sábado, dezembro 08, 2007

Independentes ao Poder?


Qual o futuro dos movimentos de cidadania? Será que os MIC vão substituir os partidos políticos? E até na própria AR?

Depois de Manuel Alegre ter levado o seu "MIC" ao segundo lugar nas eleições presidenciais de 2006 e nas autarquias ser cada vez maior o número de listas independentes, será possível o mesmo acontecer em relação às eleições para a AR? Quais seriam as consequências?

Menos jogos de interesses? Mais participação dos cidadãos na feitura das leis? Maior proximidade da AR com as populações?

Cada vez mais os cidadãos reúnem-se em grupo e participam de uma forma directa na construção da democracia. É disto que os partidos políticos devem ter receio. E não da falta de participação na democracia partidária.

Psico-Convidado: Francisco Castelo Branco

50 comentários:

Anónimo disse...

Até pode ser verdade que cada vez mais os cidadãos se juntam e participam na vida cívica, mas os falsos movimentos cívicos que se candidataram, nomeadamente, as eleições presidenciais e às ultimas autarquicas em Lisboa, são, nada mais, nada menos, do que encabeçados por políticos com anos de exercício num partido de poder.

Assim, é batota.

Francisco Castelo Branco disse...

Xana , pode ser verdade isso...
Mas encabeçam uma lista independente.
Sem ligações a partidos. Sem qualquer tipo de "obrigação" a seguir uma linha definida pelo partido em causa.
Assim é que deve ser.
No momento de decidir "cada cabeça, sua sentença"

Bruno disse...

Sim, Francisco. Mas serão isso verdadeiros movimentos independentes? Por que raio formou Alegre um Movimento de Cidadãos se continua a ser - ele e muitos dos responsáveis do MIC - militante do PS? Será que acham que só se forem poder internamente é que o partido serve para alguma coisa?

Na minha opinião, ainda não assistimos à entrada de verdadeiros movimentos de cidadãos na cena política. Acho até que o mais aproximado disso que temos é o Compromisso Portugal em que um grupo de cidadãos de uma determinada área - neste caso empresários - procura, assumidamente, influenciar os decisores políticos.

Francisco Castelo Branco disse...

Bruno, eu acho que sim.
Uma pessoa pode ser militante de um partido e criar um Movimento de Cidadania. Não só para ser uma alternativa a Partidos politicos com poder de decisão mas também para intervir na sociedade.
Como é o caso do Compromisso Portugal.

O que me apraz dizer é que sendo movimentos fora da orla política,digamos assim; têm mais facilidade em se desligarem dos partidos e das suas influências.
Actuam por si, com beneficios para a própria sociedade que pode rever neles.
Agora lanço mais uma questão:

Não acabarão estes Movimentos de Cidadania por se tornarem também partidos politicos?

Margarida Balseiro Lopes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Margarida Balseiro Lopes disse...

Concordo com o Bruno e simulataneamente com o Francisco.

É extremamente importante para a nossa democracia que haja este tipo de movimentos. Enriquecem o debate político.

Mas, as candidaturas de independentes mais recentes e mediatizadas, de Manuel Alegre e Helena Roseta, apenas reflectiram interesses e ambições pessoais. Especialmente Manuel Alegre que se mantém militante do PS. E continua a demonstrar diariamente que não sabe dizer "não".

Bruno disse...

É claro que podemos estar num partido e em movimentos de cidadãos! Não me parece é lógico que estejamos num desses movimentos apenas para fazer oposição interna no nosso partido. E o MIC é um pouco isso.

São como a Xana diz, falsos movimentos cívicos. Se a ideia é tornarem-se também eles partidos políticos então a sua criação não é mais do que uma forma velada de criar um partido.

E sendo assim, o que se ganha com isso?

Francisco Castelo Branco disse...

Quanto à Margarida, concordo que estes movimentos enriquecem o debate politico.
Não podemos é reduzir os Movimentos de Cidadania aos efectuados por Manuel Alegre e Helena Roseta.
É obvio que representam interesses e ambições pessoais. Mas também dá a oportunidade de outras figuras se mostrarem e fazer ouvir a sua opinião.
Nestes dois casos particulares, não acho que tenham sido apenas com o interesse pessoal.
Teve também a ver com o facto de querer mostrar que existe alternativa aos partidos.
E isso é positivo.

Quanto ao Bruno, concordo que a criação do MIC de Manuel Alegre tenha sido com essa intenção.
Mas serviu para "abrir" a cabeça das pessoas. E no futuro, em eleições presidenciais, parece-me que vão explodir mais movimentos destes.
Alias, a candidatura de Cavaco Silva, não teve apoio oficial de nenhum partido da Direita.
Quanto á tua pergunta, acho que se eles quiserem tornar Partidos Politicos deveriam deixar de existir ou então de constituirem-se como associações partidárias.

Na minha opinião, estes movimentos nascem da vontade de pessoas de vários quadrantez ( que até podem ser militantes de partidos), de alertarem as pessoas para certos problemas. De intervirem, sem estarem dependentes daqueles que lideram os partidos. Por exemplo, organizando conferências, realizando estudos, provocando iniciativas de âmbito nacional.
É um pouco isso.
Não têm que necessariamente fazer "politica" e candidatarem-se à AR. Mas se assim for, acho que há espaço para eles num futuro próximo

Bruno disse...

Caro Francisco, não duvido da pertinencia deste tema que aqui colocas. E acho que os movimentos de cidadão vão mesmo começar a aparecer. Aliás, eles já apareceram há muitos anos, só não tinham era uma participação nem uma finalidade política.

Mas percebe-se que façam essa aproximação no sentido de poderem também eles ter o poder de fazer. Isso não será forçosamente pernicioso nem sequer perverso.

Deixa-me apenas corrigir-te no seguinte: a candidatura de Cavaco Silva teve o apoio de 2 partidos, pelo menos: o PSD e CDS. E foi oficial.

Talvez queiras dizer que a candidatura foi supra-partidária, Francisco. Será isso? Mas até nisso, acredita, não foi. Cavaco avançou concertado com o PSD, embora - acredito - o tenha feito por sua livre vontade.

Aí, devo reconhecer que a candidatura de Alegre foi bem mais independente. Não contou mesmo com o apoio da estrutura do partido e foi essa a grande dificuldade que teve de enfrentar. Todos sabemos que não é fácil montar uma máquina de campanha, fazer telefonemas, contactos, convocar pessoas... Eles conseguiram porque tinham pessoas com experiência e vontade. Contaram com independentes e voluntários, mas não são um movimento independente de cidadãos porque têm uma finalidade pártidária.

Francisco Castelo Branco disse...

Bruno....
É natural que a candidatura de Manuel Alegre tenha tido uma finalidade partidária. Se queres dizer com isso, o facto de ser uma candidatura para a Presidencia da Republica.....
O que acontece, é que nestes movimentos, como tu dizes; nem sempre é facil montar uma máquinha de campanha. Concordo! Mas nesse caso é o dinheiro a mandar.
Se esse movimento tiver uns bons cifrões, não há duvida de que esses tarefas todas serão mais faceis.

Quanto a Cavaco, lembro-me que quando foi eleito, não vi a bandeira de nenhum partido atrás dele aquando da sua declaração de vitória.
Não reparei em Mendes e Portas a seu lado, no momento da sua eleição.
A unica coisa que houve foi um apoio do PSD e PP ao Professor.
Acho mesmo que foi uma candidatura independente. Ou supra-partidária.

E agora lanço outra questão:
Se os Movimentos Independentes tiveram uma finalidade partidária?
Se utilizarem a fórmula MC e acabarem como Partidos Politicos mas sem a designação "Partido...... "

Bruno disse...

FranPsisco[;)], o que eu digo que tem uma finalidade partidária é o MIC e não apenas a candidatura de Alegre. O MIC foi criado para aproveitar o elan do resultado da eleição presidencial e para tentar "minar" algumas estruturas dentro do PS. Na miha interpretação...

Percebo a tua opinião em relação à candidatura de Cavaco. Mas faz a ti próprio esta pergunta: de quem era a sede de candidatura, os sofás e móveis que lá estavam, os funcionários, etc etc etc?...

Respondendo à tua pergunta: acho, em primeiro lugar, que a legislação obriga os partidos a terem na sua designação essa mesma palavra - partido - exactamente para que não haja confusões. O que é permitido é que determinados movimentos se candidatem a determinadas eleições.

O que eu acho é que quem quiser formar um partido, deve fazê-lo abertamente. Quem quiser formar movimentos de cidadãos, associações juvenis, humanitárias, de solidariedade, recreativas, culturais ou desportivas, deve fazê-lo com essa finalidade e desenvolver actividade nesses campos.

Paulo Colaço disse...

Em primeiro lugar, obrigado Francisco por teres aceite ser psico-convidado, lançando a debate este interessante tema.

É essencial que todos os portugueses participem na definição das políticas do Estado e no rumo da sua comunidade. Todos! Estejam filiados ou não.

Não embarco na deificação dos independentes nem creio que o mal da democracia esteja nos partidos. Pelo contrário, até agora não vi melhor base para o exercício do Poder.
Porquê? Porque são realidades palpáveis, responsabilizáveis e têm como meta a boa governação do país, da região, do concelho (conforme o seu âmbito). Contêm riscos? Claro que sim: são constituídos por pessoas, com os seus pontos positivos e negativos.

Quanto aos independentes: não os vejo particularmente imunes aos jogos de interesses. Bem pelo contrário. É mais fácil um partido controlar e censurar a actividade duvidosa de um seu militante do que controlar-se a acção de alguém que apenas responde perante um eleitorado cego e a uma justiça sonolenta.

“A participação dos cidadãos na feitura das leis” faz-me lembrar Daniel Campelo, que vendeu o seu voto em troco de apoios para a sua região. A proximidade AR/população não se faz com as listas de cidadãos: após eleitos, estes serão tão anónimos quanto os restantes Deputados.

Três notas finais:
1 – Os partidos não têm de recear as listas de cidadãos, mas o país tem de recear a manta de retalhos que cada lei e cada orçamento de Estado passará a ser no dia em que “privatizarem” a AR.
2 – No tempo dos círculos uninominais, os “pares do Reino” eram muitas vezes o filho do industrial, o genro do farmacêutico, o bastardo do cura. Amanhã, com as listas de independentes, poderemos vir a ter os deputados da Coca-Cola e os vereadores da Lusomundo.
3 – Sá Fernandes também era independente. Hoje é um comissário de António Costa. Será que os Zés fazem essa falta toda?

Anónimo disse...

Os MIC em Portugal são grupos de interesses declarados. Esconderem-se atrás de puritanos valores de serviço público é hipócrita. Veja-se o exemplo de Manuel Alegre.

Bruno disse...

Colaço, mas então qual a fórmula para que os Deputados, depois de eleitos deixem de ser assim tão "anónimos"?

Tiago R Cardoso disse...

Sinceramente não sei se esse será o futuro, embora os partidos politicas estejam a deixar de ser referencia para os cidadãos, acho que muitos desses movimentos de cidadãos acabam por se rebelar pouco consistentes e desaparecem rapidamente.
No exemplo de Manuel alegre, acredito que hoje nem teria metade dos votos que teve.

Francisco Castelo Branco disse...

Caro Bruno, concordo contigo nos demais comentários.

Digo mesmo, que o MIC de Manuel Alegre, quase que "morreu" após as eleições presidenciais.
É pena. Porque teve uma boa finalidade
Quanto aos restantes MC, acho que se devem constituir cada vez mais.
O que eu acho é que podem participar na vida politica activa (por exemplo na AR), sem haver qualquer "ligaçao" a estruturas partidárias que são muito complexas e mexem com interesses.
Talvez num movimento de cidadãos, isso já nao aconteça....

Francisco Castelo Branco disse...

Caro Paulo Colaço.

Em primeiro lugar eu é que agradeço a oportunidade de participar no vosso blogue.
Pelos vistos tem corrido bem.
Tenho mais comentarios aqui do que nos meus posts no meu blogue

Quanto ao facto dos partidos serem essenciais na democracia, nao tenho duvida.
A minha pergunta é se não deveriamos ter uma democracia mais participativa. Mais conjunta com os cidadãos. Com maior proximidade eleitor-eleito.
É que com os Partidos , existe apenas uma relação de campanha. Uma situação em que o eleito apenas pretende divulgar as suas ideias e não conhecer por dentro, o problema das suas populações.
E além de que, os partidos são muito fechados. Estão apenas rodeados de certas pessoas, e para as listas não sai de um grupo de pessoas.

Nao concordo contigo no terceiro parágrafo.
Acho que nos partidos existe um excessivo controlo.
Se não seguimos a opinião da maioria, somos logo censurados. Veja-se o caso do PCP.
E mais.....
Por exemplo: Numa votaçao na AR, o Partido vota numa direcção. Não interessa se o deputado X está contra ou não.
Se o deputado X não for da mesma opinião que o Partido tem que votar consoante a maioria.
Imaginemos no caso de uma lista independente. Nem todos tinham que votar consoante a maioria independente. Haveria maior liberdade de voto. É neste ponto que dou preferência aos independentes.
Deve haver maior liberdade de voto. Mais debate e diferentes opiniões. Os partidos não são donos da nossa vontade politica.
É nisto que eu gostava que houvesse uma mudança!

Quanto às notas finais, acho que não ha mal nenhum naquilo que dizes.
E se houver um deputado da Coca Cola?
Não está a representar uma empresa? Um nucleo de cidadãos que gosta de coca cola? Se por acaso a coca-cola tiver um problema quem tem a defender os seus interesses na casa da democracia?
Hoje em dia ninguém!

Francisco Castelo Branco disse...

Concordo com o Tiago R.Cardoso, no que respeita ao facto do MIC de Manuel Alegre nos dias que correm não ter grande expressão.
Mas acho devemos lutar para que o "nosso" MC seja melhor do que o de Alegre.....

Francisco Castelo Branco disse...

Bruno, os deputados depois de eleitos não têm que deixar de ser anónimos"
Continuam com a sua vida profissional e dedicam-se á actividade parlamentar

Anónimo disse...

Tanta coisa já foi dita:

1 - Movimentos de cidadãos: sou 100% a favor e deviam existir muitos mais. O que não pode existir é pseudo-movimentos, cuja única agenda política é a promoção de uma pessoa (Alegre, Roseta, Carmona, Felgueiras, Valentim Loureiro etc...). A SEDES foi um óptimo exemplo, o Clube dos Pensadores, o Compromisso Portugal.

2 - Movimentos na AR? Não. A sua indisciplina enriquecedora empobrece o país. Porquê? Na hora dura de tomar decisões temos de ter um traço comum, uma linha orientadora. Por muito que nos custe, o País não funciona se cada um fizer exactamente o que lhe apetece... nem funcionará se houver deputados na AR eleitos apenas para defender o cultivo da batata nas berlengas. Na AR são deputados da Nação e devem colocar os interesses do país acima de todos os interesses. Os movimentos limitam-se na sua própria agenda.

3 - Se gosto de como funcionam os partidos? Não. Devíamos preocupar-nos mais em formação e debate de ideias do que cargos executivos internos. Devíamos andar mais atentos ao que se passa à nossa volta, a vencer eleições nas juntas, câmaras, distrito do que em tricas e disputas internas.

Deixo-vos só com uma frase de Paula Teixeira da Cruz: "Não conheço melhor personificação da sociedade civil do que um partido. Quem conhecer outro sistema que mo apresente."

Francisco Castelo Branco disse...

Nelson concordo com quase tudo o que disseste!
Principalmente na organização dos partidos.
Há que melhorá-los. Fazer com que esteja mais ao serviço da sociedade do que sirva para promoções pessoais.

Também acho que se devem criar mais movimentos para intervenção na sociedade civil.
Aquilo que a CIP fez foi um optimo exemplo.

mas continuo a achar que devem ter um lugar na AR.
tal como têm nas autarquias...........

Anónimo disse...

Welcome Francisco ;)

Li tudo de uma vez, não sei porquê mas deu-me assim um cheirinho a lobby :)

Ó PC o Daniel Campelo fez muito bem. Discordo a 100000% que o deputado tenha de ser anónimo. O deputado tem (teria) de defender o (micro)programa com que se apresentou no circulo plo qual foi eleito representando do seu partido.
Os Zés fazem falta sim senhor, mas não é por esse Zé ser como é, que todos o serão!

Paulo Colaço disse...

Já cá venho fazer um comentário mais completo, mas apenas uma nota: eu não defendo deputados anónimos, apenas tenho a sensação que essa é a tendência.
Defendo que todos busquem o seu lugar de notoriedade e holofotes, mas por bons motivos. Não por se venderem.

Anónimo disse...

O Campelo vendeu-se? Ou serviu a sua região???

Paulo Colaço disse...

Jorge, até mudar a Constituição, ele vendeu-se: foi eleito deputado do País e não da Região.
No funesto dia em que houver deputados eleitos por um círculo nacional e outros eleitos por círculos regionais, admito que possa haver vinte e muitas equipas no parlamento: uma que defende soluções globais para o país e uma vintena que defende cada distrito.
Os Orçamentos de Estado passariam a ser orçamentos para filhos e enteados, deixava de haver coesão nacional.

Com Guterres o Parlamento estava dividido a meio. A Oposição tinha tantos deputados quanto a Situação: e se cada deputado visasse apenas a sua reeleição e tivesse feito política paralela: uma cara junto do seu grupo parlamentar e contactos no escuro com Sócrates e Jorge Coelho?

Anónimo disse...

Obrigado plo teu optimo discurso contra a Regionalização! :)))
Gotcha!!!!

Francisco Castelo Branco disse...

Então Paulo não é isso que se pretende num AR?
Defender também os interesses de cada distrito? o país é composto pelos distritos ou não?

Quanto a Campelo, apesar de ser governante da minha terra, considero que se vendeu.
Mas como é bom governante de Ponte de Lima não há problema...........

Quanto ao Paulo, acho que por quererem buscar holofotes e fama não se tenham de vender.
E acho que com os MC isso não acontece.

Paulo Colaço disse...

ehehe, eu não sou grande amigo da regionalização, mas este era um discurso anti círculos uninominais e anti privatização da AR.

Francisco, prometo que ainda hoje volto para responder a essas e outras questões, mas aqui fica uma ideia: a AR deve defender o país todo por igual. Dos deputados devem apresentar os problemas próprios de cada região, mas não devem ser parciais nas votações.

Bruno disse...

Francisco, tu perguntaste ao Paulo mas eu respondo-te, ainda que possa estar enganado (por isso mesmo é que respondo: para poder ser corrigido): não! Na AR os deputados são deputados da nação. São eleitos pelo seu distrito, apenas para garantir uma distribuição mais equitativa.

Podes dizer que essa eleição por círculos distritais é apenas uma ferramente administrativa. É óbvio que, na prática, são um elo de ligação com as suas populações mas não estão lá para defenderem os interesses destas e sim os da nação. Campelo agiu como Presidente de Câmara, aprovitando a sua condição de deputado.

Bruno disse...

Voltando um pouco à discussão central do post, gostava de dizer ao Francisco que o Né fez um excelente resumo daquilo que é a minha posição: lá por os partidos se portarem mal não quer dizer que sejam maus por natureza. Eles são é geridos por pessoas que - como sabemos - são falíveis.

E ainda menos se justifica que, por isso, sejam substituídos por movimentos de cidadãos. Os movimentos de cidadãos deverão ser isso mesmo: de cidadãos que querem intervir na sociedade civil. Se quiserem intervir na política, criem um partido. Se quiserem aproveitar o balanço de um movimento de cidadãos façam-no mas "às claras".

Anónimo disse...

É isso, caro Bruno: uma coisa são os partidos outra os movimentos de cidadãos.
É como os casamentos e as uniões de facto: ambos sao contratos, mas com regimes diferentes.
Quem se quer "unir", une-se. Quem quer casar casa.

Na política é o mesmo: quer apenas quer contribuir para uma melhor sociedade mas não entrar nas malhas partidárias, faz um movimento, uma associaçao, dá conferencias de impresa, escreve nos jornais, cria um jornal, distribui folhetos, faz lobby.

Quem quer mais que isso: ou se junta a um partido ou junda o seu partido.

Eu não posso beber para matar a fome nem comer para saciar a sede.

Anónimo disse...

Portanto big mamma e Bruno, pressumo dos vossos comentários que invalidam a participação (ou interferência) de grupos de interesse a nível parlamentar?

Eu bem disse que isto cheirava a lobby!
E sejamos todos coerentes com as nossas posições!!! :)

Anónimo disse...

*presumo!

Dri disse...

Antes de mais, bem-vindo! Eu acho que os movimentos civicos aumentam o debate politico mas tal como já foi dito aqui por muitos enriquecem se forem verdadeiros e se se pautarem por objectivos transparentes.

Bruno disse...

Claro que não Jorge! Como sabes, há várias formas de os cidadãos, associados ou até individualmente fazerem chegar a sua voz à Assembleia da República.

Não podem é ser deputados. Pois não. E isso, eu acho bem! Se querem fazer política de forma continuada formem um partido. Se apenas querem defender uma causa, façam-no pontualmente com os intrumentos de que dispõem (e que podem até ser alargados...).

Francisco Castelo Branco disse...

Adriana, obrigado

Mas não serão os movimentos de cidadania transparentes? Mais até que os partidos
Parece me que a resposta é sim.
Então porque não haver deputados independentes? Mais transparência, coerência.....

Francisco Castelo Branco disse...

Bruno

Tens razão naquilo que dizes.
Mas como fazer chegar à AR a voz independente?
Se hoje é complicado e nem todos os deputados conseguem fazer ouvir a sua voz, no caso dos cidadãos é muito mais complicado.

De que forma é que os independentes fazem-se ouvir na AR?
Penso que e atraves da sua presença no palco parlamentar

Francisco Castelo Branco disse...

Big mamma.........

Mas porque é que só através das formas que enunciaste se pode participar na sociedade?
Porque é que para apresentar uma lista à AR tem que ser só pelos partidos?

Francisco Castelo Branco disse...

Paulo

Eu acho que não são parciais nas votações por defenderem o seu distrito.
Têm é uma representação mais directa com o eleitor..........
É isso que se pretende

Anónimo disse...

Artigo 152/2 da CRP:

Os Deputados representam todo o país e não os círculos por que são eleitos.

Penso que isto encerra a discussão de quem os deputados representam na AR.

Francisco Castelo Branco disse...

Nelson.....

Sim...

Representam o país todo é verdade. Mas não estarão eles com representação de uma certa região?
Por isso é que ha listas por distrito. E cada distrito tem direito a X deputados....

Francisco Castelo Branco disse...

Pessoal uma palavra

Nao sei se a discussão ja encerrou, mas faço já o meu discurso de encerramento!
Prometo é responder sempre que haja um novo comentário.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer o convite que me foi endereçado pelo Paulo Colaço.
Confesso que quando fui a Évora e ele me falou desta figura, tive vontade de fazer parte dela.
Não foi uma viagem de interesses, mas ter participação directa neste blogue, para mim é uma honra.

Em segundo lugar, dizer que tentei neste post, lançar um tema polémico e que futuramente vai ser bastante discutido. Acreditem
Tentei, lançar para a discussão novas questões. O que resultou!
E ao responder sempre a cada um de vós, quis mesmo lançar o debate até ás ultimas.
Eu sou assim. Não é por teimosia!
É mesmo por gostar de debater as coisas e de lançar sempre novas ideais.


Em terceiro lugar, sempre achei que os MC deviam e devem ter um lugar nos orgãos de participação directa da nossa democracia.
Nao sei se assim será no futuro.
O que sei neste momento é a vontade de "anónimos" fazerem politica sem estarem ligados aos partidos.
Pode nem acabar numa AR, ou num Governo independente.
O que sei é que a intervenção dos cidadãos é maior e activa.
As pessoas participam muito mais.
Debatem muito, lançam novas ideias.
A blogosfera é disso um exemplo.
E pelo que percebi, aqui o Psicolaranja também.
Posso dizer-vos que criei o meu blogue , também para debater e lançar novas ideias.

Mais uma vez o meu Obrigado

Anónimo disse...

Eu não quero ser chato, mas penso que a norma é clara. Nem quero encontrar refúgio na lei, mas como a discussão se encontra no papel do deputado...

152/2 in fine

Os Deputados representam todo o país e E NÃO OS CÍRCULOS PORQUE SÃO ELEITOS.

Existem deputados por distrito para assegurar a proporcionalidade da representação do povo (148/1 CRP), não as causas de um distrito. Se assim fosse, então a AR seria ingovernável.

Quanto à mais valia dos independentes... sou um céptico. Devem ser a excepção, e não a regra. Já uma vez postei sobre isso (Maio 2007). Vou ter a arrogância de o reproduzir.

Anónimo disse...

Adjectivos de Conveniência

Caiu um mito: ser independente de partidos é sinal de competência imensurável e capacidade divina. Não, não o é. A ocupação de cargos públicos por cidadãos sem militância partidária não é sequer sinónimo de ausência de ruído, suspeitas e acusações.

A irrelevância do estatuto de arguido para Fontão de Carvalho face à posição do partido pelo qual foi eleito é uma ausência de tudo: raciocínio lógico-dedutivo, equilíbrio no juízo, bom senso. Só superou as expectativas numa categoria: esperteza de vão de escada.

Sem comparação é a pálida imitação feita por Carmona do episódio cavaquista Pulo do Lobo nesta sua deslocação ao estrangeiro para uma exposição, ou a inusitada incursão pelos meandros da Maçonaria numa putativa e injustificada doação de um Palácio à Loja Regular. Mais uma esperteza de vão de escada.

A excelência técnica per si não é igual a capacidade de liderança ou a bom trabalho. O que faz falta a Portugal são bons políticos, militantes ou não, mas nunca tipos -que - dizem - não - ser - políticos - mas - que - adoram - as - objectivas - e - detestam - militâncias - partidárias (excepto - no - que - toca - aos - jogos - que - o - permitem - estar - sob - as - objectivas - durante - mais tempo).

Não há lugares para independentes e outros para políticos; ser independente não é carimbo de excelência, ser político não é o equivalente a nepotismo e ausência de critérios adequados na escolha pública.

Só precisamos de um tipo de Homem na política portuguesa: o Homem certo! O resto são adjectivos de conveniência.

Anónimo disse...

Né fioco esclarecido em relação à lei.
Pergunto ela é posta em prática tal e qual está escrita?
Tendo sido então violada, porque não fez nada o Prez da Assembleia?

Quanto ao teu re-post nada de arrogancia, muito bem vindo e ao point :)

Bruno disse...

Pois, Jorge, talvez o problema esteja aí: os deputados passam a vida a contrariar o artigo citado pelo Né e ninguém parece preocupar-se muito com isso. Principalmente ninguém parece perceber que defender uma região só porque é a nossa não é sinal de inteligência...

Em relação ao facto de eles serem eleitos pelo distrito A ou B, Francisco, acho que a lei é clara e tu já percebeste. Se calhar queres é dizer que não concordas. Será?

Aliás, quando dizes que "cada distrito tem direito a X deputados", repara: se eles lá estivessem só para representar um distrito, essa proporção não era de acordo com a população. Havia, por exemplo, 10 deputados por distrito e pronto!

Quanto ao facto de ser difícil os cidadão e até os deputados fazerem-se ouvir na AR, acho que estás a fazer alguma confusão. Pode ser difícil eles fazerem-se ouvir na Comunicação Social, mas não é assim tão difícil um cidadão dirigir-se a um deputado.

Francisco Castelo Branco disse...

Sim Bruno. A lei pode ser essa, mas eu não concordo.
Nem todas as leis estão bem feitas....
Mesmo as da CRP 76...........

O que eu acho é que os deputados eleitos por determinada região, devem preocupar.se em ouvir e resolver os problemas da sua localidade de eleição.
E trazê-los para o Parlamento e transformá-los num contexto nacional

Quanto ao texto do Nelson, está muito bom.
Embora não concorde.
E digo mais uma vez, a lei para mim está mal feita

Anónimo disse...

Aproveito para (re)lembrar que começa agora o último debate mensal de 2007. http://www.canal.parlamento.pt/

Anónimo disse...

Enfim
Marcado para as 15h, não é necessáriamente o mesmo que começar às 15h.
:P
Quando é que aprendemos a cumprir horários?

Paulo Colaço disse...

Bela discussão aqui se gerou.
Obrigado Francisco por no-la teres proporcionado.