domingo, setembro 24, 2006

O mérito tornou-se um critério obsoleto...

Aqueles que vêem as mulheres nos partidos, como pessoas com mobilidade reduzida, criaram a figura das "quotas para mulheres". Mais um produto do facilitismo partidário! Serei só eu a achar ridícula a ideia de vagas especiais em função do sexo? Isto não acontece, nem nos autocarros! Em breve, alguém se há-de lembrar de criar quotas para idosos, inválidos, grávidas ou mães e pessoas de raças diferentes só porque fica bem na fotografia e aparenta uma igualdade, que efectivamente não existe.

15 comentários:

Bruno disse...

Parece-me que é, efectivamente, ridículo e até ofensivo para as próprias mulheres a instituição de quotas. E penso que até poderá vir a difcultar mais a sua participação na política pois poderão vir a ser olhadas como números mais do que como pessoas válidas por aquilo que têm a acrescentar.

Lembro que, na última Universidade de Verão onde todos estivemos, havia muito menos mulheres (e meninas) do que homens (e rapazitos) e tal deveu-se apenas ao fato de se candidatarem muito menos elementos do sexo feminino do que o contrário.

Mas tal não foi impeditivo de que muitas delas fossem protagonistas de alguns dos melhores momentos e de demonstrações de grande capacidade intelectual, política e humana.

Joana Nave disse...

Ainda me lembro de nas aulas sermos muitas vezes valorizadas pela nossa organização, metodologia e dedicação. Sempre acreditei que o valor da Mulher não se mede pela aparência física, mas por aquilo que é a essência de cada uma de nós enquanto pessoa humana. Quanto mais investimento houver no facilitismo da condição de mulher menos credibilidade e respeito terão os homens por todas nós!

Joana Nave disse...
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Dri disse...

Concordo que a instituição de quotas é perfeitamente ridicula. Contudo também penso que vivemos numa sociedade extremamente machista e se não for a existênia das quotas muitas mulheres não conseguem aceder a muitos lugares.

Bruno disse...

Cara Adriana,

Tu preferes ter dificuldades em aceder a um lugar e ter que lutar contra interesses instalados ou aceder com mais facilidade e isso não ser visto como algo meritório?

Percebo o que dizes mas acho que esta medida é facilitar a forma de as mulheres conquistarem o seu espaço e nao é a melhor forma de o fazer.

Por mim, podem contar com alguém que olha para vocês e não vê alguém inferior. Principalente se forem giras ;) (brincadeirinha!)

Margarida Balseiro Lopes disse...

A questão das quotas para as mulheres é perfeitamente absurda. As pessoas devem entrar para a política por mérito próprio e não por uma mera questão legal. De que forma distinguiremos agora as mulheres que entraram na política pela sua capacidade ou apenas para respeitarem as quotas?

Paulo Colaço disse...

os orgãos públicos devem reflectir a sociedade portuguesa. isso acontece quando há representantes dos diversos sectores.

Se não for com quotas, ha sectores que nunca terão representação condigna. Isso é um facto.

Porém, defendo que até as coisas mais naturais devem ser conquistadas. Com combate e com persistência. É que, para mim, quota tem um leve aroma a "cunha"...

Marta Rocha disse...
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Marta Rocha disse...

É verdade que devia haver mais mulheres dentro dos partidos, para bem dos mesmos e de resto, para bem da humanidade. (hihihi)

Mas também é verdade que elas não procuram, não estão motivadas para isso. E que só a criação de quotas poderia atrai-las para a vida política.

As mulheres, se quiserem, se se esforçarem e sobretudo se tiverem mérito próprio podem chegar a ocupar altos cargos politicos. Foi assim com a Margareth Thatcher, a Manuela Ferreira Leite ou até mesmo a Odete Santos. Sim, a Odete Santos é mulher. (heheheh Não resisti!)

Elas também começaram na casa de partida, não tiveram uma volta de avanço...

E se as mulheres têm de se dividir entre um emprego e uma família (é que a ordem hoje em dia é esta!), torna-se dificil arranjar espaço para a vida politica.
Mas cabe a cada uma, mudar a mentalidade desta sociedade. Não é pelo facto de haver quotas, que os maridos vão ajudar mais em casa, ou que se vai respeitar mais a mulher dentro de um partido. Pelo contrário.

Não somos animaizinhos de estimação, sensiveis e bonitos, que sabe bem ter por perto! E aceitar a criação de quotas é aceitar um estatuto, quer queiramos quer não, que nos diminui face aos homens.

Eu gosto de lutar pelas coisas, porque só assim me sinto digna de as receber. Não gosto que me tratem como alguem com carencias, dificuldades ou atrasos, porque com trabalho, esforço e vontade tudo é alcançável.

Anónimo disse...

Ainda que eu seja contra as quotas admito que em certas situações sejam essenciais para que as mulheres sejam incluídas nos órgãos de poder. O nosso problema é que como não discriminamos as mulheres, ou no caso das mulheres não estão inseridas em situações de descriminação, temos alguma dificuldade em admitir a necessidade da criação de quotas.
Eu, por principio, prefiro integrar uma lista com umas quantas mulheres - em maioria ou minoria, tanto faz - e dar uma coça nos mentecaptos que não conseguem ver que as mulheres, como em tudo, fazem falta na política.

E já agora parabéns pelo blog.

Marta Rocha disse...

Caro Nuno, obrigada pelo comentário.

É intenção desta "vasta equipa" criar um espaço de interacção, quer se trate de posts mais politicos, quer de textos mais jocosos. Como tal, espero que visite o nosso blog outras vezes e colabore connosco no debate de ideias.

xana disse...

Considero que as mulheres que conseguem ter sucesso na política não o fazem porque existem quotas ou deixam de existir, não é aí que reside a sua oportunidade. E a existência de quotas não retira mérito a ninguém, porque existem muitos homens na política que nem sabemos quem são, porque não fazem nada por isso.
As quotas são uma falsa questão, se existem ainda bem, ao menos ajudam a travar o machismo que existe nas estruturas partidárias. Se não existirem também não acho grave, quando alguém tem valor consegue chegar lá, tem é que ser persistente, mais ainda neste caso.

Anónimo disse...

Marta,

Se me voltarem a tratar na terceira pessoa nunca mais cá volto. :-p

antZ disse...

"Quem corre por gosto não cansa!" e nenhuma mulher entra no mundo da política por causa das cotas e as que entram dão se mal...
Como em tudo na vida é preciso realmente gostar do que se faz... quem gosta merece a cota =P

carolinamelo_k disse...

Sou uma blogger curiosa e estou aqui de passagem. Porém, não podia deixar de comentar este tema que é, de facto, de uma relevância indiscutível.

Sou da área de Letras, tradicionalmente das mulheres. Por isso, e com tanta coisa vista e ouvida, afirmo claramente que é necessário haver quotas. Não é ridículo: é essencial. Lembro-me de, há um ano, criticar, como vocês, esta questão, que não se limita a partidos. Também na Banca nos deparamos com situações de 50%/50%.
Mas, e já todos vimos o Gato Fedorento a perguntar se "pretende ter filhos", é esta a única forma de garantir que as empresas não optam por empregar apenas homens em nome da, chamemos-lhe assim, "produtividade".

As mulheres são as chamadas "parideiras", têm direitos inconvenientes e necessidades que as empresas preferem dispensar. Por isso, lamento dizer-vos isto, a mulher é, de facto, descriminada. E, se forem a uma entrevista e vos perguntarem se são casados, têm filhos ou pretendem ter, ou mesmo se fumam e bebem, não vale a pena dizerem que não é legítimo colocar este tipo de perguntas. Neguem tudo ou então são imediatamente riscados.
Foi, pelo menos, esta a experiência que vivi durante a minha entrada no mercado de trabalho.

Carolina (sim Dri, a tua antiga colega!)