domingo, junho 24, 2007

Orgulho Gay


Durante todos os anos que ocorreram as marchas do Orgulho Gay, em Lisboa e em outras cidades, sempre me surgiu na mente uma questão que me parece óbvia: Orgulho de quê?


Atenção, esta pergunta não tem ponta de xenofobia. Mas simplesmente eu que sou heterossexual não tenho qualquer orgulho nisso. Sou e pronto!


Este ano finalmente ouvi uma resposta inteligente à pergunta, vinda da parte de Sérgio Vitorino, um dos organizadores da marcha:


"A orientação sexual não é uma coisas que se construa ou que se escolha, é uma característica das pessoas. O orgulho é de estarmos vivos apesar da descriminação, de não nos escondermos apesar da discriminação, e de termos escolhido lutar contra ela. Orgulho disso, de não termos vergonha de quem somos."


Acho que a resposta estará um pouco confusa, mas retira-se o essencial. O orgulho é da luta contra a descriminação.


Creio que esta será uma perspectiva muito mais correcta e eficaz do que a habitual atitude "in-your-face" dos participantes desta marcha, cuja vontade de exibir a sua orientação sexual ultrapassa a saudável falta de vergonha/orgulho para chegar mesmo a um certo exibicionismo.


Apesar de continuar a ter algumas reservas sobre a marcha, por se traduzir numa forma de reivindicação revestida de um certo esquerdismo que (isso sim) me faz confusão, confesso que assim já faz mais sentido.

22 comentários:

sérgio vitorino disse...

pois, vê-se que só vê as marchas pela televisão, se tivesse estado numa perceberia que são uma normal manifestação, embora não tão aborrecida como algumas manifestações sindicais. E não, as marchas em Portugal não têm a extravagância de outras lá fora. E não confunda uma forma de visibilização de realidades clandestinizadas socialmente com exibicionismo. A mim, pessoas heterossexuais exibicionam-me todos os dias a sua orien~tação sexual na cara como se não houvesse mais nada ou outra possibilidade no mundo.

xana disse...

Eu concordo com o Salgado no que diz respeito ao exibicionismo.E é por isso que a grande maioria dos homossexuais não participam nestas manifs.
No entanto, a questão do orgulho nunca me pôs qualquer dúvida. É difícil ser homossexual em Portugal e em qualquer outra parte do Mundo, e há que ter orgulho em assumir e lutar contra a discriminação que grassa no meio laboral, familiar, escolar, etc.

Os homossexuais não são todos iguais, como os hetero também não o são. Bem sei que alguns manifestantes se excedem e o grande problema de muitos gays é a vontade de chocar os outros, mas a maior vergonha é daqueles que insistem em ser homofóbicos.

Bruno disse...

Acho que se os homossexuais adoptarem uma postura menos confrontadora só têm a ganhar.

É que quem é "homofóbico" não vai mudar por causa de ser afrontado por qualquer exibicionismo. Provavelmente até nem vai mudar por nada!

Agora se quiserem evitar o surgimento de mais pessoas com esste tipo de preconceito convém que sejam vocês a praticar aquilo que dizem e que mostrem que são realmente pessoas como as outras, com caractaerísticas próprias, com a vossa individualidade.

É que o Sérgio Vitorino acabou de me dar uma boa razão para desconsiderar as marchas gay ao compará-las com as manifestações sindicais. Convinha ele subir um pouco o nível da comparação ;)

José Pedro Salgado disse...

Caro Sérgio Vitorino:

Primeiro que tudo bem-vindo ao Psicolaranja.

Confesso que de facto nunca estive numa marcha (nem em Portugal nem lá fora), pelo que de facto só conheço o que vejo pela televisão. Se me garante que a perspectiva é diferente para quem está presente, não duvido.

Certamente não duvido que seja mais interessante que uma manif sindical (se bem que continuo a não ser grande adepto de manif's, sindicais ou não, mas isso já é outra questão).

Denominei de exibicionismo não a "visibilização de práticas clandestinizadas" em abstracto, mas sim o caso concreto de isso ser feito com o intuito de chocar.

Nem sequer é uma questão de serem homossexuais ou não. Acredite que se visse um homem e uma mulher aos beijos só porque está uma câmara a apontar para eles, o sentimento era o mesmo.

A ideia não é contra demonstrações de amor homossexual. É sim a favor de um certo pudor em certas demonstrações de certos tipos afectos, sejam entre que sexos forem.

sérgio vitorino disse...

Olá José Pedro, o prazer é meu :) e agradeço o interesse pela temática. Pedro, de facto, a minha comparação com o movimento sindical era irónica...

Quanto ao "exibicionismo". Há que distinguir 2 coisas:

1 - Em primeiro lugar, nunca, mas nunca, vi uma única situação nas marchas em Portugal que possa ser considerada como exibicionista ou "chocante". Mas sei que normalmente as acusações de exibicionismo têm menos a ver com, por exemplo, expressões de afecto entre pessoas do mesmo sexo, e mais com a presença de transsexuais na marcha. Mas quanto a isso... as pessoas vão como são, e aquela manifestação existe precisamente para lutar pelo direito de nos sermos plenamente e sem repressão das nossas identidades - não se trata de exibicionismo, mas de mostrar uma realidade que é vivida todos os dias, e não apenas naquele dia.
2 - não se podem comparar as expressões de afecto homo e heterossexuais, pelo simples motivo de que umas são encaradas com naturalidade e as outras são, não raramente, perseguidas à pedrada. Gostaria que reflectissem num episódio esclarecedor que creio poder transpor-se para uma análise das marchas: quando há uns anos comecei a trabalhar no Jornal de Notícias fui acusado de exibicionismo por um colega de trabalho. Motivo? Havia um jantar da empresa em que os jornalistas foram convidados a levar os/as respectivos/as companheiros/as. Foi-me perguntado o nome da minha namorada e eu respondi não ter, mas que levaria o meu namorado. No dia seguinte, corria entre os meus colegas que eu era homossexual e vários deixaram de me falar. Argumento: pode ser homossexual à vontade, mas porque é que tem de trazer isso para aqui.
Esta pequena história resume, para mim, a questão visibilidade/exibicionismo. Numa sociedade em que continuamos a ser educados para a realidade exclusiva da heterossexualidade, toda a gente é heterossexual até prova em contrário, e as outras realidades são inexistentes até serem afirmadas. Na verdade, com a suposta "naturalidade" do que é tido como única via "natural", a heterossexualidade é exibida e valorizada a todo o momento, mas essa nunca é qualificada de exibicionismo. Pensem: se há várias matizes na sexualidade humana, porque é que há 99% de referências hetero no espaço público e muito poucas para o resto (eu cresci até aos 20 anos sem saber que havia homossexualidade, porque ela era totalmente invisibilizada)? Porque na verdade, nesta sociedade, o simples facto de queremos viver enquanto homossexuais sem nos escondermos é já interpretado como exibicionismo - eu sei o que acontece se quiser dar a mão ao meu namorado numa rua da cidade, e não é bonito. É o que explica que o 25 de ABril tenha acabado com todas as "clandestinidades", menos aquela em que os homossexuais continuaram a viver as suas vidas (notem que a pena de prisão para homossexuais só é abolida por cá em 1982). E não Xana, a maioria dos homossexuais não participa porque neste país as pessoas ainda têm vergonha do que são, ou medo das consequências de o assumirem (porque as há), e a comunidade homossexual continua a ser a que mais se auto-discrimina (como explicas que o arraial pride à noite, esse sim com uma vertente de espectáculo, e portanto com muito mais episódios de podem considerar-se como exibicionistas, porque é uma festa, tenha 10 mil pessoas, enquanto a marcha só tem 500?). A questão é que nós somos realmente alvo de perseguição quotidiana em todos os planos da vida e todos os dias. Ora, para reivindicarmos direitos, primeiro temos de existir, que ultrapassar a omissão sistemática, e para "existirmos", temos de ser visíveis no espaço público. E se assim, não fosse, se não houvesse marchas, estaríamos como há dez anos atrás, e nem eu nem vocês estaríamos a ter esta discussão, porque simplesmente, o assunto não seria um assunto.
Ainda mais um pequeno comentário sugerido pelo Bruno, sobre a postura menos confrontadora: nós somos confrontados todos os dias e com muita violência, pela discriminação. Mas compreendo que quem não a sente directamente não perceba que nós não andamos a confrontar ninguém, andamos a defender-nos e a fazer por sobreviver enquanto homossexuais assumidos, porque não é fácil, isso vos garanto, assumir uma sexualidade que é apenas parte do que somos, mas que é usada diariamente como arma de arremesso, como se resumisse o que somos, para nos desconsiderar como pessoas e cidadãos de pleno direito. Eu gostava que os heterossexuais simplesmente vivessem a sua vida, mas a verdade é que a maioria é preconceituosa e não nos deixa a nós viver a nossa. E Bruno: não chegámos onde estamos hoje - movimento público, algumas reivindicações ganhas - por andarmos com paninhos quentes... Por outro lado, se bem que importante, a nossa preocupação imediata é menos a consciencialização da população heterossexual homofóbica, e mais a consciencialização da comunidade lgbt.

Kokas disse...

Sobre esta questão, aconselho o texto de Ferreira Fernandes, hoje no Diário de Notícias. Sobre ele também escrevi algumas linhas no meu blog.

De um modo geral, continuo a acreditar que onde há choque não há lugar para o bom senso. Não entendo o que é isso de marchar pela diferença! Como Gay, não o faço porque NUNCA ME SENTI "CLANDESTINIZADO". Nem sei o que isso significa. Desculpem a franqueza. Mas também só me sentiria marginalizado se esse exercício fosse feito por aqueles de quem mais gosto. Quanto ao resto... deixo andar.

Não marcho nem nunca marcharei pela diferença. Por uma simples razão, não me sinto "diferente"!

José Pedro Salgado disse...

Sérgio:

Em qualquer acepção da palavra, a transexualidade não é uma situação de homossexualidade stricto sensu e (chocando ou não) não estava aqui em questão.

Como disse, nunca estive presente numa marcha, apenas vi na televisão, e já vi diversos casos dos que mencionei, precisamente nos termos descritos.

Acho muito bem que as pessoas demostrem ser como são não só naquele dia como em todos os dias da vida. Não só homossexuais e nem sequer só na vertente sexual da pessoa, mas em qualquer aspecto.

Eu comparo ambas demostrações de afectos porque, se não discuto que é mais invulgar ver um beijo entre pessoas do mesmo sexo do que de sexos diferentes, em certas situações e a partir de certos limites todas me chocam.

Essa situação que descreveu claramente consubstancia uma situação que não teria, do meu ponto de vista, nada de especial.

Quanto à questão da "naturalidade" e da "heterossexualidade até prova em contrário", não creio que a questão possa chocar assim tanto. Não que não seja preocupante, mas dificilmente será monopólio dos homossexuais. Muitas mulheres, pessoas de diversas raças, de diversos países, de diversas religiões, etc., sentem o mesmo. É tudo uma questão de maiorias e minorias.

Não estou com isto a advogar que esteja correcto. Mas a verdade é que partirmos de um certo estereótipo (que depois deverá, invariavelmente, adaptar-se) quando conhecemos uma outra pessoa é um factor perfeitamente normal. O errado é querermos impor esse estereótipo aos outros.

Concordo também que deveria haver uma maior protecção jurídica dos homossexuais em certas situações em que eu (e pessoas que percebem mais disto do que eu) concordo que existe discriminação.

Quanto à comparação entre a marcha e o arraial. Festa é festa, é diferente. É natural que vá mais gente. Não se podem comparar as duas situações em qualquer juízo. Nem em termos de números, nem em termos de atitudes

cris disse...

olá a todos/as,
Obrigada ao Pedro pela ocasião de reflectirmos na blogosfera sobre um tema tão importante qt recorrente. Todos os anos se ouve a pergunta: Para quê uma marcha? Eu acho q há todos os motivos. Principalmente pq a marcha é uma ocasião de visibilidade e participação no espaço público, sem vergonha, sem medo, sem clandestinidade. E isso é um passo simbólico insubstituível. Participo na marcha desde q ela existe e só não o fiz este ano pq estou fora do país. Garanto-vos: é dos dias mais bonitos de Lisboa. Não se deixem levar pelo q vêem nos media e venham daí, marchar, no próximo ano. E cada qual marche pelo q acredite: pelo direito à diferença, pelo direito à indiferença ou/e pelo direito à igualdade. Há espaço para tudo e para toda a gente que ache que a discriminação (homofobia, bifobia, transfobia, etc.) é um disparate que deve acabar.
Fiquem bem.

Ikkuna disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ikkuna disse...

Olá,
Em primeiro lugar a questão do orgulho é do mais pertinente que já li nos últimos tempos, o que me leva desde já a congratular o autor deste blog, mas neste momento a discussão está a seguir um rumo que se afasta ligeiramente do questionamento do Sr. Salgado.

À partida não vai ter orgulho de ser heterossexual porque é o que está instituído. Não sente a necessidade de afirmação de algo que à partida é legitimado pela sociedade. Ninguém questiona a norma nem faz da norma estandarte! O orgulho gay prende-se com uma lógica inerentemente subversiva do que lhe acabei de dizer. Grande parte da comunidade homossexual sente-se oprimida, porque não pode expressar a sua afectividade em público, porque não o pode dizer e viver a sua sexualidade e emotividade como os heterossexuais o fazem. Isto leva a que facções mobilizadas em movimentos associativos se juntem para tentar mudar esta realidade. E a realidade não se muda de um dia para o outro, muda-se 1º com um choque (as ditas aberrações, as cores, as penas e as bichas), qualquer dia até começa a haver simpatia pela causa (o que não elimina a homofobia), e, quem sabe, qualquer dia com a educação sexual nas escolas....
Esta marcha faz parte do combate à homofobia e de uma tentativa de uniformização de direitos sociais e legais entre pessoas com sexualidades diferentes.
Para perceber melhor (ou não…) a lógica é bastante simples:
Podemos perguntar-nos até que ponto é que o outro (com outra sexualidade que não hetero) é diferente de “nós” (hetero) por assumir uma prática considerada desviante.
Se o outro é observado como “outro”, é porque o “eu” se diferencia desses “outros” ou diferencia os “outros” do seu “eu”, além de que todo o “outro” é também um “eu” que diferencia e é diferenciado. Esta diferenciação mútua é, no entanto, condicionante do “eu”. Essa consciência relacional de que só havendo os “outros” é que existe um “eu”, e que só havendo um “eu” pode haver um “outro”, leva-nos a pensar na sociedade como um todo relacional. Esta consciência é a consciência do “eu” de que está constantemente a ser avaliado pelo “outro” segundo as suas acções perante os outros. Ele próprio avalia-se tendo em conta o que os outros acham, o que condenam e o que consideram correcto, tentando agir em conformidade, o que é, segundo o sociólogo Herbert Mead, um “eu situacional”, que age em cada situação conforme o “outro” com que está a interagir. No fundo, o “eu” é o próprio objecto da sua consciência e da consciência do “outro”. Observe-se que, por outro lado, esta consciência é castradora. Ela afecta o indivíduo na medida em que, para este ser aceite pelo o outro, reage com um “eu” que funciona como uma máscara – o homossexual esconde o que é, retrai-se para não ser estigmatizado. Ou seja, essa consciência têm um duplo efeito de estigmatização em que o individuo estigmatizado estigmatiza-se automaticamente através da consciência dos constrangimentos e sanções sociais que a sociedade lhe imputa.


Obrigado pelo tempo disposto,

Ana Carina Motta
Socióloga – ISCTE

José Pedro Salgado disse...

Portanto, se eu percebi a Ana Carina Motta, a organização em associações para realizar actividades deste teor, com ênfase no "Orgulho", parte de uma reacção à discriminação.

Sendo que por outro lado é necessário um certo abanar violento das mentalidades para que estas de facto se alterem ao longo dos tempos, com o auxílio dos apoiantes que a causa vier a ganhar e com formação desde a juventude para alertar para estas realidades.

Talvez. Mas creio que estas coisas continuam a ter de ser muito bem explicadas em sedes diferentes (e diria mesmo que mais calmas ou mais solenes) de uma marcha, independentemente da utilidade desta.

Como referi no post, só a entrevista dada pelo Sérgio Vitorino à televisão esclareceu-me bastante mais do que vários anos de marchas. Mesmo se tivermos em linha de conta que uma ocorreu por causa da outra.

Paulo Colaço disse...

Acho que terminará muito em breve o meu problema de internet, o que me vai permitir dispensar mais tempo de qualidade para o nosso grande blog e ler os diversos comentários. Nomeadamente este da nossa visitante Ana Carina Motta.

Esta minha visita é apenas para me congratular terem chamado Senhor ao Zé Pedro: finalmente alguém reconhece alguma credibilidade a um membro do Psico.

Ikkuna disse...

Percebeu-me lindamente! Ainda bem que me consegui exprimir de maneira a que fosse bastante perceptivel. Bem... quanto ao facto da entrevista do Sérgio Vitorino ter sido mais elucidativa do que muitas marchas o foram alguma vez, prende-se com o facto de o Sr. ter uma pré-disposição, quiçá despertada pelas marchas e pela exuberância em si, para ouvir qualquer tipo de dirigente associativo que lhe tirasse as dúvidas que suscitaram entretanto....
Não obstante disso, a verdade é que há muitos debates abertos, colóquios em espaços onde se pensa que poderá haver uma maior abertura à priori a este tipo de assunto, acções de rua de sensibilização, etc. Em conjunto com isso juntam-se alguns partidos e/ou juventudes que tentam trazer estes assuntos para a agenta política embora, quase sempre, em tempo de pré-campanhas e que tais.... Talvez mais partidos e principalmente as juventudes dos partidos, pudessem tentar aprovar moções para que este assunto seja amplamente discutido com a dimensão que lhe convinha! - Deixo-lhe aqui a dica!

Ao Sr. Colaço, só posso esboçar-lhe um sorriso escrito.. =)

Até Já!

José Pedro Salgado disse...

Vais ver Colaço, mais dez meses e somos os maiores opinion-makers da blogosfera.

Paulo Colaço disse...

Ena ena, até a mim já chamam senhor!!!
(Primeiro "Deus", agora "Senhor", qualquer dia estão a chamar-me "Messias"... ups, não... esse é o meu filho, o João Gomes da Silva...)

Piadas à parte, eu não li o post nem os comentários. Apenas tive um breve apanhado pela Margot.

Posso e devo dizer que não fui à Marcha do Orgulho Gay, mas tenho muito orgulho no único amigo (declaradamente) homossexual que tenho.

E no dia em que houver uma marcha para o meu género (uma passeata pelo orgulho hetero) acreditem que não vou: gosto pouco de andar!

Anónimo disse...

na volta ainda foi alguem do cronicas alfacinhas que fez esta marcha AHAHAHAHAAHAHAH

Tânia Martins disse...

Bem já escreveram bastante acerca deste post, chego cá e deparo-me com meia hora de leitura para apanhar tudo...=)

Na minha opinião as marchas de “Orgulho Gay” não são uma forma de exibicionismo a partir do momento em que marchem em função da luta pelos dos seus direitos e não para demonstrar a uma sociedade, ainda “arcaica”, a sua frontalidade e revolta pela descriminação.

“Talvez mais partidos e principalmente as juventudes dos partidos, pudessem tentar aprovar moções para que este assunto seja amplamente discutido com a dimensão que lhe convinha!”
Concordo perfeitamente com o que diz Ana Motta mas para isso é essencial ter uma abertura da sociedade que se tem que ir conquistando aos pouco, pois o choque nunca foi a melhor forma de demonstrar às pessoas que não é bem assim como pensam.

Não acho que se deva tornar um acto de carinho em público um pudor, mesmo que sejam entre pessoas do mesmo sexo que têm livre direito de amar. Sei perfeitamente que o preconceito recai nos homossexuais mas também partilho da opinião que tem de haver força por parte deles para serem superior a isso, pois ao se sentirem incomodados demonstra a fraqueza que as sociedades mais mesquinhas precisam para se sentirem bem.

Por fim parabéns Zé pelo post! E tu, Colaço não queiras ser mais que Deus dos Colaçolicos já te chega, agora ainda queria ser chamado de Messias é?! ;-)

sérgio vitorino disse...

Olá de novo, deixo mais 3 comentários.
1 - José Pedro, realmente acertas, a maioria das pessoas transexuais, tal como na restante população, são heterossexuais, estando ali em causa uma questão de identidade de género e não de orientação sexual.
2 -

3 - kokas: "Como Gay, não o faço porque NUNCA ME SENTI "CLANDESTINIZADO". Não acredito, mas parabéns por viver numa ilha imune a um problema social omnipresente e evidente. Talvez devesse começar a reparar melhor, ou então é daquelas pessoas que pura e simplesmente tem um nível de vida que pode comprar a não-discriminação. A maioria não pode e tem de viver com ela. Felizmente, admites que existe "o resto". E felizmente, já vai havendo quem, quanto ao resto, não "deixa andar", porque para milhares de pessoas, o resto, significa todo o tipo de violência e discriminação no dia-a-dia. Bom senso? Falta de bom senso é uma pessoa ser agredida ou despedida ou menorizada legal e socialmente devido à sua orientação sexual. Isso é que é falta de bom senso, e chocante. Ou também acha que na sociedade em que vivemos, se atribui igual valor e legitimidade à heterossexualidade e à homossexualidade? Não sabe o que é clandestinidade? Eu explico: quando comecei a fazer activismo em Portugal, há 12 anos atrás, não havia homossexuais dispostos a viver a sua orientação sexual fora do esconderijo do clube nocturno ou do gueto das quatro paredes de um quarto. É isso, a clandestinidade, e aidna hoje é a relaidade da maioria homossexual.

José Pedro Salgado disse...

"Gays já se podem casar na Disneylândia" - http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?div_id=291&id=795084

Coloco aqui a referência a uma notícia que li hoje e que, bem ou mal, acaba por estar relacionada.

Não sei se isto se pode chamar bem um passo em frente.

Em abstracto, abriu-se uma hipótese aos casais homossexuais que só era permitida aos heterossexuais.

Em concreto, estamos a falar de um casamento na Disneylândia...

Chamemos-lhe um passo na diagonal.

xana disse...

Sergio Vitorino, como se compra a não-discriminação?

Talvez seja por este tipo de posições que os activistas percam. A homofobia existe, mas mesmo quem tem atitudes homofóbicas é humano o suficinete para que na hora da verdade se coarte a tomar certas posições, como o despedimento por exemplo.

As coisas não são lineares. E a apologia do coitadinho não vos leva a lado nenhum. Se o kokas diz que consegue viver a sua homossexualidade sem ser clandestinizado é porque é possível fazê-lo.

O que terá ele que falta aos outros?

Lá está, é importante não generalizar e ter noção que a grande maioria dos homos não esteve naquela marcha.
E se não foi por medo, por falta de coragem de se expor? E se tiver sido por opção e por não concordar com o conceito?

Anónimo disse...

Ainda não tive tempo para ler este comentários todos...

sérgio vitorino disse...

xana, a não-discriminação compra-se tendo estatuto social, dinheiro e possibilidades económicas, basta isso. É pura estatística. Há 12 anos que acompanho casos de discriminação homofóbica. Destes, 99% aconteceram a pessoas que tinham desvantagem económica, ou pobres, ou desempregadas, ou com um problema em termos de acesso à Habitação...
Sei perfeitamente que muitos homossexuais dizem não ser discriminados. Mas insisto. Das duas uma: ou não se sentem discriminados porque - e isso não tem mal - gerem estrategicamente os meios e os momentos em que revelam ou escondem a sua orientação sexual; ou convecem-se quotidianamente de que não são discriminados como forma de defesa em relação à conservação da sua própria auto-estima.
Lamento, mas a discriminação dos homossexuais é universal e é omnipresente. Podemos não a ver, mas que está lá... está. Aliás, na maioria das vezes é pelas costas. Sobre isto, aconselho a leitura da seguinte reportagem:http://dn.sapo.pt/2005/07/03/sociedade/a_prova_nove_homofobia_lisboeta.html
And... I rest my case