quinta-feira, dezembro 27, 2007

Benazir Bhutto assassinada

Acabo de ler no Portugal Diário a notícia sobre o assassinato de Benazir.
Permitam-me a transcrição.

"A líder da oposição paquistanesa Benazir Bhutto morreu esta quinta-feira, na sequência de um atentado à bomba e ter sido atingida a tiro, na cidade de Rawalpindi, onde participava num comício eleitoral.

O Ministério do Interior Paquistanês já confirmou a morte, que segundo um porta-voz aconteceu devido à explosão. «Segundo as nossas informações, ela morreu, um fragmento da bomba aparentemente atingiu-a», declarou Javed Cheema, citado pela agência Lusa. Porém, o conselheiro de segurança da líder do Partido Popular do Paquistão (PPP), Reham Malik, disse aos media locais que Bhutto foi atingida a tiro no peito, pouco antes da explosão. «Ela foi martirizada» afirmou Malik.

Inicialmente, um porta-voz do seu partido havia garantido que Bhutto tinha saído ilesa do ataque, embora a cadeia televisiva Sky News tivesse já avançado que a líder estaria gravemente ferida e a ser operada num hospital local.

Terá sido já no hospital que a líder partidária paquistanesa faleceu. O ataque aconteceu pouco depois de Bhutto ter discursado num comício, perante milhares de apoiantes, com vista às eleições legislativas de 8 de Janeiro, a que era candidata.

Segundo a polícia no local, citada pela Reuters, pelo menos 15 outras pessoas morreram também. A cadeia televisiva CNN faz subir este número para 20 vítimas. Os meios de comunicação local referem que este número pode subir ainda.

Um porta-voz do Ministério do Interior afirmou que as informações iniciais sugerem que este tenha sido um atentado cometido por um suicida."
Permitam-me a pergunta: Até quando?

19 comentários:

jfd disse...

Tributo à primeira mulher Primeiro Ministro de uma Nação Islâmica assassinada hoje após um comício de onde saiu por entre o povo com sorrisos e acenos. Tinha 54 anos deixa o seu marido, duas filhas, e um Paquistão à beira da Democracia... Morreram mais 22 pessoas até agora.

jfd disse...

Eu ia chamar ao post Mulher sem Medo...

Carlos Carvalho disse...

E chamavas bem! :) Estou plenamente de acordo!

Paulo Colaço disse...

Foi com choque que soube da morte de Banazir.
Não acho que a senhora seja esse padrão de qualidade política, a resolução dos problemas governativos do Paquistão. Acho-a, sim, uma mulher de combate e coragem.

Exemplo para muitos que não se levantam por nada.

Perguntas, Carlos, "até quando?". Não tenho resposta. Sei que nem todos olhamos para a "Vida" com o mesmo respeito e essa é a base da eterna instabilidade em certos locais do Mundo.

Nota irrelevante: Jorge, tenho a ideia que BB era mãe de 3 filhos e não dois.

Francisco Castelo Branco disse...

OS EUA não vão gostar nada disto .....

Bruno disse...

A pergunta do Carlos é muito be empregue! Essa é a grande questão que deve pairar quando olhamos para povos daquela zona do globo...

E querem ver como a confusão no Paquistão está para durar? Pode ler-se na SIC Online:

"Ex-primeiro-ministro deposto por acusações de corrupção que o obrigaram a anos de exílio, tal como aconteceu com Benazir Bhutto; Nawaz Sharif decidiu, hoje, boicotar as eleições legislativas marcadas para 8 de Janeiro. O candidato a primeiro-ministro pediu, ainda, ao Presidente Pervez Musharraf que se demitisse e apelou ao povo que aderisse a uma greve geral amanhã"

Quanto a Benazir, devo dizer que não conhecia bem a sua personalidade nem o seu percurso. Ao que sei e que foi noticiado nos últimos tempos era uma mulher de coragem e filha de um Primeiro-Ministro carismático. Que a sua morte não tenha sido em vão já seria uma grande ajuda para aquele povo...

Anónimo disse...

E quais EUA Francisco? Os que acabam o mandato ou os que querem começar?

Mantêm-se com Musharraf ou correm na direcção da democratização? E que democratização? Uma democratização em que o islamismo populista possa sair vencedor e perdermos contacto com um aliado naquela zona?

A política externa dos EUA é muito intrincada.

Paulo Colaço disse...

Né, é intrincada mas pouco metafísica: bem pelo contrário - é muito compreensível.
Querem ter aliados que respondam ao dono. Não interessa que sejam radicais, democratas, corruptos, sérios, o que seja.

E eu, humildemente, reconheço que prefiro um vizinho com mau aspecto mas que não me aborrece do que viver ao lado de uma freira que ouve canto gregoriano às 6 da manhã...

Carlos Carvalho disse...

Sem dúvida, uma grande Cicatriz de 2007...

Francisco Castelo Branco disse...

Nelson......

Os Eua que vão começar o mandato, vão ser os mesmos que estão a terminar.
Mudam os protagonistas , mas a politica vai-se manter.
É uma questão de politica externa. Não vai mudar.
Musharraf é um importante aliado naquela zona.
O apoio Norte-Americano vai-se manter.
Não vai mudar por causa destes acontecimentos. Agora, o problema chama-se Afeganistão.
Esse sim, dificil de resolver.
É preciso saber o que se quer para o Paquistão.
Uma democracia no meio de tantas ditaduras? Ou a continuação de uma ditadura militar aliada dos EUA?
são questões que vão ser respondidas ao longo do tempo e que pode ser mudada consoante os acontecimentos que se forem desenvolvendo.
Até porque não se sabe quem matou Benazir e porquê..........

Tété disse...

Francisco,

Já há indicações nos diários de hoje que a Al Qaeda reenvidicou o atentado.

Mais um para a triste coleção.

Anónimo disse...

E as eleições não mudarão, ao que parece, de data.
Haverá democracia a sério em condições assim? Sem candidatos alternativos não há verdadeira escolha. Por outro lado, o adiamento poderá ser ainda mais danoso para o retorno à normalidade.

Não posso também deixar de reparar que para aqueles lados, o chavão "homem não chora!" não se aplica.
Ali chora-se até ao desespero. Será que o conceito de amor á vida é igual ao do ocidente ou será que por lá se vive como se cada "herói nacional" fosse a última réstia de esperança?

Anónimo disse...

PC obrigado pela correção! Vi na altura terei visto errado, pois não consegui replicar.

As eleições terão de acontecer. É imperativo, mesmo que coxas.

No que toca aos EUA é interessante ver como um acontecimento internacional extremamente importante para os mesmos deu de novo a volta à pré campanha eleitoral. As sondagens andavam ao rubro com o surgir de um elemento republicano com quem nao se contava e com o escalar do novato democrata. No entanto, tudo voltou ao lugar, quando os opinion makers se lembraram que afinal é isto que interessa; estar preparado para o dia a dia e não os "fat divers" do dia a dia político norte americano.
Mais um dia que mudou o mundo, assim como todos os dias o mundo, todas as horas, todos os minutos todos os segundos.

Dri disse...

Ela sofreu na pele o facto de ser uma mulher inteligente, mediatica e lutadora. Talvez não tenha sido das melhores governantes que o pais teve mas lutou com coragem e com garra. Não nos podemos esquecer que foi a primeira mulher muçulmana governante de um pais e mais da importancia do pai dela que também morreu nas teias da politica.

Acredito que com esta morte, é o fim da restea de democracia que ainda podia existir.

Anónimo disse...

Não sejas fatalista Adri.
Pode ser o começo do fim da tirania.
Foi a primeira eleita democraticamente!
Não será de CERTEZA a última!
Sejamos optimistas!

Dri disse...

Não é ser fatalista. é aquilo que penso e espero que a historia não me de razao. mas aceito o teu positivismo.

nota: n e por acaso que há quem me chame de kadafizinha...hehe

bjs jdf

José Pedro Salgado disse...

Cada vez assistimos mais a uma escalada de conflitos numa zona do mundo que, sendo das mais problemáticas, é também das mais ignoradas.

Estamos a falar de uma zona do mundo onde a maioria da população nunca conheceu um dia de paz, e que tem por si só um grande potencial apocalítico durante uma crise.

No entanto, são mais ou menos nossos amigos, e parece que estão mais ou menos no bom caminho, pelo que a malta assobia para o ar.

Ah! E metem-nos medo...

Anónimo disse...

Fica aqui um ponto de vista de um colunista do New York Post...
Basicamente ele diz que ela fara um melhor serviço ao seu país depois de morta. E também que as pessoas nos EUA basta ouvirem alguém daquela região a gritar democracia e correm a deíficar essa pessoa. Dá que pensar... E contra mim falo !
Que era corrupta sabiamos todos, nas fiquei um cadinho chocado com a extensão da coisa! :P

Aqui fica:

Ralph Peters
THE BHUTTO ASSASSINATION: NOT WHAT SHE SEEMED TO BE Sharif: Fails to offer a vision for the future.

December 28, 2007 -- FOR the next several days, you're going to read and hear a great deal of pious nonsense in the wake of the assassination of Pakistan's former prime minister, Benazir Bhutto.

Her country's better off without her. She may serve Pakistan better after her death than she did in life.

We need have no sympathy with her Islamist assassin and the extremists behind him to recognize that Bhutto was corrupt, divisive, dishonest and utterly devoid of genuine concern for her country.

She was a splendid con, persuading otherwise cynical Western politicians and "hardheaded" journalists that she was not only a brave woman crusading in the Islamic wilderness, but also a thoroughbred democrat.

In fact, Bhutto was a frivolously wealthy feudal landlord amid bleak poverty. The scion of a thieving political dynasty, she was always more concerned with power than with the wellbeing of the average Pakistani. Her program remained one of old-school patronage, not increased productivity or social decency.

Educated in expensive Western schools, she permitted Pakistan's feeble education system to rot - opening the door to Islamists and their religious schools.

During her years as prime minister, Pakistan went backward, not forward. Her husband looted shamelessly and ended up fleeing the country, pursued by the courts. The Islamist threat - which she artfully played both ways - spread like cancer.

But she always knew how to work Westerners - unlike the hapless Gen. Pervez Musharraf, who sought the best for his tormented country but never knew how to package himself.

Military regimes are never appealing to Western sensibilities. Yet, there are desperate hours when they provide the only, slim hope for a country nearing collapse. Democracy is certainly preferable - but, unfortunately, it's not always immediately possible. Like spoiled children, we have to have it now - and damn the consequences.

In Pakistan, the military has its own forms of graft; nonetheless, it remains the least corrupt institution in the country and the only force holding an unnatural state together. In Pakistan back in the '90s, the only people I met who cared a whit about the common man were military officers.

Americans don't like to hear that. But it's the truth.

Bhutto embodied the flaws in Pakistan's political system, not its potential salvation. Both she and her principal rival, former Prime Minister Nawaz Sharif, failed to offer a practical vision for the future - their political feuds were simply about who would divvy up the spoils.

From its founding, Pakistan has been plagued by cults of personality, by personal, feudal loyalties that stymied the development of healthy government institutions (provoking coups by a disgusted military). When she held the reins of government, Bhutto did nothing to steer in a new direction - she merely sought to enhance her personal power.

Now she's dead. And she may finally render her country a genuine service (if cynical party hacks don't try to blame Musharraf for their own benefit). After the inevitable rioting subsides and the spectacular conspiracy theories cool a bit, her murder may galvanize Pakistanis against the Islamist extremists who've never gained great support among voters, but who nonetheless threaten the state's ability to govern.

As a victim of fanaticism, Bhutto may shine as a rallying symbol with a far purer light than she cast while alive. The bitter joke is that, while she was never serious about freedom, women's rights and fighting terrorism, the terrorists took her rhetoric seriously - and killed her for her words, not her actions.

Nothing's going to make Pakistan's political crisis disappear - this crisis may be permanent, subject only to intermittent amelioration. (Our State Department's policy toward Islamabad amounts to a pocket full of platitudes, nostalgia for the 20th century and a liberal version of the white man's burden mindset.)

The one slim hope is that this savage murder will - in the long term - clarify their lot for Pakistan's citizens. The old ways, the old personalities and old parties have failed them catastrophically. The country needs new leaders - who don't think an election victory entitles them to grab what little remains of the national patrimony.

In killing Bhutto, the Islamists over-reached (possibly aided by rogue elements in Pakistan's Inter-Services Intelligence, one of the murkiest outfits on this earth). Just as al Qaeda in Iraq overplayed its hand and alienated that country's Sunni Arabs, this assassination may disillusion Pakistanis who lent half an ear to Islamist rhetoric.

A creature of insatiable ambition, Bhutto will now become a martyr. In death, she may pay back some of the enormous debt she owes her country.

http://www.nypost.com/seven/12282007/postopinion/opedcolumnists/the_bhutto_assassination__not_what_she_s_912265.htm?page=0

Anónimo disse...

Estava enganada: as eleições mudarao de data. Espero que corram com alguma normalidade. Pelo menos com segurança para os candidatos.

Acredito que Musharaf não tenha culpa na morte de Benazir. Acredito que quem ignora os avisos como ela ignorou incorra em fins tristes mas evitáveis.

Espero não me estar a tornar descrente mas começo a achar que certos povos nunca podem ser democracias...