terça-feira, setembro 26, 2006

Amor-Ódio

José Saramago é o escritor português da actualidade que eu mais gosto de ler. Acho também que devia ter ido nascer a outro país que não o meu e que quando morresse o fosse fazer longe.
O senhor disse agora que a democracia não existe e que o mundo seria um lugar "certamente mais pacífico" sem crenças religiosas (in Público).
Talvez seja verdade. Talvez fosse também mais pacífico sem comunismo, sem ditadores apoiados por escritores comunistas, sem prémios nóbeis a dizer bem de outros prémios nóbeis que fizeram parte duma estrutura nazi, sem pessoas que renegam o seu próprio país, blá blá blá!

Estas tiradas do vermelhão que nasceu no meu distrito e que mora em Espanha são pior que uma micose! Como é possível gostar-se tanto daquilo que um homem escreve e se enfurecer tanto o que ele diz? Gostava de não gostar do Saramago…

10 comentários:

xana disse...

Eu não gosto do homem nem do escritor, ainda que há muito que me sinto tentada a dar outra oportundidade ao nobel. Acho que isto da leitura às vezes é uma questão de maturidade.

José Pedro Salgado disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
José Pedro Salgado disse...

Saramago está para o exílio como a pesca está para o desporto.

- na pesca a malta tá umas horas a passar pelas brasas e chama-lhe desporto

-o Saramago está a morar nas Canárias numa bruta casa, mas chama-lhe exílio

antZ disse...

Aquilo que ele escreve nos livros é para nos obrigar a reflectir sobre variados temas. Não vai ser porque ele às vezes diz umas barbaridades que os livros dele vão deixar de ser um excelente quebra-cabeças...

Marta Rocha disse...

Tentei, embora não com muito afinco, ler algumas obras de Saramago. De facto é um quebra-cabeças, o sudoku das letras! Não consegui ler mais de 3 ou 4 páginas. Teria de traduzir primeiro, submeter a obra à gramática portuguesa e depois ler. Mas achei que era defraudar o génio...

Vítor Manuel Palmilha disse...

Caro Colaço

Tenho que te fazer uma crítica. Como é que podes perder o teu precioso tempo a comentar afirmações de um jovem que tem a mania que sabe escrever e que é opinion maker, que nasceu em Portugal mas se diz mais espanhol, que vive lá fora, que apoia o fidel, que renega origens e não usa pontuação?

Clario que a critica à forma de escrita é pessoal.. eh

Grande Abraço!

Paulo Colaço disse...

Palmilha, bem-vindo a este espaço!

Tu conheces-me: sou incapaz de ficar indiferente à tacanhez dos traidores.

Tive de comentar...

Anónimo disse...

Só é pena que uma obra deste escritor seja integrada nos programas actuais da disciplina de português... isto, porque o objectivo principal dos novos programas é o escrever bem , com pontuação correcta, e apesar deste objectivo primordial...colocaram um livro de Saramago...

Joana Nave disse...

Não gosto do Saramago!

Como disse a Xana "não gosto do homem nem do escritor" e revolta-me profundamente que, tal como a Carla Santos referiu, faça parte do programa da disciplina de português, nas escolas, estudar o que este senhor escreve.

É vergonhoso que se compare a escrita de grandes nomes como Eça de Queirós, Fernando Pessoa e Luís de Camões, nomes que fizeram história, a uma escrita que prima pela ousadia do absurdo!

Serão mais preocupantes os elevados níveis de analfabetismo que o nosso país enfrenta ou o facto de os nossos jovens aprenderem a escrever assim:

"a língua é minha o sotaque é seu com esta acutilante e irónica frase respondeu saramago numa conferência recentemente realizada no brasil a um jovem brasileiro que se manifestou algo confuso dado que não entendia a pronúncia do autor de memorial do convento serve este simples exemplo para demonstrar que saramago não se pode identificar com a simplicidade existencial muito menos com a utilização da nossa língua na qual encetou não sem polémica caminhos de subversão na escrita aliados à subversão temática"

Paulo Colaço disse...

Estao a ver porque é que nao gosto de gostar do Saramago?

Por aquilo que ele diz apetece-me amordaçá-lo, mas por aquilo que escreveu (recusei-me a dar dinheiro pelos seus últimos dois romances e nao tenho nenhum amigo que os tenha adquirido) apatece-me dar-lhe outro Nobel.

Não é uma escrita fácil, não é um formato a que estejamos habituados.
Mas os gostos não se explicam. Eu que nao se entusiasmo com facilidade, digo-vos, Rita, Carla e Xana, que me sentia pequeno (mais ainda) quando lia o Memorial, o Evangelho, a Caverna, o Ensaio sobre a Cegueira.

Li tambem o Homem Duplicado, Todos os Nomes (entre outras coisas que nao me marcaram assim tanto), sempre como experiencia "religiosa".

Gostava de não gostar do romancista Saramago, mas não sou capaz.