sexta-feira, julho 27, 2007

Lobby: sim ou não?


Jaime Gama não quer equiparar o lobbying à imprensa.

O Presidente da Assembleia da República recebeu de duas “agências de comunicação” pedidos para livre acesso aos trabalhos parlamentares, prerrogativa idêntica à dos jornalistas.
Mas Jaime Gama está relutante e faz a sua distinção: a actividade jornalística está sujeita a leis e ao interesse público e as agências de lobbying situam-se na área comercial.

Luís Paixão Martins, presidente da LPM (uma das empresas que pretende livre acesso ao Parlamento), refuta. Quer obter uma informação mais fidedigna de todo o processo legislativo, acompanhando atenta, tempestiva e regularmente o trabalho parlamentar.
"O nosso objectivo não é de forma alguma o de nos substituirmos ao papel dos media, nem o de interferir com o processo legislativo, o que seria inapropriado e estranho", acrescenta.

E nós? O que achamos? Que tal um psico-debate sobre este tema?

22 comentários:

Anónimo disse...

Concordo inteiramente com o lobby!
Inteiramente!
Acho até que ganham em relação à imprensa: é que se for regulamentado, o lobby é mais sério que a actividade jornalistica em que não há nem rei nem roque.
Todos têm interesse (sobretudo fontes inconfessáveis) e ninguém faz mea culpa!

Anónimo disse...

Não estou muito por dentro do tema, mas sei que a actividade do lobby é permitida nos EUA e na UE: não pode ser assim tão má!

Mais: muitas vezes os políticos vivem fechados nos seus circulos, rodeados de assessores, convivendo com as mesmas "tropas" e esquecem o mundo real.

Se houvesse mais gente a circular em torno dos políticos, a mostrar os prós e contras em cada assunto, tenho a certeza que o esclarecimento em torno dos mesmos seria maior.

Tem é de haver uma regulação exemplar, senão descamba!

Anónimo disse...

Nem mais! Só precisamos de encontrar os inimigos do lobby para um dia fazer o debate.

Bruno disse...

Fiz um trabalho sobre lobby na Universidade. Na altura a palavra tinha um peso para mim e para as minhas colegas de grupo que conseguimos desmistificar. E não fomos os únicos, tanto que a palavra foi adoptada pela Língua Portuguesa passando a escrever-se "lóbi".

Uma das curiosas conclusões a que cheguei em 19999/2000 foi que já se fazia lóbi em Portugal, nessa altura. E que os lóbistas eram os primeiros a reclamar regulamentação para a actividade.

Assim sendo, parece-me errado que venha agora a segunda figura do Estado Português manifestar tacanhez nesta temática. E pergunto-lhe: a actividade jornalística não se situa também na área comercial? Ou os órgãos de comunicação social são todos propriedade de organizações não lucrativas?

Anónimo disse...

os inimigos do lobby são todos os que gostam de fazer as coisas à escuras.
Não quero ser injusta com aqueles que acham que o lobby é a porta aberta para o "compadrio" mas a verdade é que se pensarmos assim, teremos de assumir que a teoria do bom selvagem aplica-se à política: todo o titular de cargo público nasce honesto, até conhecer um lobista!

Acho que não!

Paulo Colaço disse...

Admito que como "ex-jornalista", Jaime Gama possa não gostar da "concorrência" dos lobistas; agora como ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros, não percebo!

Não sei se foi no tempo dele, mas sei que Portugal chegou a pagar a empresas de lóbi (gostei do termo em português, Bruno) para nso ajudarem em NY no tocante a Timor.

E não doeu!

Aí já faziam falta? Já não era tudo um comércio?

O que é a diplomacia senão lóbi de estado?

Bruno disse...

Eacto Colaço!

Como pode um diplomata mostrar tanta resistência a aceitar como lícita uma actividade que se assemelha à diplomática?

Gama responde: com o argumento ridículo dos interesses económicos...

Como pode um político mostrar tanta relutância em aceitar como boa a colaboração de assessores que sempre existiram e que visam ajudar a passar as mensagens para os diversos públicos, através da comunicação social?

Já agora, sabem quem foi o 1º Assessor de Imprensa conhecido na História? Eu também não me lembro do nome - que vergonha!!! - mas integrou a comitiva de Fernão de Magalhães na sua viagem de circum-navegação à volta da Terra. No final da viagem escreveu um texto, narrando o feito e enviou-o para vários países para que fosse divulgado pelos meios de comunicação da época.

Quanto ao debate: bora lá! (ainda que concorde com o que disse o Né à porta do nosso pub...)

Anónimo disse...

Permitam a recomendação, mas um bom debate seria mesmo Luís Paixão Martins vs Jaime Gama!

Anónimo disse...

Permitam a recomendação, mas um bom debate seria mesmo Luís Paixão Martins vs Jaime Gama!
Podia ser na sala do Senado da Assembleia, com deputados dos vários partidos e jornalistas parlamentares!

Bruno disse...

Era um excelente painel, caro paa, mas duvido que o Senhor Presidente da Assembleia da Republica aceite.

Paulo Colaço disse...

Pois, também tenho dúvidas.

José Pedro Salgado disse...

Creio que o lóbi é, como disse a big mamma, muito mais honesto que o jornalismo, pois ao menos sempre se sabe quais os interesses que cada qual defende.

"todo o titular de cargo público nasce honesto, até conhecer um lobista!"

Não creio. Todos os sectores da sociedade têm direito a fazer a sua voz ser ouvida. É o princípio que há anos é aplicado aos sindicatos. Acho muito bem que os nossos políticos e lobiistas se conheçam pelo primeiro nome. Acho muito bem que estes paguem refeições aqueles (menos dinheiro gasto pelo erário público).

Se isto for tudo feito às claras, não resulta qualquer mal ao mundo, antes pelo contrário.

Uma pergunta aos anti-lóbi: acham que a situação descrita não se passa já? É só uma questão de chamarmos os bois pelos nomes.

PS(D) - Bruno, era Antonio Pigafetta. Um dos 18 que voltaram dos 260 que partiram

Bruno disse...

Obrigado Salgado ;)

Anónimo disse...

Eu também não percebo estas amarras todas em relação ao lobby. Existe, não seria menos hipócrita e muito mais profícuo legalizá-lo?
Se fizerem o debate, têm mais uma pessoa na assitência. É um tema pelo qual me interesso bastante.

Parabéns a todos pelo fantástico blog!

Anónimo disse...

Meu Deus
Tá tudo louco!
Era o que faltava!
Agências de comunicação com acesso directo aos "fazedores" leis?
Lobistas com acesso directo ao "poder"?
Desculpem o estado de choque em que estou mas passou-me alguma coisa ao lado??? Qual é a virtude??? Qual é a necessidade???

Sigo o assunto já há muitos nos EUA. Alguém falou nos EUA aqui. Recomendo a leitura da última noticia sobre o assunto que li e vejam lá como nós estamos na génese de um problema que está a ser resolvido nos EUA as we speak. http://www.nytimes.com/2007/08/03/washington/03lobby.html?_r=1&ref=todayspaper&oref=slogin

Muito bem Jaime Gama.
Não deu ordens pra se abrir a caixa de Pandora.
Uffaaaaaaaaaaaaaaaaa......

Venha o debate!!!!

Paulo Colaço disse...

Jorge, não achas que assim a "coisa" seria muito mais clara que actualmente?

Anónimo disse...

Quase que me assustavas Jorge, pensava que os EUA ponderavam eliminar o lobby.

Afinal o lobby nos EUA está muito bem e recomenda-se, ninguém o coloca em causa. A notícia refere-se a um apertar das circunstâncias em que se faz o lobby.

Ufa!

Anónimo disse...

NF claro que não é eliminar ;) mas sim corrigir as deturpações do sistema. Fazer com que a ferramenta não se confunda com os objectivos. Pelo menos é a minha leitura da coisa.

PC muito sinceramente, acho que nem deveria de haver nada a clarificar. Não deveria existir ponto. É "promiscuidade" a mais. Faz-me confusão legislar e regulamentar a possibilidade de contactos priveligiados por parte de entidades que representam interesses. Nada contra essas entidades, mas não será na AR o local apropriado para tal. Não tenho solução, confesso.
Deverá ser tudo feito às claras e com a possibilidade de se pedirem contas a quem é "influênciado" sendo que, quem "influência" está no seu direito, desde que o faça na legalidade.
Não sei terei clarificado melhor o meu ponto de vista.
Hugz

Bruno disse...

Acho que clarificaste, Jorge. E é muito interessante o teu ponto de vista até pelo facto de inserir uma nova opinião nesta discussão.

Mas diz-me: a tua preocupação tem a ver com o facto de algumas pessoas/entidades influenciarem os deputados. Achas que alguma vez será possível impedir isso?

Já para não perguntar porque é que isso será forçosamente negativo... Achas negativo o papel do Greenpeace? A ideia deles é influenciarem decisões políticas. É fazerem lóbi. Puro e duro!

Assim, não será melhor mesmo legislarmos sobre uma matéria que quanto mais clara for, mais compreensível será para toda a gente?

Anónimo disse...

Caro BR
Faço uma citação de mim próprio:
"Deverá ser tudo feito às claras e com a possibilidade de se pedirem contas a quem é "influênciado" sendo que, quem "influência" está no seu direito, desde que o faça na legalidade."

Que haja e que seja feito!
Com clareza, vitalidade, e muita saúde.
Mas bem LONGE da AR.
Só isto, mais nada!!!
É importante travar essas "entidades" nestas intenções em específico!
Meu ponto de vista :)

Bruno disse...

Sim, ok, Jorge! Mas pergunto então de outra forma: porquê longe da AR? Achas que será mais sério assim? Achas que o efeito será melhor?

A acção dos lobistas existirá sempre. Logo, se estiverem mais expostos melhor controlados serão...

Anónimo disse...

Confusão, faz-me confusão!
Não terei nenhum argumento lógico, aparte de uma enorme repulsa ao imaginar tal coisa!!!
Seria anti democrático talvez. Nem toda a gente pode ser lobista, e a AR é de toda a gente... Percebes?
Cá fora cada um pode ser e fazer o que quiser...