Mail que circula pêla internet:
«SENTENÇA PROFERIDA EM 1487 NO PROCESSO CONTRA O PRIOR DE TRANCOSO (Autos arquivados na Torre do Tombo, armário 5,maço 7)
"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos; de cinco irmãs teve dezoito filhas; de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas; de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas; de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas; dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas, da própria mãe teve dois filhos.
Total: duzentos e noventa e nove, sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e três mulheres".
(...)
"El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou por em liberdade aos dezassete dias do mês de Março de 1487, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e guardar no Real Arquivo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo"»
No filme de 1991 Zandalee, Nicolas Cage faz uma pergunta que me marcou muito mais do que outras cenas, qui sait mais apelativas, do filme:
"Why is it that the Baptist have all the women and no booze and the Catholics have all the booze and no women?"
Afinal, qual é o motivo que ainda hoje justifica que os sacerdotes católicos devam passar toda a sua vida afastados do modelo de vida que pregam para todos os outros?
Ainda por cima vários casos são conhecidos de quem, de uma forma ou de outra, violou esta imposição, e que não se tornaram menos amados (ou menos Padres) por causa disso. A omnipresença da falta de sentido desta ideia é quase irónica.
Será que Deus é um amante assim tão ciumento?
9 comentários:
D. João II é de facto um rei muito sensato: um procriador daqueles fazia um Portugal novo.
Pergunta: Porque é que mencionaram o nome da tia, e só o nome da tia (ainda que possam dizer que o nome da Mãe não seria difícil de encontar, não estava exposto)?
Pergunta: Onde é que ele arranjou tempo para tanta procriação? Não acredito que ele tivesse uma taxa de "engravidanço" de 100%, mas mesmo 299 cópulas com 53 mulheres diferentes é obra.
Pergunta: Porque raio se ficou pelas 299? Que número pouco redondo.
Era acima de tudo um homem generoso (para lá do lugar comum tem muito amor para dar), já que dos seus 299 filhos são 214 do género feminino.
E ainda o condenaram a repovoar toda uma região. Eh valente!
P.S. Sobre a questão não compreendo as restrições do sacerdócio em comparação com as do crente comum. Mas também não me cabe opinar, deixo a matéria para discussão no seio da Santa Igreja. É discussão para eles, não para mim ;)
"Pergunta: Onde é que ele arranjou tempo para tanta procriação? Não acredito que ele tivesse uma taxa de "engravidanço" de 100%, mas mesmo 299 cópulas com 53 mulheres diferentes é obra."
Claro que não foi tudo num ano. Vamos supôr que ele começou aos 18 até aos 62... vai num intervalo de 44 anos... que dá uma média de 7 filhos por ano. Como naquela altura não havia preservativos nem pílulas... não é dificil. Poderiam ser apenas 7 cópulas por ano.
ehehehe
Mas realmente o que iam fazer ao srº era bárbaro. Grande Rei que não deixou.
Espero que todos tenham ficado a saber quem era o seu pai. numa região pequena 299 filhos do mesmo pai...serão 299 irmãos... com 214 mulheres e 85 homens... poderiam existir 85 uniões.... perigo de haver incesto...
O anónimo já explicou.
Não acredito que o celibato seja uma questão assim tão desligada do resto da sociedade.
Eu nem sequer sou católico (aliás,nem sequer sou batizado), e sou das poucas pessoas em Portugal que pode verdadeiramente dizer que é ou não é algo (no que toca a religiões) por escolha.
A Igreja Católica, enquanto instituição fortemente enraizada na nossa sociedade (para o bem e para o mal), influência fortemente o seu meio social. E o modo (ou o sentido) como o faz é lá com eles, isso dou de barato.
No entanto, creio que existe uma responsabilidade em debater se certas instituições (nomeadamente o celibato dos sacerdotes católicos) farão sentido nos moldes em que nenhuma situação hoje em dia é perfeitamente estanque, e não me parece que nos possamos desculpar de reflectir sobre o estado da nossa sociedade, ajudando-a desse modo a evoluir.
É um pouco como a lógica da necessidade de publicação de textos para a evolução na carreira académica. É verdade que a evolução dos institutos estudados não é necessariamente feita pelos académicos. É também verdade que as ideias dos académicos a eles pertencem. No entanto, estes têm a responsabilidade de contribuir para um debate público, e como tal têm a obrigação de dar a conhecer as suas ideias para que estas possam ser refutadas.
Resumindo e baralhando: quem nos diz que Bento XVI não lê o Psico, e depois de uma iluminada discussão sobre o assunto não decide evoluir na doutrina (num sentido ou noutro)?
Eu acho bem que se discuta e que voçês discutam. Esta é a minha posição em relação ao tema e à maioria dos temas de "gestão interna" da Igreja.
É a Fé e a interpretação das Escrituras que os leva aquela decisão. Não tenho a primeira nem sou conhecedor exímio da segunda. Prefiro não ser "parte"... os restantes que opinem à vontade.
Conta-se que a primeira Lei geral do reino foi a "Provisão das Barregãs dos Clérigos", relacionada com as mulheres "muito amigas" dos padres.
Era uma Lei de D. Afonso Henriques.
Quase mil anos depois estamos a discutir o mesmo.
Somos engraçados!
Deus é um amante ciumento??
Deus é o que quisermos que ele seja.
Talvez seja, mas nem sempre de bom grado...
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