"(...)Espanha, cínica e manhosamente concertada com a França Napoleónica, invadiu Portugal em 20 de Maio de 1801, sem qualquer pretexto ou motivo válido, na torpe e aleivosa «Guerra das Laranjas», ocupando grande parte do Alto-Alentejo. Comandadas pelo «Generalíssimo» Manuel Godoy, favorito da rainha, as tropas espanholas cercam e tomam Olivença.
Portugal, vencido às exigências de Napoleão e de Carlos IV, entregou a Espanha, «em qualidade de conquista», a «Praça de Olivença, seu território e povos desde o Guadiana», assinando em 6 de Junho o «Tratado de Badajoz», iníqua conclusão de um latrocínio. «Cedeu-se» Olivença, terra entranhadamente portuguesa que participara na formação e consolidação do Reino, no florescimento da cultura nacional, nas glórias e misérias dos Descobrimentos, na tragédia de Alcácer-Quibir, na Restauração!...
Findas as Guerras Napoleónicas, reuniu-se, com a participação de Portugal e Espanha, o Congresso de Viena, concluído em 9 de Junho de 1815 com a assinatura da Acta Final pelos plenipotenciários, entre eles Metternich, Talleyrand e D. Pedro de Sousa Holstein, futuro Duque de Palmela.
O Congresso retirou, formalmente, qualquer força jurídica a anteriores tratados que contradissessem a «Nova Carta Europeia». Foi o caso do «Tratado de Badajoz». E consagrou, solenemente, a ilegitimidade da retenção de Olivença por Espanha, reconhecendo os direitos de Portugal. Na Acta Final, apoio jurídico da nova ordem europeia, prescrevia o seu art.º 105.º:
«Les Puissances, reconnaissant la justice des réclamations formées par S. A. R. le prince régent de Portugal e du Brésil, sur la ville d’Olivenza et les autres territoires cédés à Espagne par le traité de Badajoz de 1801, et envisageant la restitution de ces objets, comme une des mesures propres à assurer entre les deux royaumes de la péninsule, cette bonne harmonie complète et stable dont la conservation dans toutes les parties de l’Europe a été le but constant de leurs arrangements, s’engagent formellement à employer dans les voies de conciliation leurs efforts les plus efficaces, afin que la rétrocession desdits territoires en faveur du Portugal soi effectuée ; et les puissances reconnaissent, autant qu’il dépend de chacune d’elles, que cet arrangement doit avoir lieu au plus tôt».
Espanha assinou o tratado, em 7 de Maio de 1807 e assim reconheceu os direitos de Portugal. Volvidos 185 anos, o Estado vizinho não deu, porém, provas do carácter honrado, altivo e nobre que diz ser seu, jamais nos devolvendo Olivença.
Mas em terras oliventinas, sofridos dois séculos de brutal, persistente e insidiosa repressão castelhanizante (hoje, falar-se-ia de genocídio e crimes contra a Humanidade...), tudo o que estrutura e molda uma comunidade, a sua História, cultura, tradições, língua, permaneceu e permanece pleno de portugalidade!
Separados do povo a que pertencem, da sua cultura, da sua língua, alienados da Pátria que é a sua, em austeros e silenciosos duzentos anos, os oliventinos preservam o espírito português e demonstram, pelo sentir da maior parte, não renunciar às suas raízes."
Retirado do site do Grupo dos Amigos de Olivença
Retirado do site do Grupo dos Amigos de Olivença
Não está já na altura de se dar um tratamento sério à "Questão de Olivença"?
11 comentários:
Sem dúvida que está. Pelo menos poderemos começar por perguntar: Porquê?
Perguntar a todos os Governantes com respondabilidades na matéria o que fizeram sobre a questão e perguntar porque não se obtiveram resultados...
Confesso que não conhecia bem a história e, apesar da informação que consta no site de onde foi retirado o texto, muito mais haverá ainda a descobrir. Mas é óbvio que uma questão destãs não deve ficar no esquecimento. Parabéns Salgado!
Sendo esta a primeira vez que comento um post neste blog, quero felicitar todos os colaboradores do PsicoLaranja pela escolha dos temas e qualidade nos comentários. Com um semestre de vida é realmente exemplar o vosso trabalho.
Em relação a questão de Olivença, na minha opinião não há muito a fazer a não ser ignorar, não a soubemos defender quando foi conquistada (mais um bom exemplo do trabalho do Rei D. João VI enquanto príncipe-regente) e pouco fizemos para a recuperar.
Atrevo-me a dizer que Olivença nunca teve qualquer valor estratégico e que a sua falta quase passou despercebida, à excepção de umas quantas associações nacionalistas que fazem deste assunto uma tempestade num copo de água.
Não se deixem enganar pelo meu comentário, amo o meu país e a minha bandeira, mas não penso com o coração, tenho a perfeita noção quais os factos históricos e quais as implicações políticas desta situação.
No actual contexto politico europeu e internacional, no qual Portugal se encontra, esta velha questão do orgulho lusitano versus o castelhano já não faz sentido.
Contudo novas questões e mais actualizadas se colocam, como por exemplo combater o capitalismo selvagem espanhol em território nacional, ou apenas tentar ter um papel mais importante que a Espanha na construção europeia.
Para terminar pergunto apenas se alguém já reparou que o termo “ Guerra das Laranjas “ usado para definir a Guerra de 1801, entre Portugal e Espanha, até mais parece um termo do suplemento “ Inimigo Público “ para descrever uma guerra política entre barões do PSD.
Agradeço a todos a oportunidade de poder partilhar a minha opinião, e de uma forma sincera espero sucesso e felicidades para o PsicoLaranja e todos os seus colaboradores (em especial para a Sandra Pimentel, Zé Pedro Salgado e Nélson Faria que representam com grande qualidade a nossa laboriosa secção da JSD, a Secção B).
Beijos e Abraços
Caro João Gomes da Silva,
Obrigado pelos votos de sucesso (apesar da discriminação). Também nós contamos continuar a ver-te por cá.
Em relação à tua opinião, dá que pensar. Tem efectivamente alguma (muita) lógica o que dizes. Mas eu não gosto muito de ceder em pequenos pormenores só porque são pequenos pormenores. Acho que são também muito importantes.
Por outro lado há a questão de Olivença ter sido votada ao esquecimento. É verdade e se calhar somos todos culpados(naturalmente, com especial incidência nos responsáveis políticos) mas não é por isso que deixaremos de ir a tempo de corrigir o erro. Ou pelo menos minimizá-lo...
Na minha opinião não se trata de uma tempestade num copo se água.
Trata-se duma questão de um Estado Soberano estar a ocupar ilegalmente território de outro Estado Soberano.
É verdade que é apenas uma vila com uma área de 479 km², mas o que nos deve chocar não é, na minha opinião, a dimensão, é o princípio.
Se permitimos que Olivença seja ocupada pela sua dimensão e pouco valor estratégico temos de começar a fazer contas: Portugal tem 92391 km², Madeira e Açores incluidos. Onde é que começa a ser uma situação com importância? No 1/5, no 1/4 ou no 1/3 do território nacional?
Não me entendam mal. Não me parece que o Sr. Zapatero tenha um plano de entrar por aí a dentro (militarmente falando) amanhã de tarde depois do lanche. Mas para quem acha que a Questão de Olivença não tem importância, não se eskeçam que temos duas fronteiras: uma para o mar e outra para um país com mais de cinco vezes o nosso tamanho, com o qual (não obstante lhes chamemos nuestros hermanos) temos uma história muito mais de beligerância do que de cooperação estratégica.
"A História pode não se repetir, mas lá que rima, rima!" - Mark Twain
Por fim duas questões:
Se Olivença é assim tão pouco importante, isso dá para os dois lados. Não devia custar de sobremaneira aos espanhóis devolvê-la.
Mesmo que se considere a questão sem importância, pelo menos não consideremos a tendência. Olivença é uma questão que, mesmo que pequena, se pode juntar a dezenas de outras na História de Portugal. Como é que podemos ser respeitados se estamos sempre a levar para trás?
P.S.(D)- E já agora, nacionalistas? Quando muito patriotas.
E que tal uma visita a Olivença? É um pedaço de Portugal que nunca conheci.
Era uma boa ideia.
Almoçavamos e antes de voltarmos espetávamos lá uma bandeira Portuguesa!
Excelente ideia Colaço. E se for preciso tu contróis lá um castelo para pormos a bandeira ;)
Agora mais a sério, parece-me um excelente local para fazermos um Psico-Evento!
Concordo!
Mas por favor avisem com antecedência para eu poder ir, não se esqueçam que ao fim de semana trabalho para gastar em roupa lol, mas se disser à senhora que não posso ir não há problema, tenho é que avisar ta?=)
Temos a certeza da loucura das nossas ideias quando outros loucos, iguais a nós, as vêm subscrever!
Então combinemos um dia para ir a Olivença. Atrevo-me a propor o 10 de Junho!
De todos os argumentos que nos vendem contra a necessidade de Portugal recuperar Olivença, o mais estúpido de todos é o de que agora estamos na Europa e portanto já não faz diferença.
É que se já não faz diferença porque é que a Espanha não devolve Olivença? Não estamos ambos na tal Europa sem fronteiras?
O argumento não funciona com a mesma validade para os dois lados?
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