Depois d'Os grandes portugueses, o semanário EXPRESSO publica uma lista indicativa dos 15 maiores erros de política económica desde 1985 - desde que Cavaco chegou ao poder - excluindo, à partida, o pecado capital: não se ter feito a consolidação orçamental na segunda metade da década de '90, em que a economia portuguesa crescia a mais de 3% ao ano e a descida das taxas de juro aliviavam o peso da despesa pública.
A malfadada lista:
- Salários da FP muito elevados (Cavaco);
- Ponte Vasco da Gama (Cavaco, ainda que seja considerado um mau negócio por força das renegociações sucessivas do contrato de concessão com a Lusoponte);
- Metro Terreiro do Paço (Cavaco, ministro Ferreira do Amaral);
- Alteração sucessiva objectivos da GALP por força da politização da gestão pública (comum, ainda que com preponderância para Guterres por força da cotação da empresa em bolsa);
- Escudo sobre-valorizado aquando da entrada na moeda única (Guterres);
- SCUT (Guterres);
- Admissões maciças na FP (Guterres - mais 100.000 funcionários de 1995 a 2001);
- Adiamento reforma Seg. Social (Guterres em 2001);
- Fôz Coa (Guterres);
- Proibição venda do grupo Champallimaud ao Santander (Guterres, por Sousa Franco considerar a venda imoral);
- Estádios do Euro (Guterres);
- Congelamento preço combustíveis (Guterres);
- Proibição da venda da PORTUCEL à SONAE - impediu a criação de um grande cluster nacional (Guterres, por força de Sousa Franco);
- Compensação fiscal à PETROCONTROL por esta ter saído da EDP para que entrasse a ENI (Guterres, por força de Pina Moura);
- Proibição de compra de 20% da Unión Fenosa pela EDP, tendo esta mais tarde eleito a IBERDROLA como parceiro estratégico - perdemos um player ibérico, ganhámos um presidente da IBERDROLA Portugal (Guterres, com ministro Pina Moura).
Dos 15 grandes erros, três dou de barato como responsabilidade do Prof. Cavaco, um a todos os partidos (depois admiram-se da falta de confiança no actual regime), 11 (!) devem-se à política económica de Guterres, devidamente acompanhado de Sousa Franco e Pina Moura. Foram de facto seis anos para esquecer, em que tudo tínhamos para vencer mas os portugueses decidiram mudar por mudar. É legítimo que se queira mudar de figurinos, de estilo, de políticas, mas após grandes decisões é também legítimo que se faça a avaliação.
Pior que o mal que conhecemos, só o mal que nunca nos foi apresentado.
6 comentários:
É o que dá termos professores de direito nas finanças (Sousa Franco)... piadas à parte, só deve ter havido, na história da democracia portuguesa, um período mais desastroso que o "consulado Guterres": inflação controlada por decreto, empresas impedidas de subir preços e salários a subir a 20 por cento ao (1975/1976). Isto sim partiu a espinha económica de Portugal.
Mas o triste é que vamos continuar a pagar estes erros. Gastamos 13 mil milhões em salários, seis mil milhões em pensões, precisamos do equivalente a uma economia e meia para saldar a segurança social, a divida implicita de Portugal (divida contabilista não reconhecida políticamente) ascende a um valor agradável de quase 200 por cento do PIB, o Estado Português gasta, por ano, o equivalente a 60 por cento da economia, e os impostos são altos. Se existisse um ditado para classificar a classe política dos últimos 30 anos, seria "quem vier atrás que feche a porta"... infelizmente quem vem atrás somos nós...
PS: Apenas gostava de fazer uma ressalva, acerca da Portucel: é verdade que, ao não vender à Sonae, se impediu que esta fizesse um cluster... mas a Semapa (empresa a quem o Estado vendeu) conseguiu gerir bem a empresa. A Portucel hoje é líder mundial do sector, os novos investimentos até 2009, vão coloca-la a milhas dos concorrentes nórdicos e sul americanos (lideres naturais do sector). Portugal é líder mundial em aglomerados de madeira (Sonae Indústria) e papel de escritório (Portucel/Semapa), e é bom as empresas serem de grupos diferentes. Por isso não considero a privatização da Portucel um erro governativo, mas um exemplo de uma privatização que deu frutos e da existência de bons gestores em Portugal.
É bom termos noção desta lista.
Alguns dos erros que cometemos são dificeis de prever que dariam asneira.
Outros são fruto de imponderação e falta de cuidado.
Outros advêm de boicote.
Outros cometemo-los sem "ajuda" de ninguém, e outros derivam da nossa incapacidade de ouvir as advertências daqueles que estão ao redor.
Nesta lista temos de tudo, até temos situações que para uns são erros e para outros não (veja-se o que diz o nosso comentador Guilherme Diaz-Bérrio).
Mas nisto tudo, há um "erro" nosso, que é mais uma forma de estar na vida, que funciona como motor de outros erros: a irresponsabilidade.
Ñão só no sentido de "leviandade/falta de rigor" como no sentido de "responsabilidade de quem falha e gere mal os dinheiros públicos"...
Mais do que olhar para esta lista e ter a preocupação de tentar perceber o porquê de se terem cometido estes erros - na perspectiva de daí se tirar algumas lições - peocupa-me o facto de continuarmos a ter muita gente incompetente a governar-nos e, como tal, haver um potencial enorme para aumentar esta lista.
A verdade é que aquela frase que diz "cada povo tem o Governo que merece" é bem capaz de ter sido feita para nós portugueses... Se pensarmos que ainda há pessoas dispostas a voltarem a votar em Guterres, se nos lembrarmos que muitos dos culpados destes erros estão agora no Governo de Sócrates ou no Parlamento, se retivermos a ideia de que a esmagadora maioria das pessoas se interessa imenso pela história do diploma do Primeiro-Ministro mas não terá a mínima dúvida em assobiar para o ar na altura de tirar daí consequências...
Ena! Onde estão as trapalhadas do Santana? pois... se calhar houve piores! E poupem-se à resposta! Já sei o que vão dizer... se lhe dessem tempo ele figurava na lista.
Não sei.
Xana, o Santana tem estatuto para lixar o PSD mas não é suficientemente grande pra lixar o País.
Para isso é preciso mais que ser um inconstante...
Lixar o PSD?Incrível!
Ainda bem que lá temos salvadores como Marques Mendes!
E o país não é assim tão grande!
Sampaio é que foi pequeno!Muito pequeno!
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