes acontece? voltemos ao exemplo da piscina: são requalificados, são tornados mais eficazes, são prepaarados para voltar a entrar no mercado de trabalho.

Portugal é no conjunto de países que constitui a OCDE o que tem a legislagação laboral mais rígida...Dá que pensar!

Paulo Colaço disse...

Muito bem, Tomás.
Os sindicalistas portugueses são os verdadeiros conservadores.
Por eles o mundo não se mexia um milímetro. Sempre contra inovações, sempre de pé atrás.
E acham-se, como dizes, os verdadeiros representantes dos trabalhadores quando são, apenas, os verdadeiros representantes dos outros sindicalistas.

Nunca esquecerei um diálogo parlamentar Barroso (PM) Vs Carvalhas (líder do PCP).
- Dizia Carvalhas: é o PCP que representa os trabalhadores portugueses.
- Responde Barroso: o senhor não representa aqui mais trabalhadores do que eu. Este Governo representa a maioria dos portugueses, trabalhadores incluídos.

Bruno disse...

Bem, a resposta do Barroso foi uma espécie de mais-ou-menos... Não se representa reivindicando a representação mas sim trabalhando efectivamente para isso!

Quanto ao que diz o Tomás, concordo com o raciocínio dele. Acho aliás que é quase unânime a opinião que os sindicatos - pelo menos em Portugal - apenas se posicionam para defender interesses instalados.

Não os vejo tão apostados na formação, na integração de jovens, na implementação de uma postura de profissionalismo que os trabalhadores portugueses não têm. Estão apenas apostados em "dar a cara" para falar mal, ainda por cima utilizando uma panóplia de chavões cada vez mais gastos.

E já agora: como pode um dirigente sindical conhecer a fundo os contornos da sua profissão se está há 20 anos sentado no gabinete da sede do sindicato???

Paulo Colaço disse...

Precisamente, Bruno.

Já o disse e repito:
Enquanto os sindicalistas forem "funcionários" dos sindicatos, não há sindicalismo, há revolucionários profissionais.

Tomás AR disse...

Com uma excepção Paulo! Jerónimo de Sousa mantém-se fiel á sua profissão de sempre - afinador de máquinas ( vide caso recente de militante expulsa).
Dir-me-ão que não é sindicalista o senhor...infelizmente por incapacidade intelectual nunca consegui perceber bem onde acaba a CGTP e começa o PCP...

Paulo Colaço disse...

"Com uma excepção Paulo! Jerónimo de Sousa mantém-se fiel á sua profissão de sempre - afinador de máquinas ( vide caso recente de militante expulsa)."

AHAHHAHAHAHAHA
GRANDE MALHA, TOMÁS

Bruno disse...

Não é por incapacidade intelectual, Tomás. Mas sim por incompatibilidade intelectual. É que só a malta que consegue acreditar (ou pelo menos fingir bem) no comunismo é que é capaz de detectar a fronteira ;)