quarta-feira, janeiro 10, 2007

Agradecer com violência...


A violência doméstica sobre idosos aumentou 60% em 2006. Há tempos, aqui neste mesmo local, discutíamos a solidão por que passam muitos dos portugueses mais velhos. Ontem, nos jornais, falou-se da forma como os tratamos.

Esta notícia tocou-me particularmente pelo facto de um dia destes ter assistido em pleno dia, nas ruas da cidade, uma filha espancar a mãe à frente de todos. A senhora era doente e, por sinal até teimosa, mas nada justificava aquele soco que a filha, também já a caminhar para a velhice, deu à mãe.

Felizmente que as pessoas que atravessavam a rua tiveram reacção. Mas eu fiquei a pensar, e todos os que lá estavam com certeza, como não era tratada aquela senhora, em casa, sem os olhos de reprovação das pessoas na rua... Será esta a forma de agradecer que temos para quem nos pôs no mundo e que também um dia já foi pleno das suas forças e capacidades?

8 comentários:

Rita Cipriano disse...

É uma triste realidade! Por estas e outras, sou aplugista que os idosos, quando já não possuem as suas faculdades físicas e mentais devem ir para os lares... do que estarem nestas situações. Há familiares que não lhes dão atenção (por inúmeras razões) e noutros casos só os têm na sua casa, pelo facto de usufruirem dos seus rendimentos.É triste!! :-(
Ainda existem excepções!!! :-) Hoje são eles(idosos), amanhã será essa filha e depois seremos nós. Vale a pena pensar nisto!!!

Anónimo disse...

De uma forma geral a sociedade tolera o abandono, a falta de respeito e a degradação da condição social dos idosos, contribuindo para uma cultura de violência contra aqueles que não se integram nos novos padrões sociais de beleza, dinheiro e consumo.

Os idosos são, em geral, bons contadores de histórias, gostam de falar do passado e de contar em pormenor as suas vivências. A maioria das pessoas em idade activa trabalha fora de casa e luta para sobreviver, restando-lhes, assim, pouco tempo para se dedicarem aos seus idosos. Por isso, muitos queixam-se da solidão em que são deixados durante o dia e lamentam o pouco convívio que têm com os filhos e netos, não sendo raro dizerem ter tanto para ensinar e ninguém para lhes dar ouvidos… vive-se o dia a dia com desânimo e deixa-se instalar facilmente a rotina.

Anónimo disse...

Quero dar a conhecer e louvar uma preocupação/solução, da Junta de Freguesia de Monte Abraão. Em apenas oito dias a sua Presidente (Fátima Campos) contabilizou cerca de 80 assaltos a idosos, "Era a última semana do mês, altura em que os idosos recebem a pensão. Os ladrões entram nos correios vêem quem levanta dinheiro e depois seguem a pessoa até casa",

Esta situação levou a junta a tomar medidas para defender e ajudar a sua população idosa (e não só, porque este saber não ocupa espaço) apostando na promoção de acções de sensibilização e esclarecimento junto da população idosa, de forma a tentar que estes adoptem comportamentos adequados à diminuição pontual do risco. Alguns dos conselhos dados nas sessões de esclarecimento promovidas são tão simples como receber a reforma através de transferência bancária, evitar levantar a pensão quando estão sozinhos ou a melhor forma de transportar a mala quando se caminha pela rua.

Paulo Colaço disse...

A verdade, Lisete, é que vivemos num Mundo da treta! Até os bichos, entre si, se tratam com mais cuidado.
Mas nós, supostamente racionais, somos o parente mais estúpido do reino animal!

Anónimo disse...

É triste, mas cada vez mais as pessoas têm menos paciência uns para os outros... Quem sofre é sempre o lado mais fraco!

Bruno disse...

Pois, quem sofre é o mais fraco... não são só os idosos. O mesmo acontece entre adultos e crianças, homens e mulheres, patrões e empregados, membros de máfias e chantageados...

É uma questão de poder. Quem o tem aproveita-o para humilhar os outros e tentar assim ultrapassar as suas frustrações.

Concordo com o Colaço quando nos chama estúpidos. Em geral somo-lo é verdade! Mas também acredito que tenhamos a capacidade de ir aperfeiçoando a espécie. Compete-nos a nós pugnar por uma cada vez maior educação cívica, respeitando valores de tolerância, liberdade e sociedade. Não será fácil mas quanto mais cedo começarmos...

Paulo Colaço disse...

a propósito do que escreveu o Bruno, deixem-me gracejar um pouco (embora este meu dia esteja a ser de poucos gracejos):

escrevia Almada Negreiros no seu Ultimatum:

"O Povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem Portugueses, só vos faltam as qualidades!"

Lisete Rodrigues disse...

Já há muito tempo que não lia essas frases Colaço! lol
Mas quero acreditar que temos muitas qualidades, temos é que aprender a potenciá-las...