quinta-feira, setembro 28, 2006

Para rasgar o ilhó...


D. José Policarpo diz que o aborto "não é um problema religioso" e que a Igreja não fará campanha pelo "não" no referendo sobre a despenalização da IVG, de Janeiro próximo.

Odete Santos, a tradutora do PCP, comentou dizendo que não vê nas palavras do cardeal qualquer evolução: "Elas só provam que a religião continua a querer transpor para a verdade científica conceitos metafísicos, dando como adquirido que a vida humana começa no momento da concepção." (in Público)

Desculpem a brejeirice, mas esta malta do PCP engoliu uma cassete tão bicuda que quando tiver de a defecar não haverá esfíncter que aguente…

13 comentários:

Big Mamma disse...

Oh Paulo, tu a defenderes a Igreja?
O Mundo tá de pernas para o ar...

Depois disto só mesmo um tipo da Nova dizer que a Clássica tem a melhor escola de Direito do País

lololol

Joana Nave disse...

Eu sou da Nova, mas sou de Economia. Desempenhei um cargo na Universidade onde representei todos os alunos das variadas licenciaturas da Nova, inclusivé os de Direito. No entanto, não posso deixar de referir que se tivesse optado pelo curso de Direito teria escolhido sem sombra de dúvida a Clássica!

Paulo Colaço disse...

Em primeiro lugar duas notas:
1 - Lisete, bem-vinda a este teu espaço!
2 - Rita, és uma democrata!

Agora, amiga Mamma:

eheheh, boa malha, mas eu nao estava a defender a Igreja. Apenas achei um grande passo doutrinário o Patriarca de Lisboa ter dito que o aborto não é um problema canónico.

Sou um fã do Cardeal Policarpo. Acho-o um homem dos novos tempos. E fiquei furioso que o senhor Odete não tenha reconhecido esse passo gigantesco do cabeça da igreja católica portuguesa.

Gostei que tivesses aparecido. Volta sempre!

Nuno Gonçalo Poças disse...

É aquilo a que se pode chamar interpretação extensiva das palavras do Cardeal. Continuo com imensas dúvidas... Será que a malta de esquerda é pró-IVG porque tem pouco amor à sua própria vida? Os ingleses é que têm razão... mais vale uma boa dose de oral do que uma grávida inconsciente.

xana disse...

A ideologia desta gente é ser do contra. Ena!... bom contributo para a democracia.

Anónimo disse...

Mas alguém aqui acha que isto é um problema de defender a igreja ou a esquerda ou a direita ou o que quer que seja? para mim é muito claro...para mim o que há a dfender é a vida, que por acaso é a vida humana. A discussão científica sobre se no memomento da concepção há logo vida ou não, é puramente irrelevante para a questão de fundo e que é:
este país vai ou não legalizar o aborto ?
Já existe legislação que o consente, em determinadas circunstâncias, até às 12 semanas. mesmo verificando-se essas circunstãncias, a verdade é que matar-se um feto com 12 semanas de gestação ou matar-se um ser humano com 12 anos ou com 50 anos, é a mesma coisa: é crime. é homicidio. está tipificado no Código penal e viola o mais sagrado dos principios da nossa constituição: o direito à vida.
Não venham argumentar que se está a defender a igreja, porque isto não é um problema religioso.
é um problema de sáude e de sáúde pública, é um problema ético, é um problema de humanismo e é um problema das sociedade comtemporâneas, sobretudo as ocidentais. E acreditem é um problema que os nossos pais não tiveram, porque s o tivessem tido, seguramente não estávamos aqui e agora a litigar amigavelmente uns com os outros.

Nota de rodapé: Já agora, convem que o amigo Nuno Gonçalo mantenha o nível, digo eu...

Big Mamma disse...

Amigo anónimo,
nao sei se se estava a dirigir às minhas palavras, mas eu apenas estava a parodiar o texto do meu conterrâneo Paulo Colaço, um ateu empedernido que defendeu o Cardeal, como ele mesmo disse, contra a acefalia da Odete Santos!

Eu sou católica, sou pelo direito à vida, também sou pelo direito à própria morte, e sou sobretudo pelo direito à auto-determinação das pessoas e dos povos.

A lei nao tem de ser moral, sacrossanta, religiosa, ou o que for. A lei tem de espelhar a vontade de uma sociedade.

Inês Rocheta Cassiano disse...

Acho perfeitamente rídiculo as palavras dessa senhora. O aborto não é um problema religioso, político. É um problema ético e que envolve algo que é o expoente máximo da nossa condição humana, a nossa dignidade. Sou contra o aborto, acho que a lei está bem como está. Todos os homens afirmam conscientemente que é incorrecto matar ou tirar a vida a qualquer outro ser. Pois nós, homens mortais, não temos autoridade, nem importância e moralidade suficiente parar tirar aquilo que de mais precioso temos, o direito à vida. Recusam matar, condenam qualquer tipo de atentado à vida e julgam aqueles que matam (exceptuando os casos de legítima defesa). Se assim é, porque será que a situação e as opiniões mudam radicalmente quando se trata de um ser que ainda não nasceu e ainda está dentro da barriga da mãe? Qual é a diferença entre matar alguém que vive no mundo, que está à nossa frente ou matar um ser que ainda não conheceu o exterior? A difrença é simplesmente nenhuma, apesar de muitos tentarem arranjar justificações para aquilo que é injustificável. Ambas são pessoas, ambas têm a mesma dignidade. E apenas porque um já nasceu e outro não, muda a situação e já podemos matar? A todos os que pensam deste modo, apenas uma palavra os descreve: incoerência. Tentam arranjar explicações e até arranjaram um outro nome, supostamente mais suave para não chocar tanto: 'interrupção voluntária da gravidez'. Não há nada nem ninguém que possa justificar um acto de crueldade e malvadez deste tipo. O aborto é indiscutivelmente um acto selvagem, sem coração, visto que estamos a matar e a tirar a vida a um semelhante a nós. Quem apoia e concorda com o aborto só vem demonstrar uma incoerência e no mínimo inacreditável. Matar é matar e só por si é logo condenável.

Inês Rocheta Cassiano disse...

Peço desculpa desde já pela extensão do comentário... Pode revelar alguma ingenuidade, mas pronto, temos que considerar que eu não passo, nas palavras desse ícone do mundo do blog, Paulo Colaço, de uma pita. Mas pronto Colaço... até és um fixolas! Hasta la pasta

Paulo Colaço disse...

Nês, sublinho uma das tuas tiradas: "[O aborto] é um problema ético e que envolve algo que é o expoente máximo da nossa condição humana, a nossa dignidade."

Sempre tive dificuldades em ser "absoluto" nas minhas posições sobre o aborto.
Uma coisa sei: nao é um problema nem político nem religioso. É um problema de consciencia, do individuo consigo mesmo.

Nunca estive perante o problema e espero nunca estar. No dia, malogrado, em que dilema se me colocar quero estar do lado da vida, mas a própria vida tem sinuosidades tão complicada, Nês, que me é dificil ser tao absoluto quanto tu foste.

E não te preocupes com a extensão do teu texto. O Mar é extenso e gostamos dele na mesma ;)

Bruno disse...

Já que os comentários a este post avançaram definitivamente para a discussão sobre a possível legalização do aborto aproveito para deixar a minha opinião. Percebo a que se refere o Colaço quando diz que é difícil ser absoluto em relação a este assunto. É uma matéria sensível e, como tal é mesmo difícil acreditarmos que temos toda a razão do mundo. Mas como eu não quero ter toda a razão do Mundo, contento-me com a minha e esta diz-me que não há razões para alterarmos a legislação que temos e que já prevê os casos e que se justifica uma atitude destas.

Já aqui se falou de ser ou não um problema religioso, político, ético ou de consciência. Pois, eu acho que é um problema de formação. Legalizar o aborto é, por exemplo dar aos futuros adolescentes e jovens a possibilidade de terem uma sexualidade altamente imatura e irresponsável. É preciso ter noção das consequências dos nossos actos e quanto mais pudermos fugir a essas consequências menos responsáveis seremos.

Já cometi até hoje algumas inconsciências, na sua maioria em situações sobre as quais estava bem informado (Obrigado Pai! Obrigado Mãe!) mas sempre assumi as responsabilidades do que fiz. E aquilo que me preocupa é que cada vez mais vejo as novas gerações a quererem facilidades e a terem pouca noção do que é essa tal coisa da “responsabilidade”. E este é apenas mais um dos casos em que algumas pessoas querem ir pelo caminho mais fácil só porque até dá jeito.

Ah! e posto isto: Parabéns Inês!

xana disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
xana disse...

Concordo com o Paulo quando diz que este problema é de consiência do indivíduo com ele mesmo. E compreendo algumas posições mais extremadas, outras um tanto ou quanto histéricas, mas por muito que possam gritar ou espernear, vai ser sempre uma decisão de cada pessoa. E quem já passou por isso então sabe ainda melhor os contornos que uma decisão como esta assume.
Não podemos ser severos a julgar uma questão como esta, e tal como na eutanásia, quem somos nós que vivemos a nossa vidinha descansados para julgar o que os outros querem ou deixam de querer fazer?
Não acho que um feto com 12 semanas seja uma pessoa, aliás a vida humana só pode ser considerada juridicamente, no momento do nascimento. Claro que mais do que as 12/14 semanas só terminantemente contra, mas antes disso sou abertamente a favor. Não interessa o partido, não interessa a religião, interessa a minha maneira de estar na vida, a minha consciência e o que já trago na bagagem destes anos que cá ando