terça-feira, dezembro 04, 2007

Melting Pot


Maioria dos portugueses diz que pessoas de outras nacionalidades enriquecem o país - Eurobarómetro

Bruxelas, 04 Dez (Lusa) - A maioria dos portugueses (61 por cento) considera que o contributo de pessoas de outros países enriquece a vida cultural do país, segundo uma sondagem divulgada hoje, em Bruxelas, no âmbito do Ano Europeu do Diálogo Intercultural 2008.
No entanto, os portugueses estão abaixo dos 72 por cento de média da União Europeia (UE) no que respeita ao contributo positivo que pessoas com outro enquadramento cultural podem dar ao seu país.
Por outro lado, 89 por cento dos portugueses defendem que é benéfico o contacto intercultural dos jovens, um valor acima dos 83 por cento da média dos 27.
Questionados sobre se na última semana tiveram alguma interacção com pessoas de um país fora da UE, 40 por cento dos portugueses responderam afirmativamente, um valor acima da média europeia de 36 por cento.
Por outro lado, uma minoria de portugueses (28 por cento) diz ter contactado na última semana pessoas de outra religião, sendo a média dos 27 de 44 por cento.
O Eurobarómetro revela ainda que 27 por cento dos portugueses associam a expressão "diálogo intercultural na Europa" à comunicação entre diferentes comunidades, enquanto 12 por cento a associam ao convívio entre diferentes culturas.
A sondagem Euobarómetro foi realizada entre 13 e 17 de Novembro, tendo sido questionados aleatoriamente cerca de 27 mil cidadãos da UE com mais de 15 anos, através de entrevistas telefónicas.
Em Portugal o universo foi de cerca de mil pessoas.
IG.
Lusa/fim

Será que este universo de 1000 reflectirá toda uma população Portuguesa no início de um séc XXI que se avizinha cheio de esperança? Espero que sim!

22 comentários:

Anónimo disse...

O título da notícia dá origem a equívocos. É importante perceber o ambito desta sondagem. Refere-se unicamente ao enriquecimento da vida cultural do país. Parece-me óbvio que o aumento da diversidade cultural é proporcinal ao seu enriquecimento e os 39% de portugueses que responderam que nao, nao perceberam a pergunta... O problema e se esta diversidade cultural tem, ou nao, uma influencia benefica no desenvolvimento do pais e se está, ou nao, relacionada com o nivel de segurança a que os portugueses estao sujeitos. Este sim, e o grande problema.

Paulo Colaço disse...

Olá Maria, bem-vinda ao psico.
Para quem não conhece, a Maria foi aluna da UV 2007, grupo encarnado (tal como o Carlos). Está neste momento em Madrid, em Erasmus.

Concordo contigo: os frios números de uma sondagens por vezes tapam o sol, mas apenas com uma peneira.

Não é proeza nenhum reconhecer que a diversidade cultural traz riqueza. Aliás, são praticamente conceitos irmãos. O mais complicado é reconhecer que o vizinho do 3º andar turco me enriquece cultural e humanamente, ou olhar sem desconfiança para a família ucraniana que se vai mudar para o prédio em frente.

Portugal, pela sua história (já discutimos isto no forum da UV), tem obrigações e responsabilidade na união entre os povos, no bom acolhimento, na correcta integração.

Sondagens e estatisticas valem menos que o papel em que se publicam. Os gestos perduram uma vida toda.

Filipe de Arede Nunes disse...

Ora aí está.
Concordo em absoluto com a Maria. O terem respondido que não corresponde apenas ao facto de não terem entendido o que lhes foi questionado, o que em abono da verdade, é muito frequente em sondagens e estudos de opinião.
Se há povo culturalmente diverso e com raizes nos mais remotos locais do planeta é o nosso. É isso que lhe confere essa singularidade única.
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

José Pedro Salgado disse...

Nascemos de uma mistura entre Celtas e Iberos, Lusitanos, Calaicos de origem celta e germânica, Cónios e etc.

Pelo meio misturamo-nos com os Romanos, os Visigodos e os Suevos.

Temos um pouco de Gregos e de Fenícios, de Vândalos (quem diria, nós?), os Alanos e os Berberes do norte de África.

E claro, dizem que quase todos os portugueses têm em si um pouco de judeu e de muçulmano.

Isto só de património genético.

Temos palavras de origem chinesa, japonesa, árabe e practicamente cada terra tem um nome com uma história que mostra bem a cultura que nos subjaz.

E o contrário também é verdade.
O dezenas de palavras japonesas nasceram no português (embora, ao contrário do que se pensa, o arigatô não seja uma delas).
Trouxemos da China e levámos para Inglaterra a planta que é, actualmente, a mais conhecida marca deste país.

Descobrimos o mundo com técnicas e ferramentas que compilámos dos outros, importámos riquezas do Brasil, e até o tão português fado provém de uma mistura entre cantos mouros e as Modinhas brasileiras.

Não admira que o Quinto Império seja nosso. O elemento humano já temos...

Tânia Martins disse...

Bem ia repetir que de facto uma simples sondagem não apresenta os factos concretos, pois são realizadas com base numa amostra mas toda gente já referiu isso…

Tudo se desenvolveu com a Globalização que acompanha o progresso histórico. Desde sempre se foram desenvolvendo contactos e relações entre diversas culturas, por isso mesmo se pode dizer hoje que a cultura possui carácter universal. Vemo-nos com os “estrangeirismo” entre nós, o simples facto de se beber chá poderá ter derivado da cultura inglesa, cada pormenor da nossa cultura pode ser influência de outras culturas e vice-versa!

Apenas não sei até que ponto os extremos contactos entre povos serão benéficos ou prejudiciais no futuro da Humanidade.

Já agora bem-vinda Maria (não sei bem quem és mas tenho a ligeira impressão de te ter visto pela UV).

José Pedro Salgado disse...

Oh Tânia!!

Já me tinhas dito que não lês os meus posts quando são muito grandes, e isso eu até posso perdoar...

Mas dizeres que nós é que apanhámos o hábito do chá com os ingleses, é uma falha muito grave!!

Anónimo disse...

Dá-lhe JPS! ;)
O título Melting Pot e a minha esperança no futuro vem da minha (repito) esperança de que pla cultura venceremos medos, preconceitos, insegurança!
Deixem-me acreditar ;)

Tânia Martins disse...

Pois até poderá ser, foram os únicos que me lembrei! É que lembro-me de haver um professor de História que nos disse que uma Rainha (cujo nome não me recordo) trouxe o "costume" de se beber chá em Portugal por influência dos ingleses. Agora filho entre tu e ele não sei!

Já agora quem foram? Os Chineses? Os Indianos? Who?

P.S(D)- por acaso pelo teu comentário só dei uma vista de olhos, tem que se controlar bem o tempo :p

Tânia Martins disse...

Jorge

não percebi esse "dá-lhe JSP" :/

tu tu!!

José Pedro Salgado disse...

Muito rapidamente:

O chá é uma bebida proveniente da China e muito popular no extremo oriente, que foi apresentada aos portugeses quando estes chegaram ao Japão em finais do século XVI.

Em meados do século XVII, D. Catarina de Bragança, futura Rainha de Inglaterra, levou para ao Reino Unido o chá por ocasião do seu casamento com o Rei Carlos II de Inglaterra.

E se o teu professor de História disse o contrário, diz-lhe que tem de se haver com os meus...

Carlos Carvalho disse...

Este é um tema importante. Todos temos, ou deviamos ter, consciência de que vivemos num mundo cada vez mais lobal, onde as distâncias estão cada vez mais curtas.

As culturas estão em constante mutação e a sua diversidade é proporcional ao seu enriquecimento.

Estou totalmente de acordo com a Maria que, tal como já explicou o Paulo, fez parte do grupo encarnado, tal como eu, na UV07.

Gosto de ter vêr por aqui Maria!

Anónimo disse...

E tem de se ver com a História.
Foi de facto Catarina de Bragança que levou o chá para Inglaterra.

Tété disse...

Curiosamente no meu trabalho contacto todos os dias com pessoas de outras nacionalidades e religiões. A maioria vem de paises do continente africano e europa de leste.

Todos querem trabalhar, mas não em Portugal. Todos estão legalizados em Portugal mas o seu desejo é trabalhar na França.

Paulo Colaço disse...

Grande texto, Zé Pedro.
Deste uma visão muito certeira do papel de Portugal no Mundo enquanto factor de união e conhecimento entre os povos.

A globalização portuguesa foi fundamental para o Mundo!

Temos de honrar o legado que os nossos ombros suportam.

Tânia Martins disse...

Muito bem Zé vou tratar de fazer com que o meu professor não engane mais alunos :p...

Anónimo disse...

primeiro tenho a dizer que se passou comigo a mesma situação da tânia... eu também tive um professor de história que afirmou ter sido uma rainha portuguesa (não me lembro qual) a trazer o chá para Portugal, vindo de Inglaterra.

agora quanto ao tema do post,penso que não podem haver duvidas de que a diversidade cultural nos enriquece... o problema é perceber ate que ponto essas culturas não destroiem as nossas proprias raizes culturais. se consentirmos esta crescente globalização da cultura, qualquer dia perderemos todas as nossas raízes culturais.

E depois é claro, há que ter em conta o factor segurança, e as crescentes quantidades da imigração ilegal... este outro grande problema.

Tânia Martins disse...

Bem fico chocada por saber que afinal existem mais professores a ensinar mal...

Gostei do teu comentário André Barata :p (o anónimo que não assinou)o problema que apontas é a principal preocupação a ter em conta com o alargamento cultural, nomeadamente em questões de conflitos e terrorismo!

Paulo Colaço disse...

Notas:
1 - É grave que professores de História não conheçam a importância de Catarina de Bragança.
Introduziu o chá e o garfo (não esquecer o garfo) na cultura inglesa inglesa.
Foi muito considerada na "colónia americana" - já ouviram falar em Queens? Pois, trata-se de um dos 5 bairros de Nova Iorque e deve o seu nome à "queen" Catarina de Bragança.

Fico indignado com a existência de professores deste calibre.

2- Não podemos dizer que a nossa cultura enriquece com o contacto com outras e depois temer que o contacto destrua as nossas raízes.
Ou bem que enriquece ou mal que destrói. Uma e outra ao mesmo tempo parece morrer e estar vivo.
A boa moeda expulsa a má moeda: no contacto de culturas acontece o mesmo. Os árabes invadiram a península: houve guerra? sim. Houve destruição? sim. Houve perda de raízes? Não: houve acrescentos.

Por exemplo: só os fracos esquecem a língua-mãe quando imigram!
A língua-mãe do meu pai é o "concani", o idioma de Goa. Durante séculos portugueses e indianos tentaram acabar com o concani (umas das formas do invasor subjugar o invadido é proibir-lhe a língua). Pois bem: a força do concani e dos goeses foi tal que neste momento a União Indiana teve de engolir o sapo de elevar o concani a língua oficial.

E será que os indonésios conseguiram abolir o uso do português em Timor? Népia!

A troca de cultura faz preservar os bons elementos e joga no lixo os maus. Hoje dizemos 1,2,3,4,5 em vez de I, II,III,IV,V.

Why? Preferimos a numeração árabe à romana.

Anónimo disse...

Falta aqui o vosso HABITUAL devaneio conservador para isto ter piada...

eheehh

Paulo Colaço disse...

Mendonça, tavas desaparecido.
Aquele abraço!

Anónimo disse...

Esta sondagem consegue ser tão relevante para aferir do estado real das coisas como o recente 3º lugar que Portugal alcançou no ranking dos países com maior receptividade: é quase irrelevante.

Se o ranking reflectia os países com maior capacidade de integração no que toca ao que está estipulado na lei (ignorando o que realmente releva no fenómeno imigração: integração social), esta sondagem aborda apenas o "estrangeirismo cultural", ao qual todos são receptivos.

Hoje como ontem (felizmente), somos um país aberto a todas as tendências e influências culturais. Até podemos dizer hiper-aberto, tal como a nossa economia.

E a questão social: o que importuna os "nativos" são questões como o aumento da criminalidade organizada, o desemprego gerado pelo subemprego ofertado a imigrantes...

Anónimo disse...

Mas essas questões NF afectam sempre aquelas. As respostas nunca são isoladas de outros factores...