domingo, maio 27, 2007

Papa recebe pais de Maddie


Este desaparecimento, para mim, atingiu o cúmulo da irritação quando temos um papa que vai receber os pais da criança. Uns pais que foram negligentes ao deixar a filha sozinha no quarto enquanto se divirtiam e jantavam. Todos os dias o aparato da comunicação social se reflecte na Maddie e na rotina dos pais desta. E ninguem se lembra que isto começou com a sua negligência em relação aos filhos.
Já para não falar de tantos miudos portugueses que desaparecem e não tem as mesmas regalias que esta inglesa tem, inclusive a recepção do papa. Será que é necessário ser turista para a nossa PJ trabalhar mais?

Talvez achem que estou a ser radical de mais mas este desparecimento e o aparato que a comunicação social lhe dá já me causa alguma "comichão". E os amigos psicoticos que pensam disto?

18 comentários:

Tânia Martins disse...

Dri primeiro parabéns o post ta muito bom!

Concordo contigo em tudo menos numa coisa, penso que a nossa PJ dá a mesma importância em todos os casos apenas este está mais na mira da Comunicação Social. Agora na minha opinião os pais estão a ter e a fazer uma novela com este caso, a meu ver no fim de tudo ainda sai um livro escrito por eles que terá imenso sucesso.

É triste o que aconteceu é verdade mas penso que as buscas teriam melhor sucesso se parassem de falar nisso, de pressionar quem trabalha e de massacrar todo o país com noticias que são as mesmas há dias. Se pelo menos fossem dando alguma novidade de vez em quando…

Quanto ao Papa se ele em vez de vir ter com os pais da menina de mexesse e fosse procurar a miúda aí sim teria alguma consideração pelo senhor mas visto que só irá fazer figura não comento mais!

Anónimo disse...

Concordo plenamente, aliás tens toda a razão quando dizes que ninguém se lembra que os pais estavam a jantar e a divertir-se.
Não sou mãe nem imagino como será a terrível dor de perder um filho, mas desculpam lá, mãe que é mãe não deixa três crianças com 2 e 3 anos num quarto de hotel, por mais perto que o restaurante seja.
Sabrina

Bruno disse...

Vamos por pontos:

- Os pais foram negligentes. É verdade! Não deviam ter deixado criaças tão pequenas sozinhas;
- Isso não invalida que não esteja solidário com a sua dor. Toda a gente comete erros e meso os mais graves devem ser enquadrados;
- Em todos os casos deste género se diz que é importante que as pessoas não deixem de falar neles. A mãe do Rui Pedro está até hoje a pedir para que não desistam do filho dela. A verdade é que - teoricamente - quanto mais pessoas estiverem alerta, mais probabilidades existem de se encontrar a criança;
- Isso não significa que se deva montar um circo à volta destes casos. Ficar a tarde inteira a filmar a casa de um suspeito não é informar nem contribuir para a solução de nada.
- O Papa receber os pais pode ser uma ajuda à mediatização do caso mas então ele que receba todos os pais que estejam na mesma situação e que precisam certamente de apoio espiritual
- Por último mas não menos importante -não mesmo!!! - só espero que Maddie apareça sã e salva, dentro do possível, tal como desejo a todas as crianças na mesma situação.

Aproveito para mandar um beijo à minha sobrinha Salomé que fez 4 anos na 6ª feira e é a coisa mais linda do Mundo! (em conjunto com a Mariana, a irmã mais nova)

Marta Rocha disse...

Sem dúvida Dri, este assunto já enerva e ainda bem que colocaste o tema em discussão.

- Em primeiro lugar, não concordo que seja um comportamento negligente, o dos pais.

Acho negligente deixar crianças sozinhas perto de piscinas, lareiras, aparelhos eléctricos, perdê-las de vista na rua, na praia, perto de escadas e outras zonas de risco.

Não me parece bem julgar os pais, depois do "caldo estar entornado", mesmo porque se eles sentissem que não era seguro, certamente não deixariam os miúdos no quarto.

Estavam perto, a dormir e eram regularmente vigiados.

Se avaliarmos bem as circunstâncias, os pais até podiam estar no quarto ao lado, enquanto a Madeleine era raptada.

- Quanto ao mediatismo, essa é precisamente a vantagem que esta família explora de forma a pressionar os responsáveis pela investigação. E acho bem, também eu me faria valer dos meios que tivesse ao alcance.

A questão que se coloca é se a exposição mediática e a visibilidade, que é dada ao caso, se devem ao facto de serem ingleses. Francamente prefiro pensar que é essa a razão, do que o simples facto de ser uma menina que lembra os bebés bonitos dos anúncios de televisão.
Prefiro, mas não penso. Ainda hoje ouvi uma senhora dizer que está solidária com a familia, entre outras razões, porque a menina era muito linda.

- Parece-me ainda que, aberto este precedente, vamos assistir a dois fenómenos:
1º a um histerismo colectivo e uma super-protecção das crianças, que resulta do medo instalado, depois do caso "Madeleine";
2º a uma maior preocupação e diligência nas investigações de futuros casos, sob pena de haver discriminação.

- Por fim, não me levem a mal, sou católica praticante, tenho muita fé, mas o comportamento do Papa, para mim, só tem uma leitura.

Estarão de acordo comigo quando digo que o Sr. não é propriamente uma figura querida da Igreja.

E acho que se está a servir da onda de compaixão que envolve o desaparecimento da Madeleine, para conseguir atrair a si, por inerência, a simpatia e o carinho que as pessoas têm manifestado ao casal McCann.

Dulce disse...

Subscrevo inteiramente o post.
O caso Maddie já roça os limites do suportável e da sensatez.

A mesma indignação e irritação que atinge a autora do post, também já me atingiu a mim e sobre ela já me pronunciei, não no meu blog, mas num outro em que escrevo ocasionalmente.

Discordo totalmente da simpática ;)Marta no sentido em que considero que se tratou de inequívoca negligência por parte dos pais. Sob o meu ponto de vista configura o disposto no art. 138 do Código Penal - "Abandono".

Com efeito, considero reprovável o comportamento dos pais e considero que, pese embora a sua dor (que não ouso jamais colocar em causa...) deveriam ser responsabilizados.

Quanto à mediatização do caso, acho que já passou todo e qualquer limite do que é razoável. Parece-me incompreensível como é que ainda ninguém percebeu que tanto alarido só prejudica a investigação, diminui a probabilidade de descobrir o autor do crime... e pior,de descobrir a pequena Maddie.

Por fim, quanto ao Papa... acho simplesmente ridiculo. Acredito no cliché de que "a fé pode mover montanhas", mas não é a intervenção e a comoção de um homem que resolverá este caso.

Mais, a Igreja Católica, que é uma espécie de instituição bancária cuja dimensão não se deve substimar, não faz absolutamente nada, reconheça-se, pelas milhares de crianças que sofrem por todo o mundo fora. Mas agora, no âmbito de uma excessiva mediatização de UM caso, aproveita a boleia e lança-se em tudo quanto lhe possa trazer protagonismo.
Profundamente lamentável.

José Pedro Salgado disse...

Encontro-me extremamente dividido sobre esta questão.

Por um lado, já não posso ouvir falar da "Maddie" ou da "pequena Maddie" ou outro qualquer nome que os media usem para enternecer o espectador e obrigar que a criança nos entre pelas vidas a dentro.

Creio também que, mesmo a nível político (em sentido lato), este caso está a atingir porporções impensáveis.

Não digo o mesmo a nível mediático. Goste-se ou não, os media estão a fazer o seu trabalho, e até no interesse dos visados, ao que parece.

Creio, no entanto, que as reacções ao desaparecimento é que serão exageradas. A onda de "apoio" que geraram pode ter sido um dos principais problemas que condenaram a criança para sempre.

E nem sou eu que o digo. Lembro-me de ter visto isto na televisão. Por haver tanta gente a procurar "Maddie", é bastante provável que as pistas que foram seguidas pelos cães-polícia estivessem bastante mais contaminadas do que se assim não fosse.

Isto enquanto por outro lado vi na televisão uma cidadã inglesa afirmar que a imprensa estava a exagerar, e que se fosse uma criança portuguesa a desaparecer em Inglaterra, os media ingleses não iam tar nem aí.

Por outro lado, e sublinhando a confusão que me faz a colaboração dos pais com os media e com todo este circo, não posso deixar de compreender a posição deles. Ninguém merece perder um filho e estão a fazer tudo o que possam para que o caso não seja esquecido.

Mais. Tenho esperança que a sociedade venha a aprender com o exemplo e que o desaparecimento desta criança sirva para que pais, famílias e poder político venham a tomar decisões muito importantes no tocante às diversas áreas afectadas por este caso.

É caso para dizer: "Alea jacta est!"

Anónimo disse...

O consumo intensivo de notícias desde 1995 levou-me a uma decisão agreste: casos como Moderna, Vale e Azevedo, Apito Dourado, Casa Pia, Maddie e outros que interessam mais aos jornais para vender do que a este "yours truly" como consumidor de informação não são registados.

Encaro-os como mera curiosidade, não os sigo nem aprofundo. Aconteceu, foi uma catástrofe, mas para manter uma certa higiene mental há que nem pensar muito na coisa: foi raptada, espero que seja encontrada, tenho confiança nas autoridades.

A vida continua.

Paulo Colaço disse...

Eu soube deste caso pela Margarida.
Logo no início, em conversa telefónica.
A minha primeira reacção foi: os pais já foram formalmente acusados de negligência?

Porém, como em tudo, a esses tipos (agora que têm a compaixão do mundo) já ninguém pode tocar.

E lá vão amealhando uns trocos com tudo isto.


Espero que a menina esteja bem, que seja encontrada, e a justiça portuguesa que dê bom castigo a esses pais da treta!

Margarida Balseiro Lopes disse...

Tal como à maioria dos psicóticos, este é já um caso que me começa a irritar profundamente.

Em primeiro lugar, o comportamento dos pais é manifestamente reprovável e negligente. Concordo com a Dulce, quando diz que deveriam mesmo ser responsabilizados.

O mediatismo do caso, parece-me a mim, que começa a roçar o absurdo. Esta é mais uma das dezenas (ou centenas, nem a PJ sabe) de crianças que desapareceram no nosso país.

A recepção papal é apenas mais um episódio mediático, e quanto a mim infrutífero, numa história que como tantas outras não deverá ter um final feliz.

No entanto, tal como diz o Né "a vida continua".

Paulo Colaço disse...

Duas notas adicionais:

1 - Eles não são "pais da treta". São "pais da Maddie", embora sejam "pais DE treta".

2 - Quanto ao que o Né disse, não só concordo com ele como é essa a minha prática. Mal reparo que um tema é explorado ao absurdo, tenho tendência a desligar o sistema.

O que para mim não é indiferente é o tema "Segredo de Justiça".
Que tal juntarmo-lo aos temas em carteira dos PsicoDebates?

Anónimo disse...

Ui... segredo de justiça! Venha ele.

Diogo Agostinho disse...

Como é possivel falarem assim de Sua Santidade o Papa Bento e não repararem num caso horrendo como este?

Os pais não estiveram bem? Correcto! Mas maos que isso! Isto é vergonhoso! Raptar uma menina de 3 anos não deixa ninguem indiferente! A mim preocupa-me ver uma criança perdida no mundo! A mim preocupa-me que como ela existem ainda mais! A mim preocupa-me as pessoas nem repararem!

Não me interessa o debtate de segredo de justiça! Interessa-me encontrar a menina! Esse é o verdadeiro esforço!

O que me interessa é uma puniçao severa para crimes como este! Não deixar impune pedófilos, raptares, traficantes de crianças!
São seres que não merecem estar em liberdade e se calhar muito menos nesta sociedade!

Dri disse...

Optimo tema para debate...venha ele!

Bruno disse...

Caro Diogo, é claro que o que interessa mais é encontrar a menina! É claro que é muito importate haver punições fortes para casos destes.

Mas não será mais importante ainda evitar casos futuros? E, para tal, não será a prevenção a melhor arma? Não será a responsabilidade dos pais o inicio de tudo? Não podemos desculpar as pessoas só pelo grau de sofrimento que os seus erros lhes provocam. Devemos ser solidários com esse sofrimento mas, obviamente, procurar ser racionais no sentido de tirar as lições necessárias de todas as situações.

desculpeqqc disse...

Tens toda a razão!
Tenho pena da menina, mas acredito que com tanto folclore, alguma da pena que podíamos sentir pelos pais já começa a transformar-se em profunda irritação.
Depois das manifestações dos ‘famosos’, pela causa da menina, chegou a vez do não menos famoso Papa.
Esta é a manifestação suprema da nossa incapacidade em resolver este mistério.
Esta é cereja no topo do bolo da hipocrisia.
Para todos estes famosos, há crianças que valem mais que outras!
Se fossem a apelar por cada um dos desaparecidos neste mundo, não havia tempo para jogar futebol ou dar missas!

Inês Rocheta Cassiano disse...

Psicóticos! Peço desculpa pela ausência, mas estive até há umas horas atrás cheia de testes, ou seja, não consegui acompanhar o andamento deste grande blog.
Primeiro que tudo, não consigo imaginar o sofrimento e a dor que é perder uma filha, ainda mais via negligência. E nisso concordo plenamente com a Dri, que pai e mãe é que deixa três filhos com menos de 4 anos, sozinhos? Acho que é de uma pura falta de responsabilidade tal, sinceramente não consigo encontrar explicação. Em relação ao casal McCann, parece que as opiniões sobre a actuação da polícia portuguesa mudam de acordo com a nacionalidade do entrevistador.
Em segundo, eu gostava de saber se esta criança tivesse o azar de se chamar Madalena e não Madeleine. Eu estou como a maioria dos psicóticos, esta exagerada e desmedida cobertura da comunicação social já começa a incomodar.
Por último e referindo-me ao título do post, pode ser que o encontro de ontem com o Papa Bento XVI tenha ajudado em alguma forma os pais da pequena Maddie, que desta ida ao Vaticano tenham retirado força para continuar.
Espero que esta história tenha um final feliz, mas o que é demais, já enjoa.

Anónimo disse...

"os pais até podiam estar no quarto ao lado, enquanto a Madeleine era raptada.(Marta)"

Até podiam estar no mesmo quarto e a menina ser raptada!

"Quanto ao mediatismo, essa é precisamente a vantagem que esta família explora de forma a pressionar os responsáveis pela investigação. E acho bem, também eu me faria valer dos meios que tivesse ao alcance.(Marta)"

Até que ponto este mediatismo não fará que o raptor esconda cada vez ++a menina.
Acho que os media estão a exagerar e já não estão a ajudar , mas sim interessados em vender papel.
E, essa das pessoas dizerem que estão solidárias com a família pq a menina é mt linda, por favor...
se a polícia fosse d confiar e de nao se esquecer...devia ficar no segredo d justiça e os medias um pouco afastados! Não quero ser pessimista mas a criança não vai aparecer.

Anónimo disse...

Dri o facto de andares descalça com a mármore de casa molhada, não significa que devas cair e partir uma perna...

Os pais foram negligentes, umas autenticas bestas mas isso não implica que não se sinta pena deles e solidário mais com a criança do que com os próprios pais. O facto é que devido à imbecilidade dos pais agora está a pagar a criancinha se é que ainda está viva...
Já o facto de terem sido recebidos pelo santo padre... É exagero mas eles jogam bem, uma pessoa só morre quando é esquecida e eles como pais, querem tudo menos que a filha morra, mesmo tendo cometido um acto bastante insensato.
Não os podemos recriminar pelo que fazem, podemos e devemos recriminar os jornalistas por lhes darem tanta atenção quando é sabido que desaparece tanta gente e eles pouco ou nada ligam aos outros.

Rui Pinto Reis