Despondency
"Deixá-la ir, a ave, a quem roubaram
Ninho e filhos e tudo, sem piedade...
Que a leve o ar sem fim da soledade
Onde as asas partidas a levaram...
Deixá-la ir, a vela que arrojaram
Os tufões pelo mar, na escuridade,
Quando a noite surgiu da imensidade,
Quando os ventos do Sul se levantaram...
Deixá-la ir, a alma lastimosa,
Que perdeu fé e paz e confiança,
À morte queda, à morte silenciosa...
Deixá-la ir, a nota desprendida
Dum canto extremo... e a última esperança...
E a vida... e o amor... deixá-la ir, a vida!"
de Antero de Quental
Serei eu o único a achar que (infelizmente) Abril jamais se cumprirá enquanto a geração dos nossos pais por cá andar?!
segunda-feira, abril 28, 2008
Homenagem aos vencidos da vida de Abril
Uma psicose de João Marques às 9:28 da tarde
Marcadores: desabafos do 25
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10 comentários:
Abril, nunca se vai cumprir.
Abril é uma especie de D.Sebastião, simbolo de tudo o que é bom, maravilhoso, de 100 feitos grandes, de sentimentos nobres e honrados.
Abril, nunca deve, nem se pode cumprir.
É essa a sua sina. Viver como um simbolo inspirador de muitas gerações.
Caro João a velha questão: o que quer dizer Abril?
Quais os objectivos de Abril?
Democratizar? democratizou-se!
Descolonizar? descolonizou-se!
Desenvolver? desenvolveu-se!
Tudo muito a conta-gotas, com maus métodos , com enormes prejuízos. O maior de todos é a situação miserável em que deixámos os PALOP e que eles aprofundaram.
Que outros objectivos de Abril?
O Poder Local? sim, foi uma conquista, mas em que situação estão muitos dos nossos municípios? Endividados, empobrecidos, desertificados.
Quanto ao resto, é viver um dia de cada vez, porque Portugal não sabe fazer de outra forma.
E continuar a esperar por um D. Sebastião que nos lidere.
Como reflexão sobre este post, aqui fica a parte mais relevante (para o caso) da minha intervenção da Assembleia Municipal de Rio Maior (24/Abril).
Foi baseada em comentários que aqui fiz num post do Né.
«
Há 34 anos aconteceu Abril. E ainda bem que aconteceu.
Já ninguém acreditava que Marcello Caetano fosse capaz de vergar o regime. Mais facilmente era o regime que vergava Marcello.
Teve sucesso? Depende: qual era o nosso objectivo?
Para os militares teve um sucesso relativo. Por um lado, deixaram de morrer por decreto no “Ultramar”. Por outro, foi curta a sua nova passagem pelo Poder. Alguns terão achado que os civis eram ingratos: servem-se da coragem dos militares para recuperarem a normalidade do País e em seguida, recambiam-nos para os quartéis…
Ainda bem que assim é: não se pode chamar democracia a um regime que se mantém pelas armas.
Se perguntarmos aos partidos do arco do Poder (PSD, PS e CDS), Abril foi um sucesso: o sufrágio livre permitiu-lhes chegar ao Poder, geri-lo e aplicar as suas ideias. A possibilidade de perderem eleições não os aflige porque confiam e respeitam a decisão do Povo.
O caso do PCP é diferente. Apesar de muitos dos seus militantes terem dedicado as vidas para combater o anterior regime, ainda não conquistou a confiança dos Portugueses para Governar o País.
E qual será a visão dos cidadãos? Variável. Haverá os furiosos por terem perdido tudo, os que agradecem pela liberdade ganha, os que criticam tudo e todos e os que têm consciência que não há regimes perfeitos, apesar da democracia se aproximar desse objectivo.
Há de tudo. Felizmente, a maioria agradece a existência do sufrágio universal e da liberdade de expressão.
Mas, se damos graças por Abril e se nos agrada a democracia:
- qual a razão de reclamarmos tanto com o Estado?
- por quê tanta desconfiança nos políticos?
- por quê tanta abstenção?
- por quê disputar estatísticas com antigas economias comunistas?
Ao longo destas 3 décadas temos tido grandes governantes mas nem com toda a diligência, sacrifício, honra, inteligência, coragem e experiência de alguns, conseguimos afastar da política nacional os quatros piores traços da sociedade portuguesa:
a) Incapacidade de prever a longo prazo
b) Gastar mais do que se tem
c) Dependência face ao Estado
d) Dependência do exterior
Devemos exigir mais dos políticos? Claro. Mas lembremo-nos: os políticos nascem de nós. Para termos melhores políticos temos de ser também melhor sociedade.
- Um povo que não atira lixo para o chão terá políticos mais preocupados com fábricas que matam peixes com as suas descargas.
- Um povo que não foge aos impostos terá políticos mais honestos, leis mais apertadas, polícias mais diligentes, juízes mais severos.
- Um povo que gasta com contenção o seu dinheiro terá administradores públicos mais conscientes (menos carros de luxo nas frotas do Estado, menos assessores nas autarquias, menos festas pagas pelo contribuinte).
- Um povo que aposta na sua formação não terá políticos que a única coisa que sabem fazer é votar ao lado do chefe.
- Um povo preocupado com o seu futuro não terá políticos que gastam hoje o dinheiro que há-de faltar amanhã.
- Um povo que se orgulha do pão ganho em cada dia não viverá de subsídios nem terá políticos preguiçosos!
Sejamos todos exemplo! E mais do que isso: saibamos que para evoluirmos enquanto País temos de evoluir enquanto sociedade.
(...)
»
E será que queremos cumprir Abril?
Olá João!
Tudo bem contigo? Cumprimentos pessoais.
Em relação ao post:
ABRIL!
Bem, Abril é um mês que eu até nem gosto muito:
- muito "incerto" (ora está sol, chuva,...);
- normalmente é uma fase conturbada na vida das pessoas porque surgem manifestações de alergias, depressões e outras maleitas;
- é a primeira fase da Primavera - a Natureza exibe toda a sua energia/vitalidade (por vezes descontrolada);
- (...)
Tudo isto é verdade!
Agora podem perguntar-me:
- Preferes toda esta energia/vitalidade renovadora, inconformada, a "LUZ" ou a tristeza, a "escuridão", a mordaça, a regularidade das coisas e das trevas próprias de uma "estação" como a anterior - O INVERNO?
Eu respondo.
Claramente prefiro a Primavera!
- Há mais incerteza mas posso lutar contra ela e tentar aumentar a certeza de um futuro melhor e mais próspero!
- Há mais fenómenos "novos" que são, sem dúvida alguma, motivos para alguma apreensão mas também são novas oportunidades.
- Há vida (a vida é uma relação dinâmica com nossa existência, a dos outros e a da Natureza que nos envolve) e ela pressupõe algumas desilusões, por vezes!
- A partir das desilusões podemos sempre aprender que aquilo ou aquele caminho não queremos! "antes" não havia escolha!
ABRIL, para mim, é a oportunidade de viver na "Primavera"!
ABRIL, para mim, não é nem nunca será uma ameaça.
ABRIL, para mim, não é o cravo na lapela; é poder escolher se uso um cravo, uma rosa, uma margarida, um malmequer, uma flor do campo,... na lapela!
Abril, para mim, é e será sempre um exemplo de que quando os Portugueses do POVO anónimo têm e lutam por uma causa conseguem alcançá-la com muita classe (o pós 25 de Abril já é outra conversa)!
Eu acredito na LIBERDADE, na IGUALDADE de oportunidades e na FRATERNIDADE (união, lealdade, entreajuda,...)!
Até que a voz me doa.
Abril pode ter muitos defeitos mas... NAHHH!!! O "Frio", a "CHUVA", as "NUVENS NEGRAS" e outras... são desprezíveis!
Cumprimentos,
A. Costa
Olá António, um grande bem haja à la Eládio Clímaco para ti.
É uma bela visão a tua, é aliás a que penso devermos promover.
O que me continua a moer a mona é a questão que deixo no post. Será que vamos ter de esperar que a geração dos nosso pais e, bem assim, o seu paradigma sejam parte do passado para que se cumpra o Abril de todos e não o de alguns?
Olá!
Retribuo com entusiasmo e à moda de quem?...Robbin Williams (grande actor - 40 filmes - o do "Good Morning Vietnam"
Perfeito!
Estamos em sintonia!
Abril não deve ser nunca ser esquecido ou menorizado!
Tu, Eu, todos os que comungam dos nossos ideiais devem congregar esforços, fazer um pacto/compromisso e lutar todos os dias para, na política e em cada uma das áreas de actuação, levar a a "Primavera" a todos os cantos e recantos de PORTUGAL!
E não são poucos os cantos onde a "Primavera" tem que entrar!
Abraço! Bom trabalho
A. Costa
O António Costa diz e bem: "Abril não deve ser nunca ser esquecido ou menorizado!"
Acrescento: é "Abril" que permite que este blog exista.
Mas atenção, não é qualquer "Abril", é o "Abril com as adendas de Novembro".
Nunca esquecer a importância do 25 de Novembro na construção da nossa democracia.
O 25 de Abril sozinho redundaria numa ditadura tão ou mais sanguinária que a de Salazar.
Caro Paulo,
Concordo a 100% contigo.
Aliás, fiz referência a isso mesmo no "o pós 25 de Abril já é outra conversa".
Cumprimentos.
A.Costa
Mais uma acha para a fogueira (ou um adepto do João Marques?)
"O eventual desinteresse dos jovens pela política partidária é um bom sinal. É um sinal de que a sociedade falhada construída pela geração do 25 de Abril pode ter os dias contados".
João Miranda, investigador em biotecnologia, "Diário de Notícias", 03-05-2008
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