"Some men change their party for the sake of their principles; others their principles for the sake of their party." - Sir Winston Churchill
Quando inicialmente nos filíamos numa instituição, seja num partido ou num clube de futebol, fazêmo-lo porque a identificamos enquanto uma certa extensão da nossa personalidade.
"Eu sou de direita, vou militar no partido X porque é o que defende aquilo em que acredito" é a lógica inicial.
Mas esta lógica sofre uma perversão muito grande que, de antiga que seja, é hoje particularmente acentuada, sendo de sublinhar dois fenómenos:
- por um lado vêmos o regresso dos partidos de ideais, que tendo uma ideologia mais fechada são dirigidos essencialmente a sectores muito específicos da sociedade (os "pequenos" partidos que andam a surgir que nem cogumelos);
- por outro lado assistimos a uma certa "abertura ideológica" dos partidos de eleitores, cujas ideologias (não obstante vincadas) permitem orientações de uma diversidade que quem define o partido é quem o governa - são as chamadas "alas".
Assim, as perguntas são: Até que ponto é que devo defender a instituição à qual estou associado? Qual é o limite a partir do qual devo bater com a porta?
Como dizia Tony Blair num vídeo já postado neste blog, em que enfrentava John Major no Parlamento inglês: "The difference, ladies and gentlemen, is that I lead my party; he follows his."
quarta-feira, abril 23, 2008
Vira-Casacas
Uma psicose de José Pedro Salgado às 7:02 da tarde
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10 comentários:
Salgado, como sempre, o ponto de honra reflexivo do psico. Um grande bem-haja pelos teus posts! A sério.
Respondo-te por mim.
Recentemente desperto para a política activa.
Valho um voto. Sou dono do meu voto.
Tenho as minhas convicções. Mudam a meu bel-prazer e para o lado que mais me apraz.
Para o PSD despertei quando o meu saudoso Liceu Rainha Dona Amélia foi visitado por uma jota... Adivinhem qual era, e quem era o presidente ;) Mas muito antes, já a minha mãe me havia contado a minha sessão de choro perante uma emissão quase estática na RTP do funeral de Sá Carneiro. Era um puto mal saído das fraldas. Mal sabia eu o amor que teria ao seu partido.
Dessa visita de liceu ficou o mito. A coisa adormeceu. Despertou na faculdade com os amigos que se foram fazendo do lado do PSD. Lá fui filiado pela minha querida Filipa de Oeiras. Sucedeu-se conhecer a minha secção, a formação autárquica, conhecer o PSD, compreender o PSD, mais formações, o auge que foi a Universidade de Verão, as amizades, o compadrio, as viagens, a eleição para a cps, o congresso da jota, a eleição para a aml, a eleição para o congresso, o convite para o psico!
Sempre com as minhas ideias de como as coisas deveriam ser. “Lá vem aquele...”
Autismo? Teimosia? Nada disso. As coisas são como sempre foram. Hoje dizia-me alguém “Isto tá tudo na mesma... Sempre os mesmo...” Eu respondi “Se assim é, porque não deixas de fazer o que sempre fazes, e pla primeira vez na tua vida pensas com a tua cabeça?” Idealismo? Iluminista escocês, era o que me chamavam no meu grupo da UV.
Eu não defendo a instituição, pela instituição. Defendo-a pelo conjunto de ideias. Defendo-a desde que venham de encontro aos tempos que correm e ao que passa na minha mente. Tudo o resto para mim é blá blá blá.
Passados, presentes, futuros. Apenas me interessam se tiverem consequências concretas naquilo que me interessa ver acontecer. Tudo o resto para mim é blá blá blá.
Não estou ligado por cordão umbilical à instituição. Estou à vontade. E é um à vontade muitas vezes confundido com muitas outras coisas. Coisas mais divertidas, coisas menos divertidas, coisas nada divertidas. Passa-me ao lado. A política é um meio para atingir um fim público, e não um fim privado.
Olhem à vossa volta e quantas vozes se levantam desde que o líder avisou o fechar da porta. Quantas são legítimas? Quantas são gritos de terror? Quantas são assobios para o lado? Quantos são os Sir Humphreys que querem salvar a sua pele? Nos lugares políticos, nos seus círculos de influências, nas suas secções, distritais e afins...
E que acontece a quem vem falar e parece fazer sentido? É louco! É vilão. É doido! Não sabe o que diz!
Afinal este partido não é de quem não sabe! É de quem sabe! É de quem domina a máquina. É de quem sabe quem é quem, e sabe quem fez o quê a quem e quando o fez. É de quem faz declarações de intenções verdadeiramente circunstanciais, para no dia seguinte, alterar e dar o dito pelo não dito. Só há lugar para a coerência instituida, não há lugar para a incoerência de quem se procura assentar no espaço político (que já por si não é, nem pode ser, estável!). Não há lugar para a conversa directa. Tem sempre de haver entrelinhas, segundos sentidos e paranóia generalizada. Se calhar não é só este. Serão todos.
Vira casacas? Isso não existe! É preconceito. Cada um é livre de pensar e votar naquele que julga capaz. Ou não?
Não podemos todos liderar. Só há lugar para um. E os lugares em volta devem ser cada vez menos. Assim talvez os objectivos não se percam. Saíamos do dentro-para-dentro e partamos rapidamente para o dentro-para-fora...
É impressão ou divaguei imenso? :):) foi o efeito Salgado :):)
Não é uma pergunta fácil esta a do Salgado: o que nos pode levar a abandonar um partido?
A resposta mais simples dependeria de uma situação que raramente se verifica: o afastamento do Partido daquilo que ele era. Outra hipótese dependeria de uma evolução pessoal, legítima e nada surpreendente. é saudável mudarmos de opinião, desde que encaremos isso sem assombro.
E acontece muitas vezes, e a pessoas muito capazes, uma desilusão tal com a vida partidária que afasta alguns dos mais capazes. Há uma tendência autofágica na estrutura, e por vezes, parece que perdemos mais tempo a manter-nos à tona do que a assumir posições.
Ainda que com responsabilidades na estrutura posso dizer que tive a sorte, até hoje, de estar sempre a apoiar o melhor candidato. Umas vezes por ser infinitamente superior, outras vezes porque me alimentou a esperança de ser superior ao seu adversário.
Posso dizer que me sinto muito bem no Partido em que estou, que deposito uma tremenda confiança nas pessoas com quem faço política e, principalmente, nos jovens que conheço, que de norte a sul muito prometem a este Portugal.
Poderia ser somente um parágrafo bajulador... felizmente não é. Iniciativas como a Univerdade de Verão, a Universidade do Poder Local ou a mais recente Universidade da Europa são exemplos tremendos do capital humano que esta juventude partidária encerra.
Posso dizer que nos momentos de menor entusiasmo, ganho forças com aqueles que me rodeiam e que conheço.
Porque a nossa cabeça muda...
... porque o confronto com a realidade a faz mudar
Porque o mundo muda...
eu já não me digo social-democrata. Foi uma fase? Talvez. Uma fase de que não me envergonho. Mas hoje quero outro caminho.
UM Abraço a quem continua a acreditar e a lutar por este modelo social-democrata, no qual já não me revejo
Caro Mendonça,
um forte abraço pelo teu regresso a estas lides do psico.
A tua fase liberal não te afasta tanto do PSD como julgas.
Havemos de falar melhor sobre isto :)
Zé Pedro: já cá venho comentar!
Subscrevo integralmente tudo o que diz o JFD a partir de "Eu não defendo a instituição, pela instituição." até ao fim, unicamente porque o resto é pessoal.
Voltarei, talvez, mais tarde.
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes
O que me faria sair do PSD?
Boa pergunta.
Duas coisas, cumulativamente, me fariam sair do PSD:
- Perda total de referências internamente
- Perda total de confiança nos valores perfilhados pelo Partido.
Sou um lobo de alcateia.
Gosto de fazer política com lobos iguais a mim.
Gosto de me sacrificar por objectivos comuns, desde que estes sejam sérios.
Gosto de trabalhar com afinco pelo planeamento de ideias e soluções dentro dos valores em que acredito.
Se deixar de me rever nas formas de agir, nos objectivos e nas pessoas, cessa a minha vontade de contribuir para o Partido.
Mas atenção: teria de haver um mudança muito grande para eu sair. Mudanças pequenas poderiam, no máxima, passar-me a "inactivo".
Muito do que aqui foi dito subscrevo, mas acrescentaria um pormenor:
Não sei até que ponto é que algo que me fizesse abandonar um partido, não me faria abandonar a política.
E agora uma pergunta difícil: Se saíssem do PSD, engressariam em algum outro partido tendo em conta (tão e somente) as ideologias que os formam?
Eu respondo primeiro: acho que não, porque só há 1 partido com hipótese de incutir uma verdadeira agenda liberal em Portugal (pelo menos por enquanto), e já faço parte dele.
Ou mudo de crenças, ou para já, mudar de partido era trocar de cavalo para burro...
"Qual é o limite a partir do qual devo bater com a porta?"
Fazendo minhas as palavras já aqui escritas, esta é uma grande questão. Confesso que quando ouvi LFM em Torres Vedras, falar do nosso partido como “o partido da esquerda democrática”, fiquei meio assustado e confuso. É que sendo de direita...
Contudo acho que muito dificilmente deixaria de ser militante do PPD/PSD e só encontro sentimento semelhante, na minha preferência clubistica, onde se o benfas fosse para os distritais continuaria fiel ao clube. São coisas que não se explicam...
Boa nota, caro Luís.
Já cá volto para re-comentar este tema.
Se saísse do PSD, exceptuando uma ruptura séria e proclamada dentro do próprio Partido (tipo ASDI), não me tornaria militante de outro partido durante umas temporadas.
Haveria de passar um tempo fora do star sistem a descansar a cabeça e a arejar ideias.
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