Acabei de ver uma notícia em que mulheres afirmam que preferem ter filhos em casa em vez de os terem num Hospital.
A justificação dada é de que assim se sentem mais envolvidas no parto e que a situação é especial, sendo que quando estão no hospital não têm a atenção especial que o momento merece.
Nas eternas palavras de um político da nossa praça: “Mas tá tudo bêbado?”
Um parto é, apesar dos avanços médicos recentes, uma intervenção muito delicada que apresenta vários riscos para a mãe e para a criança. Apesar de, em princípio, as coisas estarem feitas de forma a que a mãe e a criança se consigam desenrascar razoavelmente sem ajuda, existe um sem número de coisas que podem correr mal e ter consequências muito graves.
E quando isto acontece, pode ser necessário haver ajuda médica especializada (às vezes de diversas especialidades) para garantir a sobrevivência da mãe e do bébé ou até só de um deles.
Claro que nestas alturas já mudamos de opinião. Já vamos a correr para o hospital. O “milagre de dar vida” que se quer “único e especial” começa a dar buraco. Mostra que isto de nascer na mangedoura é só para alguns. Mostra que se calhar o facto de aquela gente lá do hospital ter andado aqueles anos todos a estudar e ter lá aquelas máquinas todas “xpto” tem uma razão. Que isto de ter crianças não é propriamente como pôr ovos e que a cena é mais complicada do que parece.
Claro que aí pode já ser tarde demais. Mas como estamos em Portugal, a culpa ainda vai acabar por ser do médico.
E depois queixam-se de que andam a fechar maternidades...
domingo, janeiro 21, 2007
As parteiras da esquina
Uma psicose de José Pedro Salgado às 8:23 da tarde
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11 comentários:
Comento este post do Zé apenas para deixar uma breve nota de que me lembrei quanto o li: tive um prof de Teoria Geral do Direito Civil que dizia, com orgulho - "a minha mãe não precisou da ajuda de ninguém durante o meu parto..."
Eu também me lembrei de que só nasci, há quase 26anos atrás, porque foi de cesariana. Se a minha mãezinha tivesse tido a "brilhante" ideia de me ter em casa, não estaria aqui certamente a comentar este post do Zé. Tinha duas voltas do cordão umbilical no pescoço e uma na perna, facto impossível de prever à época, é certo, mas ainda assim não houve como prevenir.
Não concordo com a ideia de ter bebés em casa, mas respeito, desde que os pais sejam devidamente informados dos riscos que correm e assumam a inteira responsabilidade.
Quando falo em responsabilidade, também me refiro à criminal!
Um parto não deixa de ser um momento especial, por ter tido lugar num hospital. E acho um tanto estranho que hoje, com o avanço da medicina e da tecnologia disponível, se opte por rejeitá-la.
Apesar de me arrepiar só de pensar ter um filho em casa e não entre médicos e enfermeiras... aproveito só para fazer referência ao comentário no final do Post, que alude ao facto de isto ´ser coisa mesmo de Portugal. Ora, pelo que ouvi na notícia, as percentagens de partos realizados em casa são bastante maiores. Na Inglaterra, por exemplo,20% dos partos acontecem em casa, em Portugal à volta de 500 partos/ano...
O comentário no final do post queria dizer que: se a coisa der bronca e os papás forem a correr para o hospital, ai do médico que não conseguir resolver a situação, porque ainda se arrisca que lhe caia tudo em cima. Ainda que seja tarde demais.
Quantas mulheres vão para hospital e ficam em cima da maca à espera que o médico chegue ou que a ponham na sala de partos ou porque as enfermeiras estão a conversar na salinha? Quantas mulheres que nos hospitais ficam com sequelas por falta de assistência?
O parto em casa, não é má ideia, se acompanhado por uma equipa especializada. Uma equipa especializada ir a casa da mulher.Um SOS grávida.Um INEM grávida, por exemplo.Hoje em dia, já há tantas ideias.
Sim, mas isso sai caro. E se é para pagar para garantir um bom serviço mais vale ir a um hospital particular.
Sim, tens razão. Percebi mal o que li...
quem é q no séc XXI pensa ser melhor ter um filho em casa?só mesmo num país de terceiro mundo como Portugal
Por acaso não Ricardo. Parece que é grande moda lá fora também. Vê 5 comments acima.
Ao Ricardo Pita,
"País de terceiro mundo?"Bem, digo isso tanta vez IOI!!Mas desta a ideia parece-me original... se as coisas não forem feitas como 50 anos atrás... que quem assistia os partos nem era a parteira da esquina mas a "curiosa da aldeia". É assim que a minha mãe me tem digo que se chamava às mulheres que iam a casa das pré-mamas e ajudavam no parto ou desajudavam, em mts casos eram um desajudar.
No entanto, em 2007 parece-me que existem +hospitais que 1950 e tal... e que o povo é mais informado :-) até que a ideia não é má. Se houver originalidade e criatividade poderão surgir umas carrinhas estilo INEM, ambulância, com todo material necessário p dar assistência a partos e que se desloquem a casa das futuras mães. Temos que ser originais, porque até dizem que o que falta aos jovens portugueses é criatividade :-( há que ser inovador :-)
Rita C
Bem sei que a minha opinião já vai algo tardia, contudo como no meu entender partos em casa, por opção, é de alguém com falta de conhecimento cá vai.
É muito giro e tal ter os filhos em casa...quando o parto corre
bem! Acontece que as pessoas pensam que a grande maioria corre bem...erro crasso! Muitos recém nascidos e mães necessitam de assistência especializada imediata e urgente. Neste caso não falo de aparelhos tipo um ar condicionado que pode ser portátil. Imaginem uma criança que necessita de ir para o bloco operatório, digam-me onde é que em casa conseguem ter um anestesista, um cirurgião, dois enfermeiros (geral e especialista), um pediatra e mais não sei quantos médicos de todas as especialidades (porque nunca se sabe qual é a especialidade que poderá ser necessária).
Ok!, até podem ter uma sala enorme, mas agora imaginem uma marquesa, um foco de iluminação, dezenas de materiais, máquinas para controlo cardíaco, máquinas para controlo anestésico e os mais avançados aparelhos tipo NASA que existam num hospital.
Ok! (mais uma vez), porque realmente a sala não é enorme. É gigante! Só um pormenor: condições de assépcia? Outro pormenor, as mães e os bebés não têm alta de imediato…isto também quer dizer alguma coisa e não, não é para se pagar taxas de internamento, porque os três dias de internamento por parto natural há anos que são obrigatórios.
Segundo os especialistas as urgências para recém nascidos e para parturientes querem dizer mesmo urgentes. Já não basta quando existem acidentes nas melhores condições e com os melhores profissionais.
Por alguma coisa hoje em dia a taxa de natos mortos é muito menor do que quando as mulheres tinham os filhos em casa…é algo em que vale a pena pensar, o motivo de assim ser. Porque se querem criatividade, que a usem a favor das mães e dos filhos e não no pseudo conforto, ou seja lá qual for a desculpa utilizada.
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